CristinaMeu horário no trabalho acabou e eu me arrumei para sair, esperando encontrar Norton.Achei que ele estaria no estacionamento como da outra vez, me esperando parado ao lado de um de seus carros de luxo. Mas isso não aconteceu. Fiquei olhando em volta e nada. Não o vi.Minha decepção foi tão grande que ficou estampada na minha cara. Simone segurou meu braço me dando apoio.— Não esquenta com isso, Tina. Ele também tem que trabalhar e ainda mais que é o dono da empresa. Vai ver não deu pra te avisar.— Será? - meu queixo tremeu.— Liga pra ele.— Não dá... Eu esqueci de pedir o número dele.A cara dela foi de crítica.— Ai, amiga. Sério? Então liga pra mãe dele.— Não quero incomodar - franzi o nariz.— Que nada - gesticulou — Ela gosta de você e com certeza ela gostou de saber que vocês estão namorando.Senão teria dito algo.Torci a boca de um lado para outro. Não tenho certeza disso.— Eu não sei se somos namorados realmente.— Afe! - suspirou impaciente — Depois desse fim de
Norton Quando cheguei em casa ouvi minha mãe conversando com alguém e para minha surpresa era Cristina.O que ela tinha vindo fazer ali de novo? Eu ainda iria procurar por ela para acertar os pontos.Bati de leve na porta e entrei. As duas estavam sentadas na cama mexendo em alguns retalhos. Acho que é alguma invenção de minha mãe, mas se não me engano ela tinha encomendado algumas almofadas novas para Cristina.Encostei na porta e olhei para ela que pareceu feliz ao me ver, abrindo um sorriso enorme. Eu nem estava pensando em vê-la agora.— Oi! - foi só o que disse.— Oi - ela sorriu de novo. Parce que ficou animada com minha presença. O que estou acostumado. Muitas mulheres ficam felizes ao me ver.— Hoje você demorou, filho - minha mãe veio até mim e me deu um beijo no rosto — Eu vou ver como vai ser o jantar mais tarde. Fique à vontade, querida. Eu volto já - saiu carregando umas fitas.Ela levantou e veio até mim. Se esticou na ponta dos pés e me deu um beijo, que deveria ser n
CristinaA minha decepção foi tão grande que não me contive. Assim que dei alguns passos para fora da mansão de Pauline dei um grito de raiva que estava contido em minha garganta e deixei as lágrimas saírem livres. Eu não acredito que levei tanto tempo me segurando para não fazer merda e dei um passo em falso justo com Norton. Justo com um dos filhos da melhor amiga de minha mãe e que desde que eu me entendo por gente, sempre está ao lado dela.Caminhei até o ponto de ônibus, que por sinal é longe, de braços cruzados e chorando. Estou revoltada. Só não sei ainda se tenho mais raiva dele ou de mim mesma.Ainda bem que vi o ônibus se aproximar e dei uma corrida para chegar a tempo no ponto. Quero me afastar daqui o mais rápido possível e nunca mais piso na casa de Pauline, por melhor que ela seja comigo.E como vou contar isso para minha mãe? Eu não posso deixar que meu erro influencie na amizade dela. Seria mais um erro de minha parte e eu não quero isso. As duas não têm culpa de Nor
NortonA cara de minha mãe não é nada boa, mas eu não vou ficar esquentando com isso. Se ela pensa que vai me fazer setir remorsso por ter curtido um fim de semana com a Cristina, pode esquecer.Caramba, já se passou uma semana e ela ainda está sem falar comigo. Até quando isso? Que infantilidade. Depois reclama de mim.Eu quase não parei em casa esses dias para evitar discussão de novo. Já sei o que ela vai dizer. Vai me chamar de sacana e de um monte de coisas e depois dizer que agi errado e que sou uma decepção.E olha que é minha mãe. Eu achava que deveria ficar ao meu lado, mas ela prefere ficar ao lado da outra lá. Como se eu tivesse destruído a vida dela. Quanto exagero.Tudo bem, eu poderia não ter cismado com a garota e deixar que ela vivesse sua vida como sempre, mas não consigo resistir a um desafio e foi minha mãe quem começou. A ideia de trazer Cristina aqui e depois jogar na minha cara que era virgem, foi que me instigou.Meu instinto predador falou mais alto. Eu tinha q
