MarcelMeus sentidos apurados na forma de meu lobo Tayrus me conduziram ao alto da colina. Uivamos para a lua cheia, frustrados, irritados e impacientes.Não havia sinal dela quando voltamos a casa da matilha. Seu cadáver não estava junto com os demais alfas que foram decapitados na sala do conselho.Sentir o cheiro de seu sangue naquela sala praticamente me enlouqueceu. Ela é minha! Me pertence desde que soube que éramos companheiros.Não foi minha escolha deixar minha coisinha para trás. Mas sou um beta, e não posso me negar a cumprir as ordens do meu alfa. Quando Alexander me ordenou que o tirasse daquela sala e o levasse até onde a Luna estava ferida, eu fui obrigado a obedecer.Alexander me prometeu que voltaríamos quando o ataque acabasse para buscar minha companheira, mas só retornamos dois dias depois. Tudo estava destruído, e o fedor dos cadáveres era insuportável.Entrei no território da matilha sem me preocupar com isso, porque o que me importava era encontrar Ravena
CelesteOlhei para Marcel de soslaio, sem evidenciar minha admiração por sua forma incrivelmente forte. Ele era um lobo cinza de mais de dois metros, extremamente forte e atraente. Seus olhos amarelos se voltaram para mim, fazendo meu desejo aumentar exponencialmente. Recitei um encantamento simples para bloquear o cheiro da minha excitação.Eu tinha que ser cautelosa com Marcel. Ainda não sabia a profundidade da obsessão dele por aquela vadia, os efeitos daquele feitiço poderiam ser terrivelmente catastróficos se eu não manipulasse corretamente essa situação.Vi seu belo corpo mudar diante de meus olhos, e não me desviei de sua figura alta e viril, enquanto ele voltava a ser um homem. O homem que eu desejava há muito tempo.Sou acasalada com Alexander desde que eu tinha somente dezesseis anos. Nunca senti nenhum vínculo de companheiro com ele, mas nossas matilhas fizeram um acordo de casamento. E eu não me arrependia, pois assim me tornei a Luna da Lua Negra, e assim conheci Ma
RavenaO rei estava calado, olhando para a noite na varanda do chalé. Seus cabelos dourados ondulavam em torno de sua cabeça e ombros, como um halo celestial banhado pela luz da lua.É a terceira noite do meu cio, e mais uma vez a necessidade que sentimos, Laha e eu, nos sufoca em desejo desesperador. Dentro do rio, a água gelada já não me trazia alívio como tinha acontecido durante o dia. Desde a noite em que eu me transformei naquela besta, tenho sofrido dores insuportáveis para me manter longe do rei.A ideia de atacá-lo novamente me enchia de pavor, eu não suportava a ideia de machucar o nosso companheiro, mesmo que ele não sentisse dor. O rei me aliviava com seus dedos sempre que minha febre ficava insuportável, a ponto de me fazer gritar de dor. Mesmo que eu estivesse derretendo sob suas mãos, ainda podia ver através da névoa de prazer, o quanto ele estava tenso e concentrado.Olhando meu reflexo magro na água, pensei no que ele via todas vezes que olhava para mim. Um esq
Adormeci confortavelmente nos braços dele, me sentindo protegida e aflita ao mesmo tempo. Pensar que tudo o que eu estava vivendo poderia simplesmente desaparecer como fumaça, me atormentava o tempo todo. O rei dos vampiros ainda estava vivo depois de passar quatro dias convivendo comigo debaixo do mesmo teto. A maldição não se manifestou em nenhum momento, seus olhos não explodiram em uma erupção de sangue e ele não secou diante dos meus olhos. Perguntei a Laha o que ela sabia sobre a maldição que nos acompanhava, mas ela me respondeu com mais enigmas que não consegui decifrar. No fim, concluí que talvez essa coisa não afetasse vampiros. Mesmo assim, essa teoria não era o bastante para me tranquilizar. Meu coração doía quando Cyrus se aproximava de mim, a minha cabeça pensava em formas de agradá-lo o tempo todo. Eu queria que meu companheiro me visse como algo útil em algum aspecto de sua existência. Nunca me senti assim por ninguém, e isso me assustava. Preparando o café d
