Nicolas SantoriniAs semanas que se seguiram à formalização do trabalho de Jhulietta foram como um bálsamo para minha alma. A casa, antes envolta em um manto de silêncio e melancolia, parecia ter ganhado vida. A presença constante de Jhulietta irradiava alegria e contagiava a todos, especialmente Ethan. Vê-lo sorrir com tanta frequência era um presente que eu não sabia o quanto sentia falta.Jhulietta tinha um jeito único com meu filho. Ela não era apenas uma tutora; era uma amiga, uma confidente, alguém que realmente se importava com o bem-estar dele. As conversas entre eles fluíam com naturalidade, e Ethan se abria com ela de uma forma que nunca havia se aberto comigo. Confesso que, no início, senti um leve ciúme, mas logo percebi que aquilo era exatamente o que ele precisava: alguém que o ouvisse sem julgamentos, que o entendesse além das minhas próprias limitações como pai.Eu também me esforçava para cumprir minha promessa. Ethan pediu para fazer aulas de futebol, e Jhulietta o a
Jhulietta DuarteAinda sentia o toque dos lábios de Nicolas nos meus. A lembrança daquele beijo parecia um sonho, algo tão distante e, ao mesmo tempo, tão real que fazia meu coração acelerar só de pensar. Passei a noite em claro, revivendo cada detalhe daquele momento mágico. O jeito como ele me olhou, como suas palavras eram cheias de gratidão, como a conexão entre nós parecia inevitável.Mas, junto com a lembrança doce, veio a dúvida. O que aquilo significava para ele? Para nós? Nicolas era meu chefe, um homem que enfrentava suas próprias batalhas. E eu... eu era apenas uma tutora tentando reconstruir a própria vida.Na manhã seguinte, decidi que manteria as coisas profissionais. Ethan era minha prioridade. Não podia deixar meus sentimentos interferirem em nada.Ethan já estava pronto para o futebol. Ele segurava a bola com entusiasmo enquanto esperava na sala.— Vou avisar o seu pai que estamos saindo, tudo bem? — perguntei.— Claro! Mas não demora, hein? — respondeu ele, rindo.Su
Nicolas Santorini Eu estava em meu escritório em casa, debruçado sobre uma pilha de documentos importantes que exigiam minha assinatura. A luz da tarde entrava pela janela, iluminando a poeira que dançava no ar. Dona Bruna bateu na porta, anunciando uma visita. Imaginei que fosse meu amigo, então pedi que o deixasse entrar. Para minha surpresa, era Olivia.— Oi, meu benzinho! — Olivia disse, com aquele tom de voz meloso que sempre me dava arrepios.— Olivia, eu não tinha deixado claro que você não era bem-vinda aqui? — Minha voz saiu fria, cortante.— Ah, qual é, Nick? — Ela sorriu, como se estivesse tudo bem. — Eu entendi que era no seu escritório da empresa, não na sua casa. — Ela enfatizou as palavras, com um brilho malicioso nos olhos. — Estava morrendo de saudades, chuchu… Daquelas nossas noites… você sabe.Um calafrio percorreu meu corpo. A lembrança daqueles momentos me causava repulsa.— Olivia, aquilo foi há muito tempo. Acabou. E, sinceramente, me arrependo profundamente.—
Depois de algum tempo em silêncio, meu amigo, do nada, soltou uma gargalhada.— Meu Deus, Nicolas! Que confusão! Mas me diga uma coisa… você gosta dela, não é?Assenti, sem conseguir encarar meu amigo.— Estou começando a gostar, Eduardo.— Então não deixe essa vadia estragar tudo para você de novo! — Eduardo disse com firmeza. — Você não pode deixar que o passado te controle. Você tem que lutar pelo que você quer, Nicolas. E, pelo que me parece, você quer a Jhulietta.As palavras de Eduardo me atingiram como um raio. Ele tinha razão. Eu não podia deixar que Olivia, ou qualquer fantasma do passado, me impedisse de ser feliz.— Você tem razão — murmurei, com um novo ânimo. — Eu preciso falar com ela.— É isso aí! — Eduardo sorriu, dando um tapa no meu ombro. — Diga a ela que você não é o mesmo homem de antes. Diga que mudou, que aprendeu com seus erros. E, acima de tudo, mostre a ela o quanto você a quer.— Até que, para um idiota de marca maior, você tem bons conselhos.— Pode me cham
