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28 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Sempre temi que o vazio dentro de mim, pudesse me induzir a uma sulta demência, e eu me tornasse cada vez mais vulnerável. Baseado nisso, tratei de me proteger no interior das minhas camadas, tornando-me cada vez pior e desprezível. Essa era eu. Essa era a Lisa Mary criada exclusivamente de mim, para mim. —Você vai querer sair nas primeiras horas da manhã, Vicente? —Liguei a torneira cascata, esticando a mão para debaixo da água, sentindo o calor entre os dedos enquanto esperava, educadamente, pela resposta de Vicente. —Pretendo. —Seu tom de voz estava normal. Normal demais para quem estava triste há minutos atrás. Terminando de preparar o banho de Vicente, saí do banheiro e o encontrei sentado na beirada da cama. —Você não parece muito bem, tem alguma coisa que eu possa fazer por você? Senti pesar sobre os meus ombros a incerteza de seu olhar. Aparentemente ele estava mais perdido do que eu dentro de mim, mas precisava de ajuda. No entanto, se a sua
29 Charlotte François ⤝⥈⤞ Em total segurança eu, finalmente, fui levada para casa. O segurança Sebastian se manteve em silêncio durante todo o percurso e, logo, o comboio nos encontrou, assumindo o controle novamente. Pelo telefone ele soube, e eu também, que haviam sido apreendidos pelo menos oito bandidos; onde três foram mortos na rua vazia e estreita onde Sebastian e eu fomos encurralados. Foi apenas quando nós adentramos nas propriedades François e o comboio se desfez, que eu pude expirar forte na certeza de que eu estaria segura. —Nós chegamos, senhora François. —Sebastian tirou o cinto de segurança e desligou o carro. —Está se sentindo bem? —Ele falava comigo, olhando em meus olhos, mas eu ainda estava sem reação. O segurança sorriu minimamente e fechou os olhos por uma fração de segundos. Ele sabia que eu ainda estava em estado de choque e se compadeceu. Até que os abriu novamente e pôs a mão no puxador da porta do carro para sair. —Não! —Impulsivamente eu estiquei
30 Vicente François ⤝⥈⤞ Atendi a ligação, e pude ouvir o som da voz de Charlotte, trêmulo. —Charlotte? Como você conseguiu o número da Lisa? —Alguns segundos de silêncio me deixaram inquieto. —Eu estou falando com você- —Um número de telefone não é a coisa mais difícil de se conseguir, além do mais, você não deveria tá brigando comigo depois de eu ter passado pelo que passei, okay? —Ela parecia nervosa. —O que houve? —Desce, Vicente. Você precisa resolver um problema. Ela não se importou em esperar que eu respondesse e encerrou a chamada, me deixando em silêncio. Daquela vez, Lisa Mary teria que me perdoar, mas eu precisava encontrar a Charlotte. ⤝⥈⤞ Soltei o celular novamente sobre o divã e atravessei o quarto apressadamente. Descendo pelo lance de escadas, percebi a movimentação pouco comum na sala da mansão François, e encontrei Charlotte sentada na poltrona, de frente para a lareira, rodeada por dois detetives. —O que é isso aqui? —Minha voz alcançou a todos naquela sa
31 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Há um momento em nossa vida que nós nutrimos a certeza de que temos o controle sobre o caos a nossa volta, e de que estaremos prontos para quando o imprevisto acontecer. Acontece que é por isso que se chama “imprevisto”. Não conseguimos prever, e se não conseguimos prever, não podemos nos preparar para isso. ⤝⥈⤞ Meu despertar aconteceu quando ouvi a voz de Vicente no canto do quarto. Senti minhas mãos congelarem, mas precisava me manter no disfarce até que aquilo acabasse. Sem me acordar, ele teve a ousadia de sair do quarto, e me deixou sozinha. Foi quando ouvi o barulho da porta batendo, que joguei as pernas para fora da cama e me levantei correndo até o divã. —Porra, fala sério, Vicente. Você é mesmo intrometido... —Murmurava, checando as ligações recentes, até encontrar o nome de Charlotte brilhando entre as chamadas. Decidi então mandar uma mensagem. “Cuidado como fala quando ligar pra mim, já deu pra perceber que nem sempre eu vou atender.” No tédio, r
