Acordo me sentindo muito fraca, minha cabeça dói, parece que estão dando madeiradas nela, Minha vista está embaçada, aos poucos está voltando. Tudo que passei antes volta a minha cabeça, o monstro que meu pai se tornou está me deixando aterrorizada. Tive de ser puxada para uma experiência que a princípio foi horrível, para descobrir que o verdadeiro inimigo sempre esteve ao meu lado. Levanto devagar, quase caio, mas consigo firmar meus passos. Paro em frente ao espelho e vejo o caos que estou, meu cabelo parece sem vida, minha pele está pálida demais e combina bem com minha falta de energia. Parece que estou presa a meses sem comer, é uma sensação tão ruim, que me faz querer vomitar. Olho para a porta quando ela é aberta, me apoio na parede quando vejo meu pai com sua expressão de superioridade e satisfação. Não tenho forças para brigar ou discutir. — Se arruma, seu pretendente chegou. — Diz se aproximando. — Mas… — Levo a mão ao rosto, passando e respirando fundo. — Não estou bem.
Acordo com alguém me balançando e me chamando pelo nome. Viro pro outro lado, cobrindo minha cabeça e ignorando a voz que discerni sendo masculina. Só pode ser meu pai. Não estou com ânimo para falar com ele. Mas, vejo que não conseguirei fugir disso quando começa a me balançar com rapidez.— O que foi? — Pergunto secamente.— Seu noivo quer se encontrar com você a sós. — Me sento no mesmo momento em que fala. — Se apronte para isso.— Não. Não quero me encontrar com ele. — Digo cruzando os braços.— Você não tem querer, quem manda aqui sou eu. — Diz em um tom raivoso e engulo seco.— Por que está fazendo isso comigo? Como pôde mudar tanto? — Pergunto. — Na verdade, não mudou, apenas escondeu por um bom tempo sua verdadeira identidade. — Cale a boca. — Se exalta. — Amanhã pela tarde vocês vão sair para um passeio, seja uma princesa obediente e educada, se ele te perguntar sobre algo, faça de tudo para agradá-lo. Apesar de querer casar com uma impura, não disse a história verdadeira,
A primeira coisa que faço quando a carruagem para, é segurar o rei pela mão e puxá-lo até a casa de minha amiga. Ele ainda parece desconfiado, mas me segue como se, realmente, confiasse em mim. A princípio não gostei dele, mas ele até que é um homem respeitoso e bem legal, se fossem outras circunstâncias, tenho certeza que seria um casamento que poderia dar certo. Provavelmente seja pelas nossas vestimentas caras, mas todos os habitantes ficam nos encarando. Não tive tempo de me preparar adequadamente para vir aqui, já que foi uma ideia que surgiu ainda há pouco. — Ela mora alí. — Aponto para uma casa bem simples, espero mesmo que ele não ligue para isso. Afinal, não devemos julgar as pessoas pela condição financeira dela. Existem pessoas horríveis que tem até demais, meu pai é um deles. Tem uma grande fortuna, mas provou ser uma pessoa péssima nesses últimos dias, somente por dinheiro. Bato na porta, torcendo para que ela esteja em casa. — Mellany. — A porta é aberta logo em segui
Fico empolgada com cada coisa que vejo, é sempre uma novidade para mim, amo observar a criatividade deles com todos os artesanatos que fazem com coisas simples. Mordo os lábios quando chego em uma barraca com algumas panelas de barro bem grande. Um homem sai com um caldo bem bonito.— Olá. — A mulher mais velha me olha. — O que é isso? — Aponto pro pote que mais me chama atenção.— Guisado de carne de carneiro. — A aparência é tão boa, os ingredientes já não sei.Será que já comi algo assim? Não costumo perguntar qual é o cardápio no castelo, apenas como.— E isso? — Aponto.— É a receita de pão da minha mãe, acompanha o guisado. — Meu estômago ronca alto.— Vou querer, qual é o valor?— Dez moedas de prata. — Abro a boca alarmada.Não costuma ser tão caro assim quando me visto com roupas comuns e saio por aí. Usar roupas dignas da realeza encarece um bocado. Ouvi ela dizer pro homem que veio antes de mim que custava apenas três moedas.— Só um momento. — Pego as moedas que Frederic m
