Perola Campbell
O senhor Rafael, sentado confortavelmente em uma poltrona próxima bebendo uma taça de champanhe, levanta os olhos e me observa por um momento antes de sorrir.
— Vamos deixar essas formalidades de lado — pede, com um aceno de mão. — Me chame apenas de Rafael. Agora me diga, está indo para um velório?
Abaixo os olhos para me olhar no espelho novamente. O vestido preto é sofisticado, sem dúvida, mas a sua observação me faz rir por dentro. Se essa roupa é para sepultar alguém, então o caixão deveria ser de ouro, penso comigo mesma.
Volto para o provador, troco o vestido por outro mais jovial, um vibrante amarelo com uma faixa laranja na cintura, que destaca minha figura de uma maneira mais alegre e descontraída. Sinto-me mais leve e com uma energia diferente quando saio novamente.
— E agora, o que ac
Apolo BeaumontÉ sexta de manhã e eu me sinto frustrado. Eu não costumo demorar a conseguir o que eu desejo, porém ainda não conseguir me livrar da Perola. O problema é que parei de tentar com afinco e passei a trata-la normalmente, ou, pelo menos o normal para mim.Conviver com ela não é fácil, às vezes, me pego olhando para ela sentada em sua mesa pelas câmeras da recepção que tem acesso direto ao meu computador.Pelo fato de uma das câmeras está posicionada em um local que posso ver as suas pernas quando a mesma vem de saia ou vestido, isso acabava me distraindo.Fazia eu me imaginar entre aquelas coxas, os botões da blusa abertos, revelando um sutiã rendado. Eu me abaixaria e a provocaria com a minha língua, umedecendo o tecido. Perola iria gemer e jogar a cabeça para trás.Adoraria chupar seu pescoço e morder a lóbulo da sua orelha, depois depositar beijos pelo colo, desviando de proposito dos mamilos. Seria preciso leva-la a loucura
Perola CampbellMesmo depois de chegar em casa, ainda sinto o meu corpo tremer, como se ainda estivesse sob a influência daquela eletricidade intensa. Tudo começou com a minha tentativa desajeitada de tropeçar, seguindo a sugestão maluca do Rafael. "Vai ser perfeito!", ele disse com aquele sorriso travesso no rosto. Coloquei um salto absurdamente alto, do tipo que eu faria parecer uma supermodelo ou uma acrobata.Quando eu estava prestes a entrar no escritório, a porta se abriu de repente. Sentir o coração disparar e, sem conseguir evitar, meu corpo se projetou para frente. É como se estivesse em câmera lenta, vendo cada detalhe se desdobrar enquanto praticamente eu jogava nos braços do meu chefe.Saiu melhor do que a encomenda!E, caramba!Admirar Apolo à distância já era uma experiência e tanto, mas tocá-lo é um ou
Perola Campbell— Para de franzir a testa, Pérola, assim não consigo te maquiar — reclama Jade, interrompendo meus pensamentos com sua voz cheia de frustração.Respiro fundo e forço-me a relaxar, não irá acontecer nada essa noite, é apenas um passo para ele me ver como mulher de novo. Minha virgindade estará salva por mais um dia.Eu consigo!Minhas mãos começam a suar e calculo mentalmente quanto tempo demoraria para Apolo chegar aqui em casa. Antes que coragem fosse embora, mando uma mensagem para ele com o meu endereço.Apolo:“Por que a minha número um está em um bairro pobre?”Reviro os olhos, irritada. É só um bairro mais humilde, não pobre, como ele insinuou. A forma como ele escreveu "pobre" me soa condescendente e ofensiva, c
