FelipaEstamos andando pelos corredores do prédio do meu curso.Não sei onde enfiar minha cara. Estou morrendo de vergonha. Todos os olhares são em nossa direção. Vincent segura minha mão com força, meu dedos até doem, mas sei que se ele afrouxar, eu fujo correndo.Seus passos não são longos, e ele não olha para os lados, como se todos aqueles curiosos fossem insignificantes. Já eu, vejo tudo, inclusive que fotos são tiradas, como se fossemos celebridades. Ainda bem que coloquei uma roupa mais apresentável, para não destoar muito do deus grego com o qual me casei.Lana está perto dos armários e faz um sinal de coração com as mãos, piscando para mim.“Socorro!” Movimento a boca dizendo sem som. Ela apenas ri. E eu passo. Não posso parar para falar com ela agora, primeiro preciso deixar Vincent fazer o que está determinado.Continuamos seguindo até a sala do reitor.Os olhos da secretária se arregalam ao nos ver.— Boa noite! Quero falar com o responsável por esse campus. — Vincent exig
Aquiles— Anda muito distraído, meu amigo. Está pensando em que? — Jordan pergunta. Posso sentir ele me observando balançar o uísque no copo.É quinta feira e estamos em um bar depois do expediente.— Felipa vai se formar em poucos meses no curso de veterinária, penso em montar uma clínica para ela.Ele sorri e toma um gole da sua bebida.— Ótima ideia, mas acha que ela vai aceitar?— Aposto que não. É muito orgulhosa. Como se um clínica fosse grande coisa — resmungo a parte final.— Para ela é. Não nasceu em berço de dólares como um certo alguém.Ficamos alguns instantes em silêncio, até que Jordan b**e o copo vazio na mesa.— Já sei — diz animado. — Aquela amiga dela está finalizando o curso de ...O interrompo, desconfiado.— Como você sabe que ela está finalizando algo? Jordan, você comeu a amiga dela?O sorrisinho no rosto dele é suficiente.— Depois Felipa diz que eu sou a pior pessoa — murmuro deixando o copo de lado e pedindo uma nova dose.— E você é. Eu não enganei ninguém, n
Felipa— Fique aqui.Antes que eu possa retrucar sua ordem, Vincent sai do chuveiro, em seguida do banheiro, nu e molhado.Minutos depois ele retorna com meu roupão e... Oh, Deus. Cubro o rosto, envergonhada ao ver que ele também segura uma calcinha e um absorvente.Posso ouvir sua risada enquanto continuo com as mãos no rosto, nua, sob a água morna.— Vou sair. Mas não me engana com essa timidez, não depois de gritar pra eu te foder tão alto que os vizinhos devem ter ouvido. — Fico com mais vergonha ainda. Meu rosto queima. Já fora do banheiro ele grita. — Uma hora para o jantar.Me troco rápido e saio do banheiro do Vincent ainda com as pernas bambas e satisfeita. Não o vejo. Melhor assim. Eu também nem sabia o que queria dizer ou ouvir.Fui para o meu quarto e fiquei jogada na cama, pensando no que aconteceu naquele banheiro. Me perguntando se o sexo seria tão bom assim com qualquer pessoa, se eu perdi tempo demais por causa do que aconteceu na minha infância. Acabo chegando a conc
FelipaFaz um mês desde que descobri que a primeira tentativa não resultou em filho. Desde aquele dia que Vincent e eu estamos transando todos os dias, às vezes mais de uma vez por dia. Ele não me beija e não faz oral, nem me pede para fazer, como da primeira vez, é a sua regra. Às vezes eu sinto falta de um beijo ou do que senti quando ele colocou sua boca em mim na primeira vez, mas confesso que adoro quando ele simplesmente abre minhas pernas e entra com tudo. Só de pensar sinto uma pressão gostosa “lá”.A festa do senhor Escobar é hoje. Fiquei sabendo que foi adiada por causa dos meus tios. O senhor Escobar fez questão da presença deles e esperou até o médico liberar que tio Felix participasse. Graças a Deus ele já está fora de qualquer perigo e se recuperando muito bem da cirurgia. Não consigo nem imaginar uma vida em que meus tios não estejam.Nesse momento, estou nervosa. Já fez um tempo que estou casada com Vincent. Ele decidiu me apresentar aos familiares nessa festa. Eu não
