—Nãooo. Me refiro se... — agora ela me sussurra como se tivéssemos companhia — você já transou nela com seu marido?—Não, Giana. Não transei nela com Luciano — exclamo ofendida... e excitada com a ideia.—Você me empresta ela para fazer isso com Derek? — pergunta como se nada fosse.—Não! — elevo minha voz, depois reconsidero — Não antes de eu estreá-la.Ambas morremos de rir pelo comentário. É uma noite tranquila sem muito trânsito, o que agradeço. Também não é muito tarde, são apenas umas 9 da noite.—Não vai demorar para fazer isso depois que colocar o DIU. É a melhor coisa que aconteceu comigo. Você tem a consulta para amanhã, não é?—Tenho — digo concentrada na estrada.—Também não toque no assunto de filhos por uns bons anos. Pegue ele na baixada dos 40. É aí que a crise dessa idade vai obrigá-lo a querer deixar sua semente na terra.Tenho que rir do conselho de Giana.—Agora você é uma bêbada meio filósofa, meio psicóloga?—O que eu sou é... uma mulhel... mulher, sábia... e bêba
6 meses depoisO som do alarme do meu celular me faz despertar do meu plácido sono. Estendo minha mão para parar o som e estico todo o meu corpo nesta cama gigante em que estou sozinha. O aroma de café recém-preparado me chega até aqui e me tenta a sair dela rapidamente. Pego meu roupão de seda e amarro a faixa na minha cintura enquanto vou saindo do quarto.A imagem era a habitual das sextas-feiras de limpeza profunda neste apartamento de luxo. Visualizo três empregadas ocupadas nesta tarefa, enquanto mais um par está na cozinha preparando o café da manhã.—Bom dia a todas. Como estão? — as cumprimento.—Bom dia, senhora Marianne — me respondem em uníssono.—Soando como um coral, posso dizer... — brinco, ao que a maioria ri.Teresa, que é uma das moças que trabalha na cozinha, me serve uma xícara de café bem forte quando ocupo um lugar na mesa de jantar. Ela me informa que prepararam waffles e os trazem para mim. Saboreio meu café da manhã na tranquilidade do que é meu novo lar.Esse
—Tenho estado ocupada com trabalho. A expansão da empresa tem nos mantido todos sobrecarregados — me justifico — Incluindo Andrew, não é mesmo? Deve estar trabalhando sem descanso.Amanda faz um gesto como se eu a tivesse agredido com esse comentário. Obviamente a incomodava que eu falasse de Andrew, não tenho ouvido coisas boas sobre o casamento deles. Até cheguei a ouvir um rumor com uma colega de trabalho que não o deixava bem visto. Do que eu tinha me livrado.—Também te entendo. Ser mãe é um trabalho igualmente exigente, eu também não tenho descansado. Tenho dias sem dormir — presume ela.Não digo nada a isso, fico olhando para o bebê nos braços da babá. Está dormindo, no entanto, a babá parece tremendamente cansada. Algo me diz que quem não dorme é a babá.—Mas é um trabalho que merece cada sacrifício. Quando você será mãe? Seu marido também anda viajando muito ultimamente, não é? Você tem problemas para engravidar ou ele está muito ocupado com outra pessoa? — solta o veneno que
Narrado por Luciano BrownA rotina me entedia, estar no mesmo lugar me entedia e estar com a mesma mulher por mais de um mês é uma sentença de morte por tédio. Então, por que estou ansioso para chegar ao meu apartamento e ver Marianne?Nem eu mesmo consigo explicar o que aconteceu nesses seis meses de casamento. A única coisa que sei é que estou bastante obcecado por ela. Tão obcecado a ponto de vir direto de um voo de 10 horas para vê-la. Assim que abro a porta e sou recebido por uma das empregadas, entrego minhas malas com dificuldade, minha atenção está totalmente voltada para Marianne.Para ela que está na cozinha refogando vegetais com total concentração. Marianne tinha feito um curso de culinária chinesa na minha ausência e devia estar aplicando seus conhecimentos. Eu sabia e lembrava disso porque nos falávamos quase todos os dias, mesmo que por apenas cinco minutos.O que é um fato vergonhoso e uma consequência da minha obsessão por ela. Era difícil não estar quando ela costuma
