Depois que todas as crianças foram embora, a casa finalmente ficou mais tranquila. Ethan, como de costume, continuava cheio de energia. Ele pulava pelo sofá, carregando o desenho que fizera mais cedo, ainda animado com nossa aula de redação.— Sabe de uma coisa, tia Jujubinha? Suas aulas são muito melhores que as da escola! — disse ele, com a empolgação típica de quem realmente acreditava naquilo.— Fico muito feliz em ouvir isso, meu amor, mas a escola é importante. É lá que você aprende coisas que vão te ajudar muito no futuro.Ele fez uma careta e cruzou os braços.— Eu queria estudar em casa, como as crianças dos Estados Unidos. Eles não precisam ir para a escola, podem aprender tudo na sala de casa.Fiquei surpresa com o comentário. Ethan era uma criança curiosa e esperta, mas aquele desejo soava mais como uma tentativa de escapar das responsabilidades.— Estudar em casa pode ser bom para algumas crianças, mas sabe o que é ainda melhor na escola? Fazer amigos, aprender a trabalha
A noite estava tranquila, e a brisa fresca da piscina era um convite ao relaxamento. Depois de um longo dia, sentei-me em uma das espreguiçadeiras próximas à água, admirando o reflexo da lua na superfície da piscina. Não demorou muito para que Nicolas surgisse, vestindo uma camiseta simples e calça de moletom, uma aparência casual que contrastava com sua habitual postura impecável. — A noite está linda, não é? — ele disse, sentando-se na espreguiçadeira ao lado da minha. — Está sim. Perfeita para relaxar. — Respondi, tentando manter um tom neutro, embora meu coração batesse acelerado. Ficamos em silêncio por um momento, apenas ouvindo o som suave da água se movendo com a brisa. Nicolas parecia distante, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras. — Sabe, Jhulietta, eu realmente aprecio tudo o que você faz pelo Ethan. Ele é outra criança desde que você chegou. Mais feliz, mais confiante... você tem um dom incrível com ele. Sorri, tentando disfarçar o calor que sub
Nicolas Santorini O dia amanheceu e, pela primeira vez em muito tempo, senti como se a vida tivesse se reorganizado, se moldado a algo que eu nunca soube que precisava. Jhulietta havia aceitado o meu pedido de namoro na noite anterior, e esse simples “sim” reverberava dentro de mim como uma melodia que não saía da cabeça. O mundo parecia diferente. Mais leve. Mais vivo. Logo cedo, tive que me despedir dela, já que o trabalho me esperava. Eduardo e eu tínhamos uma reunião importante com a equipe de marketing dos hotéis, e, embora meu foco fosse essencial, minha mente estava parcialmente em outro lugar. Enquanto o carro me levava ao escritório, relembrei o momento em que nossos lábios se tocavam. Havia sido um beijo carregado de sentimentos, como se estivéssemos assinando um contrato silencioso de promessas e desejos compartilhados. Mesmo agora, enquanto encarava a cidade passando pela janela, um sorriso escapava de mim. Quando cheguei à sala de reuniões, Eduardo já estava lá,
Jhulietta DuarteOs dias passaram voando, e, antes que eu pudesse perceber, o grande dia havia chegado. A festa de Ethan estava marcada para aquela tarde, e eu mal podia esperar para vê-lo com os olhos brilhando de felicidade. Eu havia organizado cada detalhe com cuidado, exatamente do jeitinho que Ethan pediu. Desde cedo, a movimentação na casa foi intensa. A equipe de decoração chegou com caixas e mais caixas cheias de peças tecnológicas, luzes de LED e acessórios que transformaram o jardim em uma verdadeira cena de filme de ficção científica. Quando o trabalho ficou pronto, fiquei impressionada. As árvores do jardim estavam envoltas em fios luminosos, as mesas tinham centros de mesa que pareciam planetas flutuantes, e um grande painel holográfico projetava imagens de estrelas, naves espaciais e robôs no ar. Dona Bryana, sempre impecável, inspecionou tudo com atenção. Quando a decoração estava finalmente pronta, ela cruzou os braços e deu um pequeno sorriso de aprovação. — Est
