Jhulietta DuarteO quarto estava mergulhado na escuridão, silencioso e acolhedor, mas dentro da minha mente, um pesadelo terrível se desenrolava como um filme de horror. Eu estava parada em um lugar sombrio, cercada por sombras que se contorciam ao meu redor. Vozes sussurravam palavras que eu não conseguia entender, mas o tom ameaçador me fazia tremer. De repente, uma figura surgiu das trevas. Era um homem de rosto sombrio, olhos frios e cruéis que brilhavam com malícia. Ele se aproximava lentamente, seus passos ecoando como trovões na minha mente. Eu tentei me mover, correr para longe, mas estava presa, incapaz de me mexer. — Você não pode escapar, Jhulietta. — A voz dele era grave, carregada de ódio. — Eu voltei para buscar o que é meu... Um grito desesperado escapou dos meus lábios enquanto ele avançava, sua mão estendendo-se para mim como uma garra ameaçadora. Senti o toque gelado dele em meu braço, puxando-me para as sombras, e tudo ao meu redor começou a desmoronar. As som
Nicolas Santorini Eu fiquei ali, parado à beira da cama, observando Jhulietta adormecer novamente. Seus longos cabelos estavam espalhados pelo travesseiro, os cílios descansavam suavemente sobre as maçãs do rosto, e sua respiração começava a se estabilizar, tornando-se lenta e profunda. Ela parecia tão frágil, tão vulnerável. Aquilo me atingiu como um soco no estômago. O medo que vi em seus olhos durante a noite ainda me assombrava.Eu já havia visto Jhulietta assustada antes, mas nada comparado ao pavor que ela sentiu depois daquele pesadelo. A lembrança de seu corpo trêmulo em meus braços, seus olhos arregalados e a voz embargada enquanto confessava seus temores... Aquilo me marcou. Me fez perceber que, por mais que eu quisesse protegê-la de tudo, havia coisas contra as quais eu não podia lutar.Pesadelos, memórias, traumas. Mas ameaças reais? Essas eu podia combater.Dei um último beijo em sua testa, acariciei seus cabelos suavemente e me afastei em silêncio, saindo do quarto e fe
Jhulietta DuarteAcordei de repente, o coração disparado. A luz do dia já iluminava o quarto, e um pânico familiar me envolveu quando olhei para o relógio na parede. Estava tarde, tarde demais para um dia normal. Sentei-me na cama, tentando acalmar a respiração. Como eu podia ter dormido tanto? O pânico cresceu à medida que a preocupação com Ethan tomou conta de mim. — Meu Deus... a escola! — murmurei, levantando-me apressada. Eu nunca dormia tanto assim. Não quando havia responsabilidades a cumprir. Não quando Ethan precisava de mim. Procurei freneticamente o celular na mesa de cabeceira, mas ele não estava lá. Minha cabeça latejava levemente, como se estivesse me recuperando de uma noite mal dormida, e então as memórias do pesadelo voltaram como um maremoto. Imagens confusas, fragmentadas, de rostos sombrios e risos cruéis. A sensação de desespero ainda pesava em meu peito, mas eu não tinha tempo para lidar com isso agora. Apressei-me para o banheiro, jogando água fria no rost
Jhulietta DuarteSaí da casa de Renata com um nó na garganta e a cabeça a mil. O vento frio da rua bateu no meu rosto, mas não foi suficiente para afastar o turbilhão de pensamentos que me invadia. Renata estava grávida. De Eduardo. E eu não sabia o que era pior: o fato de que ela mal conhecia o cara ou o fato de que ele era o Eduardo, um homem que não se comprometia com nada. Manolo estava encostado no carro, como sempre, discreto e atento. Ao me ver, ele abriu a porta do passageiro sem dizer uma palavra. Entrei e soltei um suspiro pesado, tentando me recompor. Ele me olhou pelo retrovisor, a preocupação estampada no rosto. — Pra onde, Jhulietta? — perguntou, com aquele tom respeitoso de sempre. — Para o curso do Ethan, por favor, Manolo. Preciso buscá-lo. — Minha voz saiu baixa, quase sussurrada. Ele assentiu e deu a partida. Enquanto o carro se movia, eu tentei focar na paisagem que passava rapidamente pela janela, mas meus pensamentos insistiam em voltar para Renata e aqu
