—Boas notícias, minha menstruação desceu. Meu plano de te prender com um bebê indesejado nem por você, nem por mim, não deu resultados. Que trágico, não é? — queimo em sarcasmo.Ouço um som de frustração da parte do meu marido.—Não coloque essa roupa de dormir. Reservei um jantar para nós dois em um restaurante do resort — afirma levantando-se.—Você pode ir jantar sem mim. Não tenho vontade de sair, quero dormir.—Você pode dormir depois do jantar. Não custa nada.—Sim, custa. Custa muito — insisto.—Mais que a reserva que fiz para jantar naquele restaurante embaixo d'água? Só nós dois sozinhos? Não acredito. Isso não é possível.Minhas mãos param no momento. Esse restaurante de que ele fala era uma das coisas que eu mais queria fazer ao chegar a este hotel. Além disso, ele disse que estaríamos só nós dois. Portanto, decido aceitar tal convite. Unicamente para comprovar se era tão bom quanto diziam as resenhas.—Irei... para não perder a reserva. Nada mais.......As resenhas não men
Meu estado atual é: com o coração partido, não o estômago vazio. Terminei sozinha o jantar de muitos pratos no restaurante embaixo do mar e estou prolongando meu caminho até meu quarto de hotel. Como eu poderia esperar, Luciano não voltou; depois de me tirar do conforto da minha cama para comer, me deixou jantando sozinha naquele lugar.Ele era tudo o que nunca quis em um homem, no entanto, veja-me aqui. Abrindo a porta da suíte para verificar em que situação ele está desta vez. Ao abrir, estranho que as luzes estejam apagadas e haja música ambiente suave.—Luciano? Você voltou? — pergunto ao vazio.Então escuto, risadas masculinas à distância. Ao mesmo tempo, olho para o chão e me deparo com uma camisa branca masculina, mais adiante vejo uma calça e mais além, em uma das mesas, uma garrafa de vinho caída, vazia.As risadas masculinas soam novamente de fora, da área da piscina privativa. Minha mente vai para um lugar doloroso, para aquela cena que vivi com Andrew e Amanda. Encontrar me
—Que par formamos, não? Dois alcoólatras não diagnosticados?Para minha pergunta não escuto uma resposta concreta, apenas mais roncos. Não podia ficar a noite toda com o peso de Luciano sobre mim, então, tomo as forças necessárias para retirá-lo de cima de mim. Não é uma ação simples, é difícil, mas depois de muito esforço consigo fazê-lo.Tento me levantar da cama, no entanto, não consigo isso. Luciano me puxa pela mão e me prende entre seus braços. Estou de costas para ele e com meus próprios braços presos dentro de seu abraço.—Não me deixe sozinho — diz ele esfregando seu nariz na parte de trás da minha cabeça.Suspiro. Não me resta mais que suspirar, porque desta vez Luciano está me segurando forte. Não vou conseguir sair daqui sem travar uma grande batalha. E a verdade é que estou cansada dessas batalhas esta noite.—Eu não te deixei sozinho naquele jantar, você foi quem saiu... — lembro a ele.—Você cheira tão bem... Sempre cheira tão bem... — balbucia Luciano. Reviro os olhos.
