Lia Perroni Arregalo os olhos ao escutar a voz de Marcelo, me viro para ele lentamente, sentindo um arrepio na espinha. Seu olhar é penetrante, e posso sentir a desconfiança emanando dele. — Ah, você chegou na hora certa — digo, forçando um sorriso natural. — Eu e Luz estávamos apenas... espalhando ratoeira pela casa. Temos alguns filhotes de rato aqui, então tome cuidado para não pisar em nenhuma. Marcelo se aproxima de mim, seu rosto tão colado que posso sentir sua respiração quente em meu rosto. Seu olhar é intensamente desconfiado. — Verdade? — ele pergunta, sua voz cheia de dúvida. Eu assinto com a cabeça, tentando manter a calma. — Então você deve demitir Luz — Marcelo conclui, sua voz firme. — Ela não está fazendo o seu trabalho direito. Meu coração afunda. Não posso deixar que Marcelo demita Luz, ela é minha única aliada na casa. — Não! — digo, um pouco alto demais. — Quero dizer, não há necessidade de demiti-la. São apenas filhotes de rato, e já coloquei reméd
Lia Perroni Abro os olhos e me encontro em um quarto branco, conectada a aparelhos. Olho ao redor, constatando que estou em um hospital. — Mamãe! — Esmel grita, passando pela porta. Ela ainda está com o uniforme da escola e seu rosto está manchado de lágrimas. — Esmel? O que você está fazendo aqui? — pergunto, abraçando minha filha. — Mamãe... — Esmel diz, com a voz embargada pelo choro. — A senhora está bem agora? Papai falou que a senhora caiu da escada e quase perdeu meu irmãozinho. É verdade que vou ter um irmão? — ela pergunta, com os olhos brilhando. Encaro-a, confusa, e levo a mão à barriga. — Então, eu não o perdi... — sussurro, incrédula. Esmel me olha, curiosa. — O que você disse, mamãe? — ela pergunta. Sorrio, emocionada. — Nada, meu amor! Onde está seu pai? — pergunto. Milhões de perguntas invadem minha mente. Eu realmente estou grávida, e Marcelo ajudou a salvar meu bebê, como pedi antes de desmaiar. Mas o que ele pretende fazer? O que ele quer em
Lia Perroni Eu nunca pensei que fugiria de minha própria vida. Mas aqui estou eu, sentada no banco do passageiro de um ônibus, com minha filha Esmeralda dormindo ao meu lado. Eu olhei para trás, para a cidade que deixei para trás. A cidade onde eu conheci Marcelo, o homem que prometeu me amar para sempre, mas que me transformou em uma prisioneira em minha própria casa. Nós nos conhecemos em uma festa, e ele foi charmoso e atencioso. Eu era uma jovem e ingênua, e acreditei que ele era o amor da minha vida. Mas logo após o casamento, tudo mudou. Ele se tornou controlador e possessivo, e eu comecei a perder minha liberdade. Me lembro perfeitamente da primeira vez que ele me bateu. Eu ainda estava grávida de Esmeralda, e ele estava bêbado. "Você é minha", ele disse, enquanto me batia. Eu pensei em fugi, mas o medo dele me encontra e acaba sendo pior, me fez acovardar. Mas desta vez, eu estava determinada a escapar. O ônibus parou em uma pequena cidade no interior do México. E
Lia Perroni No dia seguinte, acordo bem cedo e me arrumo, preparo o café e chamo Esmel.— Bom dia, mamãe! — disse ela, esticando os braços.— Bom dia, meu amor! — eu disse, abraçando-a.Nós tomamos o café juntas e eu a ajudei a se preparar para o primeiro dia de escola.— Estou nervosa, mamãe — disse ela.— Tudo vai dar certo, meu amor. Você vai fazer amigos e aprender coisas novas — eu disse, tentando tranquilizá-la.Kairós chegou pontualmente para nos levar à escola.— Bom dia! — disse ele, sorrindo.— Bom dia! — eu disse, sentindo meu coração bater mais rápido.Na escola, a diretora nos recebeu com um sorriso.— Bem-vinda, Esmeralda! — disse ela.Esmeralda sorriu.— Obrigada — disse ela.Depois de se despedir de Esmel, Kairós me ofereceu uma carona até a loja.— Obrigada — eu disse.No caminho, conversamos sobre nossos planos para o dia.— Você tem planos para o fim de semana? — perguntou ele.Eu hesitei.— Não sei. Ainda estou me adaptando — eu disse.— Eu posso te mostrar a cida
