Brenda parecia em choque, paralisada no lugar, enquanto refletia sobre o que acabou de ouvir.— Vocês pareciam uma família feliz. Lorena me enviava fotos e, nelas, você sempre estava sorrindo. Pensei que eles poderiam dar algo que eu jamais poderia dar. Era melhor do que saber que o seu pai morreu e sua mãe era uma viciada – Brenda falou em desespero.— Não, Brenda, você mesma admitiu que havia abandonado o vício. Era para ter ficado comigo e lutado por mim, mas, como todas as outras pessoas, você me abandonou – Esther se levantou, falando alterada.— Esther, me desculpe… – Brenda começou, mas foi interrompida.— Aquelas pessoas só pensavam em dinheiro. Lorena e Benjamin nunca me amaram. Estavam até dispostos a me vender para sair da falência. Caso você não saiba, Benjamin era viciado em jogos e perdeu tudo. Se não fosse por Harry, eu estaria casada agora com um homem arrogante que nem mesmo gostava de mim. Eles tiraram tudo de mim, Brenda: a minha liberdade, os meus sonhos, o amor
Harry sorriu ao ver uma estante com várias edições dos livros de Jane Austen, mostrando o quanto aquelas pessoas amavam a escritora. Se aproximou e pegou um volume de uma edição especial de Orgulho e Preconceito, em capa dura.— “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro e muito rico deve precisar de uma esposa” – uma voz soou do outro lado do cômodo, fazendo-o pular de susto. Harry se virou para encarar a senhora de cabelos grisalhos que se apoiava em uma bengala, caminhando lentamente em sua direção.— Me perdoe se eu o assustei – a mulher falou novamente.— Tudo bem, eu pensei que estivesse sozinho – ele tossiu, tentando não demonstrar seu desconforto.— Gosta de Jane Austen? Harry sorriu com aquela pergunta.— Sim, minha namorada é uma grande fã e meio que me obrigou a ler todos os livros da autora – Harry confessou.— Deveria agradecê-la por isso. Harry observou a boca dela se curvar para o lado, imaginando que aquilo poderia ser um vislumbre de um sorri
Fazia tempo que Harry não via tantas pessoas dançando alegremente. Ele sorriu quando o som dos instrumentos invadiu seus ouvidos. A dança era diferente daquelas das quais estava acostumado. Por sorte, naquela mesma semana, Kath e Elizabeth deram uma aula para todos os hóspedes, para que pudessem aproveitar mais a festa e se divertir. Era como se tivessem voltado no tempo. As mulheres rodopiavam pelo imenso salão, e com o movimento, suas saias se levantavam suavemente. Esther estava com um enorme sorriso no rosto quando Harry a puxou para uma dança. Ao girar, ela não se conteve e soltou uma gargalhada alta, da qual ninguém ali parecia se importar. — Você também sente como se estivesse entrando em um dos livros da Julia Quinn? Se dermos sorte, encontraremos Daphne e Simon se agarrando no jardim – Esther brincou.— Sim, sinto que a qualquer momento irão anunciar a chegada de algum conde ou duque saído dos livros de romance de época que você tanto lê – Harry brincou.— Tudo está perfe
“Dedico esse livro a todos que desejam um recomeço. Que o destino providencie uma nova chance de serem felizes”.**Prefácio** E, pela segunda vez, Harry a deixou partir. Seu coração parecia ter sido estraçalhado ao ver Esther o encarando com lágrimas descendo em seu rosto antes de afastar-se dele. Harry não conseguiu reagir. Por mais que sentisse como se o mundo aos seus pés tivesse desabado, ele não fez menção de sair do lugar enquanto ainda conseguia ver Esther se distanciando cada vez mais, até que, em um momento, não pôde mais vê-la. Sentiu como se seu coração tivesse ido com ela. Nunca havia sentido algo parecido: era cruel, devastador e agonizante. Uma pequena parte de si ainda tinha esperança de que ela se virasse, talvez corresse atrás dele para um último beijo, ou apenas para admirar, pela última vez, seu belo rosto. Aqueles breves segundos ficariam marcados em sua memória pelo resto da vida. Tudo havia acabado. Passara a vida toda apaixonado por aquela mulher, e, por dua
