Giovanni Santorini O dia estava nublado, como se o céu quisesse refletir o que eu sentia por dentro. Cada passo que eu dava até a empresa de Nicolas parecia mais pesado do que o anterior, e o turbilhão de pensamentos na minha mente parecia não dar trégua. Eu sabia que precisava conversar com ele, precisava entender até onde ele estava disposto a ir para afastar aquele homem da vida de Jhulietta.A porta do escritório de Nicolas estava entreaberta quando cheguei, e ao entrar, vi meu filho sentado em sua cadeira, os olhos fixos na tela do computador, mas sua mente provavelmente em algum outro lugar. Ele levantou o olhar ao me ver entrar e fez um gesto com a cabeça, convidando-me a me sentar.— Pai, aconteceu alguma coisa? — Ele perguntou, a expressão carregada de preocupação.— Estava com Jhulietta e resolvi dar uma passadinha aqui.— Aconteceu algo com ela? A Jhulie não me ligou.Me acomodei na cadeira à frente de sua mesa, observando-o por um momento antes de falar. Nicolas sempre fo
Nicolas SantoriniO dia seguia tenso. A conversa com meu pai ainda ecoava em minha mente, e as palavras dele estavam gravadas como um estigma. Ele sempre soubera como manipular as situações, e agora eu me via diante de um dilema. Diogo Lima, o homem que parecia ser a sombra constante sobre a vida de Jhulietta, não dava sinais de desistir, e eu estava determinado a tirar esse peso das costas dela de uma vez por todas.Caminhei até a janela de meu escritório e olhei para o horizonte, onde as nuvens ainda pairavam no céu cinza, refletindo o caos que parecia estar à minha volta. Eu tinha um objetivo claro: afastar Diogo da vida de Jhulietta. Eu sabia que ele não era um homem qualquer, que jogava sujo e que só se importava com poder e dinheiro. A proposta que meu pai sugerira – uma oferta financeira – era o que eu precisava para alcançar o que queria. Mas, para isso, eu precisava do número de Diogo, e Pedro, o único que poderia conseguir isso, era a minha única esperança.Puxei o celular d
Nicolas SantoriniCheguei em casa e não encontrei ninguém. Chamei por dona Bryana e perguntei onde estavam Ethan e Jhulietta. Ela me informou que os dois estavam na sala de estudos. Assim que cheguei lá, os vi concentrados em uma pilha de livros e cadernos. Meu filho franzia o cenho enquanto tentava resolver um problema de matemática, e Jhulietta, paciente como sempre, explicava cada passo com calma. Aproximei-me lentamente e, sem dizer nada, beijei o topo da cabeça de Ethan. Ele sorriu brevemente, mas permaneceu focado no que estava fazendo. Em seguida, toquei o queixo de Jhulietta, fazendo com que ela levantasse o rosto para mim. Nossos olhos se encontraram por alguns segundos antes de eu selar nossos lábios em um beijo suave e demorado. Quando me afastei, vi que ela franziu o cenho, a desconfiança estampada em sua expressão. — O que aconteceu? — perguntou, estreitando os olhos. Sorri de lado, balançando a cabeça. — Mais tarde conversamos. Ela não pareceu convencida, mas
O carro deslizou silenciosamente pelas ruas ainda vazias da cidade. O céu começava a clarear, tingindo o horizonte de tons alaranjados e rosados. Apesar da tranquilidade exterior, meu peito estava tomado por uma tensão difícil de ignorar.Diogo não era um homem confiável. Eu sabia disso. Mas, se havia uma chance de resolver essa situação sem envolver Jhulietta ainda mais, eu tentaria.Durante o trajeto, minha mente trabalhava em diversas possibilidades. E se ele recusasse? E se tentasse me chantagear? E se essa fosse apenas uma armadilha?Eu não podia permitir que nada disso acontecesse.— Chegamos, senhor.O motorista parou em frente a um pequeno galpão abandonado na parte mais afastada da cidade. O local era exatamente como eu imaginava: discreto e perfeito para um encontro que ninguém precisava saber.Ajustei a pasta de couro em minhas mãos e saí do carro.— Fique por perto — instruí ao motorista. — Se algo parecer errado, chame a polícia.Ele assentiu, mas eu não pretendia deixar
