Desço a escada com certa rapidez, só para ter certeza do que imaginei. Minha tia está parada próxima a porta, analisando uma pintura na parede. Ela se vira para mim assim que me aproximo, sua expressão não está muito convidativa.
— O que faz aqui? — Pergunto sem rodeios.
— Isso são modos de tratar sua querida tia? — Diz vindo em minha direção e parando em minha frente. — Assim me magoa. — Faz seu drama corriqueiro. Preciso respirar fundo para me manter paciente.
— Desculpa, não estou no meu melhor dia. — Sou sincero.
Me aproximo e lhe dou um abraço, apertando com força e tentando achar conforto. Estou tão quebrado que não consigo, aquela sensação de quentura e carinho não vem, apesar de saber o quanto ela gosta de mim.
— Quando está sem seu melhor dia? — Retribui o abraço. — São raros, na verdade, são dias inexistentes. — Se afasta e me olha, um sorriso aparece em seu rosto. — Vim te perguntar uma coisa. Não, vim apenas confirmar algo que tenho quase certeza. — Cruzo os braços, esperando sua enxurrada de perguntas. — A filha do rei sumiu, onde ela está?
— Pensei que me perguntaria algo, mas, parece que já está confirmando. — Ando em direção a sala e sou seguido. — Se já sabe, por que pergunta?
— Para saber se é burro demais, preferia estar enganada. — Ela se senta no sofá com classe.
Minha tia materna, não parece em nada com a idade que tem, ela era bem mais velha que minha mãe, mas se beneficia de um pouco de magia para manter sua aparência jovial. Sua pele é branca como a minha, seus cabelos escuros como os meus, e seus olhos é a única coisa diferente, os seus são verdes e os meus azuis, como os do meu pai.
Desde que minha mãe se foi, ela tenta ser como uma mãe, porém não consigo aceitar. A mágoa é grande demais para que eu aceite a gentileza ou amor de alguém, mesmo sendo de minha família, e mais parecida comigo até do que minha mãe era.
— Não, não fui eu, está feliz? — Me sento e a encaro. — Tudo para você é culpa minha, dessa vez está enganada. — Digo encarando ela.
— Maior parte das vezes eu tenho razão, Peter. — Sua testa fica franzida, mostrando seu descontentamento com a situação. — Sempre se mete em confusões desnecessárias por uma vingança sem cabimento. — Sua fala me faz ficar de pé, revoltado.
— Ela era sua irmã. — Digo, indignado.
— Morgana era minha irmã, mas não era uma santa, precisa entender isso.
— Isso não justifica o que ele fez com ela! — Estou começando a ficar instável. — Eu vi tudo, ela não merecia passar por aquilo!
— Desculpe. — Se aproxima, vendo minha reação. — Eu sinto muito, falei sem pensar. — Tenta me acalmar. — Só estou querendo dizer que você deveria se vingar do pai, não da filha. Onde ela está, Peter?
— No meu quarto. Por quê? — Pergunto olhando para ela. — Sei o que estou fazendo, e também sei que irei conseguir minha vingança se prosseguir nisso. Ele tirou minha mãe, eu tiro a filha dele. É uma troca justa. — Digo convicto, ela não retruca.
— Será que sabe mesmo? Você está cego de ódio há dezoito anos. Não consegue enxergar nada além disso, e agora vai descarregar toda essa fúria em uma menina de dezessete anos? Ela não tem culpa de nada. Sei que tive minhas desavenças com sua mãe e que o que aconteceu foi horrível, mas, ataque ele. Não ela.
— Já que está tão preocupada com ela, vou te pedir um favor.
— O que quer que eu faça? — Como sempre, ela já sabe que fiz alguma estripulia.
— Então, por umas e outras coisas, ela está com medo de mim e não quer que eu chegue perto dela. Já excedi meus limites hoje, vou respeitar a recusa dela. Ou seja, poderia cuidar dela? — Tento usar meu tom mais inocente possível. — É só hoje, pode? – Pergunto e dou um sorriso encantador.
— Claro, pelo jeito ela só vai ter a mim, para defende-la do lobo mau, não é? — Reviro os olhos após sua piada sem graça.
