Jhulietta Duarte Alguns dias depois, comecei os preparativos para o casamento, e posso dizer que organizar um casamento deveria ser algo emocionante. E de fato, era. Mas confesso que me sentia um pouco sobrecarregada com tantos detalhes. Nicolas estava tão animado com o nosso dia especial, mas para mim, a pressão de deixar tudo perfeito estava começando a pesar. Queria que fosse simples, bonito e, mais importante, especial. Nada de festas grandiosas ou cerimônias exageradas como ele queria. Apenas um momento nosso, cercado pelas pessoas que amamos.Sentada com a organizadora de eventos, comecei a discutir as ideias que tinha em mente. Ela me mostrou algumas opções de decoração: tons neutros, flores delicadas, exatamente como eu imaginava. Decidi pela paleta de cores em tons de lilás e branco, algo suave que refletisse a calmaria que eu tanto queria para esse dia tão especial. Eu sabia que seria um desafio agradar Nicolas, que sempre se empolgava com grandes gestos, mas eu queria algo
O dia estava tranquilo após a visita dos pais de Nicolas. A expressão de tristeza que vi no rosto dele me consumia. Ele sempre tentava esconder seus sentimentos, mas, de alguma forma, eu sabia que ele estava carregando um fardo que, mesmo não me sendo visível, era enorme. A perda da memória de sua mãe era algo que ele parecia não querer aceitar. E entendia. Como poderia alguém aceitar que a pessoa mais importante de sua vida, aquela que sempre esteve ali para ele, começasse a desaparecer, pouco a pouco, em sua própria mente?Dei de ombros, tentando afastar os pensamentos pesados. Sabia que não adiantava me perder na angústia. Ethan estava brincando na sala de jogos como sempre. Decidi ir atrás dele, sentindo que o dia estava se arrastando e que eu precisava dar atenção ao meu pequeno, que parecia estar precisando de algo que eu não conseguia identificar. Talvez fosse apenas uma simples conversa, um momento em que ele pudesse me perguntar sobre tudo o que estava acontecendo, sem eu t
Entramos no restaurante de mãos dadas. De um lado, eu segurava a pequena mão de Ethan, que estava radiante, animado com a saída inesperada. Do outro, a mão forte de Nicolas apertava a minha de leve, como um lembrete silencioso de que ele estava ali, sempre presente. Assim que passamos pela porta de vidro elegante, a recepcionista nos notou e imediatamente se apressou em nos receber com um sorriso cordial. — Senhor e senhora Santorini, boa noite! — Ela disse com um entusiasmo quase exagerado, antes de abaixar um pouco a cabeça na direção de Ethan. — E boa noite para o pequeno príncipe também! Ethan sorriu, adorando a atenção. — Boa noite! Hoje eu que escolho a mesa? — Ele perguntou com a inocência que fazia qualquer um se derreter. A recepcionista riu, lançando um olhar cúmplice para mim e para Nicolas. — Claro, senhorito! Mas acho que tenho uma mesa especial para vocês. Ela nos conduziu até uma mesa mais reservada, com vista para a cidade iluminada. Eu gostava desse luga
Os dias foram passando em um ritmo tranquilo e agradável, e cada momento ao lado da minha família parecia se transformar em uma lembrança preciosa. Entre as noites aconchegantes com Nicolas, os sorrisos e as histórias animadas de Ethan, eu me sentia em paz, como se tudo estivesse exatamente onde deveria estar. Naquela tarde, após um longo banho relaxante, segui até a cozinha, atraída pelo aroma irresistível de bolo de chocolate recém-saído do forno. Dona Neuza, como sempre, havia preparado um verdadeiro banquete de doces e quitutes que deixavam a casa inteira com um cheiro delicioso de casa de vó. — Sabia que esse cheiro ia te trazer até aqui — Dona Neuza brincou, colocando um prato na mesa para mim. Sorri, me sentando à mesa enquanto ela servia um generoso pedaço do bolo no meu prato. O chocolate derretido escorria pelas laterais da fatia e, só de olhar, já me sentia mais feliz. — Você me conhece bem demais, Dona Neuza. Não resisto a um bom bolo de chocolate. Ela riu, se se
