Jhulietta Duarte A manhã estava tranquila, uma raridade em meio ao turbilhão que minha vida se tornara nos últimos meses. O sol entrava pelas amplas janelas, iluminando suavemente a sala de estar, onde eu estava sentada no sofá com uma xícara de café quente entre as mãos.Ethan estava ao meu lado, entretido com um jogo no tablet, enquanto Nicolas revisava alguns e-mails no celular. A presença deles era reconfortante. Depois de tantas tempestades, eu finalmente sentia que havia encontrado um porto seguro.Ou, pelo menos, era o que eu pensava.O som de uma notificação no meu celular fez minha atenção se desviar. Peguei o aparelho da mesa de centro, destravando a tela sem pensar muito. Uma mensagem de Renata apareceu, acompanhada de um link e um emoji de choque."Você já viu isso, amiga? Que absurdo!"Meu estômago se revirou. Um mau pressentimento percorreu minha espinha antes mesmo de clicar no link. Ao abrir a página, fui atingida por um soco invisível no peito."Jhulietta Duarte: a
Nicolas SantoriniMeu sangue fervia. A raiva corria pelas minhas veias como um incêndio descontrolado. Eu apertava o celular com tanta força que se fosse de vidro, já teria se estilhaçado em minhas mãos. — Quero que descubram quem foi o imbecil que escreveu essa palhaçada e acabem com ele — rosnei para meu advogado, César, que permanecia do outro lado da linha. — Já estou cuidando disso, senhor Santorini. Mas precisamos agir com estratégia. Entraremos com um processo por difamação e danos morais. — Estratégia? — gargalhei sem humor. — Quero esse desgraçado destruído. Ele vai se arrepender de ter mencionado o nome da Jhulietta em uma sujeira dessas. — Entendo sua indignação, Nicolas, mas precisamos agir dentro da lei. Uma ação impetuosa pode ser usada contra vocês. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me acalmar. César estava certo. Eu não podia simplesmente sair por aí quebrando a cara de jornalistas, por mais tentador que fosse. — Faça o que for necessário. Dinheiro
Olívia Marques A excitação corria pelas minhas veias enquanto eu segurava o tablet em mãos, os olhos fixos na manchete que estampava o site de fofocas mais acessado do país. Meu nome não aparecia em lugar algum, claro, mas eu sabia que aquilo só tinha sido possível graças a mim. Um sorriso satisfeito se espalhou pelo meu rosto enquanto eu deslizava os dedos pela tela, lendo cada linha da matéria que ajudara a forjar. Era um texto venenoso, estrategicamente elaborado para semear dúvidas, levantar questionamentos e, acima de tudo, manchar a imagem daquela mulherzinha insignificante. Só de pensar no nome dela, meu humor azedava. Desde que essa intrusa apareceu na vida de Nicolas, tudo mudou. Ele não era mais o homem que eu conhecia, o homem que eu manipulava tão bem. Durante anos, Nicolas esteve na palma da minha mão. Eu o enredava, jogava com suas emoções e ele sempre voltava. Mesmo quando estava casado com aquela insossa da Laura, eu sabia que, no fundo, era a mim que ele desejava.
