O carro desliza pelas ruas estreitas, os faróis cortando a névoa que paira sobre o asfalto úmido. Minhas mãos estão firmemente entrelaçadas no colo, mas não consigo disfarçar o tremor que insiste em percorrer meus dedos. Dois homens me flanqueiam no banco traseiro, seus rostos impassíveis, como estátuas de pedra. Nenhum deles fala. O silêncio é tão denso que quase consigo ouvir o som do meu próprio coração batendo.Não sei para onde estamos indo. Luca não me disse nada. Apenas me entregou a esses homens com um olhar que era ao mesmo tempo uma promessa e uma advertência. "Confie em mim," ele sussurrou antes de me deixar ir. Mas como posso confiar em algo que não consigo ver, que não consigo entender?O carro para abruptamente diante de uma igreja antiga, sua fachada gótica pairando sobre nós como um espectro. As portas se abrem, e os dois homens me conduzem para fora, suas mãos firmes em meus braços. Não há gentileza no toque deles, apenas eficiência. Caminhamos em direção a uma entrad
O iate corta as águas escuras do mar, as luzes da costa já distantes, como estrelas que se apagaram no horizonte. Elena está ao meu lado, seu vestido branco brilhando sob a luz da lua, mas é o olhar dela que me prende — aquela mistura de vulnerabilidade e força que sempre me fascinou. Ela não sabe o quanto é poderosa. Mas eu vou mostrar a ela.— Vem — digo, estendendo a mão para ela.Ela hesita por um instante, mas então coloca a mão na minha, seus dedos frios se entrelaçando com os meus. Guio-a pelo convés, mostrando cada detalhe do iate — a sala de estar luxuosa, o deque com piscina infinita, o bar completo com garrafas de champanhe que brilham como tesouros. Mas tudo isso é apenas um prelúdio. O que realmente importa está à nossa espera.Quando chegamos à suíte, abro a porta e deixo que ela entre primeiro. O quarto é amplo, decorado com tons de branco e dourado, e a parede de vidro revela o mar infinito, as ondas refletindo a luz da lua. Elena para no meio do quarto, olhando ao red
Meu coração está acelerado, martelando no peito como se quisesse escapar. Luca está acima de mim, seus olhos escuros me devorando, e eu sinto o calor do corpo dele se misturar com o meu. Ele se afasta por um instante, e eu observo, quase sem fôlego, enquanto ele tira a camisa, revelando o torso musculoso e delineado. Cada músculo parece esculpido, como se fosse uma obra de arte viva, e eu não consigo evitar que meus olhos percorram cada centímetro dele.— Você pode olhar — ele diz, sua voz rouca, carregada de desejo. — Eu sou todo seu.Eu sinto um rubor subir pelas minhas bochechas, mas não desvio o olhar. Ele é lindo, de uma forma que quase dói, e eu mal consigo acreditar que ele é meu. Luca desce as mãos para o cinto, e eu engulo em seco enquanto ele despeça as calças, deixando-as cair no chão. Ele está completamente nu agora, e eu sinto algo quente e pesado se formar no meu ventre, uma mistura de desejo e nervosismo.Ele se aproxima novamente, seus olhos nunca deixando os meus, e e
O sol nascente tingia o céu com tons de laranja e rosa, refletindo nas águas calmas do mar. Sentado no deck do iate, segurava uma xícara de café entre as mãos, mas minha mente estava longe dali. Estava presa na noite anterior. Em Elena. No jeito que ela se entregou a mim completamente, confiando de uma forma que ninguém jamais confiou.Eu não queria sentir isso por ela. Não deveria. Sentimentos são uma fraqueza, e fraquezas são luxos que homens como eu não podem se permitir. Mas Elena... Ela não é como os outros. Forte, mas vulnerável. Inocente, mas corajosa. E, por algum motivo que eu não consigo explicar, ela me faz querer ser mais do que sou.Fecho os olhos por um instante, deixando o som das ondas me envolver. A imagem dela vem à minha mente com uma
