Beatriz prepara tudo, colocando as bolsas no carro. Depois, volta ao quarto e, com a ajuda de Ivone, leva Lis até o carro, para que possam ir ao hospital de Nova Jersey. No caminho, enquanto dirige, Beatriz olha para Lis de vez em quando. Embora ela esteja calada, continua fazendo caretas de dor, e Beatriz sabe que ela está sofrendo, mas não quer alertá-la por algum motivo.Enquanto observa Lis pelo espelho do carro, Beatriz pergunta:— Você está sentindo alguma dor? Precisa me contar, sabe que isso é muito importante, né? Porque, quando chegarmos no hospital, vão querer saber, e se você não puder dizer o que está sentindo, eu vou ter que passar tudo para eles. Quanto mais detalhes você me contar, melhor.Lis olha de lado para Beatriz, suspira por alguns segundos e, finalmente, resolve abrir o jogo:— Eu não estou mais aguentando de dor, Beatriz. Tá doendo para cacete! Você não imagina o quanto está doendo de verdade. Eu acho que os bebês estão querendo nascer de qualquer jeito. E não
Beatriz passa a mão pela testa, pensando o quanto foi difícil dar essa notícia para sua mãe. Agora, não sabe qual será a reação de Luiza, mas sabe que precisa ligar, pois não tem mais como voltar atrás. Ela disca o número de Luiza, que demora um pouco para atender, e quase quando a ligação vai para a caixa de mensagens, Luiza atende o telefone.— Oi, Beatriz! Quanto tempo! Pensei até que tivesse esquecido de mim. Já faz meses que você não me liga. Eu te liguei, mas você nunca está em casa, sempre fora. Deixei recado, mas não me retornou. Acho que deve estar fazendo algo muito importante por aí, né? — Luiza diz com um pouco de sarcasmo.— Olha, não tem como eu te dizer isso da melhor forma possível. Primeiro, quero te pedir perdão pelo que fiz, porque sei que não tinha nenhum direito de fazer isso, principalmente com você. Mas foi um pedido da sua irmã, e eu não podia de maneira alguma ir contra ela. Ela me convenceu de que o que estava fazendo era melhor para ela e para os bebês. Entã
Enquanto conversava com sua mãe e seu pai, Luiza chega ao hospital. Os dois são recebidos por Beatriz, que rapidamente começa a explicar tudo para ela. No início, Luiza protesta várias vezes, achando que Beatriz havia traído sua confiança. No entanto, logo se acalma ao ouvir que tudo foi feito para o bem de Lis e das crianças. Enquanto estavam no meio do caminho, Liám havia ligado para Samuel, informando onde estavam indo, já que ele tinha prometido avisar assim que soubesse o paradeiro de Lis. Na mesma hora, Samuel pegou um carro e seguiu para Nova Jersey. Ele não poderia perder a chance de encontrar a mulher da sua vida.Todos esperavam ansiosos para ver Lis, mas, no momento, ela estava sendo preparada para a sala de cirurgia. Beatriz então decide dar espaço para Luiza entrar com sua irmã, sabendo o quanto o vínculo entre elas era forte. Ela sabia que Lis adoraria ver a irmã ali, ao seu lado, naquele momento tão intenso e feliz de sua vida.Assim que Lis é levada para a sala de ciru
Toda a família estava eufórica ao descobrir que seriam tios e avós de três lindos bebês. Beatriz ainda estava totalmente surpresa, pois o tempo todo achava que seriam gêmeos. Agora, saber que eram três bebês fez a alegria em seu coração crescer ainda mais. Ela não via a hora de ir para o quarto e ver os bebês.Frida estava radiante, quase não cabendo de alegria. Assim que soubera que era realidade, um sorriso terno se formou em seus lábios, e ela sentiu uma esperança renovada em seu coração. Agora, viveria para seus netos, que eram um pedacinho do seu filho que se foi. Mas, de alguma forma, ele deixara um pedaço dele para que ela pudesse se dedicar a isso.— Será que já podemos ver as crianças? — Frida perguntou, com os olhos brilhando. — Como médica, sei que, por terem nascido com quase oito meses, não vão para o quarto tão facilmente. Com certeza, estão abaixo do peso e ainda um pouco pequenos. Geralmente, o pulmão não está totalmente desenvolvido, e os médicos não seriam tolos de c
