Parte 3...Estava sentada no banquinho em um canto do refeitório, dando um descanso para minhas pernas, depois de passar o dia inteiro de pé. Haja pomada para cansaço para espalhar nos pés.Agora ainda tenho vinte minutos antes de começar o turno da noite. Eu acho até bom porque é mais tranquilo, com exceção de quando acontece algo que mude a rotina, mas no geral fica mais tranquilo.O agito sempre fica mais no pronto-socorro quando chega algum paciente novo que precisa de cuidado imediato. Aí não tem jeito. É um entra e sai sem fim. E aparece de tudo por lá. É uma coisa que eu morro de medo. Gosto de trabalhar no turno da noite porque paga mais, apesar de emendar com o dia e isso é bem cansativo, mas cada noite que trabalho minha poupança aumenta para minha faculdade em breve.Só que hoje eu não estou muito atenta como sempre sou. Minha mente ainda está no beijo que Norton me deu e no que vou dizer a ele.Simone se aproximou e sentou ao meu lado, beliscando um lanche que comprou na
Parte 4...Eu não gosto disso. Nem passava por minha cabeça voltar a vê-lo tão cedo e não gosto de falhar. A Simone ia voltar comigo. Entrei no carro e prendi o cinto, ajeitando a bolsa no colo.Meu coração disparou quando ele entrou e fechou o cinto, sua mão tocando em minha perna. Respirei fundo para me controlar. Tudo bem, era só uma carona de volta para casa.Vi que ele passou para o outro lado, fazendo a volta.— Está indo na direção errada.— A gente vai dar uma volta antes. Quero saber o que resolveu.— Não posso. Tenho que voltar logo, minha mãe está me esperando - cruzei as mãos.— Não vamos demorar - me olhou sorrindo — De ônibus iria levar o que... Uma hora e pouco para chegar?— Sim... Por aí - torci a boca.— Então, tenho uma hora livre com você. Não pode me negar.Eu o encarei e ele piscou o olho pra mim, fazendo meu sangue correr mais rápido e aquecer meu corpo. Comecei a ficar ansiosa.Quando fico muito ansiosa e isso me causa estresse, sempre acabo começando com tique
Parte 5...A garota me disse um tchau e se foi. Credo, que vergonha. Se fosse comigo eu iria ficar “p” da vida. A garçonete chegou com os pedidos. Tudo muito bonito e cheiroso. Arrumou os pratos em nossa frente e saiu.Nossa, já na primeira mordida eu já senti a delícia que era. O sabor forte do chocolate. E o shake, tão gostoso, cremoso. Poxa, se eu pudesse tomaria um desse todo dia.Ele tinha razão, eu gostei e muito. Acho até que fiz uma cara engraçada comendo porque ele começou a rir.— Eu te disse que era bom.— Verdade... Hum... Nossa... - arregalei os olhos.— Tem coisas na vida que são assim - se inclinou para mim — A gente tem que provar na hora certa para sentir o sabor - riu malicioso — E algumas são tão boas, que a gente quer repetir de novo e de novo...O jeito que ele falou me lembrou logo da Simone. Era bem assim que ela falava. Sobre sexo. O encarei descofiada. Estava falando da torta ou de sexo?Ele mordeu o donuts e depois lambeu o lábio que ficou cheio de cobertura,
NortonEu não sei se avancei antes do tempo ou se foi só o charminho inicial que todas gostam de fazer. Não acredito nessa santidade que minha mãe pregou sobre ela.Esse jogo é antigo. Gato e rato. Elas fingem que não estão interessadas e nós fingimos que caímos nessa. Não estava nada fora do normal. Tudo seguia de boa, conversamos, comemos, como se fosse um encontro normal. Geralmente é assim que começa.Mas, tudo bem. Vai ser até bom, um novo desafio. Faz tempo que eu não tenho um. Está tudo muito fácil. Às vezes nem preciso me esforçar para que a mulher caia na minha cama. Ou no sofá, no carro. Isso depende do momento e da tara.Até que ela me deixou excitado com esse joguinho. Nem me lembrava que era tão divertido assim. Liguei o carro e um cara bateu em minha janela. Se abaixou e perguntou se eu estava perdido, mas entendi pelo tipo dele, que poderia ser outra coisa. Não era mesmo um bom lugar para deixar parado um carro como esse. Chama atenção.Acelerei e saí dali, pensando qu
