Nicolas Santorini Estava conversando com alguns empresários quando Olívia se aproximou de mim.— Olá, rapazes, posso roubá-lo por um minutinho? — perguntou, e os outros assentiram.Me afastei com ela e a encarei de semblante fechado.— O que você quer?— Calma, amor. Só queria te mostrar que sua Cinderela favelada está ali passando vergonha. Brincando de pega-pega com as crianças como se fosse uma recreadora — disse com sarcasmo, achando que me envergonharia.— E o que você tem a ver com isso? — retruquei, frio.Ela torceu a boca, surpresa com minha indiferença.— Não acredito que você acha normal essa garota se comportar assim. O que está acontecendo com você? Em outras épocas, você não agiria dessa maneira — disse incrédula.— As pessoas mudam. E, sinceramente, ela não está fazendo nada de errado. Se eu fosse você, iria caçar algo mais útil para fazer.Ela saiu batendo os pés, frustrada. Sua provocação não surtiu o efeito esperado. Decidi me aproximar de onde Jhulietta estava. Ela
Jhulietta DuarteO dia começou cedo para mim. Depois do café da manhã com Ethan e Nicolas, era hora de levar o pequeno para a escola. Ethan estava animado, falando sem parar sobre o curso de alemão e os amigos. No caminho, ele puxava assunto sobre robôs, idiomas e tudo o que vinha à mente. Quando o deixei na escola, dei um beijo na sua testa e desejei um bom dia.— Se cuida, Ethie. E presta atenção nas aulas, tá bom? — falei enquanto ele corria para se juntar aos colegas.Ao retornar ao carro, Manolo olhou para mim pelo retrovisor.— Para onde vamos agora, senhorita? — Manolo perguntou enquanto ligava o carro.— Vamos fazer umas paradas por aí, Manolo. Primeiro, preciso passar em uma loja.Manolo me levou até uma loja especializada em esportes radicais. Lá, comprei dois skates, capacetes e todos os equipamentos de segurança que Ethan precisaria. Confesso que a nostalgia bateu forte ao segurar um skate novamente. Os bons tempos da adolescência vieram à mente, e mal podia esperar para c
Depois daquela noite tranquila e cheia de significados, acordei com uma sensação boa. Nicolas e eu tínhamos conversado por horas sobre livros, música e, surpreendentemente, nossas vidas.Depois do café da manhã, Ethan perguntou se poderíamos andar de skate novamente, e eu disse que hoje tínhamos muita coisa para fazer.— Tudo bem, tia Jujubinha. Mas você promete que vamos depois? — ele perguntou com olhos brilhantes.— Prometo, pequeno. Agora vai escovar os dentes, temos que ir para a escola.Depois que ele saiu, Nicolas apareceu na sala, já vestido para o trabalho. Ele parou por um momento, observando-me.— Por que Ethan está meio cabisbaixo?— Ele queria ir para a pracinha hoje e eu disse que não dava.Ele assentiu, entendendo a situação. Antes que pudesse dizer algo, o celular dele tocou. Sua expressão fechou instantaneamente.— Preciso atender — disse, afastando-se.Enquanto ele falava no telefone, peguei meu próprio celular para revisar minha agenda do dia com Ethan. Ele parecia
Nicolas Santorini Sabia que o momento estava se desenrolando de uma forma que poderia ir para qualquer direção. A piscina iluminada pela luz suave da noite criava uma atmosfera íntima, quase mágica. A água, sempre meu refúgio, parecia mais quente naquela noite, como se absorvesse a tensão entre mim e Jhulietta. Ela estava tão perto que eu podia ouvir sua respiração ligeiramente acelerada. Seus olhos se fixavam nos meus, brilhando com uma mistura de desejo e hesitação.A proximidade dela despertava algo dentro de mim, era como se um ímã invisível nos atraísse, apesar de todos os conflitos que carregávamos. — Está nervosa? — perguntei, quebrando o silêncio. Minha voz era baixa, quase um sussurro, carregada de provocação.Ela riu, mas era um riso nervoso. Desviou o olhar, tentando esconder o que estava estampado em seu rosto.— Não... Claro que não. — A mentira era evidente, e o tremor em suas mãos denunciava seu nervosismo.— Então por que não consegue nem me olhar nos olhos? — Insist