A confiança é a base de qualquer casamento, mas ninguém poderia me culpar por pensar que Luciano estava escondendo mais coisas. O que era uma loucura porque o fato de ele ser filho da minha madrasta, e de termos nos casado, já é um disparate do qual estou ciente.Do que não estou ciente é do que ele continua escondendo. Por isso, veja-me aqui com seu celular desbloqueado à minha disposição pela primeira vez desde que nos conhecemos. Meus polegares se movem no ar enquanto seguro o telefone sem saber onde procurar.—As mensagens, vamos pelas mensagens primeiro — digo a mim mesma buscando em seu celular.Entro na seção de mensagens de texto, passo por várias conversas sem que nenhum nome em particular chame minha atenção. Entro em quatro conversas com nomes de mulheres e três com nomes de homens, mas as conversas tratam sobre trabalho ou serviços triviais.Tento em outro aplicativo de mensagens com o mesmo resultado. Depois vou para a lista de chamadas recentes, nenhum nome me parece estr
"Quem deveria ter vergonha é ele. Arrisquei tudo para fugirmos juntos. Dei a ele o que me pediu. E acabou me abandonando. Mas ele voltará para mim, quando se cansar de você."Isso começa a me parecer estranho, muito estranho. A que ela se referia com esse negócio de ter dado algo a Luciano? Além do quão iludida era essa mulher, dava para escrever um livro de psicologia sobre apegos doentios."Enquanto espera. Poderia parar de escrever para um HOMEM CASADO?"Recebo desta vez uma mensagem longa e super rápida. Consegui irritá-la."Você é uma fachada. Uma farsa. Uma boneca bonita e jovem. Vocês não são esposos de verdade, sei que não são. A única mulher que ele realmente amou sou eu."Meu olho treme diante do triplo descaramento dessa mulher. Estou a um passo de insultá-la. Embora decida ser mais esquiva, ir por um caminho alternativo à ofensa direta."Se você é, por que tem que escrever a ele de uma conta anônima às escondidas enquanto estou em lua de mel com ele?"Boom. Envio o que envi
—Não conversamos sobre o que Anfisa te deu quando estava enlouquecida de paixão por você. O que você tirou dela para que ela se sentisse uma mártir?Aqui sinto seus ombros tensos, e sua boca também.—O que ela poderia me dar além de momentos íntimos intensos? Era isso que você queria ouvir? Como ela preencheu meus problemas maternos? Se quiser que entre em detalhes, farei isso, mas você vai se arrepender depois, Marianne.—É mesmo? E por que ela e você me disseram que estamos sendo vigiados?Acerto com meu questionamento, Luciano fica mais tenso do que nunca. Não me fala, não me responde. Aqui é onde surge a teoria que estive construindo nesta noite sem dormir.—Você foi uma espécie de informante?De repente, a dureza de Luciano se evapora. Segue-se uma grande gargalhada que deve ser ouvida fora da nossa suíte.—Admito que gosto mais dessa acusação do que a de ser infiel. Pode se explicar melhor para mim — apoia animado seu queixo na mão.—Minha teoria é que... você roubou informações
O retorno à realidade é triste, mas necessário. Eu tinha voltado à Belmonte Raízes para retomar a rotina e desta vez com a mão esquerda com dois anéis de valor talvez maior que meu pequeno apartamento, esse que eu ainda continuava pagando. Ironias da vida.—O que você está fazendo aqui, Marianne Belmonte?! — exclama Giana que estava passando pela minha mesa. Ela tem uma expressão de surpresa. Se aproxima de mim — Eu te imaginava decorando e dando seu toque ao seu novo apartamento de luxo!Não presto muita atenção ao argumento dela, estou analisando pela quinta vez os contratos de venda do New Century. Em algumas horas, fecharíamos a tão aguardada venda.—Uma empresa de mudanças está cuidando de levar minhas coisas e arrumá-las. Não tenho tempo para mudanças, nem redecoração desnecessária. O apartamento está bom assim — revelo, atenta ao meu computador.—Deve estar mesmo. Você não alugou uma propriedade cinco estrelas? — ela se encosta no meu cubículo.—Foi isso mesmo.Ela pega a cadeir
—SMB é o parceiro de transporte e a empresa de navegação de confiança de muitas empresas em nível nacional. Sua reputação fala por si só. Além disso, nosso acordo com eles permite excelentes oportunidades para vocês. Eles destinarão uma área importante do shopping para importação e venda de produtos — argumento — Eu gostaria de conhecer essa informação à qual vocês tiveram acesso.—Um conflito de interesses. Um acionista da Belmonte Raízes é dono dessa empresa. Nos parece uma jogada pouco ética da parte de vocês — defende Ernesto.Eu sabia das associações da SMB com a Belmonte Raízes. Nós estivemos envolvidos na compra e construção de vários dos seus escritórios pelo país. Também me parecia um tanto estranho esse tipo de promoção. Estranho não, uma estratégia de negócio que poderia ser arriscada. No entanto, se um dos nossos acionistas fosse seu dono... beiraria o... ilegal.—Posso garantir a vocês que nossa relação com a SMB nunca prejudicou nenhum dos nossos clientes — afirmo com seg