Kairós Chávez Eu estava me preparando para sair com Lia. Queria causar uma boa impressão. Camilla, minha irmã, e Cléber, seu marido, estavam na sala, assistindo TV.— Não exagere no perfume, mano! — disse Camilla, rindo. — Você vai espantar a moça!Cléber, que estava sentado ao lado dela, gargalhou.— Vai espantar, ao invés de conquistá-la! — disse ele, em tom de deboche.Eu sorri.— Não se preocupem, eu sei o que estou fazendo — disse, aplicando mais um pouco de perfume.Camilla revirou os olhos.— Você está usando o perfume "Sedução Fatal" para matar? — perguntou.Cléber riu.— Ou para seduzir? — disse.Eu ri.— Talvez um pouco de ambos — disse, sorrindo.Camilla se levantou e veio até mim.— Sério, Kairós, você está ansioso para impressionar moça? — perguntou.— Estou — disse. — Ela é especial.Cléber se levantou.— Então, vá e conquiste! — disse. — Mas não esqueça de nos contar tudo amanhã.Eu sorri.— Vou contar — disse. — Agora, preciso ir.— Boa sorte! — disse Camilla.— Você
Lia Perroni Eu senti meu coração falhar na hora que Kairós disse que sentia algo por mim. Eu precisava ser racional, não podia me envolver em um relacionamento, ainda mais estando... bem, isso era um assunto complicado.— Como você pode dizer isso, só nos conhecemos há um dia! — eu disse nervosa, tentando esconder meus verdadeiros sentimentos.Kairós sorriu, seus olhos brilhando.— Não importa, um dia foi o suficiente para mim me apaixonar. Acredita em amor à primeira vista? — perguntou.Eu senti meu rosto corar.— Não sei... — disse, tentando evitar sua pergunta.Kairós se aproximou de mim.— Eu acredito — disse. — E sinto que há algo especial entre nós.Eu me senti perdida, dividida entre minha lealdade ao meu passado e meus sentimentos por Kairós.— Kairós, por favor... — disse. — Não posso...— Não, o quê? — perguntou.Eu hesitei.— Não posso me envolver em um relacionamento agora — disse, tentando encontrar uma desculpa.Kairós olhou para mim, surpreso.— Você está... casada? —
Lia Perroni Acordo sentindo-me renovada, com uma sensação de alívio após a conversa com a Sra. García. Tomo banho, me arrumo e me sinto pronta para enfrentar o dia.Ao pegar o celular para conferir a hora, vejo que recebi uma mensagem de um número desconhecido. Meu coração pulsa um pouco mais rápido, mas respiro aliviada ao ver que é Kairós."Oi, Lia. Espero que você esteja bem. Quero conversar sobre ontem. Posso te encontrar hoje?"Eu hesito por um momento, pensando sobre como responder.Decido ignorar sua mensagem e apaga, em seguida bloqueando o número.Agora não é hora para pensar em homens, tenho que pensar em mim e na Esmel, é no que fazer de agora em diante.— Bom dia, mamãe! — disse Esmel, me dando um susto.— Bom dia, minha querida!— digo, abraçando Esmel.Ela sorri e me dá um beijo na bochecha.— Como você está hoje? — pergunto.— Estou bem, mamãe! —responde.Eu sorrio, sentindo-me grata pela simplicidade da vida.— Vamos fazer um café da manhã especial hoje? — sugiro.Es
Lia Perroni Acordo cedo, sentindo-me animada para o almoço de hoje. Começo a arrumar a casa, colocando tudo no lugar. Depois de uma boa limpeza, a casa está brilhando. Agora é hora de acordar Esmel. — Esmel, minha querida, é hora de levantar! Hoje é o dia do almoço com a Camilla e sua família. Esmel se estica e sorri. — Mamãe, estou ansiosa para ver a Bia!. — Eu também, minha querida. Vamos fazer compras no mercado para preparar um almoço delicioso. Vestimos-nos rapidamente e saímos para o mercado. No mercado, escolhemos os melhores ingredientes. — O que você acha de fazer lasanha? — pergunto. Esmel concorda entusiasmada. — Sim, mamãe! E podemos fazer salada de frutas também? . — Claro, minha querida. Vamos fazer. Com as compras feitas, voltamos para casa. Agora é hora de cozinhar. Começamos a preparar a lasanha e salada de frutas. Esmel ajuda a lavar as frutas, enquanto eu faço o molho da lasanha. — Está ficando delicioso, mamãe! — diz Esmel. —