Ao sair do consultório da doutora Carla, senti uma leveza incomum, como se tivesse deixado parte dos meus pesadelos ali, naquele ambiente acolhedor. Respirei fundo, apreciando o frescor do ar do lado de fora. Estava pronta para voltar para casa, mas antes mesmo de dar o primeiro passo em direção ao carro, um homem trombou em mim.— Desculpe — ele disse, com um sorriso estranho no rosto.Dei um passo para trás, tentando recuperar o equilíbrio. Algo nele me incomodava. Talvez fosse o sorriso um pouco forçado, ou o fato de seus olhos parecerem vasculhar cada detalhe meu. Mesmo assim, mantive a compostura.— Não foi nada. Eu que não prestei atenção — respondi, tentando soar educada.Ele fez um aceno com a cabeça e seguiu seu caminho, mas não sem antes lançar um último olhar na minha direção. Um arrepio percorreu minha espinha. Fiquei parada por um momento, observando-o se afastar, antes de finalmente me recompor e caminhar em direção ao carro, onde Manolo já me aguardava.— Tudo bem, Jhul
Enquanto observava as crianças se empanturrando de sorvete na sala de estar, senti uma alegria genuína aquecer meu coração. As risadas ecoavam pela casa, e por um momento me perdi na cena, pensando que seria divertido ter um bebê. Anos atrás, deixei de ter esse sonho, mas agora, com Nicolas, posso sonhar novamente. Suspirei, tomando o último gole do meu café antes de me levantar. — Certo, turma! — falei alto o suficiente para superar o burburinho animado. — Já se divertiram bastante. Que tal começarmos o projeto de Ciências e Geografia agora? Todos os olhares se voltaram para mim. Violett e Emanuel fizeram bico, claramente querendo mais tempo de brincadeira, mas Ethan foi o primeiro a se levantar, determinado. — Vamos lá, pessoal! A minha mãe vai nos ajudar, e ela tem muita coisa pra fazer. Sorri para ele, agradecida por sempre liderar com o exemplo. Ethan tinha um coração enorme e uma maturidade que me enchiam de orgulho. — Isso aí! — Aurélia concordou. — Quanto mais cedo
Enquanto arrumava a sala, observando a maquete colorida que brilhava sob a luz do dia, não pude deixar de me sentir orgulhosa das crianças. Trabalharam tão bem em equipe e foram tão criativas. — Certo, crianças! — chamei a atenção deles, já sentados ao redor da maquete, observando os detalhes das folhas recicladas, galhos secos e rios feitos com pedrinhas. — Agora que terminaram a parte prática, vamos para a teórica. Estão prontos para aprender sobre os biomas do Brasil? — Sim! — responderam em uníssono, empolgados. Peguei meu tablet onde havia preparado uma apresentação com imagens vibrantes dos biomas. Conectei-o à televisão da sala, e os olhos deles se arregalaram ao verem as fotos vívidas da floresta amazônica, do cerrado e dos outros biomas. — Então, vamos começar pela Floresta Amazônica. — Toquei na tela e a imagem de uma vasta floresta verde apareceu. — Esse é o maior bioma do Brasil e um dos mais importantes do mundo. Ele é conhecido pela sua biodiversidade incrível. Lá
Nicolas Santorini A sala de reuniões estava um caos. Pilhas de papéis se espalhavam pela mesa, cada um deles exigindo minha atenção imediata. As planilhas no projetor exibiam números que me deixavam com dor de cabeça. Contratos, acordos, fusões... Tudo parecia querer sugar minha energia. — Senhor Santorini, o próximo grupo já está esperando na sala ao lado. — Paula avisou ao entrar, com sua habitual postura impecável. — Certo, já estou indo. — Respondi, passando as mãos pelo rosto em um gesto de cansaço. A manhã foi um turbilhão de reuniões. Cada departamento tinha algo urgente, e eu precisava estar à frente de tudo. Essa era a responsabilidade de ser o CEO da Santorini Enterprises, além da rede de hotéis e resorts temos outros negócios e isso é uma loucura. Finalmente, quando o relógio bateu meio-dia, Paula entrou novamente, carregando uma bandeja com meu almoço. — Fiz questão de pedir do seu restaurante favorito, senhor. Achei que precisaria de um pouco de conforto hoje.