Jhulietta Duarte Nicolas nos conduziu até o jardim. Ele me pediu para sentar no banco, mas preferi a grama mesmo. Minha mão ainda doía e eu estava muito arrependida por ter falado tantos palavrões na frente dele, afinal, ele é meu chefe.— Gostaria que me escutasse com a mente aberta — ele começou, com a voz grave. — Não estou pedindo para que me entenda, apenas que não fique com raiva de mim.— Pode falar, Nicolas. Prometo manter a mente aberta.Ele suspirou e iniciou a dolorosa narrativa.— Laura e eu éramos amigos de infância, nos conhecemos a vida inteira. Como nossas famílias eram amigas, foi inevitável não sermos amigos também. Antes de me casar com Laura, namorei Olivia por um curto período.— E quem é Olivia?— A loira que você viu no meu colo. Olivia era… vida louca. Gostava de curtir adoidado, e eu estava começando a trabalhar com meu pai para assumir os negócios no futuro. Meu pai estava animado com isso e, com o tempo, disse que eu precisava me casar e constituir uma famí
Nicolas SantoriniO frio da noite invadiu meus ossos enquanto eu permanecia parado no jardim, observando Jhulietta se afastar. Cada passo dela me feria como uma punhalada. O desprezo em seus olhos, a frieza em sua voz… aquilo era pior do que qualquer grito ou acusação. Ela não me odiava, não sentia raiva. Ela simplesmente… não sentia nada por mim. E isso era devastador.As palavras dela ecoavam em minha mente como um mantra cruel: “Não tenho o que dizer… Não sinto nada… Você destruiu a sua própria família…” A verdade contida em cada sílaba me atingia como um soco no estômago. Eu havia destruído minha família. Eu havia traído a confiança de Laura, mentido para meu filho e, agora, afastava a única mulher que havia despertado em mim a esperança de um novo começo.Sentei-me no banco, a cabeça entre as mãos. A culpa me consumia como um incêndio incontrolável. A imagem de Laura, sorrindo, feliz, antes de tudo acontecer, surgiu em minha mente. Lembrei-me do dia em que nos casamos, das promes
Jhulietta Duarte Ethie era uma criança incrível, e saber sobre sua história me fazia me sentir muito mais conectada a ele, pois, por culpa do meu genitor, cresci sem a minha mãe.Enquanto fazíamos o trabalho de ciências para a feira, Ethie sorriu para mim.— Isso é divertido! — Ele ria enquanto cortava mais um molde que eu havia feito.— Será que vai ficar bonito?— Claro que vai, mas tem que cortar direitinho, para não dar ruim.— Pode deixar, capitã. Você quem manda, tia Jujubinha.— Então, mãos à obra, marujo.Ethie reclamou que estava com fome, então descemos para a cozinha para fazermos um lanchinho rápido. Assim que descemos, dei de cara com Nicolas. Fui bastante cordial com ele, afinal, ele era meu chefe. Inventei uma desculpa e deixei Ethan lá na cozinha, subindo rapidamente para o meu quarto. As lembranças da conversa da noite anterior me invadiram, e fiquei pensando em como um pai pode fazer algo assim com o filho e com a mulher que diz amar. Se bem que não posso julgar Nic
Nicolas Santorini Estava sentado em meu escritório quando comecei a ouvir vozes e risadas vindas da piscina. Ao abrir a janela, vi Jhulietta e Ethan na água, os dois brincando e se divertindo. Uma pontada de inveja me atingiu. Senti um forte desejo de descer e me juntar a eles, compartilhar daquela alegria contagiante. Mas a imagem do desprezo no olhar de Jhulietta após a minha confissão me deteve. Preso à minha própria culpa, preferi permanecer ali, afogando-me no trabalho como um náufrago se agarra a um pedaço de madeira.O silêncio tomou conta da área da piscina pouco tempo depois. Ao olhar novamente pela janela, eles não estavam mais lá. Um alívio agridoce me invadiu. Pelo menos, não precisava mais testemunhar a felicidade que eu mesmo havia me privado de ter.No final da tarde, meu celular tocou. Era Eduardo, meu amigo de longa data, me convidando para sair. Hesitei por um instante. A última coisa que eu queria era socializar, mas a insistência de Eduardo e a necessidade de me d