Davi era extremamente astuto, um típico utilitarista que colocava seus interesses em primeiro lugar. Ao ver que Valentina não queria o cheque, ele não achou que fosse por uma questão de nobreza, mas sim que ela tinha outras intenções."Uma mulher que passou por uma situação dessas e não quer nenhuma compensação, como isso é possível?"Com certeza, isso era outra forma de tentar subir na vida.Davi sorriu, mas seu sorriso não tinha traço algum de alegria. Hoje em dia, as mulheres eram muito espertas e dominavam a arte de fazer joguinhos, e os homens caíam facilmente nelas. Se Valentina estivesse jogando esse tipo de jogo, ele teria que admitir que ela era uma mulher realmente perigosa.Se Valentina recusasse o cheque, certamente chamaria a atenção de Miguel. Quando tudo viesse à tona, ele não queria estar envolvido de jeito nenhum.Claro, se ele quisesse simplificar as coisas, bastaria resolver tudo com o cheque, mas ele temia que Valentina fizesse algum escândalo na frente de Miguel. A
— Pode ser? — Valentina levantou a cabeça, um tanto surpresa.Samuel viu que os olhos dela brilhavam e não pôde deixar de rir baixinho. Seu olhar caiu sobre Davi, que estava atrás de Valentina.— Mas, seu amigo...— Não tem problema! — Valentina respondeu imediatamente, mas logo percebeu que havia se mostrado entusiasmada demais e abaixou a cabeça rapidamente.Davi, que foi "vendido" na hora, ficou sem palavras.O retorno de Samuel foi como uma dose de força que instantaneamente dissipou todas as inseguranças de Valentina.Naquele momento, parecia que ela havia esquecido todos os desconfortos anteriores, e sua mente e coração estavam cheios apenas da imagem daquele homem por quem ansiava há tanto tempo.Mas logo, essa alegria se desfez completamente.Quando Valentina ainda estava impressionada com o fato de que um professor universitário como Samuel morasse em um bairro de luxo, ele a levou até a porta de casa e, ao abri-la, uma loira saiu correndo e deu em Samuel um beijo apaixonado,
O motorista não esperava que alguém surgisse de repente na frente do carro. Ele pisou no freio rapidamente, mas a distância era curta demais, e ele não teve tempo de parar. Só pôde assistir, impotente, enquanto a pessoa era atropelada e caía no chão.Devido à frenagem brusca, o carro balançou violentamente, e o homem sentado no banco de trás ficou momentaneamente perplexo. Ele perguntou em voz alta:— O que aconteceu?O motorista, com o suor frio escorrendo pela testa, se virou nervosamente e disse:— Sr. Miguel, parece que atropelamos alguém. — Enquanto falava, o motorista rapidamente abriu a porta e saiu correndo.O homem franziu ligeiramente as sobrancelhas, colocou os documentos de lado e também abriu a porta do carro.Uma rajada de vento frio e uma chuva incessante o atingiram assim que saiu do carro.Seus sapatos de couro, novinhos e brilhantes, ficaram respingados de água, mas ele não se importou. Olhou para a pessoa ajoelhada no chão à sua frente e, ao reconhecer o rosto dela,
Miguel não era uma pessoa carinhosa ou atenciosa. Enquanto os dois estavam sentados no carro, ele deixou que Valentina tremesse de frio sozinha, se sentando do outro lado, com a cabeça voltada para a janela, observando a chuva lá fora, como se houvesse algo de interessante na neblina.Depois que o carro avançou por uma certa distância, Valentina, ao ter certeza de que não encontraria Samuel, finalmente levantou a cabeça. Estava completamente encharcada, parecendo um tanto desamparada.Ela olhou cautelosamente para o homem bonito ao seu lado, se sentindo um pouco confusa. Hesitando, disse:— Pode parar aqui, por favor?Se seguiu um silêncio.Valentina achou que sua voz tinha sido muito baixa e que ele não a tinha ouvido. Quando estava prestes a repetir, a voz calma e controlada de Miguel soou:— Já que veio até aqui, venha para minha casa.Valentina ficou perplexa. Tinha a impressão de que esse homem estava entendendo tudo errado, mas não sabia como explicar.Na presença dele, ela insti