Olívia Marques Desde pequena, nunca fui muito boa em seguir regras. Meus pais sempre tentaram me impor limites, mas a verdade é que eu preferia traçar meu próprio caminho, mesmo que isso significasse desobedecer algumas ordens ao longo do percurso. Por isso, quando aceitei voltar ao Brasil sob a condição de não me envolver com a família Santorini, eu sabia, lá no fundo, que aquela promessa não duraria muito tempo. Agora, sentada no sofá do meu apartamento, com Bruna e Bianca à minha frente, soltei um longo suspiro enquanto girava um anel em meu dedo. Elas me observavam com atenção, esperando que eu dissesse algo. — Vocês duas estão me olhando desse jeito por quê? — perguntei, arqueando uma sobrancelha. Bianca cruzou os braços e se recostou no sofá, um sorriso divertido brincando em seus lábios. — Porque sabemos que tem alguma coisa acontecendo, e você está tentando encontrar um jeito de nos contar. Bruna, que segurava uma taça de vinho, concordou. — É. Dá para ver na sua
Renata SouzaNunca imaginei que um ultrassom pudesse me causar tantas emoções ao mesmo tempo. Lá estava eu, deitada na maca da clínica, com gel frio na barriga e o coração acelerado, enquanto a tela mostrava a imagem do nosso bebê.Nosso bebê.Ainda me soava surreal pensar nisso.Eduardo estava ao meu lado, segurando minha mão com mais força do que eu esperava. Ele parecia ansioso, mas seus olhos brilhavam de expectativa. Quando a médica anunciou o sexo, ele sorriu de um jeito que eu nunca tinha visto antes.— É uma menina!Meu coração falhou uma batida. Eu não sabia o que estava esperando, mas ouvir isso em voz alta tornou tudo mais real.— Uma menina... — repeti em um sussurro.Eduardo ficou em silêncio por um momento, olhando para a tela. Então, algo mudou em sua expressão. Ele riu, um riso genuíno, cheio de felicidade.— Uma menina — disse novamente, agora com mais convicção. — Vou ter uma filha.Algo dentro de mim se aqueceu. Ele realmente parecia feliz.— Sim, você vai — murmure
Jhulietta Duarte Assim que desliguei o celular, soltei um suspiro longo, apoiando a cabeça no travesseiro. Fiquei feliz ao ouvir a empolgação na voz de Renata. Ela merecia isso. Depois de tudo o que passou com aquele ex imbecil, finalmente a vida estava lhe dando uma reviravolta boa. Ainda sorria para mim mesma quando ouvi passos se aproximando. Antes mesmo que pudesse levantar, Nicolas apareceu na porta do quarto, sem camisa, com uma expressão descontraída, mas com aquele brilho curioso nos olhos. — Ligando para a Renata a essa hora? — Ele arqueou uma sobrancelha enquanto se aproximava da cama. — Na verdade ela me ligou e conversamos por um tempo. Nicolas se jogou ao meu lado no colchão, apoiando um braço atrás da cabeça enquanto me fitava. — E aí? Menino ou menina? Eu sorri. — Uma menina. Ele abriu um sorriso de lado e assentiu. — Sabia que esse dia ia chegar. Eduardo era mulherengo demais, uma hora ou outra ia ser ‘amaldiçoado’ com uma filha. Soltei uma risada b
Nicolas Santorini O ronco suave dos motores do avião e a escuridão além da janela me faziam sentir ainda mais sozinho. A cidade lá embaixo desaparecia aos poucos, substituída por um mar de nuvens que parecia se estender até o infinito. Eu deveria estar acostumado com isso. Viajar fazia parte da minha vida, dos negócios, do império que construí com esforço e inteligência. Mas, dessa vez, a sensação era diferente. Terminei minha dose de uísque e deixei o copo sobre a mesinha ao lado. A aeromoça ainda me lançou um olhar interessado, mas eu a ignorei. Não tinha paciência para jogos de sedução vazios. Meu pensamento estava em outro lugar. Ou melhor, com outras pessoas. Jhulietta e Ethan. Provavelmente, Ethan já estava dormindo, enrolado em seus cobertores, com aquela expressão tranquila que sempre me fazia sorrir. E Jhulietta... ela devia estar por perto, certificando-se de que ele estava confortável, como sempre fazia. Ela cuidava dele com um carinho que eu jamais imaginei qu