Renata SouzaAndava de um lado para o outro na sala, incapaz de me acalmar. Meu coração parecia querer escapar do peito, tamanha era a intensidade com que batia. As imagens dos três testes de gravidez não saíam da minha cabeça. Três. E todos com o mesmo resultado. Positivo. Meus olhos se voltaram para o celular sobre a mesa. Eu precisava falar com alguém. Precisava desabafar antes que enlouquecesse de ansiedade. Não havia ninguém melhor para isso do que Jhulietta. Ela sempre sabia o que fazer, sempre tinha as palavras certas. E eu confiava nela como uma irmã. Peguei o telefone com as mãos trêmulas e disquei seu número. A cada toque que soava, meu coração pulava uma batida. Quando finalmente atendeu, sua voz suave e animada trouxe um breve alívio à minha angústia: — Oi, Rê! Tudo bem? — Jhu... — minha voz falhou e precisei respirar fundo antes de continuar. — Você pode vir aqui em casa? Eu... eu preciso falar com você. A preocupação em seu tom foi imediata: — Claro! Acontec
A casa estava mergulhada em silêncio quando Nicolas finalmente chegou. Eu estava na sala de cinema, enrolada em um cobertor, tentando assistir a um filme qualquer para distrair a mente. Mas as cenas passavam diante dos meus olhos sem que eu realmente prestasse atenção. Meus pensamentos estavam longe. O som da porta se abrindo me fez voltar à realidade. Olhei para Nicolas enquanto ele afrouxava a gravata, os ombros visivelmente curvados pelo cansaço. Seu rosto trazia uma expressão de exaustão que eu conhecia bem. Havia algo a mais ali, algo que indicava um dia particularmente pesado.— Oi, amor. — Falei suavemente, tentando não sobrecarregá-lo com minha preocupação.— Oi, Jhu. — Ele suspirou, caminhando até mim e se curvando para um beijo rápido na testa. — Como você tá? Parece meio distante.— Eu tô bem... Quer dizer, tô tentando ficar. E você? Parece que teve um dia difícil.Ele se jogou no sofá ao meu lado, soltando outro suspiro pesado.— Cansativo. Resolvi mil problemas na empres
Diogo Lima O bar fétido e mal iluminado estava quase vazio naquela noite. A música alta misturava-se ao cheiro de bebida barata e suor. Eu me sentei no canto mais escuro, de onde tinha uma visão clara da entrada e de todo o salão. Velhos hábitos nunca morrem. Depois de anos fugindo da polícia, aprendi a sempre manter minhas costas cobertas. Dei um gole na cerveja quente, fazendo uma careta ao sentir o gosto amargo na boca. Eu já estava há algumas semanas em São Paulo, tempo suficiente para observar e entender os passos da minha garota. — Achei que você disse que seria fácil, Lima. — A voz irritante de Coiote me tirou dos meus pensamentos. Ele se jogou na cadeira à minha frente com um sorriso zombeteiro, o rosto magro e marcado pelo tempo exibindo um sarcasmo que me dava nos nervos. — Mas pelo que eu vi, você não tá nem perto de chegar na menina. — Cala a boca, Coiote. — Rosnei, tentando manter a calma. — Eu tô observando. Cada passo dela. — Observando? — Ele riu, exibindo os
Jhulietta DuarteAcordei com um sobressalto, o coração disparado no peito. O quarto estava escuro, mas o pesadelo ainda pairava sobre mim como uma sombra. Senti o suor frio escorrendo pela nuca enquanto tentava acalmar minha respiração. As imagens confusas ainda dançavam na minha mente: uma figura escura, sussurros ameaçadores, um sentimento de desespero. Respirei fundo, tentando afastar o medo irracional que agarrava meu peito. Era apenas um sonho, nada mais. Mas, então, um som suave veio do lado de fora. Meus músculos enrijeceram instantaneamente. Inclinei a cabeça, prendendo a respiração para ouvir melhor. Passos. Sussurros abafados. Meu coração parou por um segundo antes de retomar em disparada. Estaria eu ainda sonhando? Fechei os olhos com força, esperando acordar de vez, mas o som continuava ali, cada vez mais nítido. Levantei-me lentamente, tentando não fazer nenhum barulho enquanto me aproximava da janela. Desviei a cortina só um pouco, o suficiente para espiar lá f