40 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Depois que Charlotte finalmente havia chegado, ela caminhou até mim, deixando seu carro próximo a outro comboio. —Hoje eu queria ser o colchão que fica sobre a minha cama, só pra não ter que me levantar e ter sido obrigada a vim até aqui. —Caminhava em passos largos, encarando os meus olhos, enfurecida. —Fecha essa boca que eu não sou obrigada. —Me levantei da cadeira branca, equilibrando a estatura com Charlotte. —Já sabe em quem podemos confiar? Ela ergueu a cabeça, arqueando as sobrancelhas e suspirou, inquieta. —Tem uma pessoa, mas você talvez não goste. —Como assim? —Ele diz que te conhece, mas gostaria de não conhecer, e só vai fazer isso porque precisa da grana. Charlotte segurou a bolsa marrom no pulso e a abriu, tirando seu celular. Mexeu por alguns segundos até virar a tela para mim. —Não pode ser ele. —Rolei os olhos para cima, incrédula de que realmente aquilo estaria acontecendo comigo. —Vai ser ele. —Não vai. —Me dê um bom
41 Vicente François ⤝⥈⤞ Acordar sem ela ao meu lado me deixou confuso, e eu quase não iniciei o meu dia. Retornando para o meu quarto, ignorei meus pensamentos enquanto tomava um banho quente e demorado, até ouvir meu celular de trabalho vibrando distante de mim. Estiquei o braço até a porta, rolando-a para o lado e saí do banheiro, secando os cabelos com uma toalha longa. A mensagem da minha secretária 1 me deixou aflito. Alguém chamado “James” estava querendo falar com a minha noiva e, provavelmente, parecia conhecê-la. Naquela hora, joguei o celular e a toalha sobre o divã, indo em direção ao closet. Me vesti adequadamente para aquela manhã, pois queria retornar para a indústria, mas antes, eu precisava saber com Lisa Mary sobre o suposto James. ⤝⥈⤞ Nossa conversa foi fervorosa e eu a magoei, mas eu estava irritado e decidi confrontá-la. No quarto, a flagrei juntando as roupas alvoroçadamente para dentro de uma mala, e senti uma fisgada de dor ao ver aquela cena. El
42 Vicente François ⤝⥈⤞ Nascido exclusivamente do dinheiro, eu não tinha amigos e nem parentes com quem eu pudesse contar. Estava tão sozinho quanto qualquer um desconhecido naquele momento de confronto e, sem ter com quem conversar, resolvi enfiar a cara no trabalho para que conseguisse aliviar o estresse. Eu fui para a indústria. ⤝⥈⤞ —Bom dia, senhor François. Não esperávamos que o senhor retornasse de suas férias tão cedo, mas agora que voltou, seja bem-vindo, senhor. —Disse minha secretária 2, limpando a poeira inexistente em seus peitos. Por que eu olhei para os seus peitos? —Obrigado. —Puxei a porta metálica, sereno, e entrei em minha sala escura, ouvindo o bipe das portas se travando quando o sensor de minha digital reconheceu meu indicador. Dois seguranças estavam na porta, do lado de fora, armados. Essa era a nossa segurança inicial. Atravessei a sala, passando uma mão na nuca. Onde raios está o controle do ar? Franzi o cenho, reconhecendo o objeto lo
43 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Você consegue imaginar a besteira que alguém pode fazer sob influência do coração? Pois é, o meu coração, mais uma vez me traía, e eu estava me cansando dele. —Vicente... —Pus minhas mãos em seu peito e o afastei de mim, buscando seu olhar. Ele ainda estava com aquela expressão, totalmente envolvido no beijo quando eu o arranquei de seus delírios e desejos. Dei um passo para trás e visualizei a situação. Não era muito. Eu ainda estava tentada em saber por que ele queria tanto o meu perdão se pareceu revoltado durante aquele café da manhã. —Eu não posso beijar a minha noiva? Podia dizer pela tensão em seus ombros, e na forma como os seus lábios estavam apertados, que eu o tinha pressionado o suficiente pela nossa conversa. —Pode sim, mas não é como se agíssemos de maneira amena. Então, okay. Nós nos reconciliamos e esquecemos o que passou? Não vai falar sobre isso? —E eu não já falei? Ele expirou fortemente, levanto as mãos na cintura, em prote
