***Narrado por Tereza***
Naquela noite mal tive tempo de dormir direito, passei a noite toda guardando o que era mais importante para mim, pois os móveis que era muito velhos esse seriam doados ou jogados fora.
Na mala, apenas a foto de minha avó, e uma caixa com as coisas que ela fazia questão de guardar, recordações e documentos importantes, depois me deitei e dormi um pouco, quando Maria foi embora era madrugada já.
Quando despertei deixei que alguns vizinhos levassem algumas coisas, mas logo dona Eugênia me ligou dizendo que o motorista estaria vindo me buscar, porem que me levaria para o aeroporto.
Eu, que nunca sai de minha cidade, estava agora indo para uma totalmente desconhecida.
***Narradora***
Já era noite quando elas chegavam na mansão, Tereza fica encantada com o tamanho e o luxo da casa, para ficar próximo do quarto de Cecília, Eugênia avisa que o quarto dela seria ao lado, mas que no de Sofia tinha uma cama caso quisesse.
Tereza não acreditava no luxo, mas enquanto guardava suas coisas a pequena Sofia entra no quarto toda animada, pulando na cama.
— Posso te chamar de tia?
— Pode, claro. Agora acho melhor levar você para tomar um banho, depois descemos para comer.
— Posso tomar banho na banheira, porque a outra moça não deixava.
— Pode, escolhe uns brinquedos e vem aqui vou encher a banheira e você brinca enquanto eu guardo minhas coisas tá bom?
— Ebaaa, posso trazer uns cinco brinquedos?
— Quantos você quiser rsrsrs.
Depois de um banho com muita bagunça, Tereza desce com a Sofia, elas vão até a cozinha onde conhece a cozinheira, Josefa, que terminava o jantar, ela serve a comida e senta a pequena numa cadeira.
Logo Eugênia entra e vê Sofia toda feliz e observa a forma que Tereza a trata e fica mais tranquila, depois se aproxima e resolve se sentar com as duas ali.
***Narrado por Tereza***
Gente a casa era incrível, acho nunca vi algo como aquilo e o medo de me perder? Mas Sofia conhecia tão bem que fiquei realmente admirada de como era esperta para a idade.
Estávamos jantando quando dona Eugênia chegou e sentou conosco ali mesmo, até a cozinheira Josefa estranhou, mas foi muito agradável.
— Dona Eugênia vai querer jantar aqui?
— Sim, Josefa, aproveitamos e conversamos para conhecer mais a Tereza. Falando nisso, se quiser podemos ir numa universidade para você fazer sua matrícula, não sei se já estudava no Brasil.
— Eu consegui concluir a faculdade de administração, mas não pude trabalhar na área por falta de experiência, mas adoraria fazer um curso de espanhol.
— Amanhã vamos à escola de Sofia porque ela quer fazer balé, então já vemos um curso, vocês podem ir juntas, o que acha?
— E meu trabalho?
— Ela estuda de manhã, não vejo problema.
Quando nos damos conta Sofia estava dormindo sentada, então a pego nos braços e a levo para o quarto, com certa dificuldade ela acorda para escovar os dentes, reclamou mais fez rsrsrs.
Depois vou para meu quarto que ficava ao lado do dela, tomo um banho, visto um pijama e fico observando a vista da minha janela.
Ainda teria que ligar para Maria para dizer que tinha chegado bem, pelo menos ela não ficaria preocupada, depois aproveitei para pedir uma opinião.
***Ligação ON
— Maria?
— Ai graças a Deus me ligou estava preocupada.
— Estou bem, a casa é uma mansão, precisa ver.
— Aproveita essa oportunidade, Tereza nem todos têm essa chance.
— Maria, dona Eugênia disse que amanhã vamos ver uns cursos, pensei em pegar o dinheiro que trouxe comprar umas roupas, pois as minhas são velhas.
— Claro e assim que vender sua casa te aviso assim poderá guardar para uma emergência.
— Está bem, obrigada!
— Se cuida filha.
***Ligação OFF
Depois deitei naquela cama tão gostosa, uau .... nunca dormi tão bem assim, me afundei naquele colchão e deixava de pensar em tudo que viria pela frente, quando amanheceu como sempre acordei cedo, tomei um banho e desci, Josefa apareceu e levou um susto ao me ver.
