Helena, que estava esperando do lado de fora há um bom tempo, arregalou os olhos de surpresa ao ver aquela pilha de referências bibliográficas, com a boca aberta como se pudesse engolir um ovo. — O Professor Samuel acha que você é uma máquina? Ele não sabe que a gente é humana? — Helena gritou indignada na direção do escritório. — Fique quieta, cuidado para ninguém ouvir. — Valentina fez um gesto para que ela se calasse. Helena fez uma careta, mas não resistiu à tentação de fofocar: — O Professor Samuel não te deu uma bronca? Valentina balançou a cabeça. — Não, ele só perguntou por que eu não voltei para o dormitório ontem à noite e disse para eu tomar cuidado. — Não pode ser! — Helena exclamou, claramente incrédula. Valentina ficou surpresa e perguntou curiosa: — O que houve? Helena olhou ao redor como se estivesse em território inimigo, se certificando de que não havia ninguém por perto, então sussurrou: — Você não sabe, quando o Professor Samuel descobriu que v
Vamos acompanhar as duas situações. Valentina estava inquieta, temendo que a verdade pudesse ser descoberta, enquanto Davi também estava ansioso após o telefonema de Miguel. — Sr. Davi, por favor, entre. — O secretário Henrique, que estava ao lado de Miguel, disse educadamente. Desde que recebera a ligação de Miguel naquela manhã, Davi sentia um mau pressentimento. Com um sorriso diplomático, ele perguntou: — Henrique, o que o Miguel quer comigo? Henrique ajustou os óculos, seus olhos revelando um brilho astuto, e riu baixo: — Como podemos nós, subordinados, adivinhar os pensamentos de Miguel? No entanto, Sr. Davi, se ainda deseja manter relações com o Sr. Miguel, seria melhor ser sincero e não esconder nada. Ao ouvir isso, a expressão de Davi mudou instantaneamente. Quando olhou novamente para Henrique, viu um sorriso enigmático no rosto do outro, como se fosse uma raposa, mas tentar arrancar alguma informação dele seria inútil. Davi, nervoso, ajustou a gravata antes de
Em um café vazio.— Rafaela, o que você realmente quer? — Valentina estava com o rosto ligeiramente pálido.Do outro lado da mesa, Rafaela brincava com suas unhas vermelhas e disse calmamente:— O que você quer dizer? Você fez algo tão vergonhoso e ainda quer enganar o Professor Samuel por quanto tempo?— Como eu enganei o Professor Samuel? — Valentina respondeu friamente.Ela estava internamente nervosa, mas sabia que não podia se deixar abalar. Como Rafaela não havia revelado tudo, ela precisava extrair mais informações aos poucos.Os olhos estreitos de Rafaela, cheios de veneno, se fixaram em Valentina como uma lança afiada.— Você esqueceu seletivamente o que aconteceu naquele dia no hotel? Valentina, se você teve coragem de fazer algo tão vergonhoso, por que não admite?— Eu não sei do que você está falando. — Valentina virou o rosto, fingindo ignorância.Ao ver que Valentina não admitia, Rafaela ficou um pouco irritada.— É melhor você confessar tudo ao Professor Samuel. Eu ainda
Sexta-feira.Às três da tarde, a pessoa que veio buscar Valentina chegou pontualmente à porta da sala de aula.Naquele momento, Valentina ainda estava em uma aula pública, quando um jovem de aparência executiva, vestido com um terno preto, apareceu à vista de todos na porta da sala. O professor que estava dando aula para Valentina era conhecido por seu temperamento difícil e, ao ver alguém espiando na porta, saiu com uma expressão carrancuda.Os estudantes, que estavam sonolentos, esticaram o pescoço para ver o que estava acontecendo do lado de fora. Então, viram o professor entrar com uma expressão nada amigável e gritar para os alunos na sala:— Quem é Valentina? Alguém está procurando por você!A voz do professor era bastante alta, e com aquele grito feroz, todos os olhares, tanto dos que estavam interessados quanto dos que não estavam, se voltaram para Valentina.O rosto de Valentina ficou tão vermelho que parecia que iria gotejar sangue, e até seu pescoço adquiriu um leve tom rosa
