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44 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Eu me reconciliei com Vicente e resolvi ficar em paz com ele. Nós tínhamos que prosseguir com aquele relacionamento antes que ele me mostrasse todos os demônios acorrentados dentro dele e eu não ganhasse meu milhão que faltava. —Eu tenho que falar sobre uma coisa com você. —Confessou, abotoando a camisa de cor cinza, diante do espelho no canto do quarto. Meu silêncio indicava que ele prosseguisse, pois meus olhos ainda estavam em sua direção. —Meus pais estão voltando de viagem em dois dias, parece que eles viram as fotos sobre a festa que a Charlotte deu, e não gostaram muito. Sobrou tudo pra mim. —Ele me olhou por cima dos ombros, arqueando as sobrancelhas. —E isso é um problema? —Juntei as sobrancelhas no alto da testa, puxando as cobertas para me cobrir, ainda deitada na cama. —Sim, quando eles querem conversar com a minha irmã e eu. —Vicente se virou inteiramente para mim, e veio caminhando em minha direção. —Você acha que eles vão me culpar pelo que acont
[P.S: Leia as notas, antes de ler o capítulo] 45 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Nós nos levantamos daquela cama rapidamente. Vicente cantarolava distraído, andando pelos cantos da casa até o momento em que saímos. Minhas mãos suadas estavam se camuflando para dentro da jaqueta de couro, vermelha, na qual eu estava vestida e escondida. Paramos em frente á casa e eu ganhei a atenção de Vicente. Um Vicente preocupado. Um Vicente desentendido. —O que há? Por que parou de andar? —Ele se afirmou em minha frente e pôs as mãos sobre meus ombros. Parado diante de mim, seu sobretudo escuro balançava freneticamente pela força do vento gelado. Permaneci de cabeça baixa, com medo de ser descoberta, mas o polegar de Vicente logo alcançou meu queixo e inclinou minha cabeça, buscando meus olhos. —Você não é assim, o que tá acontecendo aqui? É sobre a Amanda? Porque se for, a gente não vai ver ela. Se isso te incomoda, Lisa Mary, eu mando que as enfermeiras cuidem dela e a levem para casa. Isso machuc
[Leia as notas, antes de iniciar a leitura do capítulo] 46 Vicente François ⤝⥈⤞ Por mais que eu tentasse e quisesse muito, meus olhos se fechavam, mas o interior das minhas pálpebras não projetou um sonho ou me induziram ao sono. Eu estava fadado a insônia. Com cuidado, virei Lisa para o lado e joguei os pés para fora da cama, me sentando para me levantar. Deixei o quarto escuro e logo, o meu corpo se abrigou á luz amena da luminária no canto da porta, mostrando o caminho. Caminhando pelo corredor no silêncio da noite, ergui as mãos que seguravam o celular e o meu rosto foi iluminado pelo brilho da tela enquanto eu mexia, pesquisando métodos de adormecer facilmente sem necessidade de fármacos. Sobressaltei sozinho quando senti o celular vibrar entre as mãos. Enfermeira... Rapidamente, atendi a ligação e me distanciei do quarto, tendo cuidado para não acordar Lisa Mary. Desci as escadas enquanto falava com a pessoa no outro lado da linha, até que chegasse á cozinha, gara
[Leia as notas, antes de ler o capítulo] 47 Vicente François ⤝⥈⤞ Recobrar a consciência é algo mais difícil, porém admirável, que alguém pode fazer quando está perdendo o rumo. Eu tive que fazer isso quando meus olhos encontraram os ponteiros do relógio grande em meu pulso, e eu tive que erguer a coluna novamente, soltando a mão de Amanda sobre seu peito. —Prometo que descobriremos o que houve com você, mas eu tenho que ir. Eu não posso lhe dizer que voltarei a visitar você, porque não vou voltar. —Respirei fundo, tombei a cabeça para trás e olhei para Amanda novamente. —Eu vou me casar, Amanda. Ela me fez superar todo o trauma que você me causou. A Lisa Mary tem sido alguém fiel, mas temo que ela saiba do que você sabe. Temo que ela me deixe quando ver quem eu verdadeiramente sou, por baixo dessa camada de serenidade e respeito. Meu bom coração pode não sobreviver ao miserável se abrigando dentro de mim, e ela é a minha única esperança de bondade. Duas batidas na port
