Os dias seguintes passaram devagar. Ashley e sua mãe começaram a desempacotar as caixas, tentando transformar a casa vazia em um lar. Cada novo objeto colocado no lugar era um pequeno passo em direção à normalidade, mas ainda assim, Ashley sentia-se deslocada. A antiga rotina havia sido completamente destruída, e ela se agarrava a qualquer coisa que pudesse lhe dar uma sensação de controle.
Naquela mesma semana, chegou o primeiro dia de aula. Ashley se levantou cedo, com um nervosismo que há muito tempo não sentia. Vestiu-se de maneira simples, com uma camiseta preta, jeans e tênis confortáveis. Ela não queria chamar atenção, apenas passar despercebida, como uma sombra entre a multidão.
O caminho até a escola foi rápido. O campus era grande, com prédios modernos e um pátio central que parecia sempre cheio de estudantes. Assim que entrou, sentiu todos os olhares voltados para ela. Sabia que era normal em uma escola nova, mas isso não tornava a sensação menos desconfortável.
Ela foi até a secretaria, onde pegou seu horário de aulas. O primeiro período seria de literatura, o que a deixou um pouco animada. Sempre gostou de ler, e talvez isso a ajudasse a se sentir mais à vontade.
Ao entrar na sala de aula, percebeu que a maioria dos estudantes já estava sentada. Encontrou um lugar vazio no fundo da sala e se sentou, tentando se manter invisível. Mas antes que pudesse relaxar, uma figura familiar entrou na sala.
Eleonora.
Ela caminhava pelo corredor central da sala como se todos os olhares fossem naturalmente atraídos para ela. E, de fato, eram. Ashley viu como alguns alunos sussurravam e trocavam olhares quando Eleonora passou. Ela parecia flutuar entre os olhares curiosos e as conversas baixas, como se estivesse acima de tudo aquilo.
Eleonora se sentou algumas fileiras à frente de Ashley, mas não parecia notar sua presença. Ashley se sentiu aliviada por um momento, mas também decepcionada. Parte dela esperava que Eleonora fosse até ela, que se sentasse ao seu lado e a fizesse sentir-se menos sozinha.
A aula começou, e Ashley tentou se concentrar no que o professor dizia, mas seus pensamentos continuavam a vagar. Ela olhava para Eleonora de vez em quando, observando como ela parecia tão à vontade, tão natural naquele ambiente. Era o completo oposto de como Ashley se sentia.
Quando o sinal finalmente tocou, indicando o fim da aula, Ashley juntou suas coisas rapidamente, ansiosa para sair da sala. Mas, antes que pudesse se levantar, Eleonora apareceu ao seu lado, com aquele mesmo sorriso intrigante no rosto.
-Oi, Ashley. Como foi a primeira aula?-
Ashley engoliu em seco, surpresa com a aproximação repentina. -Foi… boa, eu acho. Só estou tentando me adaptar.-
-Você vai se sair bem,- disse Eleonora, inclinando a cabeça levemente. -E, se precisar de alguém para te mostrar o caminho, estou por aqui.-
-Obrigada,- respondeu Ashley, genuinamente grata pela oferta.
Eleonora sorriu novamente, mas desta vez, havia algo a mais em seus olhos. Algo que Ashley não conseguiu decifrar. Era quase como se Eleonora estivesse escondendo algo, um segredo profundo que ela mantinha bem guardado. E, por alguma razão, isso deixou Ashley ainda mais intrigada.
Enquanto Eleonora se afastava para o próximo período, Ashley ficou parada por um momento, sentindo uma estranha mistura de curiosidade e apreensão. Havia algo em Eleonora que a puxava para mais perto, mesmo que ela não entendesse o porquê.
Ao final do dia, Ashley estava exausta. A nova escola, os rostos desconhecidos, a constante sensação de estar fora do lugar… Tudo parecia drenar sua energia. Quando finalmente chegou em casa, jogou-se no sofá, tentando afastar as lembranças do dia.
Sua mãe chegou logo depois, trazendo algumas sacolas de compras.
— Como foi o primeiro dia de aula?-
Ashley deu de ombros.
— Foi ok. Conheci algumas pessoas. E tem uma garota… Eleonora. Ela parece legal.
Sua mãe sorriu, animada.
— Isso é ótimo! Fazer novos amigos vai tornar tudo mais fácil.
