Estava quase amanhecendo quando Jack se levantou, bateu as mãos sobre as roupas para tirar a sujeira e começou a caminhar de volta. Sentia-se exausto; sua cabeça parecia querer explodir e suas costas estavam o matando de dor. Arrastou seus pés de volta e só se deu conta da presença de Acácia quando estava subindo os degraus para a área de lazer. Ele se virou e a encontrou o encarando, sem demonstrar nenhuma emoção.— Não vai me desejar bom dia, querido? — Acácia tentou beijar Jack, mas ele virou o rosto. Para ele, não parecia certo beijar aquela mulher. Apesar de não lembrar de algumas coisas, tinha a certeza de que jamais se casaria com ela. Fora as imagens e vozes que teimavam em o assombrar, Jack tinha certeza de que Acácia tinha algo a ver com seu acidente, mas não tinha provas. E ainda havia a questão de estar nesse lugar, do qual não fazia ideia de onde estava.— Gostaria de ligar para minha irmã, Beatriz — Jack já estava ciente da resposta, mas agora queria observar melhor as e
Beatriz não aguentava ver Samuel perto de Lis. Ficava enjoada, achando que ele estava traindo sua memória ao querer ficar com Lis. Então, resolveu sair do quarto antes que falasse algo e deixasse sua cunhada mal, pois ela precisava de repouso e tranquilidade.— Beatriz, preciso falar com você. — Liam chamou sua atenção.— Se veio aqui falar que Samuel faz bem em investir na Lis, dispenso. — Ela não estava disposta a ouvir mais aquilo e, o próximo que falasse aquilo, ela não iria responder por si.— Na verdade, quero falar sobre Jack. — Aquilo a pegou desprevenida. Não esperava que o conteúdo da conversa fosse esse. Liam fez um movimento com a cabeça para que Beatriz o seguisse, e ela foi, intrigada com o que Liam tinha a dizer.Já fazia mais de dez minutos que os dois estavam sentados no jardim do hospital, e Liam não dizia uma única palavra.— Liam, dá para começar a falar? Está me deixando agoniada. O que você quer falar sobre meu irmão? — Beatriz estava impaciente, e Liam não sabia
Beatriz olha para Samuel com ódio mortal, pois agora, mais do que nunca, sabe que seu irmão não está morto e de maneira alguma pode admitir que ele tenha algo com Lis. Embora ainda não possa falar nada para ela, Samuel está todo bobo com uma das crianças no braço, parecendo até mais o pai, o que faz Beatriz ir até ele.— Você precisa me dar o meu sobrinho! Tá vendo que não está pegando nele direito? Pelo amor de Deus, vai acabar derrubando um deles no chão desse jeito. Nossa! Homem realmente não tem jeito para pegar em crianças. Me dê ele logo aqui antes que você derrube, porque é isso que pode acontecer. — Ela fala, tomando o seu sobrinho do braço de Samuel.— Calma, Beatriz, não precisa tratar o Samuel assim desse jeito. Meu Deus, parece até mais que ele te fez algo muito ruim. O Samuel é médico, Beatriz, e tenho certeza de que ele tem muito jeito com crianças. Até pegou o Calebe direitinho. Você é que está sendo cuidadosa demais dessa vez. Tomara que não fique igual à dona Frida, j
Jack continua em pé, enquanto olha para o jardim. Ele fica indignado com tudo o que está acontecendo com ele e não imaginava que um homem forte e saudável poderia se encontrar naquela situação, agora refém de uma mulher totalmente louca. Era o que estava parecendo, que Acácia era. Jack anda de um lado para o outro do quarto e sente novamente a sensação terrível de falta de ar, que aperta seu peito. Ele esfrega o peito, tentando aliviar essa sensação horrível, mas, por mais que tente, parece crescer cada vez mais. As gotículas de suor começam a tomar conta de seu rosto e de boa parte do seu corpo. Ele cai de joelhos, enquanto desabotoa a camisa, tentando se libertar dessa sensação que vai ficando cada vez mais devastadora. Jack respira profundamente, tentando puxar o ar, mas não consegue. Ele se vê lavado de suor e, por mais que tente, se sente preso em uma gaiola, com muito pouco espaço. Coloca as mãos sobre os joelhos, tentando aplacar a falta de ar que o consome, mas está muito difí
