—Não conversamos sobre o que Anfisa te deu quando estava enlouquecida de paixão por você. O que você tirou dela para que ela se sentisse uma mártir?Aqui sinto seus ombros tensos, e sua boca também.—O que ela poderia me dar além de momentos íntimos intensos? Era isso que você queria ouvir? Como ela preencheu meus problemas maternos? Se quiser que entre em detalhes, farei isso, mas você vai se arrepender depois, Marianne.—É mesmo? E por que ela e você me disseram que estamos sendo vigiados?Acerto com meu questionamento, Luciano fica mais tenso do que nunca. Não me fala, não me responde. Aqui é onde surge a teoria que estive construindo nesta noite sem dormir.—Você foi uma espécie de informante?De repente, a dureza de Luciano se evapora. Segue-se uma grande gargalhada que deve ser ouvida fora da nossa suíte.—Admito que gosto mais dessa acusação do que a de ser infiel. Pode se explicar melhor para mim — apoia animado seu queixo na mão.—Minha teoria é que... você roubou informações
O retorno à realidade é triste, mas necessário. Eu tinha voltado à Belmonte Raízes para retomar a rotina e desta vez com a mão esquerda com dois anéis de valor talvez maior que meu pequeno apartamento, esse que eu ainda continuava pagando. Ironias da vida.—O que você está fazendo aqui, Marianne Belmonte?! — exclama Giana que estava passando pela minha mesa. Ela tem uma expressão de surpresa. Se aproxima de mim — Eu te imaginava decorando e dando seu toque ao seu novo apartamento de luxo!Não presto muita atenção ao argumento dela, estou analisando pela quinta vez os contratos de venda do New Century. Em algumas horas, fecharíamos a tão aguardada venda.—Uma empresa de mudanças está cuidando de levar minhas coisas e arrumá-las. Não tenho tempo para mudanças, nem redecoração desnecessária. O apartamento está bom assim — revelo, atenta ao meu computador.—Deve estar mesmo. Você não alugou uma propriedade cinco estrelas? — ela se encosta no meu cubículo.—Foi isso mesmo.Ela pega a cadeir
—SMB é o parceiro de transporte e a empresa de navegação de confiança de muitas empresas em nível nacional. Sua reputação fala por si só. Além disso, nosso acordo com eles permite excelentes oportunidades para vocês. Eles destinarão uma área importante do shopping para importação e venda de produtos — argumento — Eu gostaria de conhecer essa informação à qual vocês tiveram acesso.—Um conflito de interesses. Um acionista da Belmonte Raízes é dono dessa empresa. Nos parece uma jogada pouco ética da parte de vocês — defende Ernesto.Eu sabia das associações da SMB com a Belmonte Raízes. Nós estivemos envolvidos na compra e construção de vários dos seus escritórios pelo país. Também me parecia um tanto estranho esse tipo de promoção. Estranho não, uma estratégia de negócio que poderia ser arriscada. No entanto, se um dos nossos acionistas fosse seu dono... beiraria o... ilegal.—Posso garantir a vocês que nossa relação com a SMB nunca prejudicou nenhum dos nossos clientes — afirmo com seg
Com a chegada de Luciano à sala de reuniões, o desconforto toma conta de Mateo. E seu desconforto faz com que ele não termine de me revelar o nome do acionista, tampouco termina de responder a Luciano. Num instante, Ernesto está de volta conosco argumentando que já precisam ir embora.Com isso, ambos se despedem de mim apertando novamente nossas mãos, e da mesma forma têm que fazer com Luciano. Com Ernesto o aperto de mãos é normal, com Mateo não é. Vejo que ele aperta muito a mão dele, também vejo que lhe dedica um olhar de ameaça que até me dá medo. Luciano tinha olhos aterrorizantes quando se propunha a isso.Ao ficarmos sozinhos, meu marido não perde tempo em falar.—O que foi aquilo, Marianne? — pergunta me olhando com exigência.—Meu trabalho? — respondo olhando para os lados.—Não me parecia trabalho o que vocês falavam. Estavam muito próximos para considerar trabalho — comenta.Pode ser que ao querer tirar informação de Mateo eu tenha me inclinado mais para ele, mas suas acusaç
