•°•° Peter °•°•Algo não vai bem, consigo sentir isso, mas não sei bem o motivo. É como se eu estivesse doente, com o corpo quente, mas não fico doente, não é possível. Essa sensação é semelhante a…Levo a mão ao peito quando uma forte dor me atinge, aperto com força e faço careta, parece que estou prestes a morrer, como se estivesse sendo apunhalado no peito, mas não tem ninguém por perto para causar tal coisa.— Mellany! — É tudo que digo antes de levantar em um pulo, já me lançando para frente e virando um lobo antes de tocar o chão.Corro, como se minha vida dependesse disso, mas sinto que é algo semelhante. Algo aconteceu a ela. Quando os guardas se aproximaram, tive de sumir, provavelmente ela não tenha se recuperado e minha tentativa de ajudá-la com um pouco do meu jardim, tenha sido algo falho. Deixá-la lá e fugir como um covarde não é algo que queria, mas que era necessário.O lobo parece descontrolado, como se sua bússola estivesse prestes a ser arrancada. Foram anos sem me c
Sinto meu corpo batendo em algo após ser puxado, isso acontecesse no mesmo instante em que volto a mim. Isso me faz acordar, os sons, cheiros e toques que sinto que vem do ambiente onde estou me atinge com força. Sinto a água, assim como alguém me segurando, mas não é isso que me chama a atenção, é o fato de estar me sentindo tão bem por estar em contato com a natureza. A dor que sentia antes, parece que escorre junto com a água que passa por mim e some, me deixando totalmente bem. Não é o poder que a pulseira bloqueia, é minha energia voltando e despertando o melhor em mim. Senti tanta falta disso. Abro os olhos, sinto eles queimando e sei que é pelo elemento da água sendo recarregado em meu corpo. Olho para cima, ao tempo de ver os olhos do meu pai cheios de lágrimas como se tivesse sofrendo. Quando percebe que acordei, o homem me puxa com força para o peito dele e me abraça, a ponto de me deixar sem respirar.— Meu amor, fiquei com tanto medo de te perder. Foi horrível te sentir
°° Uma semana depois °°Hoje é o dia do baile, não estou nada afim e até tentei anular minha ida, mas, minha presença, infelizmente, é a principal. Não estou com um pressentimento bom, sinto que algo vai acontecer e da última vez que senti isso, acabei sendo levada contra minha vontade. Claro que conhecer Peter foi uma coisa boa até então, mas não quero me arriscar novamente.Nana entra no quarto para me acordar, mas já estou sentada na cadeira esperando o início dos preparativos para essa grande palhaçada. A semana passou tão devagar que estou no nível máximo de estresse, foi um tédio ter que experimentar tantos vestidos, máscaras e fingir sorrisos.— Sim, já acordei. — Ela abre a boca para falar, mas me adianto e já respondo o que, provavelmente, perguntaria. O que mais fiz essa semana, além das obrigações que me deram, foi dormir.Acho que meu humor está tão ruim assim, pois Peter não conseguiu entrar em contato comigo em nenhum momento. Mesmo não perguntando diretamente, ouvi meu
Não me envolvi tanto com a decoração do salão, só o vestido e outras coisas que precisavam da minha opinião foi o suficiente. E percebo que não me envolver deu super certo, essa é a decoração de aniversário mais linda que já tive. Parece que estou sonhando. Um sonho tão perfeito que mal consigo descrever. As luzes, os enfeites, tudo branco e bem iluminado. Estou apaixonada. Até esqueço um pouco que queria ir embora o mais rápido possível, posso ficar mais um pouco. O melhor de tudo foi que incorporaram muito da natureza no ambiente, me sinto revigorada.— Está tão linda. — Comento ainda no topo da escada, observando tudo do alto. — Ficou perfeito.— Fico feliz que tenha gostado. — Meu pai diz e abro um sorriso.Como resolvi aproveitar e curtir o máximo que posso, apenas mostro o quão feliz estou, mesmo que momentaneamente.Quando me aproximo do primeiro degrau para descer, todos do salão param para olhar para mim. A reação foi o que esperava, alguns murmúrios de choque, olhares de co