Ashley assentiu, mas por dentro, ainda estava pensando em Eleonora. Algo nela parecia tão… diferente. Ela não conseguia parar de pensar naquele sorriso enigmático, na maneira como Eleonora a olhava, como se soubesse algo que ninguém mais sabia.
E foi assim que, sem perceber, Ashley começou a se envolver na teia de mistérios que Eleonora trazia consigo.
Mais tarde naquela noite, enquanto Ashley estava em seu quarto, deitada na cama com os olhos fixos no teto, seus pensamentos continuavam a girar em torno de Eleonora. Havia algo de enigmático naquela garota, algo que parecia, ao mesmo tempo, convidativo e assustador. Ela se perguntou por que Eleonora havia se aproximado dela, uma recém-chegada que tentava ao máximo não chamar atenção.
— Talvez ela seja apenas simpática,- pensou Ashley, tentando convencer a si mesma. Mas, quanto mais pensava, mais difícil era ignorar os detalhes que a perturbavam. O toque de Eleonora era sempre frio, mesmo sob o sol quente. E havia aqueles momentos estranhos, quando o olhar de Eleonora parecia se intensificar de uma maneira quase hipnótica. Ashley sacudia a cabeça para afastar essas ideias, tentando convencer-se de que eram apenas fantasias.
Olhando para o lado, Ashley pegou seu diário e começou a rabiscar algumas palavras. Escrever sempre foi uma forma de aliviar a mente, e ultimamente, ela tinha muito com o que lidar. Desde a separação dos pais, tudo parecia estar de cabeça para baixo, e agora, essa mudança para uma nova cidade só aumentava a sensação de estar perdida.
Ela começou a escrever sobre seu encontro com Eleonora no parque, sobre como a garota parecia ao mesmo tempo, acolhedora e distante. E sobre o toque de sua mão, que parecia sempre carregado de uma frieza incomum. Havia algo naquela garota que não encaixava, algo que Ashley sentia que não era natural. Porém, a maneira como Eleonora sorria para ela, com uma intensidade que a fazia sentir-se especial, a confundia ainda mais.
Após escrever por um tempo, Ashley fechou o diário, deixando escapar um suspiro longo e cansado. Por mais que tentasse, a presença de Eleonora continuaria a rondar seus pensamentos. Mas talvez, com o tempo, as coisas ficassem mais claras.
Nos dias que se seguiram, Eleonora continuou a aparecer na vida de Ashley. Elas se encontravam nos corredores da escola, trocavam algumas palavras durante as aulas, e ocasionalmente, Eleonora até a acompanhava no caminho para casa. Eleonora tinha o jeito de estar sempre por perto, mesmo quando Ashley não esperava. Aos poucos, a ruiva se pegou ansiando por essas conversas, mesmo sem entender o motivo.
Eleonora, por outro lado, parecia cada vez mais fascinada por Ashley. Havia algo na simplicidade e na vulnerabilidade da garota que a atraía, como uma chama impossível de resistir. Mesmo assim, ela mantinha seus segredos bem guardados. Quando seus olhos seguiam os movimentos de Ashley, havia uma espécie de fome neles que a jovem ruiva não conseguia decifrar.
Uma tarde, enquanto as duas caminhavam pelo parque perto da escola, Ashley finalmente decidiu fazer uma pergunta que vinha martelando em sua mente há algum tempo.
— Eleonora, por que você se aproximou de mim?- perguntou Ashley, tentando esconder a curiosidade em sua voz.
Eleonora parou por um momento, como se estivesse ponderando a resposta. Seus olhos refletiam a luz suave do sol que começava a se pôr, tornando seu olhar ainda mais profundo.
— Você parecia precisar de alguém, Ashley. E talvez eu também precisasse de alguém.-
A resposta deixou Ashley surpresa. Não era o que ela esperava ouvir, mas, de alguma forma, parecia fazer sentido. Ambas estavam lidando com suas próprias batalhas, com suas próprias solidões. E, por mais que Ashley ainda tivesse dúvidas sobre essa amizade, ela sabia que não queria afastar Eleonora. Talvez fosse a maneira como Eleonora olhava para ela, sempre com uma intensidade que Ashley sentia, mas não conseguia entender completamente.
— Eu acho que sim,- respondeu Ashley, com um pequeno sorriso.
— Talvez a gente possa ajudar uma à outra.-
Eleonora sorriu de volta, mas havia algo em seu olhar que deixava Ashley com uma sensação estranha, como se estivesse se aproximando de algo que ainda não conseguia compreender. No entanto, com essa incerteza, Ashley também sentia uma crescente atração, algo que não queria admitir, mas que a fazia ansiar pelos encontros com Eleonora.