O vento salgado acaricia meu rosto enquanto Luca acelera o jetski sobre as águas cristalinas. Eu seguro firme em sua cintura, sentindo o calor do seu corpo mesmo através do tecido leve da camisa que ele veste. É a primeira vez em dias que me sinto completamente leve, como se o peso das expectativas e do futuro incerto simplesmente tivessem ficado para trás, dissolvidos pelo sol e pelo mar.Luca pilota com habilidade, cortando as ondas com suavidade, e eu me pego sorrindo, rindo até, conforme a brisa bagunça meus cabelos. Nunca pensei que poderia gostar tanto disso. Nunca imaginei que estaria aqui, sentindo essa liberdade.Mas talvez o mais inesperado seja o homem à minha frente.Luca tem sido... diferente do que eu esperava. Cuidadoso. Atento. Como nesta manhã, quan
O som das ondas quebrando na praia ecoa suavemente pelo quarto, acompanhado pelo balanço das cortinas brancas que dançam com a brisa noturna. Estou deitada na cama, o corpo ainda quente e relaxado após o banho de hidromassagem, mas minha mente não para de girar. Luca está ao meu lado, respirando calmamente, mas eu sei que ele não está dormindo. Há algo no ar, uma tensão que não consigo nomear.Ele se vira de lado, seus olhos escuros encontrando os meus no escuro.— Não consegue dormir? — pergunta, sua voz rouca e suave como o mar lá fora.— Não — admito, sentando-me na cama. — Você também não.Ele sorri, mas é um sorriso curto, quase distraído. Levanta-se e caminha até a janela, olhando para o oceano. A luz da lua ilumina seu perfil, destacando a tensão em seus ombros.— Vamos fazer algo — ele sugere de repente, voltando-se para mim. — Que tal prepararmos o jantar juntos?Concordo com a cabeça, mesmo sentindo que há algo mais por trás dessa proposta. Deslizo para fora da cama e o sigo
A chuva fina tamborilava no vidro da janela, misturando-se ao som suave das ondas quebrando na praia. Meu peito subia e descia devagar, tentando acompanhar a calma ao meu redor, mas a verdade era que dentro de mim tudo parecia desmoronar.Matia entrou na casa com passos firmes, seus olhos varrendo o ambiente antes de pousarem em mim. Ele me cumprimentou com um aceno de cabeça, respeitoso, e foi nesse momento que percebi o peso do que estava prestes a acontecer. Eu não era mais apenas Elena, eu era a matriarca da Cosa Nostra. E seja lá o que estava por vir, exigiria mais de mim do que eu poderia imaginar.Os três nos sentamos à mesa da cozinha. Luca estava tenso ao meu lado, os dedos entrelaçados sobre a superfície de madeira como se precisasse de algo para se agarrar. Matia manteve-se impassível, mas eu percebia a sombra em seu olhar. Do lado de fora, os soldados permaneciam atentos, suas silhuetas rígidas contra a escuridão da noite.— O que está acontecendo? — minha voz cortou o sil
O ar dentro da cozinha parecia rarefeito, como se o peso daquela revelação tivesse drenado todo o oxigênio do ambiente. Meu peito subia e descia em um ritmo errático, e, por um momento, tudo ao meu redor ficou turvo. Precisava sair dali. Precisava de ar. De espaço. De silêncio.Levantei-me de súbito, a cadeira arrastando no chão com um ruído agudo. Luca e Matia me observaram, alertas, mas não disseram nada. Apenas deixaram que eu passasse pela porta da cozinha e saísse para a varanda, onde a chuva fina ainda caía sobre o mar agitado.A brisa fria bateu contra meu rosto, e fechei os olhos, tentando me ancorar na sensação. Mas nada parecia real. Nada fazia sentido.Meu pai… não era meu pai. Eu não era quem pensei ser a minha vida inteira. Eu era filha de um inimigo, de um homem que estava disposto a me usar como