Capítulo 6
Para Miguel, aquele incidente não passou de um pequeno e desagradável episódio em sua rotina monótona, rapidamente engolido por seus muitos compromissos.

Mas, para Valentina, isso foi suficiente para romper a tranquilidade de sua vida, trazendo uma mudança radical.

Uma aventura de uma noite, para os nobres e poderosos, era apenas um passatempo após o jantar, algo que eles consideravam refinado, de bom gosto.

Mas, para as pessoas comuns, definitivamente não era algo aceitável.

Para ser sincera, para elas, apenas uma mulher sem moral se envolveria em algo assim.

Então, depois de uma situação dessas, Valentina não ousou contar à sua família. Ela não conseguia imaginar a reação deles, e não tinha coragem de enfrentar as fofocas e os julgamentos que viriam depois.

"Será que devo deixar essa situação passar como se nada tivesse acontecido?"

Ela não estava satisfeita, mas temia as consequências caso a verdade viesse à tona.

Depois de muito pensar, decidiu manter o ocorrido em segredo por enquanto e investigar por conta própria o que aconteceu naquela noite.

Mas algumas coisas não são fáceis de esquecer, mesmo que se queira.

Ela começou a ter insônia.

Desde aquele incidente, Valentina passou a ter sonhos com fragmentos de cenas desconexas.

Na cama, dois corpos entrelaçados.

Lençóis desarrumados.

Gemidos entrecortados.

E o olhar ardente de um homem.

Sempre que encontrava aqueles olhos nos sonhos, Valentina acordava assustada, o corpo encharcado de suor.

E depois, a noite em claro.

Nesse dia, assim que a aula terminou, Valentina tentou dormir um pouco. Helena, sua melhor amiga e colega de quarto, a cutucou levemente e sussurrou:

— Valentina, tem um homem te procurando.

Valentina esfregou os olhos.

— Quem?

Helena apontou para o homem de terno do lado de fora da sala. Quando Valentina seguiu o olhar dela, seu rosto empalideceu imediatamente. Ela já tinha visto esse homem antes.

Davi levou Valentina a uma cafeteria, um lugar de bom gosto, com uma atmosfera elegante e um ambiente tranquilo.

Ele tirou um cheque do bolso e o empurrou em direção a Valentina, sorrindo:

— Este cheque é seu. Você pode comprar roupas, cosméticos e outras coisas do tipo.

Valentina olhou para o cheque, sentindo uma estranha sensação de déjà vu. Ela abriu a boca, mas levou algum tempo antes de balançar a cabeça e dizer:

— Eu não quero.

A primeira reação de Davi à recusa de Valentina foi pensar que estava lidando com alguém difícil, alguém que queria mais do que estava sendo oferecido.

Hoje em dia, as estudantes são muito espertas.

Ele lançou um olhar ao valor do cheque e soltou uma risada:

— Srta. Valentina, o que quer dizer com isso? Não acha que cem mil reais é uma quantia considerável? Ser gananciosa demais pode te custar caro, sabia?

Valentina sentiu uma dor de cabeça intensa. Conversar com essas pessoas ricas era realmente difícil; eles tinham uma visão de mundo completamente distorcida.

Ela respirou fundo, tentando manter a calma, e disse pausadamente:

— Sr. Davi, acho que houve um mal-entendido. Eu não quero esse cheque porque ele não me pertence. Aquela situação em si foi um erro, então vamos deixar esse erro no passado.

Davi semicerrou os olhos:

— O que quer dizer com isso?

— Nós não pertencemos ao mesmo mundo, e acredito que não teremos mais nada a ver um com o outro no futuro. Eu não aceito esse cheque, mas também peço que não perturbem mais a minha vida tranquila.

— Você tem muita dignidade. — Davi arqueou os lábios em um sorriso frio, observando Valentina mais de perto, como se estivesse tentando determinar a veracidade de suas palavras.
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