Me viro rapidamente quando ouço a voz do meu pai, fico na frente do Peter como em uma posição de proteção, mas a quantidade de guarda que nos cerca é grande demais. Se ele se transformar aqui, as coisas vão sair do controle e será um banho de sangue.Meu pai dá mais um passo, corro até ele e fico em sua frente, impedindo que chegue perto de Peter. Não que esteja preocupada com meu pai, mas estou preocupada com o que o homem que se transforma em lobo pode fazer.— Pai, por favor, deixe ele ir. Se ele se transformar em lobo, vai matar todo mundo. — Meu corpo é empurrado pro lado com força, quase caio, mas consigo me firmar e olhar para onde Peter está.Meu pai fica frente a frente com ele, que ainda está imóvel, como se estivesse analisando a situação. Estou com medo do que pode acontecer.— Devia ter te matado quando tive chance. — Meu pai diz como se estivesse no controle e percebo que isso pode ser verdade quando vejo o semblante de Peter se contrair. — Querida, não se preocupe. — O
Desço a escada correndo, prestes a ir em direção a prisão, mas lembro do que caiu do bolso do Peter ontem a noite. Tomara que ninguém tenha achado. Corro até lá, achando uma caixinha no mesmo lugar que vi cair. Por sorte meu pai não viu e posso entregar ao dono. Todas as partes do castelo estão fortemente guardadas, tem homens armados dos pés à cabeça em todos os lugares. Parece até que vai acontecer uma guerra e eles estão preparados para isso. Tem nove guardas parados bem em frente a porta que leva até as celas da prisão. Isso sem contar os que devem estar lá dentro e os que marcham para lá e cá. — Quero entrar. — Falo parando na frente deles. — Não posso deixar, princesa, aqui não é lugar para senhorita. — Um dos guardas fala e faço careta. — Não quero saber se é lugar para mim ou não. Disse que quero entrar e é isso que farei. — Dou um passo para frente, mas sou barrada. — Tem certeza que vocês querem ficar no meu caminho? — Questiono olhando para todos. — Meu pai é o rei
Acabamos ficando mais tempo que o normal, parados e abraçados, só precisamos nos afastar quando as forças de Peter acabaram e a dor sobrepôs qualquer momento bom. Neste instante, estou terminando de enfaixar as costas dele, após limpar o máximo que podia de suas feridas. Amarro, volto a me sentar e ele se vira, me encarando. Isso faz com que minhas bochechas fiquem bem quentes, semelhante a quando limpei o rosto dele e ele ficou me encarando durante todo o tempo. Levo minhas mãos ao rosto, dando batidinhas para tentar apaziguar essa sensação. Desvio o olhar pro lado, isso me faz lembrar do que peguei antes de vir para cá. — Você deixou cair isso ontem enquanto estava sendo… como posso dizer? Espancado. — Entrego a ele a caixinha. — Pensei que tinha perdido, mas parece que ele estava com a dona. — Abre um sorriso enquanto me encara. É estranho ver o rosto dele tão inchado e não tão bonito como normalmente é. — É para você. — Estende para mim a caixinha. — Feliz aniversário, princes
Faço careta assim que recobro a consciência, estou sentindo tanta dor que é difícil pensar em alguma coisa. Me sento, apesar da dor e olho ao redor, tentando lembrar de tudo que aconteceu. Meu sangue ferve no momento em que meus olhos param no rei, que um dia chamei de pai e lembro de tudo que ocorreu. O dia está claro, por isso, levanto apesar do que sinto e isso chama a atenção do homem que olhava para fora. Preciso descobrir como Peter está, se ficou muito machucado, se está preocupado comigo e, mais importante, preciso sair de perto desse homem antes que cometa alguma atrocidade ao qual me arrependerei depois. — Filha… — Não me chame assim. — Sibilo com raiva e desvio de seu toque, acabo caindo sentada na cama por isso. — Perdeu esse direito quando não me ouviu e me machucou, mesmo depois de todos os meus alertas. — Eu não sabia. — Choraminga. — Existe uma grande diferença entre não saber e ignorar a verdade. Você escolheu ignorar por causa do ódio que sentia, ignorou a ver
