Ethan SantoriniA pizzaria estava bem animada hoje. As luzes coloridas da área de jogos piscavam sem parar, e o cheiro delicioso de pizza estava por toda parte. Eu já tinha brincado bastante com meus amigos e comido muito, mas ainda não estava nem um pouco cansado!— Ethan, vamos brincar! — Emanuel chamou, puxando Violet pela mão. Os dois saíram correndo para os brinquedos.Eu ia atrás deles, mas senti um toquinho no meu braço. Era Aurélia.— Espera um pouco. — Ela falou baixinho, segurando alguma coisa na mão.Fiquei curioso e voltei para perto dela. Aurélia pegou um cartão colorido e um embrulho pequeno da bolsa que estava pendurada na cadeira de rodas.— É para você. — Ela estendeu os presentes para mim.Meus olhos brilharam. Eu amava ganhar presentes! Peguei o cartão primeiro e abri, lendo as letras desenhadas à mão:"Para o meu melhor amigo Ethan, o garoto mais legal que eu conheço. Obrigada por sempre me ajudar e por ser tão incrível. Quando a gente crescer, eu ainda quero ser s
Jhulietta DuarteO relógio marcava poucos minutos para a meia-noite. A cidade estava iluminada pelos fogos que já começavam a pipocar no céu, e eu podia ouvir o burburinho animado das pessoas ao redor, comemorando a chegada de um novo ano.Fechei os olhos por um instante, permitindo-me absorver cada detalhe daquela noite. A brisa leve bagunçava meus cabelos, e o cheiro do mar misturava-se ao aroma delicioso da ceia que havíamos preparado. Tudo parecia perfeito. Tudo parecia um sonho.Abri os olhos e olhei para a mesa, onde Ethan ria animado, contando algo para Nicolas, que ouvia com atenção, um sorriso divertido nos lábios. Meu coração se encheu de gratidão ao ver aquela cena. Eles eram a minha família. E por mais que a vida tivesse me surpreendido de formas inesperadas, era impossível não reconhecer que aquele havia sido o melhor ano da minha vida.Aproximei-me, apoiando os cotovelos na mesa e observando os dois.— Do que vocês estão rindo tanto? — perguntei, curiosa.— O Ethan estav
Jhulietta Duarte O ano mal tinha começado quando minha amiga me chamou para irmos ao shopping. Ethan quis vir atrás de mim, mas pedi que ficasse com seu pai. A contragosto, ele aceitou.Passamos uma tarde maravilhosa, saindo de lá com várias sacolas nas mãos, rindo e comentando sobre as roupinhas adoráveis que havíamos escolhido para o bebê de Renata. Eu adorava vê-la tão feliz, especialmente depois de tudo que tinha passado. Sua barriga já estava evidente, e ela estava radiante.— Você está linda — elogiei, observando-a com carinho.Renata sorriu, acariciando a própria barriga com ternura.— Eu sei! — disse, rindo. — Nunca me senti tão bonita na vida. Essa gravidez me transformou.Sorri, sentindo-me feliz por ela. Estávamos nos divertindo tanto que nem percebemos a aproximação do problema.— Renata! — A voz raivosa de Luís cortou o ar, e todo o meu corpo se enrijeceu ao reconhecer aquele tom odioso.Renata virou-se lentamente, seu sorriso desaparecendo. O olhar de terror em seu rost
Nicolas SantoriniEthan estava irritado porque queria muito ir ao shopping com Jhulietta, mas ela não deixou.— Filho, era um programa de garotas.— E por isso ela não podia me levar? Que tipo de mãe faz isso com o filho? — Ele estava indignado.— Mas você havia concordado em ficar comigo. Por que está irritado agora?— Porque não queria vê-la chateada comigo. Eu me preocupo com a mamãe, e não é bom deixá-la andando sozinha por aí.— Ethan, sua mãe sabe se cuidar, e ela está com os seguranças.Ele franziu o cenho e cruzou os braços.— Mas ela não levou os seguranças.Minha expressão se fechou imediatamente. Caminhei apressado até o escritório e verifiquei as imagens de segurança. Ele estava certo. Jhulietta saíra sem escolta. Meu estômago revirou de preocupação, e tentei ligar para ela algumas vezes, sem sucesso. Passei o dia inteiro inquieto, checando o celular a cada minuto, até que o telefone tocou.Atendi no mesmo segundo e senti o sangue gelar ao ouvir a voz do atendente do hospi
