Eita, estão gostando? Espero que sim. O que será que vai acontecer agora? Aí, aí. Parece que teremos o ruir do rapto.
•°• Mellany •°•• Não consigo esconder meu desespero e meu estado de choque, que, por incrível que pareça, não é pelo beijo, é pelo que ele falou. Como posso estar apaixonada por ele sem ao menos saber? Somos compatíveis? Isso não faz sentido. — Só quero ir para casa. — Resmungo. — Não quero ficar aqui. Fico em alerta quando escuto ele bater na porta, pela minha falta de resposta ele tenta abrir, mas desiste. — Me desculpe, não queria que ficasse assim, me deixei levar pela conversa, me desculpa, abre a porta, por favor. — Escuto a voz dele e engulo seco. — Não. — Respondo, firme. — Não quero que chegue perto de mim. — Tudo bem, eu entendo, não devia ter feito aquilo. — Parece arrependido. — Não quero que chore por minha culpa. — Diz e noto que, apesar do meu susto, não estou chorando. Acho que estou aprendendo a controlar melhor algumas emoções. Meu coração está batendo freneticamente contra meu peito, não sei ao menos o motivo, mas me deixa nervosa. — Escutei você fala
Recobro a consciência quando passamos pela porta do castelo. Resmungo de dor, levando minha mão a cabeça e apertando. Não me sinto nada bem. Meu corpo relaxa um pouco quando escuto o latido fino de Tutty, ainda bem que não deixaram ele lá.— Me coloca no chão. — Peço a quem me segura.Percebo que não é meu pai, é um dos guardas dele. Ele me obedece, e quando o faz, quase caio no chão, mas me apoio em seu corpo para ficar de pé. Puxo o ar com força, sem entender o motivo de minha súbita falta de energia, estava tão bem.— Obrigada. — Agradeço e me afasto, meu cachorro vem até mim e pego ele no colo. Estou com tanta saudade de uma pessoa em especial. — Nana! — É a primeira coisa que grito, pois pretendo ter uma conversa acalorada com meu pai. — Nana! Adentro mais minha casa, ela não parece tão aconchegante como antes na verdade, nunca me senti bem aqui, por isso sempre fugia pra natureza. Droga, diferente da casa do Peter, gostava de lá, apesar de tudo. Acho que fiquei louca, só pode.
Permaneço um bom tempo sentada na sacada, desperto dos meus pensamentos quando um uivo me faz ficar atenta e meu coração começa a bater com mais força. Procuro o local de onde veio o som, meu corpo relaxa no mesmo instante em que dois olhos oscilando entre azul e vermelho me fazem notá-lo na floresta.Corro em direção a porta, torcendo para que consiga chegar até ele e … Não sei, sinto necessidade de vê-lo, apesar de tudo que passamos. Abro a porta na euforia e saio, mas acabo batendo de frente com alguém, olho para cima e engulo seco ao notar o semblante fechado do meu pai.— Para onde vai com tanta pressa? — Pergunta me empurrando para dentro do quarto, trancando a porta como se soubesse que quero fugir.— É... — Penso. — Eu… ia tomar um pouco de água. — Falo e ele me olha sem acreditar muito, cruzo os braços e fico o encarando também.— Você não vai a lugar algum, só sairá desse quarto com minha permissão. — Fico surpresa com o tom que fala comigo, é tão áspero.Ele passa por mim,
••°• Mellany •°•• Acordo com um barulho de cortina a ser aberta e logo o sol entra no quarto, só pode ser Nana. — Não, não quero acordar agora, só mais um pouquinho. — Digo tapando o rosto com a coberta. — Só mais um tempinho. — Não pode, seu pai deseja conversar com a senhorita. Não tem como adiar, desde que chegou não falou para onde foi, quem a pegou e como conseguiu sair. É muito estranho. — Diz puxando a coberta. — Vá tomar banho e desce logo. Não falarei novamente. — Levanto ainda sonolenta, indo em direção a banheira, pelo jeito não vai dar para enrolar mais, preciso pensar bem no que falar. Quero contar a verdade, ao mesmo tempo em que não quero. Tem o fato de que não quero me casar e poderia usar isso ao meu favor, mas não sei bem como fazer tal coisa. Até lá consigo pensar em algo. Já terminei de fazer tudo, quero me trancar no quarto, mas Nana fez questão de deixar um guarda bem parado na porta após eu me vestir, para me impedir de fazer isso. Estou com tanto medo do
