Perola Campbell.
Apolo levanta uma sobrancelha e me encara dos pés a cabeça, me sinto mais insignificante do que já sou.Jade em uma escola particular, sem atraso nas mensalidades, nós duas cursando uma faculdade, plano de saúde, uma vida digna com o mínimo de conforto.
Mentalizo os meus motivos para está aqui, só preciso trocar tudo isso por minha dignidade.
— Sente-se — ordena.
Quando penso que está tudo bem, ele tira uma carteira do bolso, após se acomodar em sua cadeira. Ele nem sequer me olha mais uma vez antes de começar a escrever um cheque.
Péssimo sinal.
— Vou te compensar pelo tempo perdido ao vir aqui e servido o meu caf&
Apolo BeaumontEssa semana merece uma medalha de ouro por ser uma das mais desastrosas do ano. Primeiro, uma empresa de telecomunicações que eu pretendia adquirir, de repente, saiu do mercado sem qualquer aviso prévio, arruinando meus planos de expansão. Para piorar, houve um assalto em um dos meus supermercados, deixando clientes e funcionários aterrorizados e gerando uma perda significativa. Além disso, a equipe de Marketing estava em um beco sem saída, incapaz de acertar a logomarca que eu queria, apesar das inúmeras tentativas e revisões. E, para completar o caos, minha secretária, em quem eu havia investido dias de treinamento, foi substituída.Pior!Foi substituída por ela.Pérola Campbell, a mulher por quem eu tinha sentimentos conflitantes, a mulher que eu expulsei da minha mente e da minha vida quando decidi que não queria m
Apolo BeaumontA ameaça paira no ar, clara e inegável. É um bom motivo para demiti-la, sem justa causa. Eu poderia pagar uma indenização pelo transtorno e os direitos trabalhistas. Ela iria procurar outro emprego e eu ficaria com a consciência limpa, sem precisar encarar a confusão de sentimentos que sua presença me traz.Ela hesita por um momento, claramente desconcertada pela severidade da minha demanda. Tento não deixar que meu olhar revele qualquer coisa além de frieza calculada.— Meu almoço deve ser servido ao meio dia em ponto — reforço, a voz firme e sem espaço para discussão.Quase desejo boa sorte para completar, mas a verdade é que eu sei que ela não vai conseguir. Estou torcendo para que chegue a hora em que ela irá embora da minha vida de novo, como um fantasma que finalmente se dissipa.&md
Perola CampbellSerá que alguma alma assumiu o controle do Apolo?Essa é a única explicação plausível que encontro para o meu chefe ter me convidado para almoçar com ele. Pode ser um teste ou até mesmo uma pegadinha, tinha certeza que ele ia dizer que o risoto não era do Antonius e eu tentei enganá-lo. O que é verdade de fato.O senhor Rafael se propôs a me ajudar, mas nem a sua influência conseguiu realizar esse milagre eu já estava prestes a desistir quando encontrei um lugar aqui perto com cardápio inspirados no Antonius. Vendo a lista de pratos, descobri que era uma versão mais barata e com o mesmo sabor. Afinal o dono do restaurante é o antigo cozinheiro do Antonius.Quando a comida chegou, coloquei em uma travessa e servi com um bom vinho, só espero que isso baste para enganar o paladar exigente dele.Ap
Perola Campbell— Tivemos alguma evolução?A pergunta ecoa no interior silencioso do carro assim que me acomodo no banco de trás, sentando ao lado dele. O cheiro leve de couro novo e o zumbido suave do ar-condicionado são as únicas distrações momentâneas enquanto procuro as palavras certas.— Para ser bem sincera, sim. — Respondo após um breve instante, tentando parecer despreocupada. — Ele sequer notou a diferença entre os restaurantes e ainda me convidou para almoçar com ele.O velho abre um longo sorriso cúmplice. É um sorriso que revela uma fileira de dentes perfeitamente brancos e alinhados, dentes tão impecáveis que tenho quase certeza de serem uma chapa.— Sabia que pedir o dobro era uma ótima ideia! — Ele exclama, a satisfação evidente em sua voz.Ele ent&ati
Perola CampbellO senhor Rafael, sentado confortavelmente em uma poltrona próxima bebendo uma taça de champanhe, levanta os olhos e me observa por um momento antes de sorrir.— Vamos deixar essas formalidades de lado — pede, com um aceno de mão. — Me chame apenas de Rafael. Agora me diga, está indo para um velório?Abaixo os olhos para me olhar no espelho novamente. O vestido preto é sofisticado, sem dúvida, mas a sua observação me faz rir por dentro. Se essa roupa é para sepultar alguém, então o caixão deveria ser de ouro, penso comigo mesma.Volto para o provador, troco o vestido por outro mais jovial, um vibrante amarelo com uma faixa laranja na cintura, que destaca minha figura de uma maneira mais alegre e descontraída. Sinto-me mais leve e com uma energia diferente quando saio novamente.— E agora, o que ac
Apolo BeaumontÉ sexta de manhã e eu me sinto frustrado. Eu não costumo demorar a conseguir o que eu desejo, porém ainda não conseguir me livrar da Perola. O problema é que parei de tentar com afinco e passei a trata-la normalmente, ou, pelo menos o normal para mim.Conviver com ela não é fácil, às vezes, me pego olhando para ela sentada em sua mesa pelas câmeras da recepção que tem acesso direto ao meu computador.Pelo fato de uma das câmeras está posicionada em um local que posso ver as suas pernas quando a mesma vem de saia ou vestido, isso acabava me distraindo.Fazia eu me imaginar entre aquelas coxas, os botões da blusa abertos, revelando um sutiã rendado. Eu me abaixaria e a provocaria com a minha língua, umedecendo o tecido. Perola iria gemer e jogar a cabeça para trás.Adoraria chupar seu pescoço e morder a lóbulo da sua orelha, depois depositar beijos pelo colo, desviando de proposito dos mamilos. Seria preciso leva-la a loucura
Perola CampbellMesmo depois de chegar em casa, ainda sinto o meu corpo tremer, como se ainda estivesse sob a influência daquela eletricidade intensa. Tudo começou com a minha tentativa desajeitada de tropeçar, seguindo a sugestão maluca do Rafael. "Vai ser perfeito!", ele disse com aquele sorriso travesso no rosto. Coloquei um salto absurdamente alto, do tipo que eu faria parecer uma supermodelo ou uma acrobata.Quando eu estava prestes a entrar no escritório, a porta se abriu de repente. Sentir o coração disparar e, sem conseguir evitar, meu corpo se projetou para frente. É como se estivesse em câmera lenta, vendo cada detalhe se desdobrar enquanto praticamente eu jogava nos braços do meu chefe.Saiu melhor do que a encomenda!E, caramba!Admirar Apolo à distância já era uma experiência e tanto, mas tocá-lo é um ou
Perola Campbell— Para de franzir a testa, Pérola, assim não consigo te maquiar — reclama Jade, interrompendo meus pensamentos com sua voz cheia de frustração.Respiro fundo e forço-me a relaxar, não irá acontecer nada essa noite, é apenas um passo para ele me ver como mulher de novo. Minha virgindade estará salva por mais um dia.Eu consigo!Minhas mãos começam a suar e calculo mentalmente quanto tempo demoraria para Apolo chegar aqui em casa. Antes que coragem fosse embora, mando uma mensagem para ele com o meu endereço.Apolo:“Por que a minha número um está em um bairro pobre?”Reviro os olhos, irritada. É só um bairro mais humilde, não pobre, como ele insinuou. A forma como ele escreveu "pobre" me soa condescendente e ofensiva, c