Jhulietta Duarte Alguns dias depois, comecei os preparativos para o casamento, e posso dizer que organizar um casamento deveria ser algo emocionante. E de fato, era. Mas confesso que me sentia um pouco sobrecarregada com tantos detalhes. Nicolas estava tão animado com o nosso dia especial, mas para mim, a pressão de deixar tudo perfeito estava começando a pesar. Queria que fosse simples, bonito e, mais importante, especial. Nada de festas grandiosas ou cerimônias exageradas como ele queria. Apenas um momento nosso, cercado pelas pessoas que amamos.Sentada com a organizadora de eventos, comecei a discutir as ideias que tinha em mente. Ela me mostrou algumas opções de decoração: tons neutros, flores delicadas, exatamente como eu imaginava. Decidi pela paleta de cores em tons de lilás e branco, algo suave que refletisse a calmaria que eu tanto queria para esse dia tão especial. Eu sabia que seria um desafio agradar Nicolas, que sempre se empolgava com grandes gestos, mas eu queria algo
O dia estava tranquilo após a visita dos pais de Nicolas. A expressão de tristeza que vi no rosto dele me consumia. Ele sempre tentava esconder seus sentimentos, mas, de alguma forma, eu sabia que ele estava carregando um fardo que, mesmo não me sendo visível, era enorme. A perda da memória de sua mãe era algo que ele parecia não querer aceitar. E entendia. Como poderia alguém aceitar que a pessoa mais importante de sua vida, aquela que sempre esteve ali para ele, começasse a desaparecer, pouco a pouco, em sua própria mente?Dei de ombros, tentando afastar os pensamentos pesados. Sabia que não adiantava me perder na angústia. Ethan estava brincando na sala de jogos como sempre. Decidi ir atrás dele, sentindo que o dia estava se arrastando e que eu precisava dar atenção ao meu pequeno, que parecia estar precisando de algo que eu não conseguia identificar. Talvez fosse apenas uma simples conversa, um momento em que ele pudesse me perguntar sobre tudo o que estava acontecendo, sem eu t
Entramos no restaurante de mãos dadas. De um lado, eu segurava a pequena mão de Ethan, que estava radiante, animado com a saída inesperada. Do outro, a mão forte de Nicolas apertava a minha de leve, como um lembrete silencioso de que ele estava ali, sempre presente. Assim que passamos pela porta de vidro elegante, a recepcionista nos notou e imediatamente se apressou em nos receber com um sorriso cordial. — Senhor e senhora Santorini, boa noite! — Ela disse com um entusiasmo quase exagerado, antes de abaixar um pouco a cabeça na direção de Ethan. — E boa noite para o pequeno príncipe também! Ethan sorriu, adorando a atenção. — Boa noite! Hoje eu que escolho a mesa? — Ele perguntou com a inocência que fazia qualquer um se derreter. A recepcionista riu, lançando um olhar cúmplice para mim e para Nicolas. — Claro, senhorito! Mas acho que tenho uma mesa especial para vocês. Ela nos conduziu até uma mesa mais reservada, com vista para a cidade iluminada. Eu gostava desse luga
Os dias foram passando em um ritmo tranquilo e agradável, e cada momento ao lado da minha família parecia se transformar em uma lembrança preciosa. Entre as noites aconchegantes com Nicolas, os sorrisos e as histórias animadas de Ethan, eu me sentia em paz, como se tudo estivesse exatamente onde deveria estar. Naquela tarde, após um longo banho relaxante, segui até a cozinha, atraída pelo aroma irresistível de bolo de chocolate recém-saído do forno. Dona Neuza, como sempre, havia preparado um verdadeiro banquete de doces e quitutes que deixavam a casa inteira com um cheiro delicioso de casa de vó. — Sabia que esse cheiro ia te trazer até aqui — Dona Neuza brincou, colocando um prato na mesa para mim. Sorri, me sentando à mesa enquanto ela servia um generoso pedaço do bolo no meu prato. O chocolate derretido escorria pelas laterais da fatia e, só de olhar, já me sentia mais feliz. — Você me conhece bem demais, Dona Neuza. Não resisto a um bom bolo de chocolate. Ela riu, se se