Arthur que está no topo da escada observando- a antes de descer quando ouve o telefone. Ele pára e espera para que ela possa falar ao telefone antes de o ver.
-Alô! Oi, mãe!
- O que você fez Alice? - Uma voz preocupada do outro lado da linha.
- Eu sei mãe, eu não deveria ter fugido. Só que não podia casar com aquele homem. Eu não queria passar o que passei nos últimos anos pelo resto da minha vida. - Ela fala isso e lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
- Então é verdade. Nós achamos que você falou só para não se casar com ele.
- Eu contei pra vocês a verdade, mas vocês preferiram acreditar nele e não em mim. Eu não pude fazer mais nada além de fugir.
-Desculpa, filha!
- O pai ainda está bravo comigo?
- Eu não recomendaria para você voltar nos próximos dias.
- Eu não vou voltar. – Ela diz isso e vê Arthur começar a descer as escadas. - Tenho que desligar agora. Se cuida.
-Você também. Eu te amo. Tchau!
Arthur estava olhando de cima da escada e ouviu uma parte da conversa percebendo que aquela garota deveria estar em apuros. Ele ainda não tinha reparado enquanto Alice era bonita até aquele momento. Mesmo usando aquela blusa de gola alta que tem uns dois tamanhos maior que ela e uma calça jeans surrada. Ao descer ele sorri e diz:
- Agora eu entendi o porquê você ajudou meu filho. Vocês eram dois fugitivos.
- De certa forma, sim. Só que eu já tenho idade o suficiente para tomar decisões e assumir a responsabilidade por isso.
-Desculpa, eu não quis te cobrar nada. Não precisa chorar.
-Eu não estou chorando por isso e sim porque estava falando com minha mãe e lembrei de coisas ruins.
- Você quer falar sobre isso?
-Não! Preciso que você fale o nome do lugar que vou passar a noite. Amanhã preciso acordar cedo e procurar um emprego.
- Você pode passar a noite aqui. Se você me disser o que você sabe fazer e o quanto estudou, posso te ajudar com o emprego.
- Obrigada. Eu não estudei muito. Só terminei o ensino médio e trabalhei como cuidadora de uma mulher doente em uma fazenda de lá. – Assim que terminou de falar já estava chorando de novo.
- Você se apegou a essa mulher?
- Não é isso, mas não quero falar sobre o que aconteceu.
- Tudo bem! Eu vou te fazer uma oferta. Tenho uma vaga de babá. Preciso de alguém para cuidar do João Pedro.
- Você oferece emprego para todas as desconhecidas? Sem ao menos entrevistá-las ou pedir alguma recomendação? – Alice queria muito o emprego, mas isso a deixou curiosa.
- Na verdade não. Mas eu confio em você. E você trouxe meu filho de volta, acho que se quisesse fazer mal a ele já tinha feito.
- Isso é verdade! Obrigada!
- Você pode ficar aqui se quiser. Temos acomodações para empregados, mas só temos a Julieta que trabalha aqui há muitos anos. Uma vez por semana ela contrata alguém para ajudá-la na limpeza pesada.
Nesse momento entra uma senhora de uns 60 anos com uniforme de empregada. Ela tem o cabelo completamente grisalho, mas não tem rugas no rosto e sim um sorriso simpático.
- Seu Arthur, João Pedro dormiu assim que terminou o banho.
- Obrigada, Julieta. Por favor, mostre a Alice um quarto perto do seu. Ela ficará conosco para cuidar do João Pedro.
- Sim, senhor. A propósito eu preciso amanhã de folga. Minha irmã está doente novamente e eu gostaria de visitá-la e como amanhã é domingo achei que não se importaria.
- Você pode ir depois que preparar o café.
- Obrigada.
- Posso me intrometer na conversa? – Perguntou Alice.
-Sim. Respondeu Arthur.
- Eu preparo o café e as outras refeições e a dona Julieta pode ir tranquila.
Julieta olha agradecida para Alice.
- Obrigada. Venha, vou lhe mostrar seu quarto. Já é tarde.
Arthur percebe que fez a coisa certa ao contratar Alice e olha para ela e diz:
- Obrigada, Alice. Descanse um pouco. O café não precisa estar pronto antes das nove.
- Boa noite. – Responderam as duas mulheres para o chefe.
Julieta mostrou para Alice um quarto com banheiro e uma cama de casal com um armário enorme em uma das laterais. Com a canseira que Alice estava nesse dia longo ela apenas agradeceu tomou um banho e caiu na cama adormecendo imediatamente.
