Thalia.Meu coração batia descompassado enquanto eu observava Marcelo fazer seu discurso. A sensação de traição me consumia, misturada com a dor de ter sido injustamente acusada de algo tão desprezível quanto ser uma golpista. Eu me sentia vulnerável e desamparada, como se o chão tivesse sido arrancado sob meus pés.Enquanto as palavras dele ecoavam pelo salão, eu lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Eu tinha me sentido tão próxima dele, tão segura em seu amor, mas agora tudo parecia desmoronar ao meu redor.Tentei me lembrar do motivo pelo qual estava ali, da promessa que havia feito a mim mesma de confrontar Marcelo sobre suas mentiras e omissões. Mas agora, vendo-o ali, tão confiante e seguro de si, eu me sentia paralisada pela dor e pela decepção.Ele contou que eu estaria na clínica de reabilitação, visitando o meu pai, no entanto, as coisas não saíram como ele planejara. Eu havia recebido uma mensagem da secretária do dono do hotel, informando que todos os f
ThaliaMariah sentou-se ao meu lado, oferecendo-me um lenço e um sorriso encorajador.— Estou aqui para você, Thalia. — disse com sinceridade.Senti-me grata pela presença reconfortante de alguém que havia se tornado minha amiga, deixando-me abrir e compartilhar minhas preocupações e medos mais profundos. Conversamos por horas. Mariah me ouviu atentamente, mas também compartilhou seu ponto de vista sobre o assunto. Ela tinha uma ligação profunda com Marcelo, como se fossem irmãos; desde a infância, eram melhores amigos.Mariah reconheceu que as ações dele foram equivocadas, mas explicou que ele agiu assim pensando no meu bem, mesmo que tenha continuado a mentir com medo de me perder. Ela afirmou que Marcelo tinha sentimentos por mim, que me amava, e destacou que nunca o tinha visto tão feliz como agora. Mariah também mencionou que eu o ajudei a superar as sombras de seu relacionamento com Andressa e que agora ele estava verdadeiramente feliz.Feliz ao meu lado.— Compreendo o que diss
Marcelo.Horas antes...Vi Thalia me dar as costas e sair a passos largos, quase correndo, rumo à saída do resort. Gritei por ela sem me importar com mais nada além do fato de estar a perdendo, mas não adiantou de nada, ela estava decidida a não me ouvir.Senti e vi os flashes sobre mim e ouvi as vozes alteradas dos meus pais, buscando saber o que tinha acontecido. Além de estar sofrendo pelo desprezo de Thalia e com medo de que ela não me perdoasse, agora teria de lidar com meus pais.— Aonde pensa que vai? — Meu pai segurou meu braço, me impedindo de ir atrás da mulher que eu amava. Eu tinha projetado meu corpo para frente, decidido a mandar tudo para o inferno e ir atrás da minha namorada.— Me larga, pai. — Puxei meu braço. Mateus se projetou ao nosso lado.— Está dando um show, cara. Vamos para um lugar mais reservado. Vocês precisam conversar.— Preciso ir atrás de Thalia, isso sim — estava desesperado, queria ir até ela e explicar tudo. Ele não se importou com minha rudeza e me
— Eu a amo! — gritei. — Eu amo a Thalia e só estava tomando conta dela. Thalia é órfã de mãe, seu pai é um bêbado que a deixou sozinha quando ela mais precisava. Ela perdeu o emprego por puro despeito de uma mulher mesquinha que tinha inveja dela. Foi enganada por um homem casado. Estava para perder a casa. Ela... Ela está grávida e ia para o olho da rua. Como eu podia ver tudo isso e não fazer nada? Como poderia me fazer de cego para isso, pai? Como? — Minhas forças se foram e caí de joelhos, chorando ao sentir meu peito ser esmagado pela dor. Minha mãe se ajoelhou e me abraçou.Chorei em seus braços.— Meu filho... — Podia sentir o amor em sua voz.— No início, eu só queria ajudá-la, mas me apaixonei por ela e foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu a quero, mãe. Eu a amo. — Declarei com fervor.— Filho... — lamentou, me acalentando em seus braços.Meu pai suspirou e se sentou no sofá, com as pernas abertas e os cotovelos apoiados nelas.— O filho que ela espera é seu? Disse que a e
