••°• Mellany •°•• Acordo com um barulho de cortina a ser aberta e logo o sol entra no quarto, só pode ser Nana. — Não, não quero acordar agora, só mais um pouquinho. — Digo tapando o rosto com a coberta. — Só mais um tempinho. — Não pode, seu pai deseja conversar com a senhorita. Não tem como adiar, desde que chegou não falou para onde foi, quem a pegou e como conseguiu sair. É muito estranho. — Diz puxando a coberta. — Vá tomar banho e desce logo. Não falarei novamente. — Levanto ainda sonolenta, indo em direção a banheira, pelo jeito não vai dar para enrolar mais, preciso pensar bem no que falar. Quero contar a verdade, ao mesmo tempo em que não quero. Tem o fato de que não quero me casar e poderia usar isso ao meu favor, mas não sei bem como fazer tal coisa. Até lá consigo pensar em algo. Já terminei de fazer tudo, quero me trancar no quarto, mas Nana fez questão de deixar um guarda bem parado na porta após eu me vestir, para me impedir de fazer isso. Estou com tanto medo do
•°• Mellany •°••Uma capa preta está me cobrindo, olho para o lado e vejo Peter agora agachado, ele tem um sorriso calmo no rosto, isso me faz relaxar mais. Solto um longo suspiro, apertando com força a frente do pano que me cobre. Estou me sentindo tão triste, que só consigo sentir certo acalento quando sou puxada para o colo do homem e abraçada com mais força. — Está tudo bem? — Pergunta acariciando meu rosto. — Senti que estava em perigo e a segui pelo chei…— Estou com tanto medo, Peter. — Interrompo o homem, sendo sincera. — O que aconteceu? — Segura em meu rosto, virando para ele e faço um bico gigante.— Meu pai, ele queria saber o que aconteceu e eu... — Fico em silêncio por um momento. — As coisas não saíram como imaginei. — Mordo os lábios, me afastando dele e voltando a sentar no tronco. — Ele te machucou? — Toca minha bochecha, creio que já está sabendo a resposta pelo vermelho que deve ter se formado pelo tapa que recebi antes.— Ele queria saber o que aconteceu, acabe
•°• Mellany •°••Chego ao castelo, não vejo ninguém, isso é bem estranho. Ando na ponta do pé até chegar em meu quarto, torcendo para ninguém me encontrar, não quero falar com meu pai ou Nana. Tudo está tão silencioso, será que saíram à minha procura? Isso explicaria muita coisa. Abro a porta do quarto devagar, entro e empurro ela devagar para fechar, torcendo para não ranger, isso pode me denunciar. Travo no mesmo instante que escuto a respiração de alguém atrás de mim, além da sensação de estar sendo observada.— Estava te esperando. — A voz do meu pai ecoa pelo quarto e engulo seco, me virando para encará-lo. Sinto que meu coração pode fugir a qualquer momento pelo nervosismo. — Para onde foi? Saiu correndo como uma louca. — Diz se levantando, por um instante meu coração gelou, será que ele vai fazer alguma coisa?— Não interessa o local em que eu estava. Agora se importa comigo? — Pergunto e continuo no mesmo lugar, encostada na porta e ele respira fundo, como se estivesse se con
Acordo assustada e suando frio, não aguento mais ter pesadelos tão realistas. A noite toda foi entre dormir e acordar, e todos os pesadelos tinham apenas um fim, a morte de Peter, isso me deixa completamente preocupada. Tudo que sonhei até agora tem acontecido, mas isso eu não posso deixar acontecer, não posso. — Oi, você está bem? — Levo um susto quando a voz dele ecoa em minha mente. — Não, agora sou uma prisioneira no meu próprio quarto. — Respondo e quando olho, ele está no meio das árvores em sua forma de lobo, só seus olhos que dão para ver claramente.— Como assim? — Pergunta, parecendo confuso.— Meu pai me trancou aqui e não posso nem fugir, porque tem um bloqueador de magia aqui. — Respondo olhando para onde ele está. — Parece que mesmo sem me falar, ele já tinha se preparado para caso eu me virasse contra ele.— Isso explica o motivo de não conseguir me materializar aí. O problema dessas magias é que somente a própria bruxa pode desfazer. Infelizmente, não posso te ajudar
Acordo me sentindo muito fraca, minha cabeça dói, parece que estão dando madeiradas nela, Minha vista está embaçada, aos poucos está voltando. Tudo que passei antes volta a minha cabeça, o monstro que meu pai se tornou está me deixando aterrorizada. Tive de ser puxada para uma experiência que a princípio foi horrível, para descobrir que o verdadeiro inimigo sempre esteve ao meu lado. Levanto devagar, quase caio, mas consigo firmar meus passos. Paro em frente ao espelho e vejo o caos que estou, meu cabelo parece sem vida, minha pele está pálida demais e combina bem com minha falta de energia. Parece que estou presa a meses sem comer, é uma sensação tão ruim, que me faz querer vomitar. Olho para a porta quando ela é aberta, me apoio na parede quando vejo meu pai com sua expressão de superioridade e satisfação. Não tenho forças para brigar ou discutir. — Se arruma, seu pretendente chegou. — Diz se aproximando. — Mas… — Levo a mão ao rosto, passando e respirando fundo. — Não estou bem.
