Jhulietta Duarte Quando entrei no hospital e vi Renata naquele estado, meu coração se apertou. Tia Deise e Ariana deixaram o quarto para nos dar privacidade, permitindo que eu me aproximasse dela. Renata tentou sorrir, mas o gesto era visivelmente forçado. Sentei ao seu lado e acariciei sua mão, tentando transmitir conforto.— E então, amiga? Vai me contar o que aconteceu? — perguntei suavemente. — Nada que eu não dê conta. — Ela desviou o olhar, mas a verdade estava clara em seus olhos. Suspirei, insistindo com delicadeza: — Renata, eu já passei por violência doméstica. Sei reconhecer a situação. Confie em mim, me diga o que aconteceu. Ela soltou um longo suspiro e começou a falar, hesitante. Suas palavras estavam carregadas de dor. Meu coração se quebrava a cada detalhe. Renata, sempre tão vibrante e cheia de vida, escondia um fardo pesado. — Você já teve um relacionamento abusivo? — ela perguntou, sua voz quase um sussurro. Baixei o olhar. — Na verdade, nunca me relacione
Nicolas SantoriniDepois de um dia longo, o silêncio da noite finalmente trouxe a tranquilidade que eu tanto procurava. Caminhei em direção ao jardim com uma garrafa de vinho e duas taças, enquanto o céu estrelado parecia conspirar a meu favor. A ideia de um piquenique noturno surgiu de repente, mas parecia perfeita. Com Jhulietta como minha companhia, eu sabia que seria uma noite memorável. Ao chegar, encontrei-a já sentada sobre uma toalha cuidadosamente estendida no gramado. Uma pequena lanterna iluminava suavemente o local, criando uma atmosfera acolhedora. Ao lado dela, uma cesta recheada de petiscos cuidadosamente preparados. — Pensei que fosse me deixar esperando, chefe — brincou ela, com um sorriso travesso. — Eu diria que você gosta de provocar, Jhulietta. Mas, para sua sorte, sou um homem paciente. Sentei-me ao seu lado, colocando o vinho e as taças entre nós. O olhar desafiador dela, tão característico, estava lá, mas havia algo diferente naquela noite, algo no ar q
Jhulietta Duarte A noite anterior terminou de forma inesperada, mas não deixou de ser divertida. Ethan é um menino muito esperto e observador, sempre capaz de transformar qualquer situação em algo único. Na manhã seguinte, passei pelo quarto de Ethan para dar uma olhada. Ele ainda dormia profundamente, e como era sábado, decidi deixá-lo descansar mais um pouco. Fechei a porta com cuidado para não fazer barulho e, ao me virar, dei de cara com Nicolas. — Bom dia, senhorita Duarte — disse ele, com um sorriso fácil. — Bom dia, senhor Santorini. Dormiu bem? — perguntei, tentando soar casual. — Sim, mas poderia ter sido melhor — respondeu, com um olhar travesso. O tom em sua voz deixou claro o que ele queria dizer, e imediatamente senti meu rosto esquentar. — Relaxe, Jhulietta! Foi só uma brincadeira — Nicolas riu, visivelmente divertido com minha reação. — Não estou acostumada a ver meu chefe tão animado assim — respondi, cruzando os braços, tentando parecer indiferente. —
O sábado estava ensolarado e perfeito para o grande evento de Ethan. Assim que descemos as escadas, encontramos Manolo já à nossa espera na porta principal. Ele era sempre pontual e prestativo, e hoje não foi diferente. — ¡Buenos días, Manolo! — cumprimentei, enquanto Ethan corria em direção ao carro. — Buenos días, señorita Duarte, joven Ethan — respondeu ele com um sorriso acolhedor. — Prontos para o jogo? — Prontíssimos! — Ethan respondeu animado, já segurando sua mochila com o uniforme. Entramos no carro, e Manolo nos levou até o campo. Durante o trajeto, Ethan falava sem parar sobre a estratégia que tinha planejado com seus amigos para o jogo. Era impossível não se contagiar com sua energia. Assim que chegamos, Manolo abriu a porta para nós com sua gentileza de sempre. — Boa sorte, pequeno campeão! — ele disse, batendo de leve no ombro de Ethan. — Valeu, Manolo! Vou fazer um gol pra você também! — Ethan respondeu, piscando de forma travessa. Caminhamos até o campo
Depois da sorveteria, seguimos para o shopping, onde Ethan parecia estar no paraíso com tantas opções de brinquedos e roupas. Ele correu de loja em loja, e Nicolas insistiu em comprar quase tudo que o menino pedia, dizendo que "um sábado em família" merecia ser especial.— Não acha que está mimando demais? — perguntei, rindo, enquanto Nicolas pagava por um carrinho de controle remoto que Ethan insistiu em levar.— Talvez, mas não consigo resistir quando ele está tão feliz. — Ele sorriu, mas logo sua expressão ficou mais séria. — E quanto a você? Não quer nada?— Eu? Não preciso de nada, Nicolas. Já estou feliz assim.— Hm... — Ele fez uma expressão pensativa, como se não acreditasse completamente.Após o shopping, seguimos para o parque, onde Ethan correu direto para o playground. Sentamos em um banco próximo, observando-o brincar com outras crianças.— Sobre mais cedo... — comecei, quebrando o silêncio.— Já disse, não foi ciúmes — ele respondeu imediatamente, sem me olhar.— Certo.