— Para com isso. Sabe que é péssima com piadas. — Ando em direção a porta, ela me acompanha. — Vou sair um pouco, volto mais tarde. Sabe que temos limites que não podem ser ultrapassados. Não deixe ela fugir. Você respeita meu espaço, e eu não me meto em seus assuntos particulares. — A mulher revira os olhos.
Apesar de tudo, minha tia não é uma pessoa enxerida e que se mete em meus assuntos. Assim como não me meto nos dela. É uma troca. Ela é legal, não é uma mulher ruim, mas, como todas as pessoas, tem suas limitações, e quem a conhece, sabe até onde pode ir.
— Aliás, o que você fez? — Pergunta e olho para ela, penso um pouco.
— Você vai descobrir! — Dou de ombros e saio.
Tomara que dessa vez eu não tenha de ouvir sermões. Ela é chata quando quer. Posso ter vinte e dois anos, mas, às vezes, ela me trata como a criança de cinco anos que chegou para ela criar. Uma criança que perdeu os pais e estava traumatizado demais para interagir com qualquer um.
••°• Mellany •°••
Escuto a porta abrir, me sento rapidamente e espero pelo pior. Estou com tanto medo daquele homem. Medo do que ele pode fazer para me destruir. Primeiro o beijo, depois o chicote, a tendência é piorar.
Minha tensão ameniza quando vejo uma mulher entrar no quarto. Ela usa um vestido extravagante preto com vermelho, e é tão linda. Deve ser a irmã dele, parece ser da minha idade. Ela sorri para mim assim que nossos olhos se encontram. Isso me deixa aliviada, ele não vai me machucar com ela aqui.
Entro em desespero quando ela se aproxima e toca meu braço. Começo a tremer no mesmo instante. Ela pode ser a mulher dele, isso quer dizer que também é ruim. Por que pensei logo que seria irmã? Deve ser pela semelhança deles, mas posso estar enganada.
— Oi, princesa. — Seu tom de voz é doce e calmo. — Não precisa ter medo de mim, não irei machuca-la. — Acaricia minha bochecha suavemente. — Eu vim cuidar de suas feridas. — Olho para ela surpresa.
Como ela sabe disso? Será que ele contou? Aquele homem é ruim a esse ponto? Se vangloriando por me fazer mal.
— Co-co-mo sabe? Ele te contou? — Minha voz sai tão baixa que não sei se me ouviu, minha garganta está tão seca.
— Não, mas toda tia conhece o sobrinho que tem. Ainda mais quando conviveu com ele boa parte sa vida. Aliás, meu nome é Jasmine e o seu é? — Seu sorriso é tão reconfortante.
Tia dele? Deve ser irmã mais nova da mãe ou pai dele, ela claramente parece muito jovem para ser bem mais velha que ele. Não sei a idade do homem, nas ele deve ter entorno de vinte anos.
— Me chamo Mellany, prazer em conhecê-la, senhora. — Tento dar um sorriso, o que está sendo bem difícil devido a situação. — A senhora parece ser tão gentil, como pode ser parente daquele monstro? E também, a senhora é muito nova e me desculpe se eu te constranger, ou alguma coisa, mas, a senhora é muito linda. — Sou sincera e ela sorri.
— Prazer em conhecê-la, querida. Primeiro, ele puxou a mãe dele, não consegue controlar os impulsos e acaba fazendo muitas besteiras. Segundo, obrigada pelo elogio, você também é muito linda. Quer saber meu segredinho para parecer trinta anos mais jovem? — Diz chegando mais perto e acabo fazendo o mesmo. — Um pouquinho de magia. — Diz levando o dedo aos lábios, como se fosse um segrego. Arregalo os olhos, não acreditando no que acabei de ouvir.
— Isso não existe. — Digo, como se ela estivesse doida. — É tudo faz de conta, inventado nos livros que lemos. — Fico esperando para que concorde comigo
— Ah, minha flor. — Balança a cabeça negativamente. — Existe muito mais além da magia, você ainda tem muito a aprender. — Fico confusa, pois ela não concordou comigo, apenas ampliou a existência do sobrenatural. — Agora, me mostre o que ele fez, mas, deixe-me tirar isso de você, não é nenhum animal para ficar presa. Só não tente fugir. — Assinto.