°•° Peter °•°•Meu corpo está péssimo, não consigo nem ficar com os olhos abertos. Sinto uma dor forte no coração, como se ele estivesse dilacerado e isso tem a ver com o corpo da princesa desfalecendo antes. Fiquei em desespero, mas não pude fazer nada além de ver outros homens a levando daqui, levando para longe de mim.Choramingo quando tento sentar, meu corpo também está moído e sinto que posso desmaiar a qualquer momento pela fraqueza. Puxo o ar com força, tento ficar de pé, mas não consigo. Me arrasto para frente até a grade, seguro com força e consigo me levantar enquanto seguro. — Ela precisa de mim. — Algo arde em meu coração machucado, uma necessidade e sensação de perda. Alguma coisa está acontecendo com ela.“Peter, me ajude.”Olho ao redor, tentando encontrar o local de onde a voz dela saiu. Parecia tão perto, mas não vejo nada, somente a escuridão que me lembra que estou preso e a dor, que me faz entender que estou pagando pelo que fiz a ela. “Por favor, me salve.”Me
••°• Mellany •°••Tento olhar ao redor, mas não consigo, está tudo preto. Estou assustada e com frio, onde estou? Meu corpo está arrepiado, sinto alguém me espiando à espreita, mas não consigo saber de onde vem essa sensação. É horrível. Meu desespero me faz chorar, quero sair daqui, mas não sei como. “Não sei como farei isso, mas vou te proteger e te trarei de volta.” — Peter? — Me viro ao ouvir a voz dele. — Onde você está? Me ajuda. — Suplico.“Mellany, me escute. Estou aqui e vou te proteger, irei cumprir minha promessa e não vou te abandonar nunca.” Começo a correr na direção que sua voz parece estar vindo, uma pequena luz branca cresce da escuridão e isso me deixa feliz. Acho que ele está conseguindo me ajudar, vou sair daqui e poderei viver em paz. — Não. — Paro de correr quando a luz desaparece, me deixando novamente na escuridão.Estico as mãos e tento me orientar conforme ando, parece que meus olhos foram cobertos com algum pano escuro e não posso mais enxergar. Me agach
Me afasto de Peter, só então percebo que ele está sem roupa, somente com um pano enrolado no corpo. Meu rosto começa a queimar no mesmo momento, tento disfarçar, mas não consigo esconder. — Ah, é verdade. Já volto. — É tudo que o homem diz antes de sumir do quarto em sua velocidade.Olho ao redor, meu quarto está destruído e não sei como permanecerei aqui. Creio que não tenha como e não é só pela destruição, é por tudo que aconteceu e pelo fato de que não sou mais criança para obedecer meu pai. Foram tantos anos me tratando bem e cuidando de mim com zelo, pouco tempo foi necessário para que jogasse fora todo o cuidado. Seu jeito cruel foi um baque e não sei se o perdoarei agora, mas tenho certeza que futuramente o perdão pode acontecer. Não sou uma pessoa ruim, afinal, perdoei o Peter depois de tudo que aconteceu. Só preciso organizar os sentimentos embaralhados dentro de mim e tudo ficará bem.Me viro para fora, o tempo está agradável e bonito, parece que o caos estava acontecendo
Minha cabeça dói quando me sento, levo a mão até ela e choramingo.Olho ao redor em desespero quando lembro que desmaiei em frente ao palácio, mas, relaxo por completo quando reconheço o quarto de Peter. Pensar que meu pai poderia arrumar confusão com o homem para me deixar presa novamente seria enlouquecedor. Por sorte, em meu momento de desmaio, consegui concluir meu objetivo que era sair de casa.Me levanto, meus pés parecem tremer conforme ando pelo ambiente e felizmente, encontro um pequeno baú com alguns frascos de remédio que podem me ajudar. Meus poderes despertaram por completo, mas, ainda parece estar se organizando, isso deve ser a causa de meu estado atual.Saio do quarto após tomar o remédio e me lavar. A água estava tão convidativa que não perdi tempo, porém, isso me deixou sem roupas limpas para usar. Por isso, peguei uma camisa do Peter e uma de suas roupas de baixo. Preciso ir até o quarto que tem roupas femininas para pegar alguma e descer.Paro de subir a escada quan