O dia tinha sido exaustivo. Depois de incontáveis reuniões, decisões estratégicas e números rodando em minha cabeça, tudo o que eu queria era chegar em casa e encontrar um pouco de paz. O motorista dirigia em silêncio, as luzes da cidade passando rápidas pela janela do carro enquanto eu massageava as têmporas, sentindo o peso das últimas horas sobre mim. No banco ao meu lado, descansava a pequena caixa que havia comprado na delicatessen. Quando o carro entrou pelos portões da mansão, um alívio percorreu meu corpo. Lar. Finalmente. A mansão estava silenciosa, o que não era incomum a essa hora, mas, ainda assim, sempre me surpreendia. Desci do carro, entreguei minha pasta a um dos funcionários e subi os degraus com calma, sentindo o cansaço pesar sobre meus ombros. Ao entrar, apenas o som distante de água em movimento quebrava o silêncio. Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto. Eu sabia exatamente quem era. Segui o som e, ao chegar à área da piscina, parei por um momento,
Jhulietta Duarte O sol começava a se infiltrar pelas cortinas do quarto, lançando um brilho dourado sobre os lençóis. Eu me espreguicei, sentindo imediatamente um desconforto delicioso se espalhar pelo meu corpo. Ah, sim… Os eventos da noite passada ainda estavam muito vívidos na minha mente. De olhos ainda fechados, mordi o lábio, sentindo meu rosto esquentar ao me lembrar da forma intensa como Nicolas tinha me tocado. O jeito possessivo e, ao mesmo tempo, adorador que ele tinha ao me amar me deixava sem fôlego. Era como se ele tentasse me marcar a cada toque, cada beijo, cada sussurro rouco que escapava por seus lábios. Me virei devagar na cama e encontrei Nicolas dormindo profundamente ao meu lado. Seu peito subia e descia em um ritmo tranquilo, e seus traços estavam relaxados, sem a dureza e seriedade que carregava durante o dia. Ali, daquele jeito, ele parecia um garoto um garoto lindo e absurdamente sexy. Sorri e passei a ponta dos dedos por sua mandíbula forte, sentindo
Quando cheguei com os ingredientes, fui direto para a cozinha e comecei a ralar o milho. Dona Neuza insistiu em ajudar, mas neguei. — Jhulietta, eu sou paga para isso. — Ela me encarou. — Eu sei, dona Neuza, mas será que a senhora me deixa dividir a cozinha de vez em quando para agradar meus meninos? — perguntei, e ela revirou os olhos. — Claro que deixo. Você não precisa pedir, afinal, é a dona da casa. — Não sou. O dono da casa é o Nicolas. Ela me encarou com um olhar carregado de significado. — Nicolas com certeza se apaixonou por esse seu coração de ouro e sua simplicidade. Agradeci com um sorriso e continuei ralando o milho. Depois de terminar essa etapa, fiz os outros preparos. Estava colocando a massa na assadeira quando senti alguém me abraçar por trás, o que me fez dar um pequeno salto, assustada. — Bom dia, meu amor. E obrigado pelo gesto de carinho e cuidado. — Nicolas beijou meu pescoço e mordiscou minha orelha, me fazendo corar. — Para, Nicolas! Dona Neu
Passear no shopping com Nicolas e Ethan era sempre uma experiência interessante. Ethan estava radiante com a ideia de comprar suas coisas, enquanto Nicolas, como sempre, adorava exagerar.Assim que chegamos, fomos direto à loja de tecnologia. Ethan praticamente correu até a sessão de drones, pegou um modelo avançado e depois escolheu algumas peças para seu projeto de robótica. Eu o observava com um sorriso enquanto Nicolas analisava os produtos como se estivesse prestes a comprar a loja inteira.— Você quer mais alguma coisa, campeão? — Nicolas perguntou, pegando o carrinho de compras.— Já peguei tudo o que eu queria, papai. Obrigado!— Então agora é a vez da sua mãe. — Ele piscou para mim.— Nicolas, eu só preciso de algumas roupas.— Vamos ver. — Ele segurou minha mão e me puxou para uma loja feminina de grife.Fiquei ali por quase uma hora, experimentando vestidos, blusas e calças. Sempre que eu dizia que já era o suficiente, Nicolas apenas ria e pedia mais peças.— Nicolas, sério