32 Lisa Mary ⤝⥈⤞ Eu estava lá, sentada no banco do motorista do meu Audi azul, dirigindo em alta velocidade até o hospital onde a ex do meu namorado estava internada. Meus pensamentos confusos quase me dominaram. Enquanto dirigia com as mãos no volante, rolei os olhos para o lado, cortando a atmosfera a minha frente. Ele estava com as duas mãos sobre as coxas, ignorando o cinto. Seus olhos encaravam o caminho através de sua janela, na qual ele estava apoiando a cabeça desde que havia entrado no automóvel. Por que você parece tão preocupado com ela, quando eu estou bem do seu lado agora? Por que eu me importo com isso? ⤝⥈⤞ Nós chegamos ao estacionamento do hospital sem demora. Bati a porta do carro ao descer, sentindo as batidas do meu coração afundarem o meu peito. Ele me esperou dar a volta no carro para lhe encontrar do outro lado, e nós demos as mãos, caminhando em direção à recepção. —Você está tremendo e a sua mão está gelada. —Comentei, erguendo o braço para alcançar o
33 Charlotte François ⤝⥈⤞ Balancei a cabeça para tentar embaralhar os pensamentos, mas eu realmente me sentia perdida dentro de mim. Se eu pudesse, naquele momento, ter aberto um zíper na pele das minhas costas e sair de dentro de mim, eu o faria. —Sebastian, é lindo que você tenha percebido os meus olhos e essa coisa toda, mas eu preciso entrar agora. —Ele quase sobressaltou quando piscou sem entender, me obrigando a explicar. —Parece estranho e você pode estar pensando “como ousa”? Mas, eu te explico. O problema está em mim, agora. Eu não estou bem e você não tem que se preocupar com isso. Muito obrigada pela rosa, ela ficará em minha cabeceira. —Respirei fundo, erguendo a cabeça. —Agora, pode ir. Ele franziu o cenho, espremendo os lábios sem entender. Porém, em sua confusão, ele se retirou em total silêncio e eu retornei para dentro da casa com o coração pesado. Nunca mais quero me enganar novamente, por mais que isso não signifique grandes coisas, eu simplesmente
34 Charlotte François ⤝⥈⤞ Uma viagem, era disso o que eu precisava. Em meu quarto, tomei um banho de espumas, solitária, e me deitei para descansar. Meus olhos mal se fecharam e uma imagem inusitada tomou conta dos meus pensamentos. Eu não percebi, mas quando acordei, me dei conta de que havia sonhado com o nosso segurança. Eu havia sonhado com Sebastian. —Porra, Charlotte. Tá carente mesmo, viu... —Ergui a mão ao rosto e passei os dedos entre os cabelos, olhando para as janelas. Ofegante, sentei-me sobre a cama e encarei a enorme TV diante de mim. Não estava em meus planos assistir. Dispensando o ar-condicionado, vesti um biquíni preto com uma saída de praia na cor branca, sobre os ombros, e saí do quarto rumo à piscina. ⤝⥈⤞ —Vocês poluem os meus pensamentos, sabiam? —Avistei Vicente deitado sobre a espreguiçadeira e Lisa com os braços apoiados na borda da piscina, encarando Vicente. Os dois conversavam sobre algo entre eles enquanto eu notei que o meu irmão pervers
35 Lisa Mary ⤝⥈⤞ “Senhores e senhoras do júri, culpem-me, se quiserem, mas então me digam: como é se sentir realmente necessária? Eu sei, eu estou extremamente bagunçada agora, mas quando eu me arrumo, consigo disfarçar melhor. —Eles me olhavam como animais sedentos, sentados atrás da divisão em madeira. —Eu sei que fui ruim, eu sei que fui uma idiota. Mas, eu já não poderia mais mandá-lo embora quando ele havia se tornado a melhor parte dentro de mim. Eu fui incapaz de fazer isso.” Suada e hiperventilando, me sentei assustada, na cama, e meus olhos grandes encararam o canto escuro no quarto. O coração estava disparado e a minha boca havia secado. Que raios de sonho foi esse? Pisquei continuamente, jogando os pés para fora da cama. As cortinas finas e brancas balançavam de lá para cá com o vento entrando pelas janelas. Caminhei em direção aquela sensação gelada, inspirando fundo. —Crise de consciência a essa altura do campeonato, não dá. —Falei sozinha, me aproximando da v