Fugir é algo que sequer passa em minha mente. Eu prometi a ele que vou obedecer e ficar, não sei se consigo ir contra meus princípios, mesmo que seja para me proteger ou defender.
Sento de costas para ela assim que me solta, tiro a camisa e puxo o lençol para cobrir minha nudez. Tiro o nó que dei no pano e ele logo cai na cama. Ela dá um suspiro alto assim que vê.
Aperto o lençol em meu peito, escuto apenas ela se levantar e andar pelo quarto, voltando em seguida com uma pequena cestinha.
Tento ficar quieta e não chorar, ou gemer de dor, mas, apesar da delicadeza, dói muito cada vez que toca na pele machucada. Seja para limpar ou aplicar algo.
— Pronto. — Se afasta e segura em meu braço, acabo gemendo de dor. — Esse garoto merece uns t***s. — Resmunga. — Não está quebrado, vai ficar inchado e dolorido, mas logo passará. Tenho uma posta que vai fazer com que amanhã mesmo esteja melhor. Posso usar? — Assinto. Qualquer coisa que sirva para me ajudar, estou aceitando. — Por que ele fez isso com você? — Pergunta enquanto espalha o remédio em meu braço.
— Tentei fugir, mas ele me pegou. — Respondo.
— Não concordo com os meios dele, mas... ele é um ótimo caçador. — Se afasta, e coloco a camisa rapidamente. — Voltando ao ferimento, não tenho magia que faça seus machucados sumirem hoje, mas, posso fazer a dor se dissipar agora. Passei um remédio que logo fara efeito. Ele cura por completo ao longo de três dias, tem de passar hoje, amanhã e depois de amanhã. Cura mais rápido que o normal. — Assinto assim que ela termina de falar.
Agora é saber quem vai passar, pois não vou deixar ele encostar em mim. Ela vai precisar vir aqui me ajudar. Não entendo quando sai do quarto, penso até que foi embora e fico triste. Mas, fico feliz quando volta e com algumas roupas nas mãos. Roupas de baixo e um vestido larguinho.
— Obrigada. — Abro um sorriso sincero enquanto agradeço.
— Não há de quê. — Se senta ao meu lado. — Ele fez mais alguma coisa com você? Pode me falar, não contarei a ele.
— Não, senhora. — Digo e foco em minhas mãos.
— Olha nos meus olhos. — Continuo parada olhando para baixo apesar de seu pedido. Ela levanta meu rosto e fixa o olhar no meu, mesmo que eu queira, não consigo desviar. — Ele fez mais alguma coisa com você? — Pergunta e balanço a cabeça positivamente, sem conseguir parar. — O que ele fez com você, criança?
— Ele me beijou, mas eu tenho medo de que possa tentar algo a mais comigo. Me forçar a alguma coisa, ele diz que meu cheiro o deixa louco e que vai me destruir, como se eu fosse dele. — Digo todo o meu medo. — Não quero me tornar mulher dele. — Minha frase faz com que ela desvie o olhar, quebrando o transe em que estava.
— Ele não teria coragem. — Murmura para si. — Eu preciso ir agora, depois volto para te visitar. Tentarei vir amanhã, ou depois só lembre de usar a pasta nas costas. — Fica de pé e vai em direção a porta.
— Jasmine. — Chamo e ela me olha, a mulher parece atordoada. — Obrigada por me ajudar. E por favor, não conte que falei sobre o que ele fez e disse. — Sua expressão, antes tensa, se suaviza e logo volta até mim.
— Vai ficar tudo bem, não vai te acontecer mais nada. Eu prometo. — Dá um beijo em minha testa e vai em direção a saída, me deixando sozinha novamente.
Não acredito em suas palavras. Se fosse me ajudar, iria me tirar daqui, mas parece que não pode fazer isso. No final de tudo, ela ainda é tia dele e uma estranha para mim.
Levanto, sigo até a janela e olho para fora. Vejo que o homem está voltando de algum lugar. O que aconteceu ainda a pouco, pode só piorar minha situação.
— Estou com medo! — Murmuro.