Alice sai de perto do patrão e repara em como ela é bonita, mas se veste de uma forma desastrosa. Quando ela volta ele fala:-Vou pedir para uma loja mandar alguns uniformes para você amanhã. Você poderia me dizer o seu tamanho.- Eu uso tamanho médio, mas eu gostaria que não fosse saia ou vestido, por favor.- Certo. Vou pedir calças para você. Pode ser?- Sim. Obrigada. Vou para cozinha, qualquer coisa é só chamar. – Alice saiu e foi para a cozinha lavar as louças que deixou depois de preparar o café.- Alice, você ficou? - Disse João Pedro, correndo para abraçá-la.- Sim, fiquei para cuidar de você. - Ela falou isso abaixando- se para retribuir o abraço. - Agora vá tomar seu café
Chegando na cozinha, passou pela mesa do jantar e viu que estava limpa assim como toda a cozinha, mas não viu nem rastro da Alice: “Julieta deve ter voltado”. Serviu um copo de água e quando estava tomando escutou gritos e correu para ver de onde vinham. Era um quarto de empregada.- Não, por favor pare. - Gritava Alice- Eu não quero.Arthur achou que alguém estava no quarto com ela e abriu a porta para socorrê-la, mas ela estava tendo um pesadelo e estava muito perturbada, então ele resolveu acordá-la.- Alice acorda, você está sonhando. – Ele disse enquanto sentava na beirada da cama. Olhando bem para ela percebia-se que chorou até adormecer e deve ter pensado em coisas que a atormentavam. - Alice - ele deu um pequeno chocalho nela.- O quê. - Ela levantou se supetão. - O qu
Na manhã seguinte Alice levantou cedo e foi até a cozinha ajudar Julieta a terminar o café da manhã. Quando terminaram de colocar tudo na mesa Arthur chegou, sentou-se e começou a comer.- Alice, preciso que, as doze e quarenta, meu filho esteja na entrada do condomínio para pegar a carona para a escola. Se você sabe dirigir pode usar um dos carros da garagem.- Sei, sim senhor. Posso te pedir um favor?- Claro, diga.- Preciso consertar meu celular, deixei cair quando encontrei seu filho e quebrou a tela. Se você conseguir o consertar pode descontar do meu salário no final do mês.- Deixe-o comigo e farei isso para você. A propósito, seus uniformes chegaram hoje à tarde.- O que o senhor quer que eu faça enquanto seu filho está na es
No sábado Alice estava dando almoço para João Pedro quando Arthur chegou e entregou-lhe um presente.- Obrigado, mas não posso aceitar.- Aceite. Você me salvou de um colapso nas minhas lojas.- Como assim?- Descobri que os funcionários que eu mais confiava estavam me roubando e se não fosse o que você me disse naquele dia de noite eu nem suspeitaria. Outra coisa, foi muito gentil deixar a janta pra mim no microondas.- Que bom que meu conselho estava certo e você descobriu as coisas a tempo, mas você não precisa me agradecer.- É só um pequeno presente, um vestido da nossa nova coleção de inverno. Eu tenho algumas lojas de roupa de grife e este é exclusivo, gostaria que aceitasse.Alice abriu o present
Já que Alice estava de folga no domingo ela resolveu dar uma volta pela cidade. Chamou um taxi e foi para a praça central dar uma olhada, caminhou um pouco, olhou de longe o palácio do governador e almoçou em um shopping perto. Depois de andar um pouco pelos corredores se dirigiu para a saída quando viu um evento sendo organizado em uma das salas e Arthur tentando resolver problemas por telefone.- Posso te ajudar? Perguntou ela ao se aproximar.- Oi, Alice!- Olhou para ela com admiração quando lembrou da entrada de sua casa que ela redecorou.- Talvez você possa. Preciso de ajuda para decorar o local. A decoradora ficou doente. E está tudo uma bagunça.- Vou dar uma olhada e ver o que posso fazer.Ela entrou no espaço e organizou os arranjos de flores e pediu para que os garotos que estavam colocando as ca
Os dois saíram do shopping e Arthur dirigiu pelo centro da cidade até o porto. Lá havia um restaurante na costa do rio que atravessa a cidade, muito luxuoso, Alice nunca tinha visto um lugar tão bonito. Com lustres caríssimos pendendo do teto e as mesas decoradas com pequenas velas e orquídeas.- Lindo esse lugar. – Exclamou Alice.- Foi aqui que pedi a mão de Andreia em casamento. - Disse ele quase arrependendo-se de ter levado Alice para aquele lugar. Seu olhar ficou um pouco triste e Alice percebeu.- Podemos mudar de ideia se quiser.- Não, eu trouxe você aqui porque sei que você vai gostar do que vai ver.A recepcionista chega e conversa com Arthur, depois pede que sigam até o local reservado para eles. Saíram pela porta lateral e a mesa estava do lado de fora com a
Arthur olhou para Alice de uma forma doce e se aproximou e sentou-se ao lado dela para esclarecer tudo o que fez:- Desculpa te fazer chorar, não era minha intenção. Fiz tudo isso porque gosto de você, gosto muito mais que deveria. Me sinto leve, tudo é mais leve com você. Alice eu não posso ter uma empregada como você.- Por quê? Se eu sou assim como você diz, deveria ser uma boa empregada.- Você é ótima no que faz, mas tem um problema. Me sinto extremamente atraído por você e não quero que seja minha empregada porque quero que seja minha namorada.- Você não pode namorar uma empregada.- Quando saímos juntos no domingo e conversamos eu tive que me segurar imensamente para não te beijar e quando estávamos na cozinha en
Arthur voltou com uma cara de decepção e olhou para os dois à sua frente.- Eu vou precisar resolver alguns problemas, se eu conseguir terminar logo volto para buscar vocês. Se não der tempo, peguem um táxi e encontrarei vocês em casa. – Dizendo isso ele saiu apressado mostrando que o problema era sério.O filme durou quase duas horas, mas foi bem divertido. Alice adorava filmes infantis tanto quanto João Pedro. Saíram de lá e foram para a área de recreação do shopping onde João Pedro brincou até cansar.- João Pedro! Temos que ir embora. Está se armando nuvens de temporal. É melhor irmos para casa.Quando estavam saindo João Pedro olhou para Alice e disse:- Estou com sede, preciso de água!