CristinaEsquentei as panelas e já deixei tudo pronto para minha mãe, assim ela não teria que fazer nada. Me preocupo que se queime com a visão tão turva como ela está esses dias. E como é teimosa, espera que eu saia para fazer as coisas.Preciso urgente encontrar uma vaga para a cirurgia dela, mas o sistema de saúde está sobrecarregado. Me lembro de dona Laura. Seria bom ir até lá.— Mãe, eu volto daqui a pouco. Vou dar uma olhada na pressão da dona Laura e também aproveitar para ela me rezar um pouco.— Vai sim, filha. É sempre bom.— Deixe que eu preparo seu prato para a gente almoçar juntas - fui saindo da cozinha — Não vou demorar, viu.— Está bem.Troquei de roupa. Tirei o short curtinho que uso por uma bermuda maior. Prefiro evitar certas coisas. Apesar de saber que muitos me conhecem por aqui, vira e mexe tem alguém diferente na área e não confio.O certo seria que uma mulher pudesse ir e vir sem problema algum, em qualquer lugar, mas a realidade era outra. Então, como não ten
NortonEu sabia que aquele lugar não era meu quarto, apesar de muito bonito. Pisquei os olhos por causa da claridade que vinha da janela próxima. Virei a cabeça e senti uma pontada fina. Coisa da bebida, claro.Fechei os olhos de novo e respirei fundo para diminuir a sensação de peso na cabeça e estômago um pouco enjoado. Sinto muita sede e um gosto ruim na boca.Porra, estou de ressaca.Esfrego os olhos. Eu nem me lembro de ter bebido tanto ao ponto de ficar assim, mas pelo jeito foi o que fiz. Merda! Passei do ponto.Abro um olho e depois o outro devagar, focando nas cortinas claras que balançam com o vento que entra. Meu braço direito está dormente e tento mexer um pouco, mas um peso me impede.Percebo que é a garota da noite passada, deitada por cima dele. Estava nua e claro que eu fiz um esforço para erguer a cabeça e dar uma geral nela para conferir se eu não estava muito bêbado ontem.Era bonita. Corpão, completamente jogada por cima de mim. Com certeza tão bêbada quanto eu est
Parte 1...CristinaEu já estava saindo do escritório onde deixei as fichas dos pacientes fixos que tinha visitado e toda a lista de medicamentos que tinha usado, marcando cada unidade com sua quantidade exata.Patrícia iria rever tudo depois e dar a baixa. Segui para a ala das enfermeiras para tomar um banho e me trocar. Teria que enfrentar o ônibus até a casa de Tereza.Abri meu armário, falei com as colegas que estavam chegando para o turno e puxei a sacola grande com minha muda de roupa. Trouxe também um frasco pequeno de perfume que eu guardo para quando vou a um lugar diferente. Aqui no trabalho eu só uso alfazema mesmo. Eu gosto do cheiro e é mais barato do que um perfume de marca. Em casa uso sempre uma colônia fresquinha que eu adoro. Meu celular tocou. Era dona Pauline.Ela quase não ligava para mim. Será que estava ligando para desmarcar o jantar? Ai, se fosse seria ótimo porque eu já ia direto para casa e me jogava no sofá para assistir minhas séries. A noite prometia se
Parte 2...Me virei e vi Pauline se aproximando com um sorriso. Me deu um beijo no rosto.— Que bom que veio - apertou minha mão — Está tudo bem?— Está sim, obrigada - ajeitei o cabelo atrás da orelha e puxei mais o prendedor.— Olha, eu tenho que lhe mostrar algo antes. Venha comigo.Ela saiu e eu a segui. Então não seriam essas as almofadas, talvez outras. Eram tantas salas que com certeza ela teria vários tipos diferentes de almofadas. Talvez fosse uma encomenda grande.Ela me olhou e sorriu de novo. Foi na frente e eu atrás, passando pelos outros cômodos. Subimos por uma escada larga, com degraus de mármore. Passamos para o outro piso e ela seguiu por um corredor.Parou em frente a uma porta creme e abriu, me mandando entrar. Eu fiquei receosa. Seria uma biblioteca da casa ou algo assim?Só que ao entrar eu vi que era um quarto. Tinha a decoração delicada com tons claros e uma cama de ferro decorado com colchão alto, coberto por uma colcha muito bonita cheia de detalhes em renda.