•°•°Peter°•°•Assim que entro em casa, minha tia já está à minha espera, com os braços cruzados e batendo com o pé direito no chão. Já vi que aquela garota abriu a boca, odeio sermões, não tenho mais idade para isso.— Como você pôde fazer aquilo com ela? — Pergunta vindo em minha direção.— Ela tentou fugir, tinha de punir ela de algum jeito. — Respondo calmamente, mas a mulher para em minha frente, de forma ameaçadora. — Ela não é nenhum bicho para tratá-la daquele jeito! — A mulher está transtornada. — Isso não te interessa em nada, ela é minha, eu faço com ela o que eu quiser. — Digo em um tom raivoso e recebo um tapa em resposta.— Você não tinha o direito de fazer isso, ela é tão inocente, não merecia isso, o corpo é dela e não seu para decidir o que quer e quando quer. — Diz vermelha de raiva. – Não te criei para isso, te dei educação e ensinei a respeitar a todos, mas por causa desta vingança ridícula você está se tornando outra pessoa. Isso está manc
Acordo devido às luzes que entram pela janela, me irrita acordar assim. Levanto e decido tomar banho, deixo a água encher a grande bacia e tiro minha roupa, logo depois a faixa do curativo e entro na banheira, sem dor alguma nas costas ou no braço, que maravilha. Aquela mulher é realmente poderosa. A única dor que sinto é da fome por não comer nada até o momento.Quando termino, me levanto e levo um susto quando o homem entra no quarto, eu estava de costa para ele e por isso, saio rápido da banheira e me enrolo na toalha. Fico de frente para onde ele está, completamente assustada, não confio nele. Vive dizendo que vai me devorar, não sei como entender essas palavras. Não me parece que ele come pessoas no sentido de comer mesmo. Ele vem andando em minha direção, fico com medo do que pode vir a seguir, seu rosto é de surpresa e espanto. Conforme ele se aproxima, recuo até que minhas costas encostaram na parede. É o meu fim. Ele para em minha frente e fica me encarando, sua boca se abre
Percebo que já está escurecendo e me sento no galho que estou, sequer percebi o tempo passar. O sol está se pondo. Está tão lindo, uns tons abóboras, vermelhos e amarelos, é a primeira vez que vi assim de um ângulo certo e no oceano. Sempre via da varanda do meu quarto, mas não é a mesma coisa, admiro pelo máximo de tempo que posso, não sei se terei chance de sair novamente. E preciso descer do topo dessa árvore antes de escurecer, posso acabar caindo e não quero isso.Quando chego ao chão, vou em direção a escada e entro na casa, aquele homem desapareceu. Não imaginava que ele me deixaria sair e depois sumiria assim. Acho que poderia fugir caso quisesse, porém, por algum motivo, tenho certeza que ele conseguiria me achar. Fiquei o tempo todo naquela árvore, não percebi o tempo passar, fiquei sem comer o dia todo, preciso comer algo. Vou aproveitar que aquele homem sumiu e vou comer escondido. Será que a cozinha é naquela porta enorme mais a frente? Passo por ela só para me certifica
°•°Peter°•°• Preciso terminar de preparar as correntes e a jaula, hoje é dia de lua cheia, posso me transformar sempre que quero, mas quase não faço isso. Não é algo que eu necessite, é apenas algo que faz parte de mim e nas noites de lua cheia, sou obrigado a me transformar. Quase não me transformo, pois não consigo controlar o monstro, preciso deixar tudo certo, não posso sair da jaula, não com ela aqui, posso pôr meu plano a perder se eu fugir. — Tenho de ver se está tudo firme para me segurar, da última vez não deu muito certo e escapei, dessa vez isso não pode acontecer. — Começo a conferir rapidamente, pois a lua já está prestes a chegar em seu auge. Olho para a janela, tenho pouco tempo até que a transformação aconteça, pego alguns galhos finos da planta que pode ajudar ela a se proteger de mim e ando a passos largos em direção ao quarto em que está. Abro a porta, ela está acuada no canto do quarto e a imagem me deixa tão satisfeito, parece uma ovelha assustada e meu lado lo
