Ethan acordou animado, completamente alheio ao que tinha acontecido na noite anterior. Ele bateu na porta do meu quarto, me chamando para tomar café com ele. — Tia Jujubinha! Vem logo, hoje é o último dia e a gente precisa aproveitar! Sua empolgação arrancou um sorriso meu, apesar do cansaço que eu ainda sentia. — Ethie, que animação toda é essa? Já vou me arrumar, espera um pouquinho. — Tá bom, tia! Vou ficar aqui na porta te esperando. Enquanto ele esperava, comecei a me arrumar, mas fui interrompida pelo toque insistente do meu celular. Olhei para a tela e vi que era minha amiga Renata. Atendi rapidamente. — Oi, Re! Tudo bem? Do outro lado da linha, ouvi um longo suspiro, o que imediatamente me alarmou. — Jhulie, só estou ligando para avisar que estou no hospital. Meu coração apertou. — No hospital? O que aconteceu? A linha ficou silenciosa por alguns segundos antes de Renata suspirar novamente. — Foi apenas um acidente, amiga. Depois eu te explico. — Mas
Nicolas Santorini Desde que Jhulietta entrou em nossas vidas, tenho refletido muito sobre o que realmente importa. Ouvir o que ela compartilhou ontem no carro me fez pensar em como uma pessoa pode enfrentar tantas provações e ainda assim encontrar força para cuidar e se preocupar com os outros. Ela é admirável de tantas maneiras que às vezes me pergunto se ela tem noção disso. Na manhã seguinte, acordei cedo e fui para a sala, onde Ethan já estava no sofá, reclamando para Jhulietta sobre ir à escola. — Estou cansado, não quero ir! — disse ele, cruzando os braços e fazendo uma careta que era ao mesmo tempo engraçada e desafiadora. Jhulietta se inclinou levemente, encarando-o com aquele olhar que misturava firmeza e carinho. — Ethan Ferratti Santorini, você se divertiu bastante no final de semana, mas agora é hora de voltar para a escola. Aposto que seus amigos estão morrendo de saudade de você. Ele fez um pequeno bico, mas logo cedeu. — É, né? Ainda tem a aula de produção
Renata SouzaEu estava tão feliz pela minha amiga. Ela merece muito essa chance, tadinha. Sei que passou poucas e boas na vida, e mesmo sem ela dizer em palavras, o jeito dela não deixa dúvidas sobre as dificuldades que enfrentou. Enquanto me arrumava para sair, a campainha tocou. Atendi pensando ser alguma conhecida, mas ao abrir a porta, senti como se minha alma tivesse fugido do corpo. — Oi, meu bem! — disse Luis com um sorriso assustador. — O que está fazendo aqui, Luis? — perguntei, tentando manter a voz firme, mas ela saiu trêmula. — Vim ver minha mulher, não posso? — Não sou nada sua. Nós nos separamos há muito tempo. — Você sabe quantos anos passei à sua procura? — Ele estalou os dedos. — Muito tempo. Não encontrei sua mãe nem sua tia. Então deduzi que você havia se mudado para longe. Comecei uma caçada e, finalmente, aqui estou. — Eu não sou um animal para ser caçada! Vai embora, ou eu vou chamar a polícia! Luis se aproximou, olhos predatórios fixos em mim, e
Jhulietta Duarte Quando entrei no hospital e vi Renata naquele estado, meu coração se apertou. Tia Deise e Ariana deixaram o quarto para nos dar privacidade, permitindo que eu me aproximasse dela. Renata tentou sorrir, mas o gesto era visivelmente forçado. Sentei ao seu lado e acariciei sua mão, tentando transmitir conforto.— E então, amiga? Vai me contar o que aconteceu? — perguntei suavemente. — Nada que eu não dê conta. — Ela desviou o olhar, mas a verdade estava clara em seus olhos. Suspirei, insistindo com delicadeza: — Renata, eu já passei por violência doméstica. Sei reconhecer a situação. Confie em mim, me diga o que aconteceu. Ela soltou um longo suspiro e começou a falar, hesitante. Suas palavras estavam carregadas de dor. Meu coração se quebrava a cada detalhe. Renata, sempre tão vibrante e cheia de vida, escondia um fardo pesado. — Você já teve um relacionamento abusivo? — ela perguntou, sua voz quase um sussurro. Baixei o olhar. — Na verdade, nunca me relacione