Cyrus Mercedes entrou no chalé com uma expressão temerosa e ressentida. Ela nunca foi atacada por Aero, geralmente ele nem mesmo interagia com suas conquistas. O vislumbre do poder de seu espectro provavelmente a assustou demais. Mercedes ajustou seu manto negro, revelando o que ela trazia sob ele. Seu olhar afiado e enigmático pousou sobre mim por um breve instante antes de desviar para a pequena mesa no centro do salão. — Vossa alteza — saudou, sua voz carregada de um respeito quase teatral. Inclinei a cabeça levemente, permitindo-lhe continuar. Ela avançou, o som de suas botas de couro ecoando no chão de mármore negro. Nas mãos, carregava uma caixa de madeira escura, talhada com símbolos que eu não via há séculos. Um arrepio percorreu minha espinha. Sabia que Mercedes não me traria algo trivial. — Isso é o que eu pedi? — perguntei, observando-a pousar a caixa sobre a mesa. — É mais do que isso. É um presente — respondeu com um sorriso leve, mas seus olhos revelavam a
Capítulo 29 Ravena Eu me sentia bem. Não me lembro de me sentir assim depois que meus pais morreram. A energia que fluía dentro de mim era forte e me alimentava com pensamentos repletos de possibilidades. A dor abandonou meu corpo, meus machucados recentes e os mais antigos haviam desaparecido completamente. Eu podia sentir a minha pele suave contra o tecido do vestido um pouco mais apertado. Meus seios estavam saltados no decote do vestido e minha cintura me sufocava pela amarração do laço do vestido. Afrouxei o cinto e toquei meu rosto. Minhas mãos estavam suaves e macias; a grossa camada de pele áspera repleta de calosidade havia desaparecido. Meus olhos arderam em lágrimas. Corri para o rio, ansiosa para ver a minha aparência. O reflexo na água me chocou. A pele alva e imaculada, com leve rubor nas bochechas delicadas do meu rosto, emolduravam olhos negros brilhantes com cílios espessos. Minha boca se tornou vermelha como uma maçã madura. Meus cabelos dançavam ao
CyrusA beleza e o gosto de nossa companheira nos cegou para o resto. Ravena estava belíssima, mas não era uma mulher totalmente diferente de sua aparência inicial. Na verdade, essa seria a imagem que nossa companheira deveria ter desde o início.Se ela tivesse crescido como deveria ser, essa seria sua real forma desde o princípio.Aero buscou dentro dela por sua magia. Mas tudo o que encontrou foi Laha, e um coração tão inocente e machucado, que segura-lo fez o meu espectro querer se partir ao meio, por tamanha injustiça.Não havia explicação para o que aconteceu, para o poder de Ravena.Quando se tratava dela, era como se uma neblina densa obstruísse a visão de todos.Até mesmo Mercedes foi enganada por aquela energia. E ela não era qualquer bruxa. O oráculo usava magia antiga, drenada de seus ancestrais e da força vital que a cercava.Mercedes era uma das três oráculos. Ela nasceu de uma das anciãs que proferiu a profecia a respeito da linhagem de Cyrus Valack e o seu reinad
Ravena- Sim. – respondi baixinho.Meu coração galopava em admitir o que para mim eram sentimentos desconhecidos e quase surreais.- Você não precisava acelerar o processo para ficar ao meu lado. – Cyrus me virou de frente para ele. – O tempo se encarrega de mostrar sua verdadeira forma. Seu braço me prendeu contra a parede de seus músculos. Com a outra mão, o rei desenhou os traços de meu rosto, delimitando meus lábios com as pontas dos dedos.- O castelo conta com uma grande variedade de vegetação nativa, mas existe um flor única que cresce em abundância, se enveredando pelas paredes do lado norte, ao lado do rio. – o polegar dele entreabriu meus lábios suavemente. Seus olhos dourados fixos naquele ponto do meu rosto. – De beleza incomparável e perfume alucinante, a rosa rubro selvagem resiste ao inverno rigoroso mudando a coloração de suas folhas. Quando a primavera retorna, ela ressurge com grandes botões negros que vão mudando de cor para o rubro a medida que recebem luz s