Nicolas Santorini O dia amanheceu e, pela primeira vez em muito tempo, senti como se a vida tivesse se reorganizado, se moldado a algo que eu nunca soube que precisava. Jhulietta havia aceitado o meu pedido de namoro na noite anterior, e esse simples “sim” reverberava dentro de mim como uma melodia que não saía da cabeça. O mundo parecia diferente. Mais leve. Mais vivo. Logo cedo, tive que me despedir dela, já que o trabalho me esperava. Eduardo e eu tínhamos uma reunião importante com a equipe de marketing dos hotéis, e, embora meu foco fosse essencial, minha mente estava parcialmente em outro lugar. Enquanto o carro me levava ao escritório, relembrei o momento em que nossos lábios se tocavam. Havia sido um beijo carregado de sentimentos, como se estivéssemos assinando um contrato silencioso de promessas e desejos compartilhados. Mesmo agora, enquanto encarava a cidade passando pela janela, um sorriso escapava de mim. Quando cheguei à sala de reuniões, Eduardo já estava lá,
Jhulietta DuarteOs dias passaram voando, e, antes que eu pudesse perceber, o grande dia havia chegado. A festa de Ethan estava marcada para aquela tarde, e eu mal podia esperar para vê-lo com os olhos brilhando de felicidade. Eu havia organizado cada detalhe com cuidado, exatamente do jeitinho que Ethan pediu. Desde cedo, a movimentação na casa foi intensa. A equipe de decoração chegou com caixas e mais caixas cheias de peças tecnológicas, luzes de LED e acessórios que transformaram o jardim em uma verdadeira cena de filme de ficção científica. Quando o trabalho ficou pronto, fiquei impressionada. As árvores do jardim estavam envoltas em fios luminosos, as mesas tinham centros de mesa que pareciam planetas flutuantes, e um grande painel holográfico projetava imagens de estrelas, naves espaciais e robôs no ar. Dona Bryana, sempre impecável, inspecionou tudo com atenção. Quando a decoração estava finalmente pronta, ela cruzou os braços e deu um pequeno sorriso de aprovação. — Est
Nicolas Santorini Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Olívia simplesmente apareceu na festa do meu filho, sem ser convidada, e ainda trouxe minha mãe como desculpa para se infiltrar. Eu sabia que ela era atrevida, mas isso era um novo nível de provocação. Assim que vi seu sorriso cheio de segundas intenções, soube que precisava tirá-la dali antes que causasse algum escândalo. — Vem comigo — falei, segurando seu braço com firmeza. — Não precisa ser tão rude, Nicolas — respondeu ela, com um tom inocente, enquanto me seguia para longe da festa. Caminhamos até um ponto mais afastado do jardim, onde ninguém pudesse ouvir nossa conversa. Soltei o braço dela assim que paramos e a encarei com firmeza. — O que você está fazendo aqui, Olívia? — perguntei, irritado. Ela cruzou os braços e me lançou um sorriso sarcástico. — Você cortou todo o contato comigo, Nicolas. Precisava de um jeito de te encontrar. Então pensei: por que não fazer uma visita à festa do seu fil
Nicolas SantoriniO som das risadas das crianças ainda ecoava pelo jardim enquanto eu observava Jhulietta ao lado de Ethan, cortando o bolo e distribuindo os pedaços com paciência. Meu filho estava radiante, e a presença dela parecia trazer uma calmaria ao caos alegre que era organizar uma festa infantil.Eu ainda estava refletindo sobre como o dia havia se desenrolado entre a presença indesejada de Olívia e a energia contagiante de Ethan quando notei uma movimentação próxima ao portão do jardim. Virei a tempo de ver Stefania e Raul entrando. Eles pareciam hesitantes, como se estivessem tentando se ambientar ao clima festivo. Raul carregava um embrulho grande, provavelmente um presente para Ethan, enquanto Stefania olhava ao redor com atenção.Quando os olhos de Stefania pousaram em Jhulietta, vi seu corpo enrijecer. Ela murmurou algo para Raul, que imediatamente direcionou o olhar para a jovem. Ambos ficaram parados, parecendo ter visto um fantasma. Não precisei de mais nada para en