Naquela noite, enquanto o sono finalmente a envolvia, Ashley pensou no sorriso enigmático de Eleonora, um sorriso que parecia guardar todos os segredos do mundo. O mistério estava apenas começando.
Ashley acordou na manhã seguinte com a luz do sol invadindo o quarto através das persianas. Ela se espreguiçou, sentindo os músculos ainda tensos após dias de estresse. Era o começo de uma nova semana, e com isso, mais um passo para se ajustar à nova realidade. Ela ainda não se sentia em casa. A nova casa era maior do que o antigo apartamento em que vivia com os pais, mas parecia fria, impessoal, como se faltasse algo que tornasse aquele lugar verdadeiramente dela.Levantando-se, Ashley olhou para a janela. O bairro era silencioso pela manhã, com poucas pessoas na rua. A mudança para a cidade grande deveria trazer excitação, novas oportunidades, mas até agora, tudo o que ela sentia era a ausência do que costumava ser. A separação dos pais a afetara mais do que queria admitir. E aquele sentimento de incompletude parecia enraizado profundamente em sua alma.Após se arrumar, Ashley desceu para a cozinha, onde sua mãe estava preparando o café. O silêncio ali era quase palpável, interrompi
Na manhã seguinte, Ashley acordou com um misto de ansiedade e expectativa. A discussão com sua mãe ainda reverberava em sua mente, mas o tempo que passou com Eleonora havia sido como uma pausa, um intervalo de calma no meio do caos. Havia algo naquela garota que a fazia sentir um pouco mais ancorada, embora também fosse intrigante. Eleonora era um enigma que Ashley não conseguia decifrar completamente, e talvez isso fosse parte da atração.Enquanto se preparava para ir à escola, Ashley decidiu que hoje seria um dia diferente. Ela precisava encontrar uma maneira de se adaptar à nova realidade, tanto na escola quanto em casa. Talvez, se desse uma chance real a tudo aquilo, as coisas começassem a se encaixar.Chegando à escola, Ashley notou que Eleonora já estava esperando por ela no portão, como se soubesse exatamente quando ela iria aparecer. Isso não a surpreendeu mais. Era quase como se Eleonora estivesse sempre à espreita, pronta para surgir do nada, com aquele sorriso inabalável e
Ashley não conseguia ignorar a presença de Eleonora, mesmo que quisesse. A sensação de que algo estava fora do lugar crescia a cada encontro, cada olhar. E, no fundo, ela sabia que também estava atraída por aquele mistério que cercava Eleonora. Era algo que fazia seu coração acelerar, mesmo quando sua mente lhe dizia para manter distância.As duas começaram a passar mais tempo juntas, embora Ashley ainda não conseguisse definir o que exatamente estava acontecendo entre elas. Era amizade? Era algo mais? Eleonora parecia estar sempre lá, observando, esperando... mas esperando o quê?Naquela manhã, após uma aula particularmente monótona de história, Eleonora se aproximou de Ashley no corredor, com aquele sorriso enigmático no rosto.-Ei, Ash,- Eleonora disse, inclinando-se levemente contra o armário de Ashley.-Tem planos para hoje à tarde?Ashley fechou seu armário, tentando não demonstrar o nervosismo que sentia sempre que Eleonora estava por perto.-Hum... não exatamente. Por quê?- E
Naquela manhã, os pensamentos de Ashley estavam uma bagunça. O sonho da noite anterior continuava a ecoar em sua mente como uma melodia distante, mas ainda presente. Ela tentou se concentrar nas aulas, nos livros, nas conversas triviais com os colegas, mas nada parecia conseguir afastar aquela sensação inquietante que Eleonora havia deixado em seu subconsciente. No intervalo, sentada no pátio da escola, Ashley se pegou olhando em volta, procurando involuntariamente por Eleonora. Desde que chegou àquela cidade, nada havia sido normal, mas agora... agora era diferente. Ela sabia que não era apenas a mudança de ambiente que a deixava assim. Era Eleonora, e o modo como parecia brincar com seus sentidos, sempre tão enigmática. Antes que percebesse, Eleonora estava ali, ao seu lado, com um sorriso malicioso estampado no rosto. — Ei, Ash. Parece perdida em pensamentos — a voz de Eleonora soou suave, quase como se estivesse insinuando algo. Ashley ergueu os olhos para ela e tentou disfarç
