Olívia Marques O perfume caro e amadeirado pairava no ar enquanto eu cruzava o saguão do hotel, meu salto ecoando no piso de mármore impecável. Eu sabia exatamente o que estava fazendo. A expressão neutra no rosto, os olhos avaliando cada detalhe ao meu redor. O jornalista já estava à minha espera no bar do hotel, sentado com um copo de uísque à frente, tamborilando os dedos no balcão de madeira. — Olivia Marques — ele murmurou quando me aproximei, um sorriso cínico brincando em seus lábios. — Rodrigo Custódio — respondi, deslizando suavemente para o assento à sua frente. Ele era conhecido por suas matérias sensacionalistas, e eu sabia que seria o instrumento perfeito para o que eu tinha em mente. — Sua mensagem me intrigou. — Ele inclinou a cabeça, me observando atentamente. — Você disse que tem uma história que pode virar a cidade de cabeça para baixo. Sorri de lado e me inclinei levemente para frente, adotando um tom conspiratório. — Eu tenho informações valiosas sobre
Jhulietta DuarteO céu estava tingido de tons dourados e alaranjados quando me sentei no jardim, deixando o vento fresco da tarde acariciar meu rosto. Depois de um dia maravilhoso no clube com Nicolas e Ethan, eu deveria estar me sentindo leve, tranquila. Mas minha mente estava longe, perdida em lembranças que eu lutava para esquecer.Respirei fundo, abraçando meus próprios braços, como se isso pudesse me proteger do frio que vinha de dentro. Estava ali, sozinha, quando senti a presença dele se aproximando.— Ethan finalmente dormiu — Nicolas disse com a voz baixa, quase um sussurro, enquanto se sentava ao meu lado no banco de madeira.Assenti, forçando um sorriso. Mas ele me conhecia bem demais para se deixar enganar.— No que está pensando?Desviei o olhar, fixando-me na dança das folhas ao vento.— Não é nada.Ele não aceitou essa resposta.— Jhulietta.Fechei os olhos por um momento. Não queria falar sobre isso. Nunca queria. Mas, ao mesmo tempo, havia algo na maneira como Nicolas
Jhulietta DuarteNão sabia quanto tempo fiquei ali, apenas sentindo o calor dos braços de Nicolas ao meu redor. Seu abraço era firme, protetor, e, por mais que eu tentasse segurar minhas lágrimas, elas continuavam a cair, encharcando sua camisa.— Obrigada… — sussurrei contra seu peito, minha voz trêmula.Ele suspirou, afagando meus cabelos com delicadeza.— Para de agradecer, Jhulietta — murmurou, e sua voz saiu baixa, quase um pedido.Ergui meu rosto para encará-lo, confusa. Seus olhos estavam cheios de ternura e um pouco de dor.— Eu só… você me ouviu. Você ficou aqui comigo.Nicolas segurou meu rosto entre as mãos, seus dedos traçando um caminho suave sobre minha pele.— Eu não fiz nada além da minha obrigação.Abri a boca para protestar, mas ele balançou a cabeça.— Você precisa parar de pedir desculpas o tempo todo. E precisa parar de agradecer por coisas que você merece. Você entende isso?Minha garganta apertou, e eu apenas assenti. Era difícil aceitar que alguém pudesse estar
Jhulietta Duarte A manhã estava tranquila, uma raridade em meio ao turbilhão que minha vida se tornara nos últimos meses. O sol entrava pelas amplas janelas, iluminando suavemente a sala de estar, onde eu estava sentada no sofá com uma xícara de café quente entre as mãos.Ethan estava ao meu lado, entretido com um jogo no tablet, enquanto Nicolas revisava alguns e-mails no celular. A presença deles era reconfortante. Depois de tantas tempestades, eu finalmente sentia que havia encontrado um porto seguro.Ou, pelo menos, era o que eu pensava.O som de uma notificação no meu celular fez minha atenção se desviar. Peguei o aparelho da mesa de centro, destravando a tela sem pensar muito. Uma mensagem de Renata apareceu, acompanhada de um link e um emoji de choque."Você já viu isso, amiga? Que absurdo!"Meu estômago se revirou. Um mau pressentimento percorreu minha espinha antes mesmo de clicar no link. Ao abrir a página, fui atingida por um soco invisível no peito."Jhulietta Duarte: a