ATENÇÃO: Esse capítulo contém gatilhos! 48 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Não demorou muito para que Charlotte, finalmente, chegasse. Ela desceu do carro, ordenando que os seguranças deixados por Vicente, fossem embora. Seus seguranças também tiveram que se distanciar, já que ela estava temperamental demais. —Você me tirou da melhor foda da minha vida, é bom que seja interessante, cacete. —Balançava a bolsa no pulso, com a mão de madame pendurada. —É interessante, Amanda tá acordando e o embuste do meu ex-namorado está de volta. Eu pensei que tinha te contado tudo, sua lerda. —Me virei em direção á porta de entrada e Charlotte me seguiu enquanto conversávamos. —Tem cigarro? —Ela ergueu a cabeça, olhando-me de lado. —E você acha que eu aguento o teu irmão como, sóbria? Tem cigarro e bebida no fundo falso da dispensa da cozinha, vem logo. Eu menti. Não guardava whisky e cigarros na cozinha porque precisava aturar o Vicente. Já fazia tempo que não era um grande esforço compartilh
49 Lisa Mary ⤝⥈⤞ [Atenção: Esse capítulo contém gatilhos] O peso morto de James foi arrancado de cima de mim, violentamente. Virei a cabeça para o lado, avistando Vicente o puxando pela gola da camisa. James ergueu as mãos em defesa, mas Vicente o acertava impiedosamente com socos e pontapés, jurando que o mataria. —Senhor, por favor, senhor... Precisa se afastar. O senhor acabará com hematomas em suas mãos, por favor. —Disse um segurança, ficando em sua frente. Se contorcendo pelo chão, James sangrava sobre o carpete da minha sala, olhando para mim. —Por quê...? —Seu tom de voz chegou aos meus ouvidos enquanto ele estava miserável pelo chão. —Não fale com ela! —Vicente, novamente, foi para cima de James e se ajoelhou sobre o homem deplorável. —Não fale com ela, não toque nela, não olhe pra ela! —Esbravejou, disferindo novos socos que faziam a cabeça de James sacudir no chão. —Vicente, por favor... Pare com isso. Pare com isso, a polícia poderá cuidar dele, por favor
50 Charlotte François ⤝⥈⤞ Tudo o que eu estava me ferrando pra construir, não iria desmoronar por causa de dois detetives patetas e um Estevan que não sabia se esconder na lama de onde eu o tirei. Permaneci fingindo e apoiei Vicente enquanto ele estava conversando com os detetives. —Charlotte, você fica com a Lisa Mary enquanto eu converso com os detetives? Eu preciso trocar uma palavrinha com eles. —Ele se virou, curvando-se brevemente diante de Lisa. —Eu não demoro, meu amor. É rápido. Vicente logo acompanhou os detetives, deixando Lisa “sob meus cuidados.” Eu deixei que os três cruzassem o corredor, e quando sumiram, sentei na cadeira ao lado de Lisa, cochichando. —Espero que esteja preparada, porque Vicente vai te colocar numa terapia, depois vai investigar a fundo tudo o que os detetives têm guardado e, por último, vão encurralar o Estevan. —Pus a bolsa sobre as pernas, e a mão no ombro de Lisa, indicando que estava lhe dando conselhos. —Tá brincando, porra? —Ela
51 Vicente François ⤝⥈⤞ Era possível que Charlotte estivesse fazendo contra alguém? Se acontecesse, eu seria incapaz de acreditar em uma coisa como essa. Recuei em passos leves para não chamar sua atenção e subi as escadas, voltando para o quarto. Em silêncio, fechei a porta lentamente e passei a chave. Coçando o queixo, meus olhos endureceram em um ponto vazio naquele cômodo escuro á meia luz de uma luminária amarela. —A minha irmã é maluca da cabeça, mas não é uma pessoa ruim. Ela não aprontaria nada contra ninguém, tenho certeza. Eu cresci com ela. Eu vivi ao lado dela. Conheço minha irmã... Se meus pensamentos estiverem errados, ela mesma vai me provar isso mais tarde. Minha negação era a prova real de que eu realmente não a conhecia. Ninguém, que conhece alguém tão bem, é capaz de ser cético quanto aos seus defeitos e ameaças. Todos temos um monstro impiedoso sendo nutrido dentro de nós e abafado sob máscaras e manipulação. Desistir de prosseguir com as desconfiança