FelipaUma coisa não posso reclamar dessa festa; a comida é incrível. Até já perdi as contas de quantos petiscos de caquinha de siri com camarão que já comi, e eu nem sou tão fã de camarão.O senhor Escobar logo sequestra meus tios, fico sozinha com Vincent, sentados em cadeiras macias e confortáveis, com ele acariciando minha mão sobre a mesa.Às vezes algumas pessoas param e conversam conosco, inclusive os pais dele até sentaram um pouco conosco, mas, segundo eles, deixaram os “pombinhos” às sós.Meio sufocada em meio a tantos ricos, sem ter assunto para conversar com ele e enjoada de tanto comer, decido que preciso andar um pouco, sozinha.— Amor, eu vou ao banheiro. — Já falo me levantando. Antes que ele diga que vai comigo, completo. — Pode me esperar aqui? Vai ser mais fácil de te achar.Ele me olha por alguns segundos antes de assentir.— Está bem. Sabe onde fica? Tem banheiros no térreo.— Eu encontro. Qualquer coisa o que não falta é funcionário para indicar.— Ok. Se alguém
AquilesMe desespero ao ver Felipa cambaleando.— Felipa? — chamo seu nome. Ela cambaleia. — Felipa? — corro até ela a tempo de impedir que caia no chão. Me desespero ainda mais quando ela desmaia em meus braços.Rapidamente me levanto com ela no colo. É tão leve que me preocupa ainda mais.— O que houve? — a tia dela pergunta quando me aproximo deles, indo em direção a casa.— Ela desmaiou. Preciso de um médico.— Vamos levá-la para o meu quarto. — O velho Escobar sugere. — Meu médico vai examiná-la.— Deus, será que foi algo que ela comeu? — Joyce leva a mão ao peito. Posso ver o quanto se preocupa.Enquanto isso o Felix balança a cabeça dizendo:— Pois é, minha menina parecia uma traça. Nunca a vi comer tanto.Enquanto andamos eles vão falando, mas logo os deixo para trás, com pressa que Felipa acorde.Para meu alivio ela começa a despertar ainda no meu colo, quando estou subindo as escadas.— O que houve? — pergunta baixo.— Você desmaiou. Vou te levar para o quarto do meu bisavô.
FelipaMeu Deus! É oficial, eu estou grávida. Também, o que eu esperava se não teve um dia em que Vincent não me procurou? Ou eu o procurei. Confesso, me apaixonei por meu marido e estou viciada no prazer que ele me proporciona. Eu até estava conformada em amar em segrego, porém agora as coisas ficaram complicadas. Estou tentando muito não me apaixonar por essa criança que vai crescer dentro de mim, porque sei que ela não é minha. Mas é impossível. Eu já amo a minha sementinha, e sei que vou sofrer quando for tirada de mim.— Felipa? — viro o pescoço e vejo meu marido com seu terno de trabalho. — Você está chorando, por que?Chorando? Nem percebi.— Nada. — Balanço a cabeço e desvio o olhar, logo passo minhas mãos no rosto tentando esconder o desastre do choro.Penso que ele vai embora e vai me deixar em paz, porém Vincent se aproxima e se ajoelha na minha frente, no divã da minha varanda.— Eu não acredito que não seja nada. Vamos, diga.Odeio quando ele se importa, faz eu me apai
FelipaDepois da conversa que tive com Vincent ontem, decidi passar o dia com meus tios. Nesse momento eu recusando comida, coisa que nunca imaginei fazer. Meus tios acham que grávida não tem limite no estômago.— Se ela não quer, deixa que a tia desse príncipe come. — Lana, que se convidou para vir comigo, pega o pedaço de bolo que tia Joyce está me forçando a comer.— Quem disse que será menino? — tio Felix questiona sentado no sofá, dedilhando as cordas de um violão que ganhou do amigo Escobar. — Já sabem?— Ainda não sabemos, tio. Falta muito tempo para saber.— E você não pretende voltar a trabalhar? — tia Joyce pergunta, mudando de assunto. — Não com limpeza, claro. Mas a vida de madame deve ser bem chata.— É muito entediante mesmo, mas meu marido é um cabeça dura que não entende que preciso fazer outra coisa além de compras e spa.— Você devia agradecer. Vida de madame e um homem que te protege até do vento e do sol. — Lana fala.— Eu preciso de sol e de vento para sobreviver,