Nicolas SantoriniMeu sangue fervia. A raiva corria pelas minhas veias como um incêndio descontrolado. Eu apertava o celular com tanta força que se fosse de vidro, já teria se estilhaçado em minhas mãos. — Quero que descubram quem foi o imbecil que escreveu essa palhaçada e acabem com ele — rosnei para meu advogado, César, que permanecia do outro lado da linha. — Já estou cuidando disso, senhor Santorini. Mas precisamos agir com estratégia. Entraremos com um processo por difamação e danos morais. — Estratégia? — gargalhei sem humor. — Quero esse desgraçado destruído. Ele vai se arrepender de ter mencionado o nome da Jhulietta em uma sujeira dessas. — Entendo sua indignação, Nicolas, mas precisamos agir dentro da lei. Uma ação impetuosa pode ser usada contra vocês. Fechei os olhos e respirei fundo, tentando me acalmar. César estava certo. Eu não podia simplesmente sair por aí quebrando a cara de jornalistas, por mais tentador que fosse. — Faça o que for necessário. Dinheiro
Olívia Marques A excitação corria pelas minhas veias enquanto eu segurava o tablet em mãos, os olhos fixos na manchete que estampava o site de fofocas mais acessado do país. Meu nome não aparecia em lugar algum, claro, mas eu sabia que aquilo só tinha sido possível graças a mim. Um sorriso satisfeito se espalhou pelo meu rosto enquanto eu deslizava os dedos pela tela, lendo cada linha da matéria que ajudara a forjar. Era um texto venenoso, estrategicamente elaborado para semear dúvidas, levantar questionamentos e, acima de tudo, manchar a imagem daquela mulherzinha insignificante. Só de pensar no nome dela, meu humor azedava. Desde que essa intrusa apareceu na vida de Nicolas, tudo mudou. Ele não era mais o homem que eu conhecia, o homem que eu manipulava tão bem. Durante anos, Nicolas esteve na palma da minha mão. Eu o enredava, jogava com suas emoções e ele sempre voltava. Mesmo quando estava casado com aquela insossa da Laura, eu sabia que, no fundo, era a mim que ele desejava.
Jhulietta Duarte A claridade suave da manhã infiltrava-se pelas frestas da cortina, beijando minha pele com um calor reconfortante. Pisquei algumas vezes antes de me virar preguiçosamente na cama, espreguiçando-me devagar. Meu primeiro pensamento foi Ethan. Precisava acordá-lo para a escola. Com esse pensamento, sentei-me na cama e passei as mãos pelo rosto, afastando o sono que ainda pesava em meus olhos. Meu corpo já se preparava para a rotina: levantar, ir até o quarto dele, chamá-lo, supervisionar para que não se atrasasse... Mas algo me fez parar no meio do movimento. Era sábado. Soltei um suspiro aliviado e ri de mim mesma. Como eu poderia esquecer? Recostei-me contra os travesseiros e fechei os olhos por um instante, aproveitando aquele momento de tranquilidade. Mas então me dei conta de outra coisa. Hoje era meu aniversário. Suspirei. Nunca fui de grandes comemorações. Desde que me entendia por gente, datas como essa sempre passaram de forma discreta. Não era al
Nicolas SantoriniO silêncio no corredor do prédio de Olívia era quase ensurdecedor. Apenas o som abafado dos meus próprios passos ecoava enquanto me aproximava da porta dela. Respirei fundo, sentindo a fúria pulsar em minhas veias. Eu já havia tolerado demais. Dessa vez, não havia espaço para joguinhos ou mentiras.Bati na porta com firmeza, sem paciência para esperar. Do outro lado, ouvi passos lentos, como se ela estivesse decidindo se realmente me atenderia. Quando finalmente a porta se abriu, Olívia surgiu à minha frente, vestindo um robe de seda, os cabelos loiros perfeitamente alinhados, e um sorriso petulante nos lábios.— Nicolas… Que surpresa. Achei que nunca mais pisaria aqui. — Ela se encostou no batente da porta, cruzando os braços, como se estivesse se divertindo com minha presença.— Poupe seu teatro, Olívia. Eu sei que foi você.O sorriso dela se alargou, e seus olhos brilharam com uma satisfação perversa.— Ah, querido, você vai ter que ser mais específico. Eu faço ta