Nicolas Santorini Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Olívia simplesmente apareceu na festa do meu filho, sem ser convidada, e ainda trouxe minha mãe como desculpa para se infiltrar. Eu sabia que ela era atrevida, mas isso era um novo nível de provocação. Assim que vi seu sorriso cheio de segundas intenções, soube que precisava tirá-la dali antes que causasse algum escândalo. — Vem comigo — falei, segurando seu braço com firmeza. — Não precisa ser tão rude, Nicolas — respondeu ela, com um tom inocente, enquanto me seguia para longe da festa. Caminhamos até um ponto mais afastado do jardim, onde ninguém pudesse ouvir nossa conversa. Soltei o braço dela assim que paramos e a encarei com firmeza. — O que você está fazendo aqui, Olívia? — perguntei, irritado. Ela cruzou os braços e me lançou um sorriso sarcástico. — Você cortou todo o contato comigo, Nicolas. Precisava de um jeito de te encontrar. Então pensei: por que não fazer uma visita à festa do seu fil
Nicolas SantoriniO som das risadas das crianças ainda ecoava pelo jardim enquanto eu observava Jhulietta ao lado de Ethan, cortando o bolo e distribuindo os pedaços com paciência. Meu filho estava radiante, e a presença dela parecia trazer uma calmaria ao caos alegre que era organizar uma festa infantil.Eu ainda estava refletindo sobre como o dia havia se desenrolado entre a presença indesejada de Olívia e a energia contagiante de Ethan quando notei uma movimentação próxima ao portão do jardim. Virei a tempo de ver Stefania e Raul entrando. Eles pareciam hesitantes, como se estivessem tentando se ambientar ao clima festivo. Raul carregava um embrulho grande, provavelmente um presente para Ethan, enquanto Stefania olhava ao redor com atenção.Quando os olhos de Stefania pousaram em Jhulietta, vi seu corpo enrijecer. Ela murmurou algo para Raul, que imediatamente direcionou o olhar para a jovem. Ambos ficaram parados, parecendo ter visto um fantasma. Não precisei de mais nada para en
Renata Souza As vitrines do shopping refletiam um mundo alheio à turbulência que minha vida havia se tornado. Havia uma calmaria na movimentação das pessoas, famílias carregando sacolas, crianças correndo de mãos dadas com os pais, casais rindo entre um sorvete e outro. Enquanto caminhava, eu tentava me focar na razão de estar ali: encontrar um presente para o aniversário da minha mãe. Ela merecia algo especial, algo que demonstrasse o quanto eu a amava e agradecia por ser meu porto seguro durante anos tão complicados. Passei pela quinta loja até encontrar um colar delicado, com um pingente em formato de coração. Era perfeito. Simples, mas cheio de significado. Enquanto a vendedora embrulhava o presente, eu sentia meu peito se encher de uma mistura de alívio e nostalgia. Pensava no sorriso da minha mãe ao receber o presente e em como ela faria piada sobre eu ser “tão adulta” agora. Depois de pagar, caminhei em direção ao estacionamento. A bolsa pendurada no ombro direito parecia
Jhulietta DuarteA casa estava mergulhada em um silêncio reconfortante agora que Ethan finalmente havia dormido. Depois de longos minutos acalmando sua euforia, ele havia cedido ao sono. Ethan estava ansioso para abrir os presentes, mas eu o convenci de que seria melhor esperar até amanhã.Desci as escadas devagar, sentindo o cansaço se acumular. Ao chegar à sala, encontrei Stefania, Raul e Nicolas sentados no sofá. Stefania tinha uma expressão cansada, mas seus olhos brilhavam com algo que eu não conseguia decifrar.— Ele finalmente dormiu — anunciei, puxando a atenção dos três para mim.Stefania sorriu, um sorriso pequeno, mas genuíno. Ela fez um gesto para que eu me sentasse ao lado dela.— Venha aqui, querida. Quero conversar com você.Obedeci, sentando-me ao lado dela. Assim que me acomodei, Stefania levantou a mão e ajeitou meu cabelo, um gesto inesperado, mas que trouxe um calor estranho ao meu peito.— Você é muito parecida com ela, sabia? — disse, com a voz embargada.— Parec