O subsolo da catedral de Palermo estava iluminado apenas pelas velas dispostas ao redor da grande mesa de mogno. O cheiro de incenso e pedra antiga misturava-se ao aroma sutil do vinho nas taças. Meus irmãos, Pietro e Matia, estavam ao meu lado, enquanto os chefes das famílias aliadas ocupavam seus lugares, aguardando minha palavra.
Respirei fundo antes de falar, minha voz saindo firme e carregada de raiva contida.
— Sofremos um ataque em minha casa. Entraram em meu território, violaram minha segurança. Isso não foi obra de qualquer um. Alguém entre nós traiu a Cosa Nostra.
O murmúrio que se seguiu foi imediato. Homens experientes, alguns mais velhos que meu pai quando governava esta mesa, olhavam-se com expressões de incredulidade.
— Impossível! — um deles exclamou. — Todos aqui são leais!
Pietro
O galpão estava escuro e abafado, as paredes de concreto impregnadas com o cheiro de umidade e sujeira. O som dos nossos passos ecoava na imensidão do espaço vazio, enquanto as lâmpadas de luz fria piscavam intermitentemente, criando uma atmosfera ainda mais opressiva. Matia e Pietro seguiam atrás de mim, os olhos fixos no caminho à nossa frente, cientes do que viria. O peso da decisão pesava no ar, mas a determinação em meu peito me impedia de hesitar.Dentro do galpão, dois homens estavam presos a cadeias de ferro, seus corpos pendendo para frente, exaustos e sujos. Seus olhos estavam inchados, provavelmente das pancadas que haviam recebido antes de nossa chegada, mas ainda havia uma chama de desespero neles. Eles sabiam que estavam em nossas mãos agora.Matia se aproximou de um deles, sua expressão fria e calculista.— Está pronto para começar? — ele perguntou, sua voz baixa, mas firme.Eu não olhei para Matia. Minha atenção estava totalmente voltada para os dois homens à minha fren
O espelho reflete uma imagem que ainda não consigo reconhecer completamente. Eu, Elena Santoro, vestida de noiva, cercada por um turbilhão de pessoas que orbitam ao meu redor como estrelas em uma galáxia distante. As maquiadoras, com seus pincéis suaves, deslizam sobre minha pele como se estivessem pintando uma tela frágil. As cabeleireiras ajustam cada fio do meu cabelo, trançando e prendendo com delicadeza, enquanto minha mãe observa tudo com um sorriso tenso, tentando disfarçar a preocupação que vejo nos cantos de seus olhos.O vestido branco, imaculado, pesa mais do que deveria. Não é o tecido, é o significado. Cada bordado, cada pérola, parece carregar uma promessa que não sei se conseguirei cumprir. Luca Grecco, o Don da Cosa Nostra, meu noivo, meu protetor, meu... algo que ainda não consigo definir completamente. Ele prometeu que nada me aconteceria, que estaria a salvo em suas mãos. Mas as sombras da ameaça que paira sobre nós são como uma névoa espessa, impossível de ignorar.
A suíte está impecável, como tudo na mansão Grecco. O espelho reflete minha imagem enquanto ajusto a gravata preta, o traje impecável que combina com a seriedade deste dia. Matia, meu irmão e braço direito, está sentado na poltrona ao lado, fumando um cigarro com aquela calma irritante que só ele tem. Pietro, meu capo chefe dos soldados, está de pé perto da janela, observando o movimento lá fora com olhos atentos.— Tudo está pronto, Luca — Pietro diz, sua voz grave e confiante. — Dobramos a segurança. Ninguém entra ou sai sem que saibamos. Se alguém tentar alguma coisa, saberemos imediatamente.Eu aceno com a cabeça, satisfeito, mas não completamente tranquilo. O casamento foi adiantado por um motivo, e todos sabemos qual é. Aslan, o Don da Bratva, não é homem de fazer ameaças vazias. Se ele quer Elena, ele vai tentar algo. E eu não posso permitir que isso aconteça.— Nenhum traidor vai levar Elena — digo, minha voz firme, quase um aviso. — Ela está sob minha proteção. E quem tentar
O sol se põe sobre Palermo, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados, como se a própria cidade abençoasse este momento. O jardim da mansão Grecco está impecável, com fileiras de cadeiras ocupadas pelas famílias aliadas da Cosa Nostra, todos vestidos com elegância, observando em silêncio. Este não é apenas um casamento; é o início de uma nova era.Estou parado no altar, vestindo meu terno negro perfeitamente alinhado, as mãos entrelaçadas diante de mim, a postura rígida. O peso da responsabilidade repousa sobre meus ombros. O nome Grecco será imortalizado hoje, mas para isso, Elena precisa ser aceita. Precisa ser respeitada.Os murmúrios entre os convidados cessam quando os primeiros acordes da música preenchem o ar.
