Digo isso para depois secar minhas bochechas molhadas, Luciano coloca uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.— Não entendo seu apego a esta empresa. Não deixe que o que você está conquistando te cegue. Os mesmos que te menosprezaram no passado são os mesmos que beijam seus pés hoje. E isso inclui Sergio. Ele não vai mudar, e não acredito que seu afeto seja sincero. É interesse, não amor — recomenda.Pensei que tínhamos deixado o assunto espinhoso para trás. Surpresa, havia outro mais para tocar.— Sincero ou não, já esclareci para ele que ainda não consegui perdoá-lo...— Ainda? Você está pensando em fazer isso? — fala cansado, julgando em silêncio minha ingenuidade.— Seria tão ruim assim fazê-lo? Mesmo que seu afeto seja falso ou hipócrita, seu orgulho não é. Ele tem falado comigo nestes meses sobre... me transferir algumas de suas ações. Ele quer que eu seja-Com rapidez, Luciano segura meu rosto entre suas mãos firmemente. Sua expressão é de tal advertência que me assusta.
Ser uma trabalhadora comum em tempo integral, investigadora particular nas horas vagas e uma recém-casada com um marido como o meu, não é fácil. Não é simples ser Marianne Belmonte atualmente, embora nunca tenha sido. No entanto, consegui no meu próprio ritmo. A prova mais concreta disso é que estou aqui na primeira fila da inauguração do New Century.Atrás de mim há mais pessoas sentadas para este evento de abertura, enquanto nas laterais os repórteres estão tirando fotos de quem está falando no palco. Que é o Mateo, ele está há alguns minutos falando sobre as grandes expectativas deste shopping center e sua visão de futuro.Ele tem se saído muito bem, posso ver o rosto de satisfação do próprio pai dele que está sentado a alguns lugares de mim, assim como o de Ernesto. Quem também está de excelente humor é o Sergio, que insistiu para que eu me sentasse à sua direita no lugar de Andrew, que esteve a dois segundos de fazer um chilique por isso.Mateo finaliza seu discurso demonstrando q
Para minha infelicidade, as coisas que descobri neste tempo justificam minha paranoia e mais.....Depois de um percurso extenso pelas instalações para a imprensa, vários discursos sobre as ambições do projeto e pés muito cansados nestes saltos, finalmente estamos a caminho do jantar de encerramento das atividades do dia.Estamos no carro de Andrew com ele dirigindo, o senhor Dominic no banco do passageiro e tanto Sergio quanto eu na parte de trás. Tínhamos sido os únicos convidados da Belmonte Raízes para o jantar naquele restaurante com estrelas Michelin. Ah, e Luciano, claro, que deveria aparecer em algum momento da noite. Ele sempre exclusivo.— Isso foi um sucesso sem precedentes. Você fez um trabalho maravilhoso, filha — elogia Sergio.— Nem pensar que teria sido melhor se você tivesse se atido ao contrato original, Marianne — acrescenta o simpático do Andrew.Se eu mantivesse uma conta de todas as vezes que Andrew me trouxe o assunto da SMB, perderia a sanidade.— Se eu tivesse
—Filha, não entendo. Por que você não quer parte das minhas ações? Ser acionista vai te ajudar na sua candidatura à gerência — explica papai, soando preocupado comigo.Será que ele está realmente preocupado comigo? Também não é como se eu pudesse voltar atrás na minha candidatura. Nisso eu não segui o conselho de Luciano.—Não me sinto preparada. Ainda há muito futuro pela frente — comento. Papai não está satisfeito.—O futuro é agora porque-—Pare de confundir sua pobre filha. Já fez bastante por você — interrompe o senhor Dominic, sempre sendo um amor.Sergio deixa de insistir porque ele muda de assunto e acabamos chegando ao jantar com os Nichols.….Um sucesso após outro sucesso, isso é o que vivemos com este jantar. Sergio encarregou-se de falar mais sobre negócios com a família de Mateo, e eu de tentar acompanhar o ritmo. Luciano ainda não chegou ao jantar. O jantar acabou, e agora todos os convidados estamos aqui e ali em pequenos subgrupos pelo salão VIP.Estou escrevendo para
Luciano reclamando de uma situação que ele mesmo provocou não é nem surpreendente, nem digna de alguma reação forte da minha parte. Que esteja olhando como se fosse partir para cima de Mateo em três segundos, também provoca o óbvio, que este se sinta intimidado.—Não estávamos falando de nada importante. Estão me chamando ali... — comenta Mateo para depois se afastar de nós.Meu marido agora é para mim que olha com essa expressão de valentão. Não me incomodo em repreendê-lo ou me defender. Não tinha sentido.—Estou esperando uma explicação — diz.—Eu também estou esperando uma. Por que você chega a essa hora? Nem ao jantar conseguiu ser pontual — lembro a ele.De repente, a expressão de Luciano muda, ele sorri e pede a uma garçonete que passa por perto uma das bebidas que ela leva em sua bandeja. Ele bebe.—Estou cansado de fazer essa cena de ciúmes para você. Vamos pular isso e chegar à oferta de uma recompensa para acalmar minha possessividade — fala esse louco.Estreito meus olhos.