"Você não acha que precisa?" Os olhos âmbar de Valentina encaravam fixamente o homem elegante ao seu lado, sem conseguir pronunciar uma palavra. A frase anterior de Miguel continuava ecoando em sua mente. Por causa daquele acordo completamente irracional, até mesmo sua liberdade pessoal seria tirada? Por quê? Só porque ela o odiava? Que absurdo! Mas argumentar com Miguel era completamente inútil. Pelo comportamento das pessoas ao redor dele, ficava claro que o Sr. Miguel estava acostumado a ser o centro do universo, sem se importar com os sentimentos dos outros. Discutir com ele só faria com que ela se sentisse pior. Valentina tentou acalmar suas emoções e, com serenidade, perguntou: — O baile não começa só à noite? Por que me fez sair tão cedo? Miguel lançou um olhar de desprezo para Valentina, avaliando ela dos pés à cabeça, e devolveu a pergunta: — Você acha que, com essa aparência, pode comparecer a um baile de alto nível? O que ele quis dizer com "essa aparênci
O ar na suíte VIP estava impregnado com um clima ambíguo pós-prazer, e as roupas estavam espalhadas desordenadamente pelo chão, criando um cenário caótico.Na cama de casal, os lençóis cobriam precariamente os corpos adormecidos de um homem e uma mulher, mal escondendo suas partes íntimas.Um som de batidas apressadas na porta ecoou, fazendo com que Valentina franzisse suas belas sobrancelhas, se virando desconfortavelmente.Ela sentia uma dor de cabeça terrível e um desconforto muscular insuportável, como se algo a tivesse esmagado. Tentou levantar a mão para massagear a cabeça, mas só então percebeu, com um atraso, que havia algo quente se pressionando firmemente contra ela.Valentina Santos despertou com um sobressalto, seu corpo se enrijecendo como uma estátua. Olhou mecanicamente para baixo e viu uma grande mão de articulações bem definidas repousando sobre seu peito.Seu couro cabeludo imediatamente formigou, e um terror crescente começou a dominar seu coração. Incapaz de conter
As pessoas respiraram aliviadas como se tivessem recebido uma ordem de perdão e correram em direção à porta, como se, permanecendo mais um segundo, fossem devoradas por uma fera feroz.Valentina também se apressou em pegar as roupas espalhadas por toda parte, com a mente em completo caos, instintivamente querendo sair daquele lugar de problemas, com uma mão ainda segurando firmemente o lençol contra o corpo.Miguel não se mexeu; apenas a observou em seu estado de desespero e desordem. Através das costas semi-nuas de Valentina, ele pôde ver claramente as marcas vermelhas de várias intensidades em sua pele delicada e imaginou que havia ainda mais à frente. Essas imagens o incomodavam. Ele a chamou, e a voz fria novamente ecoou nos ouvidos de Valentina:— Ei!O movimento de Valentina parou abruptamente, e ela começou a tremer. De costas para Miguel, ela não ousava mais olhar para ele.Ela estava tanto assustada quanto desamparada. Ontem, tinha certeza de que estava com seus colegas de cla
"Criminoso? Cliente de prostituição? Ou um pervertido?"Ela estava tão apavorada que não ousava continuar pensando. Abriu o chuveiro, deixando a água fluir por todo o corpo.As marcas de beijos em sua pele se tornaram ainda mais vermelhas sob a água corrente, como rosas desabrochando, evidenciando o quão intensa fora a noite passada. No entanto, quanto mais pensava nisso, mais Valentina sentia seu corpo tremer incontrolavelmente.Ela sentia que seu mundo estava desmoronando, enquanto aquela pessoa que sempre idealizou se afastava dela.Seu corpo escorregou lentamente pela parede do banheiro, e Valentina, como uma criança desamparada, se encolheu, com apenas um pensamento em sua mente:Ela estava acabada.Do outro lado, Miguel já estava completamente vestido; exceto pelo cabelo um pouco bagunçado, nada indicava que ele acabara de acordar. Ele estava sentado no sofá ao lado, com suas longas e elegantes pernas cruzadas sobre a mesa de centro, brincando com um pingente de corrente de prata