Miguel não fez objeções; disse algumas palavras breves ao telefone e depois desligou.Ele se aproximou dela, e a cada passo que dava, o coração de Valentina batia mais forte. Seu corpo inteiro ficava tenso, com a cabeça baixa, as mãos pressionadas sobre os joelhos, sem ousar emitir sequer um som.Ela odiava sua própria covardia, sentindo uma vontade crescente de se desprezar. Afinal, ela era a vítima, então por que sempre baixava a cabeça diante daquele homem?Na verdade, Valentina não precisava se preocupar tanto com isso, pois a maioria das pessoas se sentia ainda mais acuada na presença de Miguel.Algumas pessoas nascem com uma aura esmagadora, são reis por natureza, independentemente da época.Finalmente, Miguel parou em frente a Valentina. Ele estendeu o braço, e ela, assustada, encolheu a cabeça. Vendo isso, Miguel levantou uma sobrancelha. Será que parecia algum tipo de fera selvagem?Seu braço passou por Valentina, alcançando a cadeira atrás dela, que ele puxou para a sua frent
Miguel segurava um saco de gelo na mão, originalmente destinado a Valentina, mas, ao sair, viu a mulher se movendo silenciosamente em direção à porta."O que ela está fazendo agora?"Depois de tanto esforço para entrar em sua casa, não seria para tentar se reaproximar dele? Então, por que essa atitude de rejeição? Será que ela estava tentando usar aquela velha tática de "jogo duro"?Homens podem realmente cair nessa, mas se ela achava que repetindo esse jogo o tempo todo, iria conquistar seu coração, Miguel só podia concluir que aquela mulher era muito tola. "Se você não se importa com alguém, esse jogo de sedução não passa de um show ridículo aos olhos da outra pessoa."Ele continuou a observar Valentina enquanto ela caminhava até a porta. Assim que ela colocou a mão na maçaneta, um som estridente de alarme preencheu a casa.Valentina ficou paralisada de medo, seus pelos se eriçaram, e ela olhou ao redor nervosamente, procurando o botão para desligar o alarme.Logo, o som cessou. Val
Valentina acenou com a cabeça, nervosa, segurando a barra de sua roupa, completamente encharcada e desconfortável.— Eu não deveria estar aqui. Obrigada por me ajudar antes, mas não aparecerei mais na sua frente.Miguel parecia um pouco irritado, talvez porque Valentina não seguia a lógica convencional, o que o deixava sem entender suas intenções, ou talvez porque a visão das roupas molhadas de Valentina o deixasse com a boca seca.O que essa mulher está pensando? Ela apareceu na frente dele por acaso? Mas quem viria aqui sem motivo? E justamente esbarraria nele? Essa é uma área nobre, a cerca de vinte minutos de carro da zona residencial mais próxima. Se não tivesse uma intenção por trás, por que estaria aqui?Se a intenção era chamar a atenção dele, então, parabéns, ela realmente conseguiu.— Se você quer ficar ao meu lado, é melhor não jogar esse jogo de faz de conta. Cuidado para não ter o efeito contrário.— O quê? — Valentina ficou surpresa, virando o rosto. — Senhor, você está e
Do lado de fora, a tempestade rugia com trovões e relâmpagos. As nuvens escuras cobriam o céu como se o fim do mundo estivesse chegando.Valentina, com o tornozelo torcido, caminhava com dificuldade ao longo da calçada, enfrentando a chuva intensa. A água caía tão forte que ela mal conseguia manter os olhos abertos, e seu corpo já estava encharcado várias vezes, mas ela não reclamou nem por um momento, pois essa era uma escolha que ela mesma havia feito.Depois de andar por algum tempo, Valentina de repente sentiu que algo estava faltando.O rosto de Samuel passou rapidamente por sua mente, e ela parou bruscamente, com a expressão subitamente sombria.Droga! Ela havia esquecido os documentos que o Professor Samuel lhe entregara na casa daquele homem!"Por causa da discussão acalorada de antes, acabei deixando os documentos de lado. E agora? Devo voltar para buscá-los?"Mas ela realmente não queria ver aquele homem arrogante novamente.No entanto, aqueles documentos eram confidenciais e