O jardim da mansão Grecco foi transformado em um cenário saído de um sonho. Lustres de cristal pendem de estruturas douradas, lançando um brilho quente sobre as mesas elegantemente postas com toalhas de linho branco e arranjos de rosas e lírios. Os convidados, vestidos em seus melhores trajes, erguem taças de vinho e champanhe enquanto a música suave de um quarteto de cordas preenche o ar.Mas mesmo com todo o luxo, a grandiosidade da recepção e os rostos que se voltam para mim com sorrisos avaliativos, minha atenção está presa em uma única presença.Luca.Ele caminha ao meu lado como se estivesse acostumado a isso. Como se tivéssemos feito isso durante toda a vida. Mas a verdade é que cada toque dele ainda me deixa alerta, cada deslizar de sua mão pela minha cintura queima como uma lembrança constante do que aconteceu no altar. Do que aconteceu no beijo que compartilhamos.E do que ainda pode acontecer esta noite.— Está linda, Elena. — A voz de Luca é um murmúrio próximo ao meu ouvid
O carro desliza pelas ruas estreitas, os faróis cortando a névoa que paira sobre o asfalto úmido. Minhas mãos estão firmemente entrelaçadas no colo, mas não consigo disfarçar o tremor que insiste em percorrer meus dedos. Dois homens me flanqueiam no banco traseiro, seus rostos impassíveis, como estátuas de pedra. Nenhum deles fala. O silêncio é tão denso que quase consigo ouvir o som do meu próprio coração batendo.Não sei para onde estamos indo. Luca não me disse nada. Apenas me entregou a esses homens com um olhar que era ao mesmo tempo uma promessa e uma advertência. "Confie em mim," ele sussurrou antes de me deixar ir. Mas como posso confiar em algo que não consigo ver, que não consigo entender?O carro para abruptamente diante de uma igreja antiga, sua fachada gótica pairando sobre nós como um espectro. As portas se abrem, e os dois homens me conduzem para fora, suas mãos firmes em meus braços. Não há gentileza no toque deles, apenas eficiência. Caminhamos em direção a uma entrad
O iate corta as águas escuras do mar, as luzes da costa já distantes, como estrelas que se apagaram no horizonte. Elena está ao meu lado, seu vestido branco brilhando sob a luz da lua, mas é o olhar dela que me prende — aquela mistura de vulnerabilidade e força que sempre me fascinou. Ela não sabe o quanto é poderosa. Mas eu vou mostrar a ela.— Vem — digo, estendendo a mão para ela.Ela hesita por um instante, mas então coloca a mão na minha, seus dedos frios se entrelaçando com os meus. Guio-a pelo convés, mostrando cada detalhe do iate — a sala de estar luxuosa, o deque com piscina infinita, o bar completo com garrafas de champanhe que brilham como tesouros. Mas tudo isso é apenas um prelúdio. O que realmente importa está à nossa espera.Quando chegamos à suíte, abro a porta e deixo que ela entre primeiro. O quarto é amplo, decorado com tons de branco e dourado, e a parede de vidro revela o mar infinito, as ondas refletindo a luz da lua. Elena para no meio do quarto, olhando ao red
Meu coração está acelerado, martelando no peito como se quisesse escapar. Luca está acima de mim, seus olhos escuros me devorando, e eu sinto o calor do corpo dele se misturar com o meu. Ele se afasta por um instante, e eu observo, quase sem fôlego, enquanto ele tira a camisa, revelando o torso musculoso e delineado. Cada músculo parece esculpido, como se fosse uma obra de arte viva, e eu não consigo evitar que meus olhos percorram cada centímetro dele.— Você pode olhar — ele diz, sua voz rouca, carregada de desejo. — Eu sou todo seu.Eu sinto um rubor subir pelas minhas bochechas, mas não desvio o olhar. Ele é lindo, de uma forma que quase dói, e eu mal consigo acreditar que ele é meu. Luca desce as mãos para o cinto, e eu engulo em seco enquanto ele despeça as calças, deixando-as cair no chão. Ele está completamente nu agora, e eu sinto algo quente e pesado se formar no meu ventre, uma mistura de desejo e nervosismo.Ele se aproxima novamente, seus olhos nunca deixando os meus, e e