Parte 1...NortonEngraçado. Quando eu pensei na amiga que viria aqui para jantar com minha mãe, eu imaginei uma senhora assim como ela. Talvez uma amiga do clube de livros que ela faz parte ou então uma daquelas do bingo que ela participa.Jamais pensei que seria essa amiga. Desse jeito, com esse rosto. Se eu soubesse que seria justamente a garota que eu pretendo transformar em minha namorada de fachada, eu nem teria reclamado. Mas isso também pode me ajudar na mentira.Esse criatura sentada à minha frente parece até uma adolescente. Será que ela tem mais de vinte anos? Ela parece um pouco tímida e sem graça. Claro, de tanto que eu a encaro.Mas é que estou me coçando para ficar com ela à sós e poder jogar meu plano em seu colo. Para isso preciso de um tempo sem minha mãe por perto.Será que ela aceitaria sair comigo depois do jantar? Eu poderia levá-la para um barzinho onde poderia conversar com calma. Tenho que analisar por onde começo e como fazer minha proposta.Me parece nervosa
Parte 2... — Vamos? - estiquei a mão — Só uma taça e depois você volta para continuar a conversa com mamãe - dei um sorriso enorme. Ela ainda receosa, respirou fundo e segurou minha mão, levantando e me deixou guiá-la até a adega que temos aqui nessa parte da casa. Temos outra no fundo, mas é muito maior. Abri a porta e ela entrou. Indiquei um banco de madeira comprido que ficava ao lado de uma mesinha e ela sentou, ajeitando o vestido. Agora dá para ver suas pernas. São bonitas, torneadas e lisinhas. Peguei as taças e coloquei em cima da mesinha e fui escolher um vinho, não que isso importasse agora. Ela não entendia de bebida e todos ali eram excelentes. — Me fale sobre você um pouco - sorri e abri a garrafa. — O que quer saber? Ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e o movimento realçou seus seios. De imediato eu pensei em descer a boca sobre eles e sugar seus mamilos, enquanto esfregava meu corpo contra o dela. Já estou tendo muitas ideias do que fazer com essa gr
Parte 1...CristinaEu não sei se fiz certo em aceitar que ele me trouxesse. Me parece que tem um ego inflado. Onde já se viu, querer usar um carro como aquele na periferia?Mesmo esse utilitário que estou agora já chama atenção. A maioria das pessoas e de meus vizinhos são gente boa, gente honesta que trabalha muito, mas tem a outra parte que não vale nada e vira e mexe tem polícia passando por lá.E ele mesmo falou mal de onde moro no jantar. Como pode então, querer usar um carro chamativo? Só pode ser porque se acha demais.Ele quase não parecia com Pauline. Não cheguei a conhecer seu marido, mas talvez ele tivesse puxado mais para ele. Tinha um olhar penetrante que parecia que ia me deixar nua no primeiro deslize meu.Fiquei um pouco incomodada, apesar de o achar muito bonito, mas isso não quer dizer nada. Tem muitos homens que eu acho bonitos. Porém, o modo dele se portar, muito altivo e até um pouco esnobe, meio que me atrai também.Evitei falar muito. Só disse o melhor caminho
Parte 2...— Não, o filho da Pauline me trouxe até aqui.— Ai, que bom. Eu fico preocupada, filha.Ela me olhou e tentou focar em mim, querendo ver o que eu usava. Como sua vista estava péssima ela se inclinou e tocou no vestido.— Que roupa é essa?— Foi a Pauline quem me deu - dei um giro — E os sapatos também - balancei os sapatos na frente dela — Fiquei surpresa, mas adorei.— Que bonito - esticou a mão e alisou a renda — Esses detalhes são muito delicados. Que gentileza da parte dela. E você agradeceu?— É óbvio que sim, né mãe - abri os braços e fiz uma careta.— Sei lá, você é toda cheia de frescuras.— Nada a ver. Eu só não gosto de ficar recebendo esmolas.— Ai, minha filha, não seja assim. Isso é orgulho também.Pode até ser, mas depois de crescer levando um monte de desaforo na cara, sem conseguir coisas básicas, tendo que me virar em três para conseguir o mínimo que preciso, eu acho que tenho direito sim, de ter um pouco de orgulho.— Mãe, eu não sabia que a Pauline tem tr