•°• Mellany •°••Uma capa preta está me cobrindo, olho para o lado e vejo Peter agora agachado, ele tem um sorriso calmo no rosto, isso me faz relaxar mais. Solto um longo suspiro, apertando com força a frente do pano que me cobre. Estou me sentindo tão triste, que só consigo sentir certo acalento quando sou puxada para o colo do homem e abraçada com mais força. — Está tudo bem? — Pergunta acariciando meu rosto. — Senti que estava em perigo e a segui pelo chei…— Estou com tanto medo, Peter. — Interrompo o homem, sendo sincera. — O que aconteceu? — Segura em meu rosto, virando para ele e faço um bico gigante.— Meu pai, ele queria saber o que aconteceu e eu... — Fico em silêncio por um momento. — As coisas não saíram como imaginei. — Mordo os lábios, me afastando dele e voltando a sentar no tronco. — Ele te machucou? — Toca minha bochecha, creio que já está sabendo a resposta pelo vermelho que deve ter se formado pelo tapa que recebi antes.— Ele queria saber o que aconteceu, acabe
•°• Mellany •°••Chego ao castelo, não vejo ninguém, isso é bem estranho. Ando na ponta do pé até chegar em meu quarto, torcendo para ninguém me encontrar, não quero falar com meu pai ou Nana. Tudo está tão silencioso, será que saíram à minha procura? Isso explicaria muita coisa. Abro a porta do quarto devagar, entro e empurro ela devagar para fechar, torcendo para não ranger, isso pode me denunciar. Travo no mesmo instante que escuto a respiração de alguém atrás de mim, além da sensação de estar sendo observada.— Estava te esperando. — A voz do meu pai ecoa pelo quarto e engulo seco, me virando para encará-lo. Sinto que meu coração pode fugir a qualquer momento pelo nervosismo. — Para onde foi? Saiu correndo como uma louca. — Diz se levantando, por um instante meu coração gelou, será que ele vai fazer alguma coisa?— Não interessa o local em que eu estava. Agora se importa comigo? — Pergunto e continuo no mesmo lugar, encostada na porta e ele respira fundo, como se estivesse se con
Acordo assustada e suando frio, não aguento mais ter pesadelos tão realistas. A noite toda foi entre dormir e acordar, e todos os pesadelos tinham apenas um fim, a morte de Peter, isso me deixa completamente preocupada. Tudo que sonhei até agora tem acontecido, mas isso eu não posso deixar acontecer, não posso. — Oi, você está bem? — Levo um susto quando a voz dele ecoa em minha mente. — Não, agora sou uma prisioneira no meu próprio quarto. — Respondo e quando olho, ele está no meio das árvores em sua forma de lobo, só seus olhos que dão para ver claramente.— Como assim? — Pergunta, parecendo confuso.— Meu pai me trancou aqui e não posso nem fugir, porque tem um bloqueador de magia aqui. — Respondo olhando para onde ele está. — Parece que mesmo sem me falar, ele já tinha se preparado para caso eu me virasse contra ele.— Isso explica o motivo de não conseguir me materializar aí. O problema dessas magias é que somente a própria bruxa pode desfazer. Infelizmente, não posso te ajudar
Acordo me sentindo muito fraca, minha cabeça dói, parece que estão dando madeiradas nela, Minha vista está embaçada, aos poucos está voltando. Tudo que passei antes volta a minha cabeça, o monstro que meu pai se tornou está me deixando aterrorizada. Tive de ser puxada para uma experiência que a princípio foi horrível, para descobrir que o verdadeiro inimigo sempre esteve ao meu lado. Levanto devagar, quase caio, mas consigo firmar meus passos. Paro em frente ao espelho e vejo o caos que estou, meu cabelo parece sem vida, minha pele está pálida demais e combina bem com minha falta de energia. Parece que estou presa a meses sem comer, é uma sensação tão ruim, que me faz querer vomitar. Olho para a porta quando ela é aberta, me apoio na parede quando vejo meu pai com sua expressão de superioridade e satisfação. Não tenho forças para brigar ou discutir. — Se arruma, seu pretendente chegou. — Diz se aproximando. — Mas… — Levo a mão ao rosto, passando e respirando fundo. — Não estou bem.