Beatriz fica totalmente indignada e, com os braços cruzados, se encosta em uma das paredes, olhando de cara feia para Samuel. Embora sempre tivessem se dado muito bem, agora ela está completamente contra ele, ao saber que suas intenções com a cunhada são de tomá-la para si. Em sua cabeça, isso é uma traição à memória de Jack. Luiza, por sua vez, acha que a vida deve seguir seu curso e que não é porque Jack morreu que Lis deve ficar chorando sua morte para o resto da vida. Luiza acredita que sua irmã merece um novo recomeço e, por mais que Beatriz ache que ela deve ficar sozinha para sempre, Luiza pensa o contrário, pois sabe muito bem como é bom dividir a vida com alguém. Quando sua irmã estiver bem velhinha, precisará da presença de alguém ao seu lado. Liam não quer se meter em nada, pois não quer perder a amizade com a família Peterson, muito menos brigar com a sua mulher. Então, ele prefere ficar neutro e esperar pela decisão de Lis, que é única nesse meio todo e realmente pode diz
— Claro que não é isso que eu quero. Eu quero que os meus netos fiquem perto de mim, para que eu possa amá-las, dar carinho, amor e atenção, tudo o que elas merecem. Também gosto muito da Lis e não quero que ela se afaste de nós novamente. Você não sabe o quanto eu sofri duplamente, tanto pela perda do meu filho quanto pelo afastamento da Lis. — Frida diz com pesar.— Então, querida! Se é isso mesmo que você quer, você tem que aceitar o que a Lis decidir para a vida dela. Querendo ou não, a gente não pode mandar nas vontades dela, nem no que ela decidir. Ela sabe o que é melhor para ela. E se realmente ela quiser refazer a vida, melhor que seja com o Samuel, do que com outro homem estranho, que não conhecemos, e que, com o tempo, queira afastá-la de nós. Você não acha, vendo por esse lado? O Samuel é como se fosse um filho para nós, e tenho certeza de que jamais ele tentaria afastar a Lis ou as crianças de nós. Então, realmente, é algo que deveríamos ponderar. Por mais que a gente ach
Acácia percebeu a confusão no olhar de Jack.— Você sofreu um acidente há alguns dias, amor — Acácia falava com cautela, pois não sabia das condições neurológicas de Jack. Levá-lo para um hospital estava fora de cogitação. O melhor era torcer para que as sequelas daquele coma não tivessem causado muitos danos. — Você sofreu um acidente de carro, causado por uma desmiolada, uma ex sua. — Acácia viu que Jack se assustou com aquela informação e se prontificou a continuar a falar para observar sua reação. — Mas não se preocupe, ela irá pagar por tudo o que fez.Quanto mais Acácia falava, mais confuso Jack ficava. Ele não entendia o que havia acontecido, o porquê de não estar em um hospital e o porquê seus pais não estavam ali.— Meus pais... — a voz de Jack saiu como um sussurro. Logo, Acácia pegou um copo com água e o ajudou a tomar um gole devagar. Jack sentiu um grande alívio e então resolveu perguntar novamente:— Meus pais... — sua voz saiu um pouco mais firme.— Eu poderia enrolar v
Estava quase amanhecendo quando Jack se levantou, bateu as mãos sobre as roupas para tirar a sujeira e começou a caminhar de volta. Sentia-se exausto; sua cabeça parecia querer explodir e suas costas estavam o matando de dor. Arrastou seus pés de volta e só se deu conta da presença de Acácia quando estava subindo os degraus para a área de lazer. Ele se virou e a encontrou o encarando, sem demonstrar nenhuma emoção.— Não vai me desejar bom dia, querido? — Acácia tentou beijar Jack, mas ele virou o rosto. Para ele, não parecia certo beijar aquela mulher. Apesar de não lembrar de algumas coisas, tinha a certeza de que jamais se casaria com ela. Fora as imagens e vozes que teimavam em o assombrar, Jack tinha certeza de que Acácia tinha algo a ver com seu acidente, mas não tinha provas. E ainda havia a questão de estar nesse lugar, do qual não fazia ideia de onde estava.— Gostaria de ligar para minha irmã, Beatriz — Jack já estava ciente da resposta, mas agora queria observar melhor as e