Jhulietta Duarte Chegamos ao clube e escolhemos um espaço estratégico próximo à piscina principal, onde o movimento era intenso, mas não exagerado. Espreguiçadeiras confortáveis, guarda-sóis enormes e um cenário digno de filme. Nicolas realmente sabia como escolher os lugares. — Esse lugar é demais! — Ethan vibrou, jogando a toalha na espreguiçadeira antes de correr em direção à piscina. — Ethan, espera aí! — chamei, mas ele já havia mergulhado. Ri sozinha ao vê-lo emergir todo sorridente, com os cabelos bagunçados e o rosto iluminado pela alegria. — Deixa ele se divertir. — Nicolas aproximou-se por trás, seus braços me envolvendo. — Ele merece um dia só para brincar e se refrescar. Virei-me para encará-lo. Seu sorriso era contagiante. — Concordo. E eu também mereço um dia de descanso. — Então aproveite, minha noiva. — Ele piscou, o tom brincalhão, mas seu olhar carregado de carinho. Meu coração disparou. Ainda era estranho ouvir aquela palavra: noiva. Minha mente ainda
Diogo Lima O som abafado da televisão ecoava pelo pequeno apartamento alugado em São Paulo. As paredes descascadas e o cheiro de mofo eram um lembrete constante de como as coisas tinham desandado na minha vida. Mas agora... agora tudo estava prestes a mudar.Estava jogado no sofá puído, uma lata de cerveja gelada na mão e os pés apoiados na mesa de centro que balançava a cada movimento. Ao meu lado, Coiote roía as unhas, seus olhos fixos na tela da TV.— Diogo, você podia arrumar um lugar melhor. — Ele cuspiu um pedaço de unha no chão, sem cerimônia.— Tu tem mais grana que eu e não é procurado. Por que não arrumou um lugar melhor, então? — Respondi, sem tirar os olhos da televisão.— Porque eu tô aqui pra te fazer um favor, não pra bancar o filantropo. Tira o escorpião do bolso.— Já te mandei se foder hoje? — Retruquei com um sorriso cínico.Coiote soltou uma gargalhada alta, mas sua risada foi interrompida quando uma notícia chamou nossa atenção.— Cala a boca! — Ordenei, endireit
Jhulietta DuarteO quarto estava mergulhado na escuridão, silencioso e acolhedor, mas dentro da minha mente, um pesadelo terrível se desenrolava como um filme de horror. Eu estava parada em um lugar sombrio, cercada por sombras que se contorciam ao meu redor. Vozes sussurravam palavras que eu não conseguia entender, mas o tom ameaçador me fazia tremer. De repente, uma figura surgiu das trevas. Era um homem de rosto sombrio, olhos frios e cruéis que brilhavam com malícia. Ele se aproximava lentamente, seus passos ecoando como trovões na minha mente. Eu tentei me mover, correr para longe, mas estava presa, incapaz de me mexer. — Você não pode escapar, Jhulietta. — A voz dele era grave, carregada de ódio. — Eu voltei para buscar o que é meu... Um grito desesperado escapou dos meus lábios enquanto ele avançava, sua mão estendendo-se para mim como uma garra ameaçadora. Senti o toque gelado dele em meu braço, puxando-me para as sombras, e tudo ao meu redor começou a desmoronar. As som
Nicolas Santorini Eu fiquei ali, parado à beira da cama, observando Jhulietta adormecer novamente. Seus longos cabelos estavam espalhados pelo travesseiro, os cílios descansavam suavemente sobre as maçãs do rosto, e sua respiração começava a se estabilizar, tornando-se lenta e profunda. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável. Aquilo me atingiu como um soco no estômago. O medo que vi em seus olhos durante a noite ainda me assombrava.Eu já havia visto Jhulietta assustada antes, mas nada comparado ao pavor que ela sentiu depois daquele pesadelo. A lembrança de seu corpo trêmulo em meus braços, seus olhos arregalados e a voz embargada enquanto confessava seus temores... Aquilo me marcou. Me fez perceber que, por mais que eu quisesse protegê-la de tudo, havia coisas contra as quais eu não podia lutar.Pesadelos, memórias, traumas. Mas ameaças reais? Essas eu podia combater.Dei um último beijo em sua testa, acariciei seus cabelos suavemente e me afastei em silêncio, saindo do quarto e fe