Jhulietta Duarte A claridade suave da manhã infiltrava-se pelas frestas da cortina, beijando minha pele com um calor reconfortante. Pisquei algumas vezes antes de me virar preguiçosamente na cama, espreguiçando-me devagar. Meu primeiro pensamento foi Ethan. Precisava acordá-lo para a escola. Com esse pensamento, sentei-me na cama e passei as mãos pelo rosto, afastando o sono que ainda pesava em meus olhos. Meu corpo já se preparava para a rotina: levantar, ir até o quarto dele, chamá-lo, supervisionar para que não se atrasasse... Mas algo me fez parar no meio do movimento. Era sábado. Soltei um suspiro aliviado e ri de mim mesma. Como eu poderia esquecer? Recostei-me contra os travesseiros e fechei os olhos por um instante, aproveitando aquele momento de tranquilidade. Mas então me dei conta de outra coisa. Hoje era meu aniversário. Suspirei. Nunca fui de grandes comemorações. Desde que me entendia por gente, datas como essa sempre passaram de forma discreta. Não era al
Você acredita que o nosso destino já está traçado de alguma forma?Eu nunca acreditei muito nisso... até meu caminho se cruzar com o de um lindo menino de olhos azuis. Através dele, encontrei mais do que buscava na vida. E tudo começou naquele final de tarde…Sou Jhulietta Duarte, professora em uma escola pública no coração da cidade. Sabe o que essa profissão me ensinou? Que a rotina simplesmente não existe. Crianças são imprevisíveis. Uma pergunta inesperada, um pequeno acidente ou um olhar carregado de uma tempestade silenciosa podem transformar um dia comum em um verdadeiro enigma.Depois de uma semana exaustiva, tudo o que eu queria era chegar em casa, tirar os sapatos, preparar um chá quente e me perder em um filme qualquer. Nada de surpresas.O relógio se aproximava das seis e meu trajeto até o ponto de ônibus era sempre o mesmo: ruas calmas, crianças rindo ao longe, um cachorro latindo, o murmúrio do trânsito ao fundo.Mas hoje… havia algo diferente.O silêncio parecia pesado,
A situação era tão irreal que parecia um sonho distorcido. Eu, uma professora de escola pública, estava agora enclausurada no banco de trás de um carro luxuoso, a mão pequena de Ethan apertando a minha com uma força quase desesperada. O homem a nossa frente emanava uma aura de tensão palpável. Sua postura rígida, os olhos fixos na estrada como se fugisse de algo, denunciavam uma batalha interna, um turbilhão de emoções contido a duras penas. — Senhor… — tentei quebrar o silêncio denso que nos envolvia como uma mortalha. — Santorini. Nicolas Santorini — respondeu ele, sem desviar o olhar da estrada. A voz grave e autoritária ecoou no interior do carro, revelando um homem acostumado a comandar. Engoli em seco. O sobrenome soava familiar, uma vaga lembrança que dançava à margem da minha memória, sem se concretizar. — Senhor Santorini, não quero me intrometer, mas… acho que precisamos conversar sobre o que aconteceu. Um suspiro impaciente escapou de seus lábios, como se minha ten
Nicolas Santorini Chegar em casa sempre me proporcionava uma trégua efêmera. Um breve alívio antes da exaustão inevitável. Meu dia, como tantos outros, fora uma maratona de reuniões intermináveis, a frieza dos contratos e o peso das decisões cruciais. Tudo o que ansiava era o silêncio reconfortante do meu lar e a presença de Ethan, mesmo que nossos encontros, desde a partida de Laura, fossem permeados por uma melancolia persistente. Assim que cheguei minha casa estava silenciosa. Normalmente, a essa hora, Ethan jogando ou brincando. Fechei a porta atrás de mim, um pressentimento incômodo se instalando em meu peito. — Ethan? — chamei, a voz ecoando no vazio. O silêncio respondeu. A calma que eu tanto buscava se esvaiu, dando lugar a uma crescente apreensão. Caminhei pela casa e cada passo aumentava a angústia. O quarto de Ethan estava impecável, um péssimo sinal. Meu filho era a personificação da desordem infantil. Inspecionei embaixo da cama, dentro do closet, vasculhei cada
Jhulietta Duarte O dia na escola transcorreu entre a sinfonia usual de vozes infantis, risadas contagiantes e os desafios inerentes ao desenvolvimento. Ensinar era mais do que uma profissão, era a minha paixão, a força motriz que me impelia adiante. No entanto, mesmo em meio à rotina, a imagem de Ethan e o eco de sua voz me chamando de “mamãe” persistiam em minha mente. Aquele gesto, apesar de toda a sua estranheza, havia plantado uma semente de afeto em meu coração.Enquanto organizava meus materiais após o expediente, uma mensagem inesperada vibrou em meu celular. Era de Nicolas Santorini. A mensagem, concisa e direta, contrastava com a imagem fria que eu tinha dele."Ethan insiste em vê-la. Se estiver disponível, venha até minha casa. Ele parece mais tranquilo com sua presença."Relendo a mensagem, tentei decifrar o que motivara aquele convite. Desespero? Pragmatismo? Ou algo mais? A mera possibilidade de rever Ethan me trouxe um calor reconfortante. Aos poucos, as visitas foram s