—Nãooo. Me refiro se... — agora ela me sussurra como se tivéssemos companhia — você já transou nela com seu marido?—Não, Giana. Não transei nela com Luciano — exclamo ofendida... e excitada com a ideia.—Você me empresta ela para fazer isso com Derek? — pergunta como se nada fosse.—Não! — elevo minha voz, depois reconsidero — Não antes de eu estreá-la.Ambas morremos de rir pelo comentário. É uma noite tranquila sem muito trânsito, o que agradeço. Também não é muito tarde, são apenas umas 9 da noite.—Não vai demorar para fazer isso depois que colocar o DIU. É a melhor coisa que aconteceu comigo. Você tem a consulta para amanhã, não é?—Tenho — digo concentrada na estrada.—Também não toque no assunto de filhos por uns bons anos. Pegue ele na baixada dos 40. É aí que a crise dessa idade vai obrigá-lo a querer deixar sua semente na terra.Tenho que rir do conselho de Giana.—Agora você é uma bêbada meio filósofa, meio psicóloga?—O que eu sou é... uma mulhel... mulher, sábia... e bêba
6 meses depoisO som do alarme do meu celular me faz despertar do meu plácido sono. Estendo minha mão para parar o som e estico todo o meu corpo nesta cama gigante em que estou sozinha. O aroma de café recém-preparado me chega até aqui e me tenta a sair dela rapidamente. Pego meu roupão de seda e amarro a faixa na minha cintura enquanto vou saindo do quarto.A imagem era a habitual das sextas-feiras de limpeza profunda neste apartamento de luxo. Visualizo três empregadas ocupadas nesta tarefa, enquanto mais um par está na cozinha preparando o café da manhã.—Bom dia a todas. Como estão? — as cumprimento.—Bom dia, senhora Marianne — me respondem em uníssono.—Soando como um coral, posso dizer... — brinco, ao que a maioria ri.Teresa, que é uma das moças que trabalha na cozinha, me serve uma xícara de café bem forte quando ocupo um lugar na mesa de jantar. Ela me informa que prepararam waffles e os trazem para mim. Saboreio meu café da manhã na tranquilidade do que é meu novo lar.Esse
—Tenho estado ocupada com trabalho. A expansão da empresa tem nos mantido todos sobrecarregados — me justifico — Incluindo Andrew, não é mesmo? Deve estar trabalhando sem descanso.Amanda faz um gesto como se eu a tivesse agredido com esse comentário. Obviamente a incomodava que eu falasse de Andrew, não tenho ouvido coisas boas sobre o casamento deles. Até cheguei a ouvir um rumor com uma colega de trabalho que não o deixava bem visto. Do que eu tinha me livrado.—Também te entendo. Ser mãe é um trabalho igualmente exigente, eu também não tenho descansado. Tenho dias sem dormir — presume ela.Não digo nada a isso, fico olhando para o bebê nos braços da babá. Está dormindo, no entanto, a babá parece tremendamente cansada. Algo me diz que quem não dorme é a babá.—Mas é um trabalho que merece cada sacrifício. Quando você será mãe? Seu marido também anda viajando muito ultimamente, não é? Você tem problemas para engravidar ou ele está muito ocupado com outra pessoa? — solta o veneno que
Narrado por Luciano BrownA rotina me entedia, estar no mesmo lugar me entedia e estar com a mesma mulher por mais de um mês é uma sentença de morte por tédio. Então, por que estou ansioso para chegar ao meu apartamento e ver Marianne?Nem eu mesmo consigo explicar o que aconteceu nesses seis meses de casamento. A única coisa que sei é que estou bastante obcecado por ela. Tão obcecado a ponto de vir direto de um voo de 10 horas para vê-la. Assim que abro a porta e sou recebido por uma das empregadas, entrego minhas malas com dificuldade, minha atenção está totalmente voltada para Marianne.Para ela que está na cozinha refogando vegetais com total concentração. Marianne tinha feito um curso de culinária chinesa na minha ausência e devia estar aplicando seus conhecimentos. Eu sabia e lembrava disso porque nos falávamos quase todos os dias, mesmo que por apenas cinco minutos.O que é um fato vergonhoso e uma consequência da minha obsessão por ela. Era difícil não estar quando ela costuma