Acordo com alguém me balançando e me chamando pelo nome. Viro pro outro lado, cobrindo minha cabeça e ignorando a voz que discerni sendo masculina. Só pode ser meu pai. Não estou com ânimo para falar com ele. Mas, vejo que não conseguirei fugir disso quando começa a me balançar com rapidez.— O que foi? — Pergunto secamente.— Seu noivo quer se encontrar com você a sós. — Me sento no mesmo momento em que fala. — Se apronte para isso.— Não. Não quero me encontrar com ele. — Digo cruzando os braços.— Você não tem querer, quem manda aqui sou eu. — Diz em um tom raivoso e engulo seco.— Por que está fazendo isso comigo? Como pôde mudar tanto? — Pergunto. — Na verdade, não mudou, apenas escondeu por um bom tempo sua verdadeira identidade. — Cale a boca. — Se exalta. — Amanhã pela tarde vocês vão sair para um passeio, seja uma princesa obediente e educada, se ele te perguntar sobre algo, faça de tudo para agradá-lo. Apesar de querer casar com uma impura, não disse a história verdadeira,
A primeira coisa que faço quando a carruagem para, é segurar o rei pela mão e puxá-lo até a casa de minha amiga. Ele ainda parece desconfiado, mas me segue como se, realmente, confiasse em mim. A princípio não gostei dele, mas ele até que é um homem respeitoso e bem legal, se fossem outras circunstâncias, tenho certeza que seria um casamento que poderia dar certo. Provavelmente seja pelas nossas vestimentas caras, mas todos os habitantes ficam nos encarando. Não tive tempo de me preparar adequadamente para vir aqui, já que foi uma ideia que surgiu ainda há pouco. — Ela mora alí. — Aponto para uma casa bem simples, espero mesmo que ele não ligue para isso. Afinal, não devemos julgar as pessoas pela condição financeira dela. Existem pessoas horríveis que tem até demais, meu pai é um deles. Tem uma grande fortuna, mas provou ser uma pessoa péssima nesses últimos dias, somente por dinheiro. Bato na porta, torcendo para que ela esteja em casa. — Mellany. — A porta é aberta logo em segui
Fico empolgada com cada coisa que vejo, é sempre uma novidade para mim, amo observar a criatividade deles com todos os artesanatos que fazem com coisas simples. Mordo os lábios quando chego em uma barraca com algumas panelas de barro bem grande. Um homem sai com um caldo bem bonito.— Olá. — A mulher mais velha me olha. — O que é isso? — Aponto pro pote que mais me chama atenção.— Guisado de carne de carneiro. — A aparência é tão boa, os ingredientes já não sei.Será que já comi algo assim? Não costumo perguntar qual é o cardápio no castelo, apenas como.— E isso? — Aponto.— É a receita de pão da minha mãe, acompanha o guisado. — Meu estômago ronca alto.— Vou querer, qual é o valor?— Dez moedas de prata. — Abro a boca alarmada.Não costuma ser tão caro assim quando me visto com roupas comuns e saio por aí. Usar roupas dignas da realeza encarece um bocado. Ouvi ela dizer pro homem que veio antes de mim que custava apenas três moedas.— Só um momento. — Pego as moedas que Frederic m