— Que foi caiu da cama é?
— Estou acostumada a levantar cedo, por isso.
— Aproveita que o patrão só volta semana que vem, porque dai nossa paz acaba rsrsrs
— Nossa, por quê?
— Quando o senhor Alexandre está em casa, a menina Sofia, mal pode brincar no quintal, fica o tempo todo no quarto.
— Comigo não vai ser assim não, um quintal desse tamanho ela precisa brincar isso sim.
Não aguentei escutar aquilo, como pode um pai agir dessa forma, mas isso eu não iria discutir com alguém que não tinha nada a ver com o problema, então apenas voltei indo no quarto de Sofia que tinha acordado e estava brincando no tapete.
— Já acordou princesa? Vamos tomar um banho para tomar café da manhã?
— Eu vou poder descer?
— Claro, depois vamos na sua escola.
Depois do café da manhã perguntei para dona Eugênia se poderia ir em alguma loja comprar roupas e ela fez questão de me levar, tivemos uma tarde maravilhosa, conheci a escola de Sofia e depois ela me mostrou locais onde poderia estudar.
Enquanto nos sentamos para comer, aproveitei para perguntar a dona Eugênia a forma que a neta vinha sendo tratada.
— Desculpa dona Eugênia, mas acho errado manter a menina trancada em casa por que ele não gosta de barulho.
— Eu também, mas infelizmente Alexandre é um homem complicado, não tem nenhuma paciência com a filha.
— Mas eu tenho e amo crianças, por isso não concordo com isso, quero vê-la brincando e sorrindo, hoje pela manhã quando a vi no tapete brincando sozinha senti um aperto no peito.
— Imagino, por isso te contratei e espero que meu filho mude a forma de tratá-la também.
***Narradora***
A semana passou mais rápido do que se imaginava, então era noite quando Tereza sai no corredor após colocar Sofia para dormir e escuta uma discussão vindo da sala. Ainda não tinha jantado e não teve coragem de aparecer, certamente não seria um bom momento.
***Narrado por Alexandre***
Assim que entrei na sala vi brinquedos pelo chão, logo minha mãe apareceu, mas claro que a cobraria por aquilo.
— É essa a profissional que contratou mãe?
— Boa noite para você também, Alexandre, sobre os brinquedos, Tereza acabou de levar Sofia para dormir, já deve descer para recolher.
— Não deveria fazer isso antes?
— Querendo ou não temos uma criança em casa, não adianta esconder isso de suas ficantes.
Minha mãe me deixando falando sozinho, então subo para tomar um banho, passo pelo quarto da babá e vejo a luz acessa, no mínimo estava escutando atrás da porta.
***Narrado por Tereza***
Percebo que a discussão teria acabado, estava com tanta fome que resolvo desce e procurar algo para comer, mas não pensem que fiz com naturalidade, ao chegar na sala recolhi os brinquedos de Sofia, sem fazer barulho, pois não queria ter problema com o senhor Alexandre.
Depois fui a cozinha e com a luz do celular iluminei, fui a geladeira, coloquei o celular na bancada e comecei a pegar as coisas, mas alguém apareceu na cozinha e acendeu a luz, meu coração quase saiu da voz ao ouvir uma voz masculina.
— Quem está aqui?
— É sou eu a Tereza senhor.
— Tereza?
— Isso, desculpa, estava com fome.
— Você é a nova babá??
— Eu mesma, a nova babá rsrsrs, prazer
— Pega logo que quer aí, mas da próxima acenda a luz pelo menos não vai parecer uma ladra.
O cara apenas se vira e sai da cozinha, eu caminho até a porta e apenas observo enquanto ele vai embora, mas olha só isso gente, veja se posso?
— Esse com certeza deve ser o tal Alexandre, afff mal-educado, nem para se apresentar.
Depois fiz meu lanche, peguei um suco e comi ali, apenas pensando em como a pessoa consegue ser tão mal-humorado daquela forma, terminei, lavei toda louça e voltei subindo as escadas para o quarto, passei para ver como Sofia e a cobri novamente.