Beatriz chega à casa de Lis, estaciona o carro na garagem e entra. Vê Lis descendo as escadas com dois dos gêmeos nos braços, parecendo uma malabarista, enquanto Samuel desce com o terceiro bebê. Beatriz logo faz uma expressão irritada, pois não sabia que Samuel estava na casa de Lis, muito menos o que ele estava fazendo ali, já que não fazia parte da família e não deveria estar ali.— Olá, mamãezinha linda! Como estão os meus sobrinhos lindos? Eu não gostei de uma coisa. O que esse intruso está fazendo aqui na sua casa? Será que ele não tem mais trabalho lá no hospital? Porque, pelo que eu saiba, já era para o Samuel estar em Manhattan há muito tempo. Não sei o que ele faz aqui em Nova Jersey. Será que ele não sabe que está muito longe de casa? Pelo amor de Deus. — Samuel revira os olhos para Beatriz, enquanto Lis abre um sorriso.— Meu Deus, Bia! Você está afiada, logo cedo assim, minha filha. O Samuel só veio fazer uma visita antes de voltar para Manhattan. Querendo ou não, ele pre
Os dias passam rapidamente e tudo se torna uma rotina na vida de Lis. Ela só precisava de alguns dias para se acostumar com a nova rotina dos bebês. Frida estava com ela a todo momento, ajudando em tudo, e depois da morte de Jack, Frida se tornou uma mulher completamente fissurada nos netos, pois não queria perder nenhum momento. Ela se culpava por ter perdido alguns momentos da vida do filho e agora não poderia mais recuperá-los. De maneira alguma, por mais que Lis quisesse cuidar dos filhos, Frida sempre dava um jeito de mandar ela descansar, para que pudesse assumir essa tarefa todas as vezes que as crianças precisassem comer. E quando não fosse necessário que Lis desse de mamar, Frida assumia a responsabilidade.Samuel estava feliz. Depois de dois meses do nascimento dos bebês, Lis finalmente aceitou sair para almoçar com ele, e ele sentiu que, talvez, agora ela pudesse lidar com a oportunidade de serem mais do que amigos. Mas ele não estava preparado para ouvir o que Liam e Beatr
Não muito longe dali, Jack ouvia a conversa de Acácia. Ela estava muito nervosa, gritava e andava de um lado para o outro.— Eu não acredito que aquela desgraçada conseguiu! — Acácia estava descontrolada. Os homens a quem ela pagava não aguentavam mais aquela situação e queriam que tudo acabasse logo.Então, um deles começou a diminuir a sedação de Jack sem que ela percebesse, e começou a mostrar algumas fotografias de sua família. Jack não entendeu o homem, mas resolveu não questionar. Foi por isso que Jack estava no topo da escada, ouvindo mais uma vez a conversa de Acácia, sem que ela percebesse.— Vocês vão pegar aquelas crianças e dar um fim… — Acácia acabara de saber que Lis tinha filhos de Jack e não tinha ficado feliz com a notícia. Para ela, a hora de Lis já tinha passado.— Senhora, são crianças, na realidade, bebês! Pelo amor de Deus! Será que a senhora não tem dó? Não tem sentimentos em seu coração? — Um deles falou que, por mais que fossem bandidos, ainda tinham escrúpulo
Eles voltaram a se concentrar no plano quando a campainha tocou, e Liam resolveu abri-la. Porém, ao abrir, percebeu seu erro e queria poder voltar no tempo para não ter feito aquilo.— Então, você realmente está me traindo? E logo com a Beatriz, Liam! Pelo amor de Deus, você tem noção do quanto eu confiei em vocês dois? Isso é demais para mim, você morreu para mim. Você não existe mais na minha vida. Isso foi o cúmulo do que você fez. Não pensou em mim nem nas crianças? — Luíza já com o rosto banhado em lágrimas.— Luíza, não é o que você está pensando! Meu amor, eu te amo, por favor, deixa eu te explicar o que está acontecendo. Não é assim — Liam ainda tenta explicar.— Não é? Não é, Liam? Parece que eu não aprendo mesmo! Você já tinha feito isso uma vez e agora está fazendo com a cunhada da minha irmã! Você não tem vergonha? Não pensa nos seus filhos? — Luíza estava cada vez mais descontrolada e falando alto.— Acho melhor você entrar, Luíza, você precisa escutar o que temos a dizer