Jhulietta Duarte A noite ainda estava silenciosa quando abri os olhos. O quarto estava mergulhado em sombras, iluminado apenas pelos feixes fracos da lua que escapavam por entre as cortinas. Nicolas dormia ao meu lado, sua respiração tranquila e ritmada, o braço ainda descansando sobre minha cintura, como se temesse que eu escapasse.Mas eu não queria escapar.Fiquei ali, deitada ao lado dele, revivendo cada instante do que havíamos compartilhado. Meu corpo ainda sentia a presença dele, a maneira como ele me tocava, com reverência e paixão. Cada toque, cada beijo, cada palavra murmurada contra minha pele... tudo estava gravado em mim.E então, me lembrei do que ele disse no momento em que estávamos fazendo amor:"Olhe nos meus olhos, Jhulietta. Sempre que a chuva cair, quero que lembre desse momento... e não do que aconteceu antes."Fechei os olhos e deixei a lembrança da noite anterior me envolver. A chuva lá fora ainda caía, mas, dessa vez, seu som não me trazia medo. Trazia a memó
O sol brilhava no céu de uma forma que só fica depois de um dia chuvoso, e uma brisa fresca tornava o clima perfeito. Casais passeavam de mãos dadas, crianças corriam pelo gramado, e o cheiro de café recém-passado das barracas espalhava-se pelo ar.— Adoro esse lugar — murmurei, observando uma fonte próxima onde algumas crianças brincavam.— Eu também — Nicolas disse, entrelaçando seus dedos nos meus. — Mas só porque você está aqui comigo.Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso.— Ah, para!Ele riu, me puxando para mais perto.— Apenas digo a verdade.Enquanto caminhávamos, Nicolas e eu conversávamos sobre coisas aleatórias, rindo de pequenos momentos do nosso dia. O clima estava leve, confortável. Mas então, meus olhos pousaram em um grupo de crianças brincando.— O que foi?— Nada demais, só estou com saudades de Ethan.Nicolas sorriu de lado, balançando a cabeça.— Você realmente é apegada ao meu filho, né?— Muito mesmo. Mas precisamos conversar com ele… não sei o qu
Chegamos em minha casa e Nicolas fez questão de carregar as sacolas do mercado. O clima entre nós ainda estava leve, repleto da intimidade que havíamos compartilhado no parque. Nicolas parecia relaxado, mas algo em seu olhar denunciava que havia algo rondando sua mente. — Você pode ir escolhendo um filme enquanto eu preparo o almoço — digo abrindo as sacolas e colocando as coisas na pia da cozinha. — E perder a chance de te ver cozinhando? Nem pensar. Revirei os olhos, mas um sorriso brincou em meus lábios. Ele se encostou na porta da cozinha, cruzando os braços, e ficou ali, me observando com atenção. — Sabe que é estranho, né? — comentei, enquanto terminava de retirar os ingredientes das sacolas. — O quê? — Nicolas perguntou curioso. — Você me encarando desse jeito,chefe.Ele deu de ombros. — Gosto de te ver fazendo as coisas, e aqui não sou seu chefe. Ri baixinho e comecei a preparar o peixe. Cortei os ingredientes com cuidado, sentindo seu olhar atento em cada movime
Nicolas Santorini O filme terminou e Jhulietta suspirou satisfeita, ainda aconchegada ao meu lado no sofá. Eu, por outro lado, estava mais atento a ela do que ao que passava na tela. Seu corpo estava relaxado, a cabeça levemente encostada em meu ombro. O cheiro do seu shampoo adocicado se misturava ao aroma do vinho que ainda estava em nossas taças. Eu poderia ficar assim por horas, mas ela se mexeu e me encarou com um sorriso travesso. — Agora vem a melhor parte — ela anunciou, se levantando do sofá. Arqueei uma sobrancelha, curioso. — E qual seria essa parte? — Você vai me ajudar a lavar a louça. Revirei os olhos, fingindo um suspiro pesado. — Deveria saber que isso era uma armadilha. Ela riu, me puxando pela mão. Me deixei ser guiado até a pequena cozinha dela, observando o espaço enquanto ela começava a empilhar os pratos na pia. A cozinha era simples, compacta, mas bem organizada. O balcão estava um pouco gasto, o fogão não era dos mais modernos, e os armários dem