***Narradora***No dia seguinte Tereza pega a pequena Sofia e as duas descem indo direto para a cozinha onde a jovem é repreendida pela cozinheira, pois como Alexandre ainda estava tomando o café iria se incomodar com o barulho da filha.— Ah, para com isso, Josefa, vou deixar a menina trancada no quarto, porque ele não gosta de barulho de criança, eu heim.— Só estou falando porque ele vai reclamar.— Deixa reclamar, não estou nem aí, cara mal-educado, acredita que me chamou de ladra ontem a noite?— Nossa, mas por quê?— Porque estava pegando algo para comer a noite.— Liga não, ele é assim mesmo.E como era de se esperar, Sofia começa a falar alto, ainda mais com as canções de Tereza para convencê-la de comer, então logo Alexandre chama Josefa que vai até lá.— Posso saber que barulho é esse aí? Estou tentando tomar meu café em paz.— É a Sofia cantando senhor, Tereza esta dando o café da manhã para ela.— Manda aquela babá vir aqui.Josefa de cabeça baixa caminha de volta para a c
***Narrado por Alexandre***— Não acredito que minha mãe contratou essa mulher abusada, nunca tive esse tipo de problema, agora estou sendo desafiado por uma babá?***Narradora***Fala Alexandre consigo mesmo enquanto seguia para a empresa, onde ele entra e caminha até sua sala, logo em seguida chega sua secretária a qual ele mantinha um romance.— Hei, que cara de preocupação é essa? Não me diga que é a pirralha de novo?Fala ela enquanto se dirige a ele fazendo uma massagem nos ombros, que Alexandre apenas fecha os olhos e comenta sobre a nova contratação de sua mãe.— Não, é aquela babá.— Que babá?— Esqueça apenas me traga os contratos que preciso assinar, tenho muito trabalho a fazer.— O que acha de jantarmos hoje a noite?— Acho ótimo, preciso mesmo relaxar.As horas se passavam, já era noite e na casa de Alexandre as coisas corriam muito bem, já ele resolveu sair para jantar com Natália, onde depois esticariam para algo a mais.***Narrado por Tereza***Olha, era inacreditável
***De volta a narradora***Era hora quase uma hora da tarde quando Tereza e Sofia chegavam em casa, Alexandre ainda almoçava na companhia de sua mãe. Como o combinado, Tereza e Sofia não comentada nada ainda sobre a festa do dia dos pais.Elas lavam as mãos e vão para a mesa, Alexandre com a desculpa que teria uma reunião na empresa, levanta e apenas sai sem ao menos dar um beijo em sua pequena que Tereza não deixa de notar, passado a hora do almoço elas vão para o quarto onde com algumas revistas e papeis fazem um lindo convite.A comemoração seria em poucos dias e por isso as crianças começariam os ensaios, animada com a possibilidade do pai ir pela primeira vez, Sofia fez exatamente tudo que Tereza pediu, pegou o convite e deixou no escritório onde o pai ficava todas as noites até tarde.Na empresa, entre uma reunião e outra, Alexandre tinha suas escapadas com sua bela secretária Natália e claro programavam um passeio para o final de semana.— Querido, quando poderemos fazer aquele
***Alexandre***— E quem você pensa para falar comigo assim heim? A audácia de Tereza me deixou super irritado, ela me desafiava, afirmando que eu não era um bom pai, mas para mim agora só importava manter o patrimônio da família, coisa que essa sujeita nunca entenderia, mas como me colocou numa situação delicada o jeito era eu ir nesse evento.***De volta a Narradora***Tereza sai da cozinha ainda irritada com Alexandre, por mais que soubesse dos riscos não suportava não falar o que pensava, mas torcia para que ele realmente fosse a essa festa. Ela sobe e Sofia estava já pronta, as duas saem e Eugênia aproveita para ir a uma consulta médica.Já no trajeto da escola ela olha para Tereza e a questiona sobre o convite do dia dos pais, conhecia o filho e sabia que ele não teria aceitado aquilo sem um bom motivo.— Tereza, aquele convite, como você conseguiu aquilo?— Não consegui nada especial não, apenas falei na hora certa e ele não teve como negar rsrsrs.