Nicolas SantoriniDepois de um dia longo, o silêncio da noite finalmente trouxe a tranquilidade que eu tanto procurava. Caminhei em direção ao jardim com uma garrafa de vinho e duas taças, enquanto o céu estrelado parecia conspirar a meu favor. A ideia de um piquenique noturno surgiu de repente, mas parecia perfeita. Com Jhulietta como minha companhia, eu sabia que seria uma noite memorável. Ao chegar, encontrei-a já sentada sobre uma toalha cuidadosamente estendida no gramado. Uma pequena lanterna iluminava suavemente o local, criando uma atmosfera acolhedora. Ao lado dela, uma cesta recheada de petiscos cuidadosamente preparados. — Pensei que fosse me deixar esperando, chefe — brincou ela, com um sorriso travesso. — Eu diria que você gosta de provocar, Jhulietta. Mas, para sua sorte, sou um homem paciente. Sentei-me ao seu lado, colocando o vinho e as taças entre nós. O olhar desafiador dela, tão característico, estava lá, mas havia algo diferente naquela noite, algo no ar q
Jhulietta Duarte A noite anterior terminou de forma inesperada, mas não deixou de ser divertida. Ethan é um menino muito esperto e observador, sempre capaz de transformar qualquer situação em algo único. Na manhã seguinte, passei pelo quarto de Ethan para dar uma olhada. Ele ainda dormia profundamente, e como era sábado, decidi deixá-lo descansar mais um pouco. Fechei a porta com cuidado para não fazer barulho e, ao me virar, dei de cara com Nicolas. — Bom dia, senhorita Duarte — disse ele, com um sorriso fácil. — Bom dia, senhor Santorini. Dormiu bem? — perguntei, tentando soar casual. — Sim, mas poderia ter sido melhor — respondeu, com um olhar travesso. O tom em sua voz deixou claro o que ele queria dizer, e imediatamente senti meu rosto esquentar. — Relaxe, Jhulietta! Foi só uma brincadeira — Nicolas riu, visivelmente divertido com minha reação. — Não estou acostumada a ver meu chefe tão animado assim — respondi, cruzando os braços, tentando parecer indiferente. —
O sábado estava ensolarado e perfeito para o grande evento de Ethan. Assim que descemos as escadas, encontramos Manolo já à nossa espera na porta principal. Ele era sempre pontual e prestativo, e hoje não foi diferente. — ¡Buenos días, Manolo! — cumprimentei, enquanto Ethan corria em direção ao carro. — Buenos días, señorita Duarte, joven Ethan — respondeu ele com um sorriso acolhedor. — Prontos para o jogo? — Prontíssimos! — Ethan respondeu animado, já segurando sua mochila com o uniforme. Entramos no carro, e Manolo nos levou até o campo. Durante o trajeto, Ethan falava sem parar sobre a estratégia que tinha planejado com seus amigos para o jogo. Era impossível não se contagiar com sua energia. Assim que chegamos, Manolo abriu a porta para nós com sua gentileza de sempre. — Boa sorte, pequeno campeão! — ele disse, batendo de leve no ombro de Ethan. — Valeu, Manolo! Vou fazer um gol pra você também! — Ethan respondeu, piscando de forma travessa. Caminhamos até o campo
Depois da sorveteria, seguimos para o shopping, onde Ethan parecia estar no paraíso com tantas opções de brinquedos e roupas. Ele correu de loja em loja, e Nicolas insistiu em comprar quase tudo que o menino pedia, dizendo que "um sábado em família" merecia ser especial.— Não acha que está mimando demais? — perguntei, rindo, enquanto Nicolas pagava por um carrinho de controle remoto que Ethan insistiu em levar.— Talvez, mas não consigo resistir quando ele está tão feliz. — Ele sorriu, mas logo sua expressão ficou mais séria. — E quanto a você? Não quer nada?— Eu? Não preciso de nada, Nicolas. Já estou feliz assim.— Hm... — Ele fez uma expressão pensativa, como se não acreditasse completamente.Após o shopping, seguimos para o parque, onde Ethan correu direto para o playground. Sentamos em um banco próximo, observando-o brincar com outras crianças.— Sobre mais cedo... — comecei, quebrando o silêncio.— Já disse, não foi ciúmes — ele respondeu imediatamente, sem me olhar.— Certo.