•°• Mellany •°•• Pensei que ele não me diria o nome, mas fiquei surpresa quando me respondeu. Só não entendi o motivo da planta. Quando ele colocou em minha mão, senti minha mão queimar e não consegui segurar por mais tempo. — Ele estava estranho que o normal. – Comento dando de ombros e jogo a planta na cama, elas me queimam e parecem sugar minha energia. Vou até a janela, a noite está tão linda, hoje é lua cheia, eu amo essas noites. Todas as noites que tinha lua cheia, costumava esperar todo mundo dormir e ia para o jardim de casa, o ar parecia ser especial nessas noites e assim como as estrelas, continham uma certa magia. Sou tirada de meus pensamentos ao escutar um grito, ele está gritando, o que será que está acontecendo? Foi um grito de dor, isso me deixa com medo, se ele está com dor e ele é mau, o que fez isso deve ser pior ainda. Não é bom para mim. Ando em direção a porta, péssima ideia, pois quando estou próxima de segurar na maçaneta para ver se está aberta, ela se ab
°•°Peter°•°•No momento que a ataquei, minha única intenção era matá-la, meu instinto falava mais alto, o monstro queria isso, não conseguia me controlar. Tentei resistir, mas estava disposto a devorá-la e isso acabaria com meu plano. Quando meus dentes cravaram em sua pele, tão macia, tão frágil, eu ia matá-la sem dúvidas, até que seu grito ecoou em meus ouvidos, não sei o motivo, mas aquele grito fez o monstro se acalmar, foi como se ele a reconhece de alguma maneira, ela era a calmaria em sua tempestade. Foi tão estranho. Naquele instante, não queria matá-la, queria protegê-la e não sabia como fazer, meu lobo ficou agitado, temeroso e culpado. Quando me vi sentindo o cheiro que seu corpo emanava, foi como se um turbilhão de sentimentos fossem jogados contra mim e uma calmaria que nunca senti relaxou meu corpo transformado, irradiou pela minha mente e consegui retomar o controle, consegui me controlar.Isso me assustou, pois quando era mais novo, tinha quinze anos na época, estava
•°• Mellany •°•• Resmungo descontente quando volto a mim, olho para todos os lados ao sentir que estou sobre algo macio. Lembro de cair no chão gelado e duro, alguém me encontrou. Olho para baixo e levanto os braços, estou vestindo outra roupa. Me sento rapidamente quando percebo isso e também quando reconheço o ambiente. Ele me trocou? Ele me viu nua. Me auto abraço, isso faz com que uma dor grande incomode meu ombro e olho, está enfaixado. Estava com medo e fugi, ele me encontrou e vai me punir novamente. Estou com medo da reação dele, se dá ultima vez me bateu sem piedade, agora vai completar a outra ameaça que me fez, vai me fazer a mulher dele. — Será que ele vai me punir novamente? — Minha pergunta sai em um sussurro. — Não, dessa vez vou deixar passar, mas se fizer isso de novo já sabe o que vai te acontecer. — Tomo um susto quando ele entra no quarto e puxo a coberta para me cobrir até o pescoço. — Come. — Diz colocando uma bandeja com comida ao meu lado. — Anda. — Me obr
*°*Rei Marcus*°*— Odeio não ter notícias. — Falo, olhando para Nana, já se passaram alguns dias, mas ela continua chorando. — Ainda lembro do abraço que ela me deu antes de sair. — A mulher me olha desolada. — Senhor, nós precisamos encontrar ela. — Nana diz voltando a chorar. — Eu sei, mas não entendo. O normal é que peçam uma recompensa, mas está demorando muito. — Olho para os guardas parados em minha frente, acabaram de voltar da procura e nada. Ainda tenho esperança de que os que ainda não voltaram a tenham encontrado. — É impossível que ela tenha fugido, sequer saberia se virar lá fora. — Já não sei mais o que pensar.— Existe alguém que queira se vingar do senhor? Algum inimigo meio ao povo ou algum reino que é contra sua soberania? Alguém que o odeie tanto a ponto de pegar minha menina para se vingar? — Nana pergunta me olhando.— Não, não sei. Sou tão bom para o povo, não consigo lembrar de nada que tenha feito para alguém. — Digo, coçando a cabeça, realmente não me lembro