— Ah, tá entendi, só espero
Alexandre chega acompanhado por Natália, que ao entrar mal olha para a pequena menina usando um lindo vestido rosa.Natália era uma mulher de 26 anos arrogante, que entrou na casa de Alexandre, ao ser apresentada para Sofia apenas a olhou e caminhou com Alexandre até a sala onde se sentaram para aguardar o jantar ser servido.— Quer dizer que você é a namorada de Alexandre? Você não é a secretária dele?— Sim, nada melhor que juntar prazer com negócios não acha?— Eu discordo querida, mas se essa é a escolha do meu filho o que posso fazer né? — Hora, mãe não seja mal-educada, Natália é uma ótima secretária e amante rsrs, tenho certeza que será uma ótima mãe para Sofia.Não demorou muito para que Josefa avisasse que o jantar seria servido, todos caminham para a sala de jantar até que Tereza aparece e se senta a mesa.— Boa noite, desculpem minha demora.— Essa quem é?— Essa é a babá, desculpe moça, mas esse é um jantar familiar.— Eu a convidei e o nome dela é Tereza, deveria ser mai
Até que escutam a voz de Natália vindo da sala e se afastam de imediato, ela entra na cozinha vestindo apenas uma camisa de Alexandre, percebendo o clima que havia no ambiente e questiona em busca de uma resposta.— Algum problema aqui?— Nenhum, estava só perguntando para Tereza onde estavam as taças.— Senhorita, por favor vista-se de forma apropriada, afinal vocês não estão sozinhos na casa, deveria ensinar bons modos para sua futura noiva senhor Gutierrez.— Que mulherzinha abusada, não vai falar nada querido?— Nesse caso ela tem razão, já pensou o que minha mãe iria falar se te visse vestida assim no meio da cozinha?Tereza caminha rapidamente para seu quarto, entra e fecha, aporta levando as mãos ao seu peito, depois irritada com ela mesmo comenta em voz alta.— Que loucura foi essa, Tereza.Alexandre chama Natália para o quarto, porem sem clima para mais nada ele apenas diz que está cansado e ela sem entender ainda faz uma tentativa, mas ele parecia estar com o pensamento long
Para sua surpresa, quando chegaram na escola, Natália estava os esperando, os quatro entraram e foram informados que primeiro precisariam assistir à apresentação das crianças no teatro, o que logo a secretária começou a reclamar.— Afff essas apresentações de crianças é um tédio, nem sei porque as mães choram tanto.— Talvez, não saiba por não ser mãe, ou por não gostar de crianças, nesse caso não sei o que veio fazer aqui.— Vim acompanhar meu noivo.As cortinas se abriram e as crianças começaram a se apresentar, Alexandre o tempo todo com o celular na mão não percebeu quando a filha entrou vestida com uma fantasia de fada.***Narrado por Tereza***Sofia entrou vestindo uma linda fantasia de fada, parecia empolgada até que percebi que ela parou de dançar, olhei para Alexandre que estava sentado ao lado de sua noiva e ele estava olhando para o celular, de repente se levantou para atender uma ligação.Sofia, com os olhos cheios de lágrimas, saiu do palco e eu claro corri até lá, para t
Ao ver a mãe desacordada, Alexandre entra em total desespero, começa a chamar por ajuda, Tereza que escuta os gritos e desce correndo.— Que aconteceu?— Não sei ela desmaiou.— Pega o telefone dela e liga para a médica, deve estar aí na agenda.— Como sabe?— Sua mãe é organizada demais para não ter essas informações no celular.Vendo Alexandre totalmente perdido, Tereza liga para a emergência que enviou uma ambulância que chegaria em poucos minutos, Alexandre não quis entrar no carro; por isso, Tereza teve que acompanhar, ao chegarem no hospital, a médica de Eugênia, a doutora Mada já os aguardavam.— Preciso saber o que houve para ela desmaiar.— Estávamos discutindo.Tereza cruza os braços olhando para Henrique, fechando sua cara, demonstrando toda sua indignação, porem ele que fez de conta que não percebeu a cara feia da jovem que o encarava, depois Mada pede que aguardem na sala de espera.— Não acredito que foi discutir com a sua mãe, sabendo que ela não andava bem, o que tem n