Renata Souza As vitrines do shopping refletiam um mundo alheio à turbulência que minha vida havia se tornado. Havia uma calmaria na movimentação das pessoas, famílias carregando sacolas, crianças correndo de mãos dadas com os pais, casais rindo entre um sorvete e outro. Enquanto caminhava, eu tentava me focar na razão de estar ali: encontrar um presente para o aniversário da minha mãe. Ela merecia algo especial, algo que demonstrasse o quanto eu a amava e agradecia por ser meu porto seguro durante anos tão complicados. Passei pela quinta loja até encontrar um colar delicado, com um pingente em formato de coração. Era perfeito. Simples, mas cheio de significado. Enquanto a vendedora embrulhava o presente, eu sentia meu peito se encher de uma mistura de alívio e nostalgia. Pensava no sorriso da minha mãe ao receber o presente e em como ela faria piada sobre eu ser “tão adulta” agora. Depois de pagar, caminhei em direção ao estacionamento. A bolsa pendurada no ombro direito parecia
Jhulietta DuarteA casa estava mergulhada em um silêncio reconfortante agora que Ethan finalmente havia dormido. Depois de longos minutos acalmando sua euforia, ele havia cedido ao sono. Ethan estava ansioso para abrir os presentes, mas eu o convenci de que seria melhor esperar até amanhã.Desci as escadas devagar, sentindo o cansaço se acumular. Ao chegar à sala, encontrei Stefania, Raul e Nicolas sentados no sofá. Stefania tinha uma expressão cansada, mas seus olhos brilhavam com algo que eu não conseguia decifrar.— Ele finalmente dormiu — anunciei, puxando a atenção dos três para mim.Stefania sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno. Ela fez um gesto para que eu me sentasse ao lado dela.— Venha aqui, querida. Quero conversar com você.Obedeci, sentando-me ao lado dela. Assim que me acomodei, Stefania levantou a mão e ajeitou meu cabelo, um gesto inesperado, mas que trouxe um calor estranho ao meu peito.— Você é muito parecida com ela, sabia? — disse, com a voz embargada.— Parec
Acordei com um leve puxão no meu braço, seguido de uma voz sussurrada, mas cheia de animação.— Tia... Tia… Jujubinha, acorda! Vamos abrir os presentes!Eu pisquei algumas vezes, tentando ajustar meus olhos à pouca luz que vinha do abajur ao lado da cama. O pequeno rosto de Ethan estava a poucos centímetros do meu, com seus olhos brilhando de empolgação, mesmo naquele horário absurdo.— Ethan, que horas são? — murmurei, a voz ainda rouca de sono.Ele olhou para o relógio digital na mesinha ao lado, franzindo a testa como se fosse difícil acreditar no que via.— Quatro horas! Está cedo, mas... vamos, por favor! — Ele juntou as mãos em um gesto de súplica, com a expressão mais convincente que uma criança poderia fazer, digna do Gato de Botas.Revirei os olhos, tentando resistir àquela expressão irresistível.— Ethan, ainda é muito cedo. Não acha melhor dormir mais um pouco e abrir os presentes quando o sol nascer?Ele balançou a cabeça vigorosamente.— Não! Eu esperei a noite toda, tia!
Nicolas Santorini A raiva queimava dentro de mim como um incêndio incontrolável. Mal conseguia pensar direito enquanto saía do quarto de brinquedos de Ethan, atravessando a casa a passos firmes e decididos. O bilhete de Olivia ainda estava amassado na minha mão, e o carro de brinquedo estava embaixo do meu braço como um lembrete cruel de sua perversidade. A madrugada ainda envolvia a cidade em uma penumbra silenciosa, mas dentro de mim, tudo gritava. Cada batida do meu coração era impulsionada por um desejo furioso de acabar com essa palhaçada de uma vez por todas. Peguei minhas chaves no aparador da sala, sem me preocupar com a forma de que estava vestido. O caminho até o apartamento de Olivia pareceu curto demais. A raiva acelerava meu corpo, e antes que percebesse, já estava no prédio onde ela morava. Passei direto pelo porteiro, que nem teve tempo de perguntar nada, e subi no elevador sem paciência para esperar. O número do apartamento estava gravado na minha mente. Assim qu