Jhulietta DuarteAcordei de repente, o coração disparado. A luz do dia já iluminava o quarto, e um pânico familiar me envolveu quando olhei para o relógio na parede. Estava tarde, tarde demais para um dia normal. Sentei-me na cama, tentando acalmar a respiração. Como eu podia ter dormido tanto? O pânico cresceu à medida que a preocupação com Ethan tomou conta de mim. — Meu Deus... a escola! — murmurei, levantando-me apressada. Eu nunca dormia tanto assim. Não quando havia responsabilidades a cumprir. Não quando Ethan precisava de mim. Procurei freneticamente o celular na mesa de cabeceira, mas ele não estava lá. Minha cabeça latejava levemente, como se estivesse me recuperando de uma noite mal dormida, e então as memórias do pesadelo voltaram como um maremoto. Imagens confusas, fragmentadas, de rostos sombrios e risos cruéis. A sensação de desespero ainda pesava em meu peito, mas eu não tinha tempo para lidar com isso agora. Apressei-me para o banheiro, jogando água fria no rost
Jhulietta DuarteSaí da casa de Renata com um nó na garganta e a cabeça a mil. O vento frio da rua bateu no meu rosto, mas não foi suficiente para afastar o turbilhão de pensamentos que me invadia. Renata estava grávida. De Eduardo. E eu não sabia o que era pior: o fato de que ela mal conhecia o cara ou o fato de que ele era o Eduardo, um homem que não se comprometia com nada. Manolo estava encostado no carro, como sempre, discreto e atento. Ao me ver, ele abriu a porta do passageiro sem dizer uma palavra. Entrei e soltei um suspiro pesado, tentando me recompor. Ele me olhou pelo retrovisor, a preocupação estampada no rosto. — Pra onde, Jhulietta? — perguntou, com aquele tom respeitoso de sempre. — Para o curso do Ethan, por favor, Manolo. Preciso buscá-lo. — Minha voz saiu baixa, quase sussurrada. Ele assentiu e deu a partida. Enquanto o carro se movia, eu tentei focar na paisagem que passava rapidamente pela janela, mas meus pensamentos insistiam em voltar para Renata e aqu
Renata SouzaAndava de um lado para o outro na sala, incapaz de me acalmar. Meu coração parecia querer escapar do peito, tamanha era a intensidade com que batia. As imagens dos três testes de gravidez não saíam da minha cabeça. Três. E todos com o mesmo resultado. Positivo. Meus olhos se voltaram para o celular sobre a mesa. Eu precisava falar com alguém. Precisava desabafar antes que enlouquecesse de ansiedade. Não havia ninguém melhor para isso do que Jhulietta. Ela sempre sabia o que fazer, sempre tinha as palavras certas. E eu confiava nela como uma irmã. Peguei o telefone com as mãos trêmulas e disquei seu número. A cada toque que soava, meu coração pulava uma batida. Quando finalmente atendeu, sua voz suave e animada trouxe um breve alívio à minha angústia: — Oi, Rê! Tudo bem? — Jhu... — minha voz falhou e precisei respirar fundo antes de continuar. — Você pode vir aqui em casa? Eu... eu preciso falar com você. A preocupação em seu tom foi imediata: — Claro! Acontec
A casa estava mergulhada em silêncio quando Nicolas finalmente chegou. Eu estava na sala de cinema, enrolada em um cobertor, tentando assistir a um filme qualquer para distrair a mente. Mas as cenas passavam diante dos meus olhos sem que eu realmente prestasse atenção. Meus pensamentos estavam longe. O som da porta se abrindo me fez voltar à realidade. Olhei para Nicolas enquanto ele afrouxava a gravata, os ombros visivelmente curvados pelo cansaço. Seu rosto trazia uma expressão de exaustão que eu conhecia bem. Havia algo a mais ali, algo que indicava um dia particularmente pesado.— Oi, amor. — Falei suavemente, tentando não sobrecarregá-lo com minha preocupação.— Oi, Jhu. — Ele suspirou, caminhando até mim e se curvando para um beijo rápido na testa. — Como você tá? Parece meio distante.— Eu tô bem... Quer dizer, tô tentando ficar. E você? Parece que teve um dia difícil.Ele se jogou no sofá ao meu lado, soltando outro suspiro pesado.— Cansativo. Resolvi mil problemas na empres