Jhulietta DuarteOlhei para o relógio e suspirei. O ponteiro das horas já passava das cinco e olhei para Nicolas. Ele precisava voltar para casa, e eu precisava descansar para o trabalho no dia seguinte. — Nicolas, já está tarde — comecei, sentando-me no sofá e o encarando. — Você precisa voltar para casa. Ele franziu a testa e cruzou os braços, em uma postura teimosa que me fez sorrir. — Só volto se você for comigo. Revirei os olhos, já imaginando que ele não facilitaria as coisas. — Eu volto amanhã bem cedo, prometo. Ele arqueou uma sobrancelha. — Bem cedo? — Sim — garanti. — Tipo, quatro da manhã? — Ah, Nicolas, não exagera! — reclamei, me levantando do sofá.Ele me observou em silêncio, e eu sabia exatamente o que ele estava pensando. Ele não queria me deixar sozinha, e eu também não podia negar que estava com um pouco de medo daqueles caras estranhos voltarem. — Tá bom, eu vou com você — cedi, pegando algumas roupas e jogando na mochila. O sorriso vitorio
Assim que entrei no quarto de Nicolas, ele fechou a porta atrás de nós e me puxou suavemente para seus braços. Seu toque era quente, reconfortante, e seu olhar me prendia de uma forma que fazia meu coração acelerar. — Finalmente sozinhos — ele murmurou, deslizando as mãos por minha cintura. Sorri, sentindo meu corpo arrepiar sob seu toque. — Achei que você estivesse cansado — provoquei, entrelaçando meus dedos nos cabelos dele. — Para você, sempre terei energia — ele sussurrou antes de me beijar. O beijo foi profundo, envolvente, cheio de sentimentos que palavras jamais poderiam traduzir. Nossas roupas foram sendo deixadas pelo caminho, enquanto nossas mãos exploravam cada detalhe um do outro. Entre toques suaves e sussurros apaixonados, nos entregamos completamente. Depois, deitados lado a lado, Nicolas me envolveu em seus braços, sua respiração calma contra meus cabelos. — Você está bem? — ele perguntou baixinho, seus dedos desenhando círculos em minha pele. — Nunca
Nicolas Santorini O sol já estava alto quando cheguei ao escritório. Depois do café da manhã com Jhulietta e Ethan, minha mente ainda estava leve, mas o dia prometia ser cheio. Havia uma reunião importante pela frente, e eu precisava estar concentrado.Sentei-me à mesa e comecei a revisar os documentos quando a porta se abriu sem cerimônia. Eduardo entrou, como sempre, com aquele ar de quem tem algo a dizer, mas não sabe por onde começar.— Bom dia, pra você também Eduardo. Está bem? — Perguntei a ele que riu sabendo que eu estava falando de maneira sarcástica com ele. — Hum! Bom dia. — Ele respondeu e continuou me encarando e aquilo estava me irritando. — Pode falar logo, Eduardo — digo a ele sem levantar os olhos dos papéis.Ele hesitou, então se jogou na poltrona à minha frente e cruzou os braços.— Você não vai me perguntar o que foi?Levantei o olhar para ele e arqueei uma sobrancelha.— Achei que você já ia direto ao ponto.Ele suspirou e, por um momento. — Por que até a sua
Jhulietta Duarte O dia foi bem corrido. Além da escola, Ethan também tinha o curso de robótica. Quando chegamos, seus amigos já estavam à sua espera.— Venho buscá-lo mais tarde.— Tá bom. — Ele sorriu e desceu do carro animado.Já estava de saída quando meu celular vibrou com uma notificação da minha conta bancária. Ao ver o valor, pisquei algumas vezes, tentando ter certeza de que estava enxergando direito. Sem hesitar, liguei para Nicolas.— Sabia que você ligaria — ele atendeu, com a voz carregada de diversão.— Pode me explicar o motivo desse valor exorbitante? — perguntei, ainda sem entender. — Nicolas, não quero que fique me mandando dinheiro assim. Eu aceitei namorar você, mas isso não significa que quero o seu dinheiro.— Relaxa! Eu te mandei esse valor para você comprar um vestido. Esqueceu da festa de inauguração no sábado? Já encomendei os ternos do Ethan e o meu, só falta o seu vestido.— Nicolas, eu nem sei como comprar uma coisa dessas. Sem contar que tem os vestidos d