Marcelo.Dia da inauguração...O quarto estava impregnado com uma atmosfera de tensão palpável, como se as paredes estivessem prestes a desmoronar com o peso dos segredos que carregava. O carpete macio sob meus pés parecia um lembrete silencioso de que não havia mais para onde fugir. Eu sabia que o momento da verdade estava próximo, e isso me deixava ainda mais nervoso.Não podia seguir mentindo para Thalia e o medo de perdê-la me sufocava.Os móveis luxuosos contrastavam com meu estado de espírito agitado. O espelho no qual eu me olhava parecia refletir não apenas minha imagem física, mas também a tormenta dentro de mim. Ao meu lado, Mateus me observava com um misto de preocupação e desaprovação. Seus olhos, tão semelhantes aos meus, pareciam penetrar minha alma, expondo todas as minhas fraquezas e indecisões.Ele havia sido meu apoio ao longo dos anos, mas nem mesmo ele podia me salvar dessa vez.— Já contou a verdade a ela? — O questionamento me fez voltar a suar como se eu não tiv
Marcelo.Ele virou-se para encarar-me, uma expressão raivosa cruzando seu rosto.— Nada, senhor... — senti seu esforço ao me tratar com formalidade. Na certa, queria quebrar minha cara do mesmo jeito que eu queria quebrar a dele. — Marcelo Toledo Vilard. — O modo como disse meu nome, com deboche e veneno escorrendo por cada palavra, me enfureceu ainda mais.— Não ouse ir contra mim, Vagner, e muito menos pague de santo, pois isso é algo que você não é. — Rosnei, minha paciência se esgotando rapidamente. — Eu sei exatamente o que está fazendo, e não vou tolerar isso.— Acredita que pode me ameaçar, senhor Vilard? — soltou uma risada sarcástica. — Você é quem está mentindo aqui, Marcelo. — acusou, suas palavras cortantes como lâminas afiadas.— Você está enganando Thalia e sabe muito bem que ela não merece isso. Acha-se superior, que com seu poder pode comprar qualquer um, mas não a merece!As palavras dele me atingiram como um soco no estômago. Eu senti uma raiva fervente borbulhar den
Thalia.Minutos antes...Estava prestes a sair da cabine do banheiro quando ouvi vozes abafadas. Curiosa, me aproximei da porta para ouvir melhor e escutei algumas funcionárias do hotel conversando. O que ouvi fez meu coração acelerar e minha respiração ficar irregular.— Você viu como ela conseguiu aquele cargo de volta? Foi um golpe muito sujo. Mas não me surpreendeu saber que estava dormindo com o dono de tudo isso aqui, já que Thalia nunca me enganou. Talvez esteja até grávida dele e o esteja chantageando. — A voz era recheada de deboche e malícia e mais risadas tomaram conta do local, me paralisando.As palavras cruéis ecoaram na minha mente, deixando-me atordoada. Senti como se tivesse levado um soco no estômago. Aquelas fofocas maliciosas não apenas feriram minha reputação, mas também abalaram minha confiança e dignidade.Determinada a esclarecer a situação, abri a porta e dei passos em direção às vozes, meu coração batia forte em meu peito. Ao chegar perto, reconheci a figura
Thalia.Meu coração batia descompassado enquanto eu observava Marcelo fazer seu discurso. A sensação de traição me consumia, misturada com a dor de ter sido injustamente acusada de algo tão desprezível quanto ser uma golpista. Eu me sentia vulnerável e desamparada, como se o chão tivesse sido arrancado sob meus pés.Enquanto as palavras dele ecoavam pelo salão, eu lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Eu tinha me sentido tão próxima dele, tão segura em seu amor, mas agora tudo parecia desmoronar ao meu redor.Tentei me lembrar do motivo pelo qual estava ali, da promessa que havia feito a mim mesma de confrontar Marcelo sobre suas mentiras e omissões. Mas agora, vendo-o ali, tão confiante e seguro de si, eu me sentia paralisada pela dor e pela decepção.Ele contou que eu estaria na clínica de reabilitação, visitando o meu pai, no entanto, as coisas não saíram como ele planejara. Eu havia recebido uma mensagem da secretária do dono do hotel, informando que todos os f