CristinaDois meses depois...A vida é cheia de altos e baixos. Vivi meus dias de sonho ao lado de Norton e depois de pesadelo quando ele me dispensou de uma forma fria e sem respeito.Voltei à mesma rotina de antes. Conversei muito com minha mãe e juntas decidimos que isso não deveria afetar a amizade dela com Pauline. Eu prefiro assim. O que aconteceu entre ele e eu não vai mudar o que eu sinto por Pauline, ela é uma boa pessoa e não tem nada a ver com o comportamento ridículo do filho.Evitei falar sobre o tal plano dele em ter um namoro fake, acho que seria demais para ela e poderia criar um problema maior. Deixa como está. A vida vai tomar seu rumo.Costurei as almofadas dela que ficaram muito bonitas e ela me pagou a encomenda. Aceitei o dinheiro porque preciso.Pauline continuou nos visitando como sempre fez, como se nada tivesse acontecido. O nome de Norton não era comentado entre nós e eu fiz questão de que ela se sentisse bem como sempre. Nunca a destratei ou sequer fechei a
NortonTrês meses depois...A casa de minha mãe se tornou um lugar chato para ficar.Ela ainda insistia em me tratar com frieza, mesmo após três meses decorridos desde a última aparição de Cristina aqui. Realmente ela nunca mais me procurou depois daquele dia.Até cheguei a pensar em procurá-la depois que falei com o Normando, meio que para amenizar a confusão dela, mas acabei desistindo porque ela poderia achar que eu queria retomar um caso e deixei passar. Sei que eu deveria fazer isso, era o certo, mas acho que se fizer isso sem ter uma ideia definida do que sinto por ela, vai ser pior.Porque nem eu sei o que sentir agora. Nos primeiros dias fiquei puto com o modo como minha mãe me tratou, até fiquei um dias no meu apartamento e só depois voltei pra cá, mas com a passagem dos dias eu fui parando pra pensar um pouco e até que hoje dou razão ao meu irmão.Acho que o que eu fiz foi um ato de egoímos e foi muito feio de minha parte brincar com os sentimentos dela. Eu poderia ter chama
CristinaA vida era mesmo uma loucura. Acho que venho pensando isso demais nos últimos tempos. Olhando para minha barriga, agora consigo ver sinal de que tem um bebê crescendo dentro de mim e estou tão feliz e assustada que nem sei medir o quanto. Depende do dia.Tem dias que estou nas nuvens, me imaginando como mãe, organizando as coisas, cuidando de meu filho. Outros dias me pego desesperada por ser mãe de primeira viagem e ter que aprender sozinha como criar uma criança nesse mundo cada dia mais louco.Estou entrando na décima segunda semana de gestação. Minha barriga já está redondinha, ainda que baixa e dura. Se estiver usando uma roupa folgada nem dá para perceber.Foi muito difícil para mim nas duas primeiras semanas após descobrir que estava grávida. Fiquei com muita vergonha do que as pessoas iriam falar sobre mim, mas depois superei isso. Quem gosta mesmo de mim não vai me julgar por um erro e quem não gosta, vai achar defeito o tempo todo, então não tenho que ficar preocup
Norton A primeira vez que eu vi Cristina, achei que fosse bonita e diferente, só não imaginei o quanto. O desafio que ela representou para mim me fez criar um plano de sedução. Achei que depois de conseguir o que queria, eu a deixaria de mão e voltaria à minha vida normal.Não foi bem assim. Esse tempo todo eu ainda penso nela. Às vezes tenho raiva porque me envolver com ela mudou meu relacionamento com minha mãe. Já tem um tempinho que não fico direto na casa dela, apenas passo por lá e ainda assim, fico mais de conversa com o Normando quando está em casa. Aos poucos ela fala comigo mais calma, estou percebendo a mudança, mas está demorando muito.Sinto falta da minha mãe de antes.Lá embaixo os carros passam apressados. Tem uns dois dias que estou desanimado. Me sinto diferente, como se tivesse um peso em meus ombros e detesto essa sensação. Não fiz nada tão grave como minha mãe quer deixar parecer. Foi só uma transa. Quer dizer, foi mal, eu sei, mas não tanto assim, né?Muitas mu