Perola CampbellEle pronuncia as palavras lentamente, seus olhos fixos nos meus, uma intensidade que parece atravessar minha pele.Está óbvio que não vai rolar nada entre nós, o que é de certa forma, reconfortante. Eu não sou boa nesse negócio de seduzir, mas Rafael saberia que eu estou tentando e não ficaria meu pé.— O senhor irá garantir que eu volte para casa em segurança — digo sem compreender direito o problema. Até perceber o que ele realmente queria dizer — Ah — sinto minhas bochechas esquentarem — Qual foi a ultima vez que saiu com uma garota sem a intenção de...de... — não consigo nem terminar a frase — Levá-la para a cama?Apolo levanta o canto da boca com sarcasmo e o olhar quente me faz estremecer.— Faz tanto tempo que nem consigo me lembrar. Talvez quando eu t
Perola Campbell— Chegamos, senhor.A magia do momento é interrompida pela voz do motorista, e só então que o carro está parado.Apolo espera que a porta seja aberta para poder sair e estende a mão para mim, ajudando-me a sair do veículo. Apoio-me mais do que o normal em seu braço, flashes são disparados em nossa direção e eu sorrio para as câmeras.— Esqueci de te falar uma coisa — sussurra em meu ouvido — Você está linda.— Dois elogios em um mesmo dia? — sussurro de volta — Está se sentindo bem ou devo chamar um médico?Sua boca roça em minha orelha e um tremor percorre o meu corpo.Nossa senhora das garotas virgens!Melhor contato da vida!— Falando dessa forma, faz com que eu me sinta um monstro — diz ele, um sorriso quase imperc
Perola CampbellUma ruiva em um vestido vermelho curto sai dele. Ela lava as mãos e me observa através do espelho, um olhar curioso e simpático.— Noite ruim? — pergunta ela, o tom leve.— Semana difícil — respondo, dando de ombros, tentando parecer mais despreocupada do que realmente estou.— Sou Melissa Fenzza – ela me dá um sorriso de lado e estende a mão.Puta que pariu!Tive a impressão de conhecê-la de algum lugar, só demorei para perceber que era da foto da agenda de contatinhos do Apolo.— Perola, preciso voltar.Afasto-me antes que ela tente fazer mais alguma pergunta. À contragosto, preciso admitir que ela é mais bonita pessoalmente, parece ser uma pessoa muito educada.Saio do banheiro distraída, pensando em uma desculpa para escapar quando meu corpo bate com o
Apolo BeaumontSinto que algo está errado!Na verdade, para ser bem sinceros, muitas coisas estão erradas. Tudo começou quando decidir trazer a Perola para a festa, depois com os pais da minha ex esposa irritados ao perceberem que eu estou acompanhado por uma mulher jovem e diferente das usuais. Eles, assim como Patrícia, acreditavam que um dia voltaríamos. Não poderiam estar mais enganados. Minha mãe se reviraria no túmulo se isso acontecesse.— Desistiu da vida promiscua de mulherengo, largou aquela maldita agenda e seguiu para as novas? — A voz de Patrícia corta o ar, gélida e desdenhosa, enquanto ela se senta ao meu lado assim que Perola se levanta para ir ao banheiro.A raiva ferve dentro de mim. Não tenho paciência para suas insinuações mesquinhas, especialmente em uma noite já carregada de tensão. Olho para ela
Perola CampbellA proximidade de Apolo não está me fazendo bem. O corpo dele junto ao meu é uma tentação, e começo a questionar se é uma boa ideia desistir do plano louco do Senhor Rafael. A ideia de sentir os meus lábios nos de Apolo não sai da minha mente, um desejo ardente que me consome por dentro. Suas mãos na minha cintura, o calor do seu corpo, tudo isso está me levando a uma espiral de emoções que não consigo controlar.Preciso escapar daqui!Sinto o pânico se instaurando, uma necessidade urgente de afastar-me antes que ceda a esse impulso insano. Saio em disparada para a saída, os saltos dos meus sapatos ecoando no chão enquanto atravesso o salão. Parte de mim fica aliviada por ele não me seguir dessa vez, já a outra parte, uma parte traiçoeira, queria que ele tivesse feito. Queria que ele corresse atrás de mim, que me segurasse e dissesse que tudo ficaria bem.Droga! O que há de errado comigo?Confusa e com o álcool percorrendo minhas veias, a solução é me mandar daqui sem q