Chegamos à sala principal, meu pai está sentado e quando nos vê, se levanta rapidamente todo sorridente. Fico o máximo que posso atrás de Frederic, mas sem parecer que estou me escondendo. Não quero que note que algo está errado, mesmo sabendo que em breve teremos muitos gritos.— Oi, vocês chegaram, já estava preocupado pelo horário. — Diz parando em nossa frente, poderia dizer que a felicidade dele é contagiosa, mas não estou feliz. Vou ter que sofrer as consequências por não me deixar ser maleada por ele. — Com licença, preciso subir. — Falo rápido, passando por eles, mas meu ato de fuga não dá certo, já que meu pai segura meu braço.— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — Parece bem confuso. Faço que não com a cabeça, puxo meu braço e subo a escada correndo. Será que consigo fugir pela janela do quarto? É tão alto, talvez, se eu amarrar alguns lençóis, consiga fazer isso. Já que pela porta não conseguirei, estranhamente, assim que passei, ela se trancou atrás de mim. Esses guard
Meus poderes me ajudavam com a dor, me curava com rapidez e me deixava apta para suportar. O que farei agora que estou sem ele? Não posso me livrar da dor física, seria mais fácil de suportar. Puxo o lençol para me cobrir e me encolho quando a porta é destrancada, ele voltou para acabar comigo, para terminar de me machucar. — Não! — Nana parece chocada e desvio meu olhar para ela. — Ele está descontrolado. Pare de confrontá-lo, princesa. Olha o que ele fez. — Diz se sentando na beira da cama e começa a acariciar meu cabelo. — Não chora meu amor, vai ficar tudo bem. — Mesmo suas mãos sendo suaves, ainda me dói tudo, até a raiz do meu cabelo.— Ele vi-rou um mons-tro. — Murmuro com um pouco de dificuldade.— Eu sei, meu amor. Ele está irreconhecível, não chore mais, por favor. — Diz suavemente. — Vou te contar uma história “Há muitos anos, em um lugar distante daqui, além das montanhas e oceanos, estava acontecendo uma guerra. O rei dos bruxos havia se apaixonado por uma fada, algo to
•°•° Peter °•°•Algo não vai bem, consigo sentir isso, mas não sei bem o motivo. É como se eu estivesse doente, com o corpo quente, mas não fico doente, não é possível. Essa sensação é semelhante a…Levo a mão ao peito quando uma forte dor me atinge, aperto com força e faço careta, parece que estou prestes a morrer, como se estivesse sendo apunhalado no peito, mas não tem ninguém por perto para causar tal coisa.— Mellany! — É tudo que digo antes de levantar em um pulo, já me lançando para frente e virando um lobo antes de tocar o chão.Corro, como se minha vida dependesse disso, mas sinto que é algo semelhante. Algo aconteceu a ela. Quando os guardas se aproximaram, tive de sumir, provavelmente ela não tenha se recuperado e minha tentativa de ajudá-la com um pouco do meu jardim, tenha sido algo falho. Deixá-la lá e fugir como um covarde não é algo que queria, mas que era necessário.O lobo parece descontrolado, como se sua bússola estivesse prestes a ser arrancada. Foram anos sem me c
Sinto meu corpo batendo em algo após ser puxado, isso acontecesse no mesmo instante em que volto a mim. Isso me faz acordar, os sons, cheiros e toques que sinto que vem do ambiente onde estou me atinge com força. Sinto a água, assim como alguém me segurando, mas não é isso que me chama a atenção, é o fato de estar me sentindo tão bem por estar em contato com a natureza. A dor que sentia antes, parece que escorre junto com a água que passa por mim e some, me deixando totalmente bem. Não é o poder que a pulseira bloqueia, é minha energia voltando e despertando o melhor em mim. Senti tanta falta disso. Abro os olhos, sinto eles queimando e sei que é pelo elemento da água sendo recarregado em meu corpo. Olho para cima, ao tempo de ver os olhos do meu pai cheios de lágrimas como se tivesse sofrendo. Quando percebe que acordei, o homem me puxa com força para o peito dele e me abraça, a ponto de me deixar sem respirar.— Meu amor, fiquei com tanto medo de te perder. Foi horrível te sentir