Estava em meu escritório, esperando por Pedro. Ele havia me ligado mais cedo, avisando que tinha informações importantes para compartilhar sobre minha família. O misto de ansiedade e expectativa me impedia de focar em qualquer outra coisa. Um tempo depois, ouvi uma batida na porta.— Entre — respondi.A porta se abriu, revelando Pedro com um envelope grosso nas mãos. Sua expressão era séria, mas havia também um toque de satisfação, como se finalmente tivesse conseguido desvendar algo grandioso.— Acho que você vai querer ver isso. — Ele depositou o envelope sobre a mesa, sentando-se à minha frente.Meu olhar alternava entre ele e o envelope. Meu estômago revirava com uma mistura de medo e curiosidade.— É sobre minha família? — perguntei, pegando o envelope com as mãos ligeiramente trêmulas.Pedro assentiu.— Sim, mas não só isso. Consegui conectar algumas peças que estavam faltando. E você não vai acreditar no que descobri.Respirei fundo e abri o envelope. Dentro, havia papéis, foto
Após a conversa com meu pai, voltei para o escritório. Tentei me concentrar no trabalho, mas minha mente estava presa às revelações. O que Jhulietta pensaria quando descobrisse tudo isso? Será que se afastaria? Eu deveria contar ou guardar essa verdade? Antes que pudesse encontrar uma resposta, meu celular tocou. Era do hotel em Minas. Precisaria viajar. Talvez essa viagem fosse o que eu precisava para clarear os pensamentos.À noite, sentei com Ethan para contar sobre a viagem. Ele parecia mais envolvido do que o usual.— Papai, você vai viajar mesmo? — ele perguntou com um olhar triste. Algo incomum para ele, que geralmente fingia não se importar.— Sim, meu filho. Preciso resolver um problema em um dos hotéis.— Por que eu não posso ir junto? — Ethan insistiu.— Porque você tem aulas e cursos novos. Já se esqueceu? — Ele balançou a cabeça, resignado.Mais tarde, decidi bater na porta do quarto de Jhulietta. Ela abriu rapidamente, com uma expressão sonolenta.— Aconteceu alguma cois
Jhulietta Duarte Acordei cedo, movida por uma curiosidade inquietante. O que Nicolas queria me contar? Durante a madrugada, minha mente viajou entre suposições, mas nada parecia se encaixar. Decidi ocupar o tempo ajudando Dona Neuza na cozinha. Talvez isso distraísse meus pensamentos.Assim que entrei, encontrei Dona Neuza de avental, mexendo uma panela cheia de cheiro de café fresco. — Bom dia, Dona Neuza! O que está preparando de bom? — perguntei, animada. — Bom dia, menina. Só o café mesmo e uns bolinhos. Vai cuidar da sua vida e deixa que eu resolvo aqui. — Ela sorriu me enxotando. Mas eu insisti. Era a minha chance de estar ocupada, já que havia deixado tudo que Ethan precisava pronto. — Ah, faço questão de ajudar! Além disso, não consigo ficar parada com tanta coisa na cabeça. Ela levantou uma sobrancelha desconfiada. — Tá bom, mas não vá fazer bagunça. Porque sabe o quanto já sou desastrada. — Ela disse e assenti sorridente. Enquanto lavava alguns pratos e ajudava
Depois do almoço, me certifiquei de que a mochila de Ethan estava pronta e pedi a Manolo que nos levasse até o curso de robótica. Ethan estava radiante, tagarelando sobre as palavras em alemão que havia aprendido.— E, tia Jujubinha, hoje o professor disse que vamos construir algo incrível! Não sei o que é ainda, mas aposto que vai ter LEDs! — Ele disse com os olhos brilhando.— LEDs? Olha só, já está falando como um verdadeiro engenheiro, hein? — provoquei, e ele sorriu, orgulhoso.Chegamos ao curso, e ele desceu animado, carregando sua mochila.— Boa aula, meu amor! — falei, acenando enquanto ele corria em direção ao prédio.Assim que ele desapareceu, virei-me para Manolo.— Manolo, pode me deixar em uma loja de brinquedos? Quero comprar algo especial para o Ethan.Ele assentiu, e seguimos até o shopping. Assim que entrei na loja, fiquei impressionada com a quantidade de opções. Caminhei pelos corredores, observando os brinquedos, até que um robozinho chamou minha atenção. Era peque