Ashley estava sentada em sua mesa na escola, tentando concentrar-se na aula, mas sua mente estava em outro lugar. Desde o sonho da noite passada, não conseguia parar de pensar em Eleonora. O toque, o cheiro, a sensação que parecia tão real... E então havia a estranha sensação de que havia algo mais nela, algo além da beleza deslumbrante e da confiança. — Ei, terra chamando Ashley!- Uma voz conhecida a tirou de seus devaneios. Era Kate, uma garota do grupo de estudo.— Você está bem? Parece que viu um fantasma. Ashley piscou algumas vezes, tentando voltar à realidade. — Sim, desculpa. Só... não dormi bem.— Claro que não dormiu, né? A cabeça cheia de pensamentos sobre a vida nova, a escola, e... aquela garota.Kate sorriu de canto, curiosa. — Eleonora, certo? Ashley sentiu um frio na espinha ao ouvir o nome dela em voz alta, como se o simples fato de mencioná-la a deixasse exposta. — É... ela é... interessante.Kate riu, levantando uma sobrancelha. — Interessante? Ela é tipo... a
Ashley estava saindo da escola quando viu Eleonora do outro lado da rua, encostada em uma árvore, os braços cruzados. Eleonora levantou o olhar e seus olhos se encontraram. O coração de Ashley acelerou, mas ela tentou manter a compostura.Eleonora sorriu de forma encantadora e caminhou na direção de Ashley.— Você tem tempo para um café?-Ashley hesitou, mas acabou assentindo.— Claro. Conhece algum lugar por aqui?-— Sim. Tem um café incrível na esquina. Vem, vou te levar lá.-Enquanto caminhavam juntas, Ashley sentiu uma mistura de nervosismo e curiosidade. Havia algo em Eleonora que a atraía, algo mais profundo do que apenas a aparência deslumbrante. Ela não conseguia entender o que era, mas sabia que estava cada vez mais envolvida.No café, elas se sentaram em uma mesa perto da janela. Eleonora pediu um cappuccino, enquanto Ashley pediu um suco de laranja.— Então, como está sendo a adaptação na cidade?- perguntou Eleonora, girando distraidamente a colher em sua xícara.Ashley deu
Ashley estava na escola, andando pelo corredor em direção ao seu armário, quando ouviu passos apressados atrás dela. Virando-se, ela viu três alunos da escola rindo e cochichando entre si enquanto a observavam. Ela sentiu uma onda de desconforto crescer em seu peito.— Ei, Ashley, o que você acha de vir conosco hoje à noite? um dos garotos disse, sorrindo de uma maneira que a fez estremecer.— É... não vai querer perder a festa,- outro garoto acrescentou, sua voz carregada de intenções nada amigáveis.Ashley tentou ignorá-los, mas eles continuaram a segui-la enquanto ela se dirigia para o armário. —Só estou tentando ir para a aula, por favor, me deixem em paz,- ela respondeu, tentando soar firme.Os risos ficaram mais altos. — Ah, qual é, estamos só brincando,- o primeiro garoto disse, colocando a mão no armário dela, bloqueando seu caminho.Antes que Ashley pudesse responder, uma voz fria e firme cortou o ar. — Ela disse para vocês a deixarem em paz.-Ashley e os garotos se viraram a
Naquela manhã, Ashley estava perdida em pensamentos enquanto seguia para a escola. Desde que conheceu Eleonora, seu mundo parecia ter mudado completamente. As interações intensas, os olhares furtivos e o mistério em torno de Eleonora tinham se tornado parte constante de sua vida. Ela se perguntava como alguém podia ser tão intrigante e distante ao mesmo tempo.Ao chegar ao portão da escola, ela avistou Eleonora, que estava encostada na parede, conversando com um grupo de amigos. Eleonora sorriu ao vê-la, afastando-se do grupo e caminhando em sua direção.— Ei, Ashley! — Eleonora acenou, chamando sua atenção. — Vem aqui.Ashley hesitou por um momento, mas decidiu se aproximar. Havia algo na maneira como Eleonora a olhava que fazia seu coração acelerar.— Oi — disse Ashley, tentando parecer descontraída, embora sentisse uma leve ansiedade.— Estava te esperando — Eleonora sorriu de lado. — Pensei que podíamos tomar café juntas hoje. O que acha?Ashley ergueu as sobrancelhas, surpresa.—