Jhulietta DuarteDepois que Nicolas saiu, ajudei dona Neuza a retirar a mesa. Quando terminei, dona Bryana me chamou para um canto. — A senhora deseja conversar comigo? — perguntei, já imaginando sobre o que seria. — Sim, gostaria. Jhulietta, eu agradeço muito pelo que você tem feito pelo Ethan. Ele precisava de alguém que o ouvisse e o entendesse como você faz. Mas, ultimamente, tenho observado algumas coisas preocupantes e gostaria de conversar com você sobre isso. — Sim, o que a está preocupando? — Tenho notado você muito próxima do senhor Santorini. Já presenciei duas situações complicadas entre vocês. Então, quero lembrá-la de que você está aqui exclusivamente para cuidar do Ethan. — Claro! Como a águia que é... — murmurei baixinho. Ela franziu o cenho. — O que você disse? — Que a senhora é muito observadora. — Sorri levemente. — Entendo o que quer dizer, mas pode ficar tranquila. Não estou aqui para tomar o lugar da senhora Laura. Sei que ela se foi recentemente,
Depois de conversar um pouco com Renata, eu me ajeitei na cadeira ao lado da cama, tentando parecer mais relaxada. No fundo, sabia que minha amiga era observadora demais para não notar algo diferente em mim. Ela sempre foi assim, pegava os detalhes no ar. E hoje, parecia que seria o dia em que tudo viria à tona.— Jhulie, sabe o que eu estava pensando? — Renata disse, interrompendo meus devaneios.— O quê? — perguntei, fingindo inocência.— Que você está muito apegada a esse menino. Você fala dele com tanto carinho, com tanto cuidado...Sorri para ela, assentindo.— Ele é uma criança incrível, Renata. Muito especial. E passou por tanta coisa... Como não me apegar?Ela arqueou uma sobrancelha, aquela expressão de quem estava prestes a dar o golpe final.— Certo. Mas me diz uma coisa, você está apegada só a ele?Senti meu rosto queimar. Renata percebeu na hora e abriu um sorriso vitorioso.— Eu sabia! Não é só ao menino. Você está apegada ao pai também, não está? Anda, Jhulie, conta tud
Nicolas Santorini Após desligar o celular, estava me preparando para ir embora quando meu celular tocou e vi o nome de Eduardo no visor. — Se quer me chamar para ir a algum puteiro, esquece, eu não vou. — Disse antes que ele começasse, e meu amigo soltou uma gargalhada. — Não é nada disso. Pensa que eu só vivo em puteiros? — Tenho certeza, mas se não é isso, então me diga. — Você se esqueceu que hoje tem o coquetel na casa dos Bittencourt? — Pior que eu realmente havia me esquecido disso. — Tinha se esquecido, não é? Está vendo como sou um bom amigo. Vai sozinho, levar a professorinha ou quer uma acompanhante? Conheço uma que é gata. — Sai fora! Eu iria sozinho, mas você me deu uma excelente ideia. Nos vemos no coquetel. Desliguei e fui direto para casa. Quando cheguei, Ethan e Jhulietta estavam brincando com um jogo. — O que estão jogando? — Banco Imobiliário, quer se juntar? — Jhulietta perguntou, e me sentei ao lado deles. — Tenho um coquetel para ir e havia me e
Jhulietta Duarte Eu estava sentada à mesa, com Ethan muito falante e animado. Enquanto ele falava, eu apenas ria e assentia, mas não conseguia deixar de notar os olhares ao meu redor. Alguns homens me encaravam com desejo, enquanto algumas mulheres lançavam olhares de desprezo. Definitivamente, aquele ambiente não era o meu lugar. — Tia Jujubinha, você está bem? Quer que eu chame o meu pai? — Ethan perguntou com preocupação nos olhos. — Não precisa, meu amor. Está tudo bem. — Sorri para tranquilizá-lo, mesmo que o desconforto estivesse evidente. Um garçom passou e me ofereceu uma bebida. Aceitei, na esperança de relaxar um pouco. Foi quando uma mulher bonita se aproximou, com um olhar que oscilava entre curiosidade e julgamento. — Olá, você é a babá do Ethan, não é? — Ela perguntou, avaliando-me de cima a baixo. — Sou tutora dele, sim. — Hum! Que fofinho. Então está aqui bancando a Cinderela por uma noite? — O tom ácido e o sorriso falso me deixaram imediatamente alerta.