Diogo LimaSaí do galpão segurando firme a pasta cheia de dinheiro. A adrenalina ainda pulsava no meu corpo, e um sorriso vitorioso brincava nos meus lábios. Nicolas achava que tinha me comprado, mas ele não fazia ideia de que eu sempre jogava para ganhar. Entrei no carro e dirigi até o esconderijo onde Coiote estava me esperando. Ele era um dos poucos em quem eu confiava, alguém que sempre esteve ao meu lado nos piores momentos. Assim que parei o carro, ele saiu do barraco e assoviou. — Pelo visto, deu tudo certo, hein? — Ele sorriu, encostando no vidro da janela. — Melhor do que eu imaginava. Santorini pagou sem questionar. Coiote riu e bateu no teto do carro. — Então bora comemorar. Vem comigo, tenho um lugar perfeito pra gente tomar uma e pensar no futuro. Hesitei por um momento. Queria sumir dali o quanto antes, mas um último encontro com um velho amigo antes de desaparecer não parecia má ideia. — Beleza. Mas sem perder muito tempo. Troquei de carro, indo no del
Jhulietta Duarte Fazia sete dias desde que tudo aconteceu.Sete dias desde que Diogo Lima desapareceu e, agora, seu corpo havia sido encontrado.A notícia se espalhou rapidamente, e eu soube assim que liguei a televisão pela manhã. Não senti absolutamente nada ao ver as imagens do local onde ele foi encontrado. Nenhuma tristeza, nenhuma culpa, nada. Apenas um vazio onde, talvez, outra pessoa sentiria algo.Ele nunca fez parte da minha vida de verdade. Nunca foi um pai, nunca se importou comigo. Ele era apenas um nome, um fantasma que ameaçava minha paz de tempos em tempos. E agora, ele era apenas passado.Senti Nicolas se aproximar antes mesmo de ouvi-lo falar. Ele parou ao meu lado, olhando para a tela por alguns segundos antes de me encarar.— Você está bem?Desviei os olhos da TV para ele. Nicolas parecia mais sério do que o normal, como se esperasse alguma reação específica minha.— Pelo incrível que pareça, estou aliviada. — Confessei, soltando um suspiro longo. — Não tenho moti
Os últimos dias foram intensos. Entre os treinos, os jogos e todas as emoções recentes, minha casa nunca esteve tão cheia de energia. Mas hoje era um dia diferente. Hoje, Ethan finalmente receberia suas notas finais e descobriria se havia passado de ano.Eu sabia que ele tinha se esforçado. Passou horas estudando, revisando, perguntando dúvidas. Mas, ainda assim, ele estava ansioso. Desde o momento em que acordou, sua inquietação era visível.— Mamãe, quando sai a nota? — Ele apareceu na cozinha enquanto eu terminava de preparar o café da manhã.— Daqui a pouco. O site da escola disse que às dez.Ele olhou para o relógio na parede e fez uma careta.— Isso é muito tempo!Ri baixinho, colocando uma xícara de café na mesa. Nicolas, que estava sentado ao meu lado lendo algumas mensagens no celular, ergueu os olhos para o filho.— E se você relaxar um pouco? Tomar café da manhã, assistir um desenho, fazer qualquer coisa que não envolva ficar olhando para o relógio?Ethan bufou.— Fácil par
Chegamos à pizzaria pouco depois das sete da noite. Ethan estava tão animado que mal conseguia ficar parado no carro.— Mamãe, você acha que eles já chegaram? — Ele perguntou, balançando as pernas no banco.— Provavelmente, amor. Mas, se não chegaram, podemos esperar um pouquinho.— Espero que sim! — Ele sorriu, empolgado, e saiu do carro assim que estacionei.A noite estava agradável, com uma leve brisa trazendo o cheiro irresistível de pizza assando no forno a lenha. A pizzaria era um lugar aconchegante, com decoração rústica e um espaço infantil amplo. Assim que entramos, avistamos Aurélia com sua mãe, Lidiana, sentadas em uma das mesas ao lado da área de jogos. Ethan acenou para Aurélia e correu até ela, já pegando as alças da cadeira de rodas para ajudá-la a se movimentar.— Oi, gente! — Cumprimentei com um sorriso, tirando minha bolsa do ombro.— Oi, Jhulietta! — Lidiana sorriu. — Oi, Ethan!— Oi, tia Lidiana! — Ethan respondeu animado.Antes que pudéssemos dizer mais alguma coi