Marcelo.O mundo parecia prestes a parar, a ficar silencioso enquanto o rosto lindo de quem eu mais amava se contorcia em lágrimas.Odiava vê-la chorar e saber que eu era o causador de sua dor e lágrimas estava fazendo meu peito doer.Eu havia mentido, tinha omitido quem era e ela havia descoberto isso da pior maneira e agora sofria por mim.Por ter sido irresponsável e ter atravessado a rua sem olhar.Tentei falar e tossi, meu peito e corpo todo estão doloridos.— Marcelo, por favor, não morra. — Thalia suplicou, se debruçou sobre mim com os olhos repletos de lágrimas, desespero.Doeu-me ser o causador da dor tão profunda e sincera que estampava seu rosto.Eu estava quebrando a promessa que fiz de não fazê-la sofrer.— Ai, meu Deus. — Ouvi os gritos de socorro de Mariah, mas só me importava a mulher desesperada diante de mim.— Me perdoa. Eu não queria mentir, mas temi que me afastasse. — Pedi entre tosse. Sangue começou a encher minha boca e, mesmo não querendo, cuspi, sujando-a.—
Thalia.No hospital, após o acidente...— Oi! Como se sente? — Olhei para a pessoa que se aproximava de mim e sorri fracamente.— Não sei. É tudo tão confuso e complicado. — Abaixei a cabeça, minha voz era baixa, quase um sussurro.— Foi uma surpresa saber que meu filho estava com alguém. Não que eu achasse que ele jamais se apaixonaria, mas ainda assim me pegou desprevenida. Ele não nos contou nada. — Seu olhar vagou para o quarto à nossa frente.— Não sei os motivos dele para ter escondido isso e quero acreditar que não era por ter vergonha de mim, mas de qualquer forma, o que tínhamos não existe mais. — A dor perfurou meu peito assim que as palavras escaparam dos meus lábios.— Ele a ama. — Sua afirmação fez meu peito dar um solavanco e ergui o olhar até o seu.— Há dias havia notado uma mudança significativa em meu filho, mas pensei ser algo da minha cabeça, porém o que aconteceu hoje deixou claro que, sim, ele havia se apaixonado, que estava amando alguém. Amando você.— Não acre
Marcelo.Abro os olhos lentamente, lutando contra a escuridão que parece envolver minha mente. Minha visão está embaçada e uma luz fraca brilha acima de mim, criando contornos turvos ao redor do que presumo ser o teto. Um zunido constante preenche meus ouvidos, como se estivesse ouvindo o mundo através de uma concha marinha.Tento mover-me, mas uma sensação de peso e rigidez me prende. Meus músculos protestam contra o movimento, como se eles tivessem há tempos adormecido. Sinto uma pressão em meu peito, como se algo estivesse me mantendo ancorado à cama macia abaixo de mim.Respiro fundo e busco no fundo da minha mente o que poderia estar acontecendo comigo. É quando as memórias começam a surgir, lentamente se formando em minha mente confusa. Um lampejo de luz, o som de pneus deslizando sobre o asfalto, Thalia e Mariah gritando por mim, o impacto do veículo contra meu corpo, a sensação de voar pelo ar e a dor que isso me causou.Fui atropelado!O ar me falta e busco respirar com avide
Marcelo.— Marcelo, irmão, você está acordando — diz Mateus, com sua voz empolgada, embora embargada pela emoção.— Você nos assustou pra valer, cara. Estamos tão felizes que você está bem. — Segue falando, as palavras saem atropeladas de sua boca e vejo que luta para conter as lágrimas.Eu tento falar, mas minha voz sai fraca e rouca. Minha boca está seca, a garganta queima e arranha. Sinto como se estivesse lutando para me manter consciente. Meu irmão me oferece um gole d'água, e eu bebo avidamente, sentindo o líquido frio descer por minha garganta. Ele pede que tome em pequenos goles, mas quero muito me livrar da queimação em minhas cordas vocais.— Como está a Thalia? — Forço minha voz a sair e verbalizo a pergunta que ressoa em minha mente desde que voltei à consciência.Preciso ter certeza de que ela está bem, que nada lhe aconteceu. Thalia estava comigo na hora do acidente. Eu me lembro vagamente de sua voz gritando por mim, de suas lágrimas e palavras de amor e conforto. De se