Depois de um tempo, outros empresários chamaram Nicolas para uma conversa, e ele disse que já retornava. Ethan e eu já estávamos de saco cheio da festa.Após comer uma sobremesa, Ethan me puxou pelo braço.— Tia Jujubinha, podemos ir para outro lugar? Aqui está muito chato.Sorri para ele.— Claro, meu amor. Vamos encontrar seu pai e avisar que estamos saindo por um tempo.Levantei-me e fui em direção a Nicolas. Ele imediatamente percebeu minha aproximação e interrompeu a conversa com os empresários.— Está tudo bem? — perguntou ele, olhando primeiro para mim e depois para Ethan.— Está sim. Ethie e eu só vamos dar uma volta. Aqui está muito cheio para ele.Nicolas assentiu e, abaixando-se na altura de Ethan, disse:— Divirta-se, campeão. Mas não se esqueça de obedecer a tia Jhulietta, hein?Ethan riu e concordou com a cabeça. Quando nos afastamos, senti o olhar de Nicolas em nossas costas.Caminhamos até a área externa, onde o ar era mais fresco. Ethan parecia aliviado por sair do am
Nicolas Santorini Estava conversando com alguns empresários quando Olívia se aproximou de mim.— Olá, rapazes, posso roubá-lo por um minutinho? — perguntou, e os outros assentiram.Me afastei com ela e a encarei de semblante fechado.— O que você quer?— Calma, amor. Só queria te mostrar que sua Cinderela favelada está ali passando vergonha. Brincando de pega-pega com as crianças como se fosse uma recreadora — disse com sarcasmo, achando que me envergonharia.— E o que você tem a ver com isso? — retruquei, frio.Ela torceu a boca, surpresa com minha indiferença.— Não acredito que você acha normal essa garota se comportar assim. O que está acontecendo com você? Em outras épocas, você não agiria dessa maneira — disse incrédula.— As pessoas mudam. E, sinceramente, ela não está fazendo nada de errado. Se eu fosse você, iria caçar algo mais útil para fazer.Ela saiu batendo os pés, frustrada. Sua provocação não surtiu o efeito esperado. Decidi me aproximar de onde Jhulietta estava. Ela
Jhulietta DuarteO dia começou cedo para mim. Depois do café da manhã com Ethan e Nicolas, era hora de levar o pequeno para a escola. Ethan estava animado, falando sem parar sobre o curso de alemão e os amigos. No caminho, ele puxava assunto sobre robôs, idiomas e tudo o que vinha à mente. Quando o deixei na escola, dei um beijo na sua testa e desejei um bom dia.— Se cuida, Ethie. E presta atenção nas aulas, tá bom? — falei enquanto ele corria para se juntar aos colegas.Ao retornar ao carro, Manolo olhou para mim pelo retrovisor.— Para onde vamos agora, senhorita? — Manolo perguntou enquanto ligava o carro.— Vamos fazer umas paradas por aí, Manolo. Primeiro, preciso passar em uma loja.Manolo me levou até uma loja especializada em esportes radicais. Lá, comprei dois skates, capacetes e todos os equipamentos de segurança que Ethan precisaria. Confesso que a nostalgia bateu forte ao segurar um skate novamente. Os bons tempos da adolescência vieram à mente, e mal podia esperar para c
Depois daquela noite tranquila e cheia de significados, acordei com uma sensação boa. Nicolas e eu tínhamos conversado por horas sobre livros, música e, surpreendentemente, nossas vidas.Depois do café da manhã, Ethan perguntou se poderíamos andar de skate novamente, e eu disse que hoje tínhamos muita coisa para fazer.— Tudo bem, tia Jujubinha. Mas você promete que vamos depois? — ele perguntou com olhos brilhantes.— Prometo, pequeno. Agora vai escovar os dentes, temos que ir para a escola.Depois que ele saiu, Nicolas apareceu na sala, já vestido para o trabalho. Ele parou por um momento, observando-me.— Por que Ethan está meio cabisbaixo?— Ele queria ir para a pracinha hoje e eu disse que não dava.Ele assentiu, entendendo a situação. Antes que pudesse dizer algo, o celular dele tocou. Sua expressão fechou instantaneamente.— Preciso atender — disse, afastando-se.Enquanto ele falava no telefone, peguei meu próprio celular para revisar minha agenda do dia com Ethan. Ele parecia