Nicolas Santorini Passar o dia com Ethan e Jhulietta foi incrível. Por um momento, realmente parecíamos uma família. Quando o garçom mencionou isso, não o corrigi. Tudo estava indo muito bem até que meu celular apitou.Era uma mensagem de Olívia:“Oi, meu bem! Será que podemos nos encontrar?”Li rapidamente e bloqueei a tela, voltando minha atenção para Ethan, que estava radiante pelos três gols que tinha feito no jogo. Ele contava os detalhes animado quando meu celular apitou novamente.“Nick, estou com saudades das nossas loucuras. Sei que você sente falta também.”Respirei fundo, tentando conter a irritação. Pedi licença e procurei um lugar reservado para ligar para ela. Assim que atendeu, Olívia não perdeu tempo.— Sabia que você não resistiria ao ver minha mensagem. — Sua voz era provocante, o que só aumentou minha exasperação.— Olívia, por favor, me deixa em paz. O que tivemos acabou há muito tempo. Eu não quero mais nada com você.— Ah, Nick, para de fingir. Sei que você aind
Jhulietta DuarteDepois que Nicolas saiu, ajudei dona Neuza a retirar a mesa. Quando terminei, dona Bryana me chamou para um canto. — A senhora deseja conversar comigo? — perguntei, já imaginando sobre o que seria. — Sim, gostaria. Jhulietta, eu agradeço muito pelo que você tem feito pelo Ethan. Ele precisava de alguém que o ouvisse e o entendesse como você faz. Mas, ultimamente, tenho observado algumas coisas preocupantes e gostaria de conversar com você sobre isso. — Sim, o que a está preocupando? — Tenho notado você muito próxima do senhor Santorini. Já presenciei duas situações complicadas entre vocês. Então, quero lembrá-la de que você está aqui exclusivamente para cuidar do Ethan. — Claro! Como a águia que é... — murmurei baixinho. Ela franziu o cenho. — O que você disse? — Que a senhora é muito observadora. — Sorri levemente. — Entendo o que quer dizer, mas pode ficar tranquila. Não estou aqui para tomar o lugar da senhora Laura. Sei que ela se foi recentemente,
Depois de conversar um pouco com Renata, eu me ajeitei na cadeira ao lado da cama, tentando parecer mais relaxada. No fundo, sabia que minha amiga era observadora demais para não notar algo diferente em mim. Ela sempre foi assim, pegava os detalhes no ar. E hoje, parecia que seria o dia em que tudo viria à tona.— Jhulie, sabe o que eu estava pensando? — Renata disse, interrompendo meus devaneios.— O quê? — perguntei, fingindo inocência.— Que você está muito apegada a esse menino. Você fala dele com tanto carinho, com tanto cuidado...Sorri para ela, assentindo.— Ele é uma criança incrível, Renata. Muito especial. E passou por tanta coisa... Como não me apegar?Ela arqueou uma sobrancelha, aquela expressão de quem estava prestes a dar o golpe final.— Certo. Mas me diz uma coisa, você está apegada só a ele?Senti meu rosto queimar. Renata percebeu na hora e abriu um sorriso vitorioso.— Eu sabia! Não é só ao menino. Você está apegada ao pai também, não está? Anda, Jhulie, conta tud