—É uma oferta tentadora, mas... — bocejo e cubro minha boca — passo dela.—Precisamos trabalhar na sua necessidade de me contrariar...—Também na sua necessidade de mentir para mim compulsivamente.—Ai. Volte a dormir, vai — brinca ele. Luto para não sorrir, e mesmo assim sorrio.Apesar do sucesso deste dia, ainda não consigo esquecer a particularidade em que vivo. Relacionado com Luciano, está a impressão que tive mais cedo de... Mohamed. Tê-lo visto. Com o risco de que volte a mentir para mim, o confronto.—Esta tarde achei ter visto alguém que não deveria estar na inauguração...—Quem? — pergunta duvidoso, concentrado na estrada solitária.—Mohamed... — digo analisando sua reação. Ele não tem nenhuma.—Quem é Mohamed? — é o que responde com confusão depois.—O homem da nossa lua de mel. Você não se lembra dele?—O das Maldivas? O que ele faria aqui? — ele franze a testa.—Não sei. Você me diz. Você me disse que estavam nos seguindo quando estava bêbado. Me pergunto se ele é um deles
É a segunda vez que venho à mansão Brown e a impressão continua sendo tão grande quanto da primeira vez. Como já tinha experiência, me comporto o melhor que posso ao ser recebida pelo grupo de funcionários desta propriedade, e ao sentir seus olhares sobre mim, continuo pelos degraus da entrada.Luciano e eu entramos na recepção da casa para encontrarmos uma cena interessante. Lucía segurando uma escada enquanto no topo está Sara pendurando um tecido longo no lustre. Há outras decorações pelo chão que ainda não foram organizadas. Este ambiente está desarrumado, o que me surpreende.—Assim? Assim fica melhor, tia? — pergunta Sara fazendo movimentos perigosos na ponta da escada.—Não importa como fica. Desça, que não quero outro acidentado na casa — pede Lucía sem notar nossa presença.—Diga que está bom, e eu desço. Se não, me recuso — exclama Sara.—Esta menina... — reclama Lucía rangendo os dentes.Ouvimos uma tosse falsa e alta, é de Gregorio, o mesmo funcionário elegante da outra vez
—Surpreendente, não é? — isso me escapa com uma pitada de amargura.—Depois da maneira como me comportei no seu casamento, sim, é... Não pude me desculpar adequadamente com você. Mas é que foi um grande choque para mim ver América naquela festa. Descobrir que Luciano sabia de antemão o paradeiro da mãe dele foi desconcertante, no mínimo.A amargura vai embora para dar lugar ao impacto de ouvir Liam falando assim, sóbrio e composto. Ele apresenta uma aparência melhor apesar de ter o braço imobilizado, até me atreveria a dizer que sua voz soa melhor. Ocupo uma das cadeiras que encontro por perto e aproveito para me aproximar mais dele.—Bem, meu pai também não agiu da maneira mais pacífica. Foi um evento infeliz para todos os envolvidos... — digo querendo talvez consolá-lo.Este senhor me dá compaixão. Sei o que ele fez com Luciano, mesmo assim continuo sentindo compaixão.—Conseguiu resolver a disputa com América? Conseguiram fazer as pazes?Pergunto por um motivo. Esse é que, segundo S