Parte 1...CristinaJá era quase meio-dia e eu só tinha tirado um cochilo pequeno depois de tudo que aconteceu essa manhã. Até queria dormir, mas fiquei com a cabeça cheia com a imagem do Norton me beijando e isso vinha até em meu sonho para me perturbar.Acabei ficando ansiosa de novo e decidi levantar para fazer alguma coisa que me tirasse a atenção dele.Minha mãe estava se sentindo enjoada, com o estômago doendo, então lhe preparei um chá de camomila que acalma um pouco o mal estar. Coloquei alguns lençóis na máquina de lavar e graças a Deus ela funcionou.Ficou mais de uma semana parada, mas o nosso vizinho lá de cima que trabalha com isso, veio aqui e mexeu nela. Não garantiu que iria continuar a funcionar por muito tempo, porque estava velha já.Pra mim ajuda muito nas tarefas de casa e também porque eu preciso para manter minha roupa do trabalho sempre perfeita. Não dá pra ficar lavando roupa pesada no tanque. Haja mão para esfregar.Levei o chá para mamãe que estava na sala,
Parte 2...— Ah... Porque ele me trouxe aqui, foi gentil... Sei lá, mãe - passei por ela — Essa gente rica tem costumes diferentes.— Cristina, tenha cuidado com esse rapaz - ela veio atrás de mim — Ele nunca para com uma mulher só. Eu sei porque a Pauline sempre reclama disso para mim.— Mãe, eu não estou com ele, não exagere. Foi só um gesto educado - peguei um vaso para as flores — Vai ver ele fez isso só porque sou filha de sua amiga, nada mais.Ela me olhou meio de banda, desconfiada. Senti vontade de contar sobre o beijo, mas depois desisti. E se eu contar e ela falar para Pauline? Pode criar uma situação chata entre elas.Melhor não, deixo como está. Eu nem mesmo sei o que foi isso ainda. Não o conheço bem para saber como ele age. Abri o embrulho das flores e enchi o vaso. Arrumei com cuidado as flores dentro e deixei na mesinha perto da tevê da sala.— Agora vamos almoçar?— Eu ainda não entendi esse gesto dele.Minha mãe puxou a cadeira e sentou. Eu coloquei o que faltava em
NortonEu estava terminando de me arrumar, penteando o cabelo quando ouvi a voz toda alegre de minha mãe. Abri a porta do quarto.— Quem chegou? - perguntei para a empregada que passava.— Seu irmão - ela respondeu — O Normando.Aí eu entendi a animação dela. Se minha mãe pudesse, nós nunca teríamos saíde de casa para morar fora. Mas não dá pra ficar adulto e continuar morando com a mãe.Peguei meu celular e desci para encontrar meu irmão.— Ei, vagabundo - brinquei com ele e lhe dei um abraço.— Fala, abusado - riu e me bateu nas costas.— Eu hein, que modos de vocês dois.Começamos a rir. Para minha mãe nós somos crianças ainda.— Como foi a temporada?— Você não viu? Fala sério, porra. Nem mesmo uma vez?Minha mãe deu um tapa no ombro de Normando por causa do palavrão. Comecei a rir. Já estou acostumado com isso.— Eu só consegui ver cinco cidades, as outras não deu - fui até o barzinho — Os horários são muito diferentes. Eu trabalho sabe? Não tenho tempo de ficar vendo desfile de
Parte 1...CristinaEu estava terminando de preencher os relatórios para guardar no arquivo. Já tinha passado tudo para o computador, mas a clínica gostava de ter tudo em dobro, o que acho certo. Vai que o sistema tem uma falha e se perde tudo?Assim que passei pela porta fui quase arrastada por Simone, para um canto do corredor.— Que diabo foi isso? - reclamei e ri — Eu quase caí.— Eu que vou cair daqui a pouco, de cara no chão, se você não me falar o que aconteceu depois que eu saí.Franzi a testa e então me lembrei. Ela falava da carona.— Nada - ajeitei o cabelo que escapava da presilha — Ele me levou em casa, eu agradeci e pronto - me virei e ela me puxou de volta.— Tá doida?— Doida nada - falou baixinho — Um homem daquele e você me diz que ele apareceu do nada, só pra te dar uma carona?— É... Basicamente - apertei os lábios.Eu não quero contar que ele me beijou ou Simone vai ficar doida de vez e me encher de perguntas. Imagina se souber que me deu flores e disse que me que