44 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Eu me reconciliei com Vicente e resolvi ficar em paz com ele. Nós tínhamos que prosseguir com aquele relacionamento antes que ele me mostrasse todos os demônios acorrentados dentro dele e eu não ganhasse meu milhão que faltava. —Eu tenho que falar sobre uma coisa com você. —Confessou, abotoando a camisa de cor cinza, diante do espelho no canto do quarto. Meu silêncio indicava que ele prosseguisse, pois meus olhos ainda estavam em sua direção. —Meus pais estão voltando de viagem em dois dias, parece que eles viram as fotos sobre a festa que a Charlotte deu, e não gostaram muito. Sobrou tudo pra mim. —Ele me olhou por cima dos ombros, arqueando as sobrancelhas. —E isso é um problema? —Juntei as sobrancelhas no alto da testa, puxando as cobertas para me cobrir, ainda deitada na cama. —Sim, quando eles querem conversar com a minha irmã e eu. —Vicente se virou inteiramente para mim, e veio caminhando em minha direção. —Você acha que eles vão me culpar pelo que acont
[P.S: Leia as notas, antes de ler o capítulo] 45 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Nós nos levantamos daquela cama rapidamente. Vicente cantarolava distraído, andando pelos cantos da casa até o momento em que saímos. Minhas mãos suadas estavam se camuflando para dentro da jaqueta de couro, vermelha, na qual eu estava vestida e escondida. Paramos em frente á casa e eu ganhei a atenção de Vicente. Um Vicente preocupado. Um Vicente desentendido. —O que há? Por que parou de andar? —Ele se afirmou em minha frente e pôs as mãos sobre meus ombros. Parado diante de mim, seu sobretudo escuro balançava freneticamente pela força do vento gelado. Permaneci de cabeça baixa, com medo de ser descoberta, mas o polegar de Vicente logo alcançou meu queixo e inclinou minha cabeça, buscando meus olhos. —Você não é assim, o que tá acontecendo aqui? É sobre a Amanda? Porque se for, a gente não vai ver ela. Se isso te incomoda, Lisa Mary, eu mando que as enfermeiras cuidem dela e a levem para casa. Isso machuc
[Leia as notas, antes de iniciar a leitura do capítulo] 46 Vicente François ⤝⥈⤞ Por mais que eu tentasse e quisesse muito, meus olhos se fechavam, mas o interior das minhas pálpebras não projetou um sonho ou me induziram ao sono. Eu estava fadado a insônia. Com cuidado, virei Lisa para o lado e joguei os pés para fora da cama, me sentando para me levantar. Deixei o quarto escuro e logo, o meu corpo se abrigou á luz amena da luminária no canto da porta, mostrando o caminho. Caminhando pelo corredor no silêncio da noite, ergui as mãos que seguravam o celular e o meu rosto foi iluminado pelo brilho da tela enquanto eu mexia, pesquisando métodos de adormecer facilmente sem necessidade de fármacos. Sobressaltei sozinho quando senti o celular vibrar entre as mãos. Enfermeira... Rapidamente, atendi a ligação e me distanciei do quarto, tendo cuidado para não acordar Lisa Mary. Desci as escadas enquanto falava com a pessoa no outro lado da linha, até que chegasse á cozinha, gara
[Leia as notas, antes de ler o capítulo] 47 Vicente François ⤝⥈⤞ Recobrar a consciência é algo mais difícil, porém admirável, que alguém pode fazer quando está perdendo o rumo. Eu tive que fazer isso quando meus olhos encontraram os ponteiros do relógio grande em meu pulso, e eu tive que erguer a coluna novamente, soltando a mão de Amanda sobre seu peito. —Prometo que descobriremos o que houve com você, mas eu tenho que ir. Eu não posso lhe dizer que voltarei a visitar você, porque não vou voltar. —Respirei fundo, tombei a cabeça para trás e olhei para Amanda novamente. —Eu vou me casar, Amanda. Ela me fez superar todo o trauma que você me causou. A Lisa Mary tem sido alguém fiel, mas temo que ela saiba do que você sabe. Temo que ela me deixe quando ver quem eu verdadeiramente sou, por baixo dessa camada de serenidade e respeito. Meu bom coração pode não sobreviver ao miserável se abrigando dentro de mim, e ela é a minha única esperança de bondade. Duas batidas na port