Me viro rapidamente quando ouço a voz do meu pai, fico na frente do Peter como em uma posição de proteção, mas a quantidade de guarda que nos cerca é grande demais. Se ele se transformar aqui, as coisas vão sair do controle e será um banho de sangue.Meu pai dá mais um passo, corro até ele e fico em sua frente, impedindo que chegue perto de Peter. Não que esteja preocupada com meu pai, mas estou preocupada com o que o homem que se transforma em lobo pode fazer.— Pai, por favor, deixe ele ir. Se ele se transformar em lobo, vai matar todo mundo. — Meu corpo é empurrado pro lado com força, quase caio, mas consigo me firmar e olhar para onde Peter está.Meu pai fica frente a frente com ele, que ainda está imóvel, como se estivesse analisando a situação. Estou com medo do que pode acontecer.— Devia ter te matado quando tive chance. — Meu pai diz como se estivesse no controle e percebo que isso pode ser verdade quando vejo o semblante de Peter se contrair. — Querida, não se preocupe. — O
Desço a escada correndo, prestes a ir em direção a prisão, mas lembro do que caiu do bolso do Peter ontem a noite. Tomara que ninguém tenha achado. Corro até lá, achando uma caixinha no mesmo lugar que vi cair. Por sorte meu pai não viu e posso entregar ao dono. Todas as partes do castelo estão fortemente guardadas, tem homens armados dos pés à cabeça em todos os lugares. Parece até que vai acontecer uma guerra e eles estão preparados para isso. Tem nove guardas parados bem em frente a porta que leva até as celas da prisão. Isso sem contar os que devem estar lá dentro e os que marcham para lá e cá. — Quero entrar. — Falo parando na frente deles. — Não posso deixar, princesa, aqui não é lugar para senhorita. — Um dos guardas fala e faço careta. — Não quero saber se é lugar para mim ou não. Disse que quero entrar e é isso que farei. — Dou um passo para frente, mas sou barrada. — Tem certeza que vocês querem ficar no meu caminho? — Questiono olhando para todos. — Meu pai é o rei
Acabamos ficando mais tempo que o normal, parados e abraçados, só precisamos nos afastar quando as forças de Peter acabaram e a dor sobrepôs qualquer momento bom. Neste instante, estou terminando de enfaixar as costas dele, após limpar o máximo que podia de suas feridas. Amarro, volto a me sentar e ele se vira, me encarando. Isso faz com que minhas bochechas fiquem bem quentes, semelhante a quando limpei o rosto dele e ele ficou me encarando durante todo o tempo. Levo minhas mãos ao rosto, dando batidinhas para tentar apaziguar essa sensação. Desvio o olhar pro lado, isso me faz lembrar do que peguei antes de vir para cá. — Você deixou cair isso ontem enquanto estava sendo… como posso dizer? Espancado. — Entrego a ele a caixinha. — Pensei que tinha perdido, mas parece que ele estava com a dona. — Abre um sorriso enquanto me encara. É estranho ver o rosto dele tão inchado e não tão bonito como normalmente é. — É para você. — Estende para mim a caixinha. — Feliz aniversário, princes
Faço careta assim que recobro a consciência, estou sentindo tanta dor que é difícil pensar em alguma coisa. Me sento, apesar da dor e olho ao redor, tentando lembrar de tudo que aconteceu. Meu sangue ferve no momento em que meus olhos param no rei, que um dia chamei de pai e lembro de tudo que ocorreu. O dia está claro, por isso, levanto apesar do que sinto e isso chama a atenção do homem que olhava para fora. Preciso descobrir como Peter está, se ficou muito machucado, se está preocupado comigo e, mais importante, preciso sair de perto desse homem antes que cometa alguma atrocidade ao qual me arrependerei depois. — Filha… — Não me chame assim. — Sibilo com raiva e desvio de seu toque, acabo caindo sentada na cama por isso. — Perdeu esse direito quando não me ouviu e me machucou, mesmo depois de todos os meus alertas. — Eu não sabia. — Choraminga. — Existe uma grande diferença entre não saber e ignorar a verdade. Você escolheu ignorar por causa do ódio que sentia, ignorou a ver