Assim que chegou ao escritório, Harry foi recebido com um largo sorriso de Ana, sua secretária.— Bom dia – ele cumprimentou antes de entrar em sua sala. Ao sentar, colocou o celular sobre a mesa, no mesmo segundo viu uma notificação. Desbloqueou a tela e sorriu ao ver o nome de Esther.“Está livre nesta tarde?”, ela perguntou. Harry respirou fundo antes de responder. Mesmo depois de tantos anos de amizade, toda vez que falava com ela sentia-se como um adolescente desajeitado.“Vou verificar minha agenda”, ele brincou, antes de responder: “Para você, sempre arrumo um tempo”.“Passarei aí na hora do almoço. Beijos”, ela avisou. Harry começou a cantarolar enquanto ligava o computador, mas engoliu em seco e tossiu ao ver Leandro entrar sem aviso.— Não sabe bater? – Harry o encarou, irritado.— Posso saber o motivo de tanta felicidade tão cedo? – Leandro sentou-se no sofá, esperando uma resposta.Harry inclinou a cadeira para trás, mantendo uma expressão séria.— Não é da sua conta
Aquela conversa estava entrando em um caminho perigoso. Já havia sido excitante ouvir a maneira como Esther descrevia o seu porte físico; agora, o jeito como ela sorria, com as bochechas coradas, fazia sua imaginação percorrer um caminho diferente do que estava vendo à sua frente. Harry imaginou como seria tomar aqueles lábios nos seus com um beijo fervoroso, percorrendo as mãos por cada centímetro de seu corpo, fazendo-a suspirar com seu toque. Ele desejava mais do que tudo vê-lá sentindo o desejo e a chama ardendo dentro deles. Harry saiu de sua ilusão quando Esther começou a estalar os dedos à sua frente. Ele agradeceu mentalmente por isso, pois estava imaginando ela sentada em sua mesa com as pernas em volta dele, enquanto implorava para senti-lo ainda mais. Se continuasse com aqueles pensamentos, passaria por algo vergonhoso na frente dela, que ainda o via como seu amigo.— No mundo da lua de novo? – Esther cruzou os braços, o encarando. Era fofo como ela o encarava, fingin
Nem mesmo se quisesse, Harry conseguiria descrever o que sentiu e pensou quando as cortinas se abriram e Esther apareceu com o vestido de noiva. Ela sempre foi linda, mas naquele momento parecia uma miragem ou alucinação diante dele. Sabe aquelas cenas de filmes românticos onde o personagem se encanta com a beleza da moça, e os dois parecem estar vivendo em câmera lenta enquanto ela o observa timidamente, com as bochechas vermelhas? Isso poderia descrever perfeitamente aquele momento. Se prestasse atenção, Harry podia escutar a batida do seu coração, que parecia querer sair de seu peito. Ele nem piscou, ainda petrificado no sofá diante dela.— Fale alguma coisa – Esther quebrou o silêncio, ainda constrangida. Ele engoliu em seco antes de ter qualquer outra reação. Harry sentia que nenhuma palavra do dicionário poderia descrever a beleza da mulher à sua frente. Sim, pode parecer exagero, mas era o que seu coração apaixonado gritava enquanto batia cada vez mais rápido no peito. T
Enquanto caminhavam até o carro, Harry percebeu que Esther parecia querer dizer algo, o que era estranho, pois, em todos os anos de amizade, isso nunca aconteceu. Esther era a pessoa com quem ele sempre se sentia livre para falar sobre qualquer coisa (bem, quase tudo, já que ele nunca teve coragem de confessar o que sentia além da amizade). Mas, ultimamente, as coisas entre eles pareciam diferentes, e Harry não gostava disso. Quando decidiu perguntar o que ela estava pensando, ambos abriram a boca ao mesmo tempo, e sorriram, resmungando qualquer coisa.— Pode falar primeiro – Harry se adiantou.— Você precisa mesmo voltar ao trabalho hoje? Ele pensou em responder que sim, pois tinha muito trabalho, o que não seria mentira. Mas havia algo no olhar dela, quase uma súplica. Harry sabia que precisava estar com ela naquele momento. Talvez, assim, Esther tivesse coragem de contar o que a estava incomodando tanto.— O que você tem em mente? – Harry perguntou, observando enquanto ela mudav