Me estico para pegar com suavidade o celular de Marianne. Esse que está ao lado dela. Pego-o e digito a senha que ela me deu. Pode ser que Marianne esteja sendo tentada a estar com outro homem, por isso está me tratando tão bem.Era o que eu costumava fazer, quando estava envolvido com mais de uma mulher, e me convinha manter as duas contentes, fazia um esforço extra. Mas me decepciono ao ver que não há nada suspeito com nenhum homem. A não ser que eu conte as conversas picantes que ela tinha com Giana falando sobre meu órgão ou as conversas de negócios com o bajulador do Mateo, não há nada.Suspiro e deixo o celular onde estava. Volto a olhar para o teto desta vez humilhado. Tenho certeza de que revisei o celular de Marianne mais vezes do que ela fez com o meu. Estou procurando inimigos imaginários, me tornei praticamente uma mulher.Para completar, em seu sono, Marianne vem até mim, me abraça e dá um longo ronronar de satisfação.—Você não facilita as coisas. É uma mulher estranha —
Narrado por Luciano BrownRespiro profundamente, concentro minha atenção no rosto de Julia em vez de suas pernas abertas e me sento no sofá à frente dela. Ela não tira os olhos de mim, sua boca mostra um leve sorriso sensual.—Me juntar a quê? A mais uma de suas provocações como seu auto-convite ao meu casamento? Você me subestima demais. Isso é doloroso — menciono.—Ah, acredite, nunca chegarei a subestimá-lo. Você é o favorito dos superiores. O protegido que arriscou tudo e a todos por seu ego.Uso um dos meus dedos para limpar meu ouvido.—Ainda está ressentida? Não me diga que é uma das que aposta no fracasso do meu casamento? Visualizo você perfeitamente apostando na minha infelicidade matrimonial.—Fui pega — levanta as mãos ao ar em uma zombaria a mim — Apostei 20 dólares que vocês durarão um ano de casados.Julia pega a caixa de cigarros que tinha ao lado e acende um deles. Vejo as linhas que adornam seu braço com aquela tatuagem que fez antes de se meter nisso. Meus olhos estã
—Que te torturaram por uma m***a de semana. Ou as surras e os choques elétricos não foram suficientes? Você teve sorte que o encontramos em uma batida, mais uma hora e você teria ficado sem dedos na mão esquerda, imbecil.—Que exagero, Julia, pelo amor de Deus. Só chegaram a cortar meu dedo médio — mostro a ela encolhendo os outros para ser mais ilustrativo. As marcas dos pontos ainda estão lá — Vê? Reimplantaram. Como novo.—Filho da puta — resmunga muito irritada.—Eu sou, literalmente — sorrio desfrutando do meu cigarro.Não pretendo parecer ou agir como um homem são, porque evidentemente não sou. A dor é relativa, e depois de alguns dias sem comer ou dormir como parte do meu castigo por me deitar com a mulher de um mafioso de alto nível, sinceramente, ter um dedo amputado não foi tão ruim. Nem sentia minhas mãos àquela altura.Além disso, o mais importante é que não entreguei meu papel como agente infiltrado. Isso é algo que nem Julia, nem ninguém da equipe compreende. Que os grand
Narrado por Luciano BrownVivi uma vida muito precoce. Uma em que conheci a dor física e mental desde muito jovem. A física graças a Liam, um miserável bêbado que agora quer se passar por regenerado. Mas eu não esqueço os primeiros vestígios de dor provocados pelo meu pai. Nunca esquecerei. Podem ter quebrado meus ossos e lacerado minha carne atualmente, no entanto, aquelas pancadas de Liam doeram mais.A mental pela mulher que deveria ter me protegido e me abandonou com um boa-vida. Como não odiá-la? Como não desejar o pior para ela? O ressentimento em relação aos meus pais, o dinheiro sobrando e meu sobrenome me levaram por um caminho de incerteza e perigo, para desafiar a mim mesmo, para não me entediar, para dar valor à minha vida.Antes de completar 18 anos, já tinha feito o que outros homens só faziam aos 30. Viagens para qualquer lugar, festas selvagens, sexo intenso, drogas, problemas com a justiça dos quais minha velha Leonor me tirou. De tudo. Era egoísta, era mimado e não co