Capítulo 4

Reuniões, falatório, discussão, dor de cabeça. Estou andando pelos corredores do palácio massageando as têmporas doloridas depois de uma reunião de quase quatro horas sobre a importância do turismo. Nosso país ganha milhares de euros por ano apenas com pessoas entrando e tirando fotos, um insignificante parlamentar idiota queria restringir nossas áreas mais famosas por um capricho. Resultado, gritarias e discussões até eu realmente me alterar e m****r todo mundo calar a maldita boca.

Já faz uma hora que o almoço está sendo servido nos restaurantes e eu praticamente corro para a ala real, estaria sozinho e poderia beber um belo copo de sangue quente enquanto como igual um animal. Estava tranquilo até abrir a porta e notar convidados indesejados; a família de Lammona deveria esta em qualquer um dos quinze restaurantes espalhados pelo palácio mas não na minha mesa. Fitei cada um com os olhos semicerrados de raiva e ela se encolheu como um coelho assustado, o sangue pressionou meu cerebro novamente me causando uma dor aguda na testa. Respirei fundo me sentando na ponta da mesa esperando tudo ser servido, o pai de Lammona me encarava sem interesse, sua mãe sorria como um animal e ela estava visivelmente envergonhada.

- Desculpem-me, não deveria te-los feito esperar. - educação é a base de tudo e um ótimo jeito de esconder minha raiva e sede contida. A comida estava sendo posta a mesa e observei eles olharem torto para minha dieta desequilibrada. - Sinto muito, eu não esperava receber visitas.

- Seu paladar é intrigante. - a mulher respondeu observando o bife praticamente cru que escorria sangue ao ser perfurado.

- Ordens do meu nutricionista. Não imagina quantas calorias eu perco por estresse. - lhe lancei um sorriso cordial e ela assentiu ignorando de vez a carne e atacando o prato de salada a sua frente.

- Gostaria de conversar sobre o noivado, como gostaria das flores e da cor... - Lammona estava visivelmente eufórica para o nosso casamento, eu estava frustrado. Ela não ligava minima para meus sentimentos e isso me machuca, se ao menos ela sentisse algo por mim valeria a pena tentar.

- Por hora vamos comer, tenho um horário muito resumido, Lammona. Mas para não lhe deixar sem resposta, eu confio no seu gosto delicado. Fique a vontade para escolher o que quiser. - os olhos da garota e da mãe brilharam juntos e eu ja podia prever uma catástrofe acontecer.

Tentei realmente controlar minha fome diante deles mas não seria nada fácil, minha proxima refeição eram barras de cereais antes de ir a academia do palácio e não supriria nada se eu não me alimentasse bem agora. Tentei  comer devagar, não deu certo minha fome estava incontrolável. Acabei por engolir quase o prato inteiro de carne e ainda podia dizer que estava faminto, uma das empregadas trouxe até mim um copo dourado que eu agarrei como se minha vida dependesse disso, o cheiro já remexia meu estômago.

- Sua bebida é bem peculiar. - o meu futuro sogro pigarreou ao notar a forma como a bebia, sorri em resposta e terminei o liquido antes de lhe dirigir a palavra.

- Preciso tomar vitaminas, cuidar da saúde é essencial. - todos assentiram, fiquei em pé e eles também já que terminaram a refeição antes de mim. - Queiram me dar licença. Tenho assuntos inadiáveis para resolver. Lammona, fique a vontade no palácio.

Fiz uma breve reverência às duas damas e me retirei sentindo as forças retornando com rapidez. A reunião não tinha acabado aquilo foi somente uma pausa para que todos tomassemos uma aspirina e voltasse para o ponto chave, proibir ou não os turistas de visitarem pontos antigos da história. Dessa vez o pai de Lammona estava sentado próximo a porta observando enquanto cada um defendia suas teses, ao ve-lo ali me lembrei que o noivado era amanhã e em seguida minha despedida para visitar cidades e resolver assuntos democráticos. Ser rei não é uma bênção e tão pouco uma maldição, diria que é uma balança onde eu tenho que dar o melhor de mim para manter o equilíbrio porque caso ela pese de um dos lados o resultado pode ser horrível.

- Depois de ouvir todos vocês gostaria que entendessem a minha opinião. Cada um aqui demonstrou pontos positivos e negativos dessa idéia e eu como um bom ouvinte fiquei calado a espera de suas grandes palavras. Degustei das observações de cada um tendo o respeito de levar tudo que aqui foi dito em conta para meu julgamento. - suspirei pesadamente olhando nos olhos de todos os homens esperançosos que tinha aqui. - Minha decisão é negar sua proposta, Sr. Vlark. É fato que suas intenções são as melhores porém eu não compartilho dos seus pensamentos, a economia está otima do jeito que anda e eu não quero correr riscos de desastres futuros. Dou assim a reunião como encerrada, obrigado pela presença de cada um.

Decisão final, saí as pressas pegando o primeiro corredor desconhecido evitando qualquer um de me seguir e continuar a discussão. Dizem que mulheres são irritantes mas não fazem ideia do que é ter um homem inconformado em seu encalço. O corredor estranho era um atalho que eu tinha descoberto quando criança,  eu costumava me esconder de James o tempo inteiro e era por ele que eu chegava ao meu quarto mais rápido. Ao abrir a porta quase me espantei, ninguém entrava em meu quarto e agora estou vendo minha futura esposa de costas para minha janela favorita. Oras se todos podem ter lençóis de cama favoritos porque eu não podia ter uma janela favorita?

- Lammona, o que faz aqui? - perguntei fechando a porta atrás de mim, se alguém a ver em meus aposentos é capaz de surtar.

- Disse que eu tinha liberdade pelo palácio. - ela se virou para mim com um sorriso contido; não retribuí.

- Meu quarto não está incluído. Se seu pai aparece serei visto como um estuprador, se não for pedir muito retire-se. - Não tinha como isso ser mais gentil. Ela só precisava se retirar.

- Estava com saudades. - me poupe de mentiras, sentimentos exalam cheiros que eu posso sentir a distancia considerável e tudo que sinto dela é desdem.

- Minta melhor da próxima vez, agora me dê sua precisosa ausência como presente de noivado. - seu rosto tomou rugas não marcadas e ela saiu a passos pesados. Vou ter que trancar meu quarto de agora em diante. 

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