ThaliaMariah sentou-se ao meu lado, oferecendo-me um lenço e um sorriso encorajador.— Estou aqui para você, Thalia. — disse com sinceridade.Senti-me grata pela presença reconfortante de alguém que havia se tornado minha amiga, deixando-me abrir e compartilhar minhas preocupações e medos mais profundos. Conversamos por horas. Mariah me ouviu atentamente, mas também compartilhou seu ponto de vista sobre o assunto. Ela tinha uma ligação profunda com Marcelo, como se fossem irmãos; desde a infância, eram melhores amigos.Mariah reconheceu que as ações dele foram equivocadas, mas explicou que ele agiu assim pensando no meu bem, mesmo que tenha continuado a mentir com medo de me perder. Ela afirmou que Marcelo tinha sentimentos por mim, que me amava, e destacou que nunca o tinha visto tão feliz como agora. Mariah também mencionou que eu o ajudei a superar as sombras de seu relacionamento com Andressa e que agora ele estava verdadeiramente feliz.Feliz ao meu lado.— Compreendo o que diss
Marcelo.Horas antes...Vi Thalia me dar as costas e sair a passos largos, quase correndo, rumo à saída do resort. Gritei por ela sem me importar com mais nada além do fato de estar a perdendo, mas não adiantou de nada, ela estava decidida a não me ouvir.Senti e vi os flashes sobre mim e ouvi as vozes alteradas dos meus pais, buscando saber o que tinha acontecido. Além de estar sofrendo pelo desprezo de Thalia e com medo de que ela não me perdoasse, agora teria de lidar com meus pais.— Aonde pensa que vai? — Meu pai segurou meu braço, me impedindo de ir atrás da mulher que eu amava. Eu tinha projetado meu corpo para frente, decidido a mandar tudo para o inferno e ir atrás da minha namorada.— Me larga, pai. — Puxei meu braço. Mateus se projetou ao nosso lado.— Está dando um show, cara. Vamos para um lugar mais reservado. Vocês precisam conversar.— Preciso ir atrás de Thalia, isso sim — estava desesperado, queria ir até ela e explicar tudo. Ele não se importou com minha rudeza e me
— Eu a amo! — gritei. — Eu amo a Thalia e só estava tomando conta dela. Thalia é órfã de mãe, seu pai é um bêbado que a deixou sozinha quando ela mais precisava. Ela perdeu o emprego por puro despeito de uma mulher mesquinha que tinha inveja dela. Foi enganada por um homem casado. Estava para perder a casa. Ela... Ela está grávida e ia para o olho da rua. Como eu podia ver tudo isso e não fazer nada? Como poderia me fazer de cego para isso, pai? Como? — Minhas forças se foram e caí de joelhos, chorando ao sentir meu peito ser esmagado pela dor. Minha mãe se ajoelhou e me abraçou.Chorei em seus braços.— Meu filho... — Podia sentir o amor em sua voz.— No início, eu só queria ajudá-la, mas me apaixonei por ela e foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu a quero, mãe. Eu a amo. — Declarei com fervor.— Filho... — lamentou, me acalentando em seus braços.Meu pai suspirou e se sentou no sofá, com as pernas abertas e os cotovelos apoiados nelas.— O filho que ela espera é seu? Disse que a e
Marcelo.O mundo parecia prestes a parar, a ficar silencioso enquanto o rosto lindo de quem eu mais amava se contorcia em lágrimas.Odiava vê-la chorar e saber que eu era o causador de sua dor e lágrimas estava fazendo meu peito doer.Eu havia mentido, tinha omitido quem era e ela havia descoberto isso da pior maneira e agora sofria por mim.Por ter sido irresponsável e ter atravessado a rua sem olhar.Tentei falar e tossi, meu peito e corpo todo estão doloridos.— Marcelo, por favor, não morra. — Thalia suplicou, se debruçou sobre mim com os olhos repletos de lágrimas, desespero.Doeu-me ser o causador da dor tão profunda e sincera que estampava seu rosto.Eu estava quebrando a promessa que fiz de não fazê-la sofrer.— Ai, meu Deus. — Ouvi os gritos de socorro de Mariah, mas só me importava a mulher desesperada diante de mim.— Me perdoa. Eu não queria mentir, mas temi que me afastasse. — Pedi entre tosse